Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

9 de ago. de 2016

DOIS GRANDES POETAS REPENTISTAS NORDESTINOS



Os saudosos Otacílio Batista e Diniz Vitorino improvisando num Martelo Agalopado:


Saúde!!!!

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Fut

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Brazil


Vazamento contra Temer: os motivos da mídia e da Lava Jato para manter o governo acuado - Pedro Lorenzi Breier














Se  a credibilidade da grande mídia brasileira no geral definha a cada a dia, a da Veja já passou dessa fase: esvaiu-se completamente faz tempo - a não ser para o público ultrarreacionário que cevou ao longo dos últimos anos, logicamente.

Como não fazem mais jornalismo faz tempo, os veículos conservadores de mídia sobrevivem de sua parceria com o sistema de justiça, mais especificamente dos vazamentos da Lava Jato.

O último vazamento da Lava Jato para a Veja revelou que a delação de Marcelo Odebrecht incluirá o repasse de R$ 10 milhões em dinheiro vivo ao PMDB, a pedido de Temer. A Justiça Eleitoral exigia que os recursos doados legalmente pelas empresas fossem depositados na conta do partido e, segundo o vazamento, o dinheiro vivo repassado ao PMDB foi contabilizado no caixa paralelo da Odebrecht.

Trata-se de mais uma delação arrancada após meses de verdadeira tortura prisional, o que é lamentável mesmo que atinja o governo golpista. Não é algo a se comemorar.

O vazamento prejudicial a Temer aparentemente serve a dois propósitos.

O primeiro é o já clássico método da Lava Jato: de vez em quando vazar algum trecho de delação contra um tucano ou peemedebista para dar credibilidade à operação e disfarçar o seu viés político.

Como bem analisou o Miguel aqui, esse objetivo fica explícito porque não acontece nada com os integrantes dos partidos golpistas citados. Não há condução coercitiva de Aécio Neves ou prisão de tesoureiro do PMDB, apesar das muitas e graves acusações de delatores.

A operação Lava Jato atua em parceria com a mídia oligopolizada. Esta faz um julgamento prévio dos acusados no seu tribunal paralelo, manipulando a opinião pública para garantir legitimidade à operação e assim minar os questionamentos aos abusos autoritários dos procuradores do MPF e de Sérgio Moro.

Como a mídia tem lado, o processo fica totalmente desequilibrado. Enquanto delações contra petistas ganham manchetes e forte repercussão, as que envolvem os aliados são citadas sem destaque e logo enterradas.

Serra chegou a ganhar capa da Folha neste fim de semana por causa do vazamento de outro trecho da delação de Marcelo Odebrecht segundo o qual o garoto da Chevron teria recebido R$ 23 milhões da construtora via caixa dois, mas o assunto provavelmente morrerá e não acontecerá nada com o ministro golpista.

O outro propósito do vazamento contra o presidente usurpador é o de manter o governo acuado.

Às castas judiciais interessa um governo fraco para que este não se atreva a tentar diminuir o poder dos procuradores.

"Se tentarem 'estancar a sangria' da Lava Jato ou diminuir o poder do Ministério Público haverá retaliação" é o recado.

A ameaça ao governo interino também tem a ver com a economia.

A mídia quer ver o seu projeto neoliberal para o país implementado a qualquer custo.

Como os políticos dependem de apoio popular e parlamentar para se manter no poder, o corte radical de gastos e direitos exigido pelos patrocinadores do golpe não parece ser uma ideia das mais interessantes para Temer, ao menos não na profundidade desejada por aqueles.

O aumento do gasto público com a concessão de reajustes a algumas categorias e com a liberação de verbas a parlamentares para pagar a conta do impeachment já não vinha agradando aos artífices do golpe.

Após Rodrigo Maia levantar a hipótese de Temer concorrer à reeleição em 2018, então, a mídia entrou em polvorosa.

Merval Pereira, o porta voz número um dos Marinho, criticou o "populismo barato" e escreveu que Temer só provará ser um estadista se adotar medidas impopulares, as mesmas prometidas por Aécio ao empresariado em 2014. 

Nota da coluna Painel da Folha de hoje afirma que as concessões de Temer na área fiscal põem em risco a lua de mel entre o mercado e o governo interino:

Pé atrás Em lua de mel com o governo interino, a elite do mercado financeiro começa a se preocupar com a gestão Temer. Os sucessivos aumentos de gastos para contemplar o funcionalismo somados à ambição do Congresso em usar projetos prioritários para ampliar despesas — como as flexibilizações no texto da renegociação das dívidas — têm gerado desconfiança. O temor é que o Planalto, ao se despedir da interinidade, sinta-se forte o suficiente para relaxar nos seus compromissos fiscais.

Um governo fraco interessa, portanto, tanto à mídia golpista, por motivos econômicos, quanto aos meganhas da Lava Jato, por motivos de disputa de poder. Um presidente sem legitimidade, apoio popular e pretensões eleitorais é o ideal. Rodrigo Maia saiu do script ao ventilar a candidatura de Temer e a resposta não tardou.

Mídia, procuradores, delatores e governo têm interesses diferentes no jogo das delações da Lava Jato.

Mas todos esses interesses estão relacionados ao jogo político. A justiça é só um detalhe solenemente ignorado.

