Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

26 de jun. de 2013

VIDA E MORTE AMERICANA

Os americanos têm um tipo peculiar de convivência com a morte. Como são um império, a morte lhes é próxima nos campos de batalha. E nas sombras do terror.
Agora, uma notícia reforça essa observação: nunca tantos americanos se suicidaram. No período de 1999 a 2010, o suicídio de americanos entre 35 e 64 anos cresceu quase 30%. Atualmente, mais pessoas morrem nos Estados Unidos em suicídio do que em acidentes de carro. Na faixa dos 50 anos, a taxa de suicídio cresceu 50%.

Especialistas apontam algumas razões para explicar o fato. Uma delas é a desintegração familiar. E, aqui, não se confunda com a crescente opção para viver só. Morar só, mas com afeto estabelecido logo ali. Outra leitura é a invenção mais impactante desde o automóvel: a internet. A web se volta para o indivíduo solitário. Não junta o casal ou a família. Mesmo com redes sociais que aproximam pessoas.
Esse traço de personalidade é diferente do suicídio praticado por japoneses, por exemplo. No Japão, o ato é perpetrado por vergonha. De um ato imoral. Ou pela pressão social decorrente de intensa competição. Desde o vestibular.

Os americanos são um povo criativo. Produziram o soft power. Que inclui a afirmação influente de cinema, música e literatura no resto do mundo. Inventaram o jazz, o piano de Hancock e o trumpet de Marsalis. Inscreveram o romance de Hemingway e a poesia de Frost. Desenharam a beleza de Marilyn e o talento de Al Pacino. As canções de Cole Porter e a voz de Ella Fitzgerald.
Mesmo com tanta alegria, não conseguem revogar a mão que subtrai vida a si próprio. Que o amor às coisas bonitas lhes dê força para viver. E não, a matar ou morrer. 

Eu sou antigo!

Em nossas ruas não se vê um só policial, daqueles que poucos anos atrás andavam em nossas calçadas. A gente até os cumprimentava com certo alívio. Não sei onde foram parar, em que trabalho os colocaram, nem por que desapareceram. Mas sumiram.