Dror Feiler no Brasil para o II FIME


“O ruído é um dos elementos centrais na minha música. A abrasiva aspereza da música é uma tentativa de alterar como as pessoas ouvem. O ruído, enquanto som fora de seu contexto familiar, é confrontacional, afetivo e transformador. Tem um valor de choque e desfamiliariza o ouvinte que espera da música uma fluidez fácil, uma familiaridade segura ou algum tipo de suavização. Com isto, o ruído politiza o ambiente aural”














Exatamente um ano depois da apresentação na Audio Rebel (Rio de Janeiro), Feiler retornou ao Brasil para o II FIME, em São Paulo. Aqui, apresentou-se com a Noise Orchestra, formada por músicos selecionados em uma oficina que ele ministrou previamente.


Dror Feiler estudou música, interpretação e musicologia, toca saxofone, participou da banda de jazz Lokomotiv Konkret e fundou a The Too Much Too Soon Orchestra. Feiler também compõe peças para orquestras 


A apresentação no SESC Consolação (no dia 17/07/2016) foi mais uma peça de volume alto, que contou com 16 músicos que lotavam o palco. The no flow foi feita exclusivamente para a ocasião. A performance de Feiler com a Noise Orchestra evocava força física, exaustão, suor, rostos vermelhos de sangue correndo e a concentração de todos no palco acompanhando a partitura ao longo de mais de 50 minutos.


É possível pensar na música experimental explorada por Feiler, e tema do festival, como uma nova linguagem e como uma desconstrução das formas estruturais da música que conhecemos e estamos acostumados a ouvir. O caos que nos aparece ao escutá-la pode ser momentaneamente irritante, mas se pensarmos na dimensão do caos que nos faz movimentar em alguma direção ou sentido, ele passa a ser um gerador criativo e reorganizador. No caos enlouquecemos, nos acostumamos ou nos movemos rumo a um estado desconhecido das coisas?.


No dia seguinte à sua apresentação, Dror Feiler se disponibilizou para apresentar e falar sobre sua carreira e seu trabalho.


Para Feiler, o noise [a música de ruídos], a improvisação e a composição são uma coisa só, cada um sendo parte de um todo. O grande desafio do noise ainda hoje é lidar com o estranhamento do ouvinte. É possível fazer noise com uma orquestra, por exemplo, apesar mais altas/agudas dos instrumentos.de que o público que em geral se dispõe a ir a um concerto não está preparado para ouvi-lo.


Nesta peça, por exemplo, o grupo do sopro reclamou que estava tudo sempre nas partes mais altas/agudas dos instrumentos.
  Feiler relata que os músicos ficaram apreensivos com a peça, expressando o medo de que o público achasse que eles estavam tocando errado. Mas, para ele, este é um exemplo de que é preciso aceitar mudanças na música e enxergá-la de uma nova maneira. Existe o clichê na música contemporânea de que tudo deve ser tocado junto e em Maavak tudo é apresentado um pouco depois.


Já em 2008, The Bavarian Radio Symphony Orchestra de Munique encomendou uma peça a Feiler. Ele compôs Halat Hisar, uma obra para uma flauta baixo, piano preparado e uma orquestra com 90 pessoas tocando. duas horas antes da estreia os músicos disseram que não iriam tocar, alegando que a peça toda era muito alta. Segundo Feiler, nenhum dos instrumentos tinha amplificação, exceto a flauta. Ele teve que ir pra casa sem esta primeira performance




Ondinonnk é Resultado de uma pesquisa de Feiler sobre as pessoas que tocam nas ruas, especialmente aquelas que não tocam bem. Seu raciocínio foi que, em nossa sociedade, pedintes e mendigos são considerados as pessoas de mais baixa estima. E essas pessoas que tocam são pedintes de algum modo, mas elas ainda fazem e nos dão algo em troca. Foi coletando por muitos e muitos anos vídeos destes músicos ao longo de todo o mundo – México, Guatemala, Colombia, Rússia, etc. - que surgiu Ondinonnk. A palavra significa, em uma língua indígena americana, a linguagem dos desejos não realizados.


Nas figuras reunidas, vemos um senhor em Guadalajara que toca uma mesma melodia, andando por todos os lugares. Sua frase musical aparece com destaque no começo e no final do vídeo como predominante. Em contraponto, Feiler acompanhou um cara no violão em Bogotá por anos, constatando que ele sempre estava sempre no mesmo lugar.


Em Santa Aurelia, na fronteira do México com a Guatemala, diz que escutou a música mais estranha de toda sua vida. Era o som de um grupo em uma igreja – que aparece em destaque no alto do vídeo, do lado direito, no minuto 6:32’. Segundo Feiler, o grupo tentava tocar mas não conseguia. Outra figura interessante do vídeo é um cara que canta uma única frase o dia todo: “Por que amor? Amor por que? ”. Ele aparece em destaque logo depois da igreja, também do lado direito do vídeo, aos 6:45’.


Assim, a peça consiste na gravação destas pessoas e na montagem de um vídeo que ora as destaca em 16 canais, ora sobrepõe estas pessoas, com suas imagens e sons absolutamente diversos, formando o que Feiler considera uma fuga de Bach ao contrário..