Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

28 de out. de 2014

CULTURA DO ÓDIO


Você pertence a que cultura? Cultura é um conjunto de hábitos e convenções que aprendemos e onde crescemos. Qual é a sua? Quando você vai viajar, você conhece outra cultura. Quando você trabalha viajando, você conhece várias culturas. Quando você conhece várias culturas, você não perde a sua, ela está lá com você e você a levará para aonde for.meuip
Agora, se você não gosta de uma determinada cultura, há de se considerar que a pessoa que cresceu nela e que portanto a carrega consigo, pode não concordar com você, certo? Seus motivos são seus. Logo, os desta pessoa, são dela. Parece óbvio? Uma explicação quase pueril, mas necessária de se entender quando se trabalha com aviação e, portanto, com diversidade de culturas.  Pois bem, eu sou a pessoa cuja cultura a outra crítica. Eu sou aquela que é alvo de piadas de gênero racista, de origem xenofóbica, de conteúdo preconceituoso. Não, eu não acho isto engraçado. A propósito, meus caros, isto é crime! Segundo a lei Lei 7.716 de 05 de janeiro de 1989, que trata de preconceitos relacionados à cor, origem ou etnia. É crime de ódio, xenofobia! Ah e com pena de reclusão, tá?meuip
Até quando vamos disseminar a cultura do ódio às culturas diferentes da nossa? Até quando vamos aplaudir piadas de gaúcho, de carioca, de argentino, de baiano, de português ou de marcianos, que seja! Alimentando estereótipos criados pela superficialidade de ideias e por histórias vazias, nos auto depreciamos enquanto nação. Nos desvalorizamos enquanto seres humanos e estamos, em escala menor mas não menos grave, aplaudindo os fundamentos do nazismo.meuip

por Lídia Dourado

Medo da Palavra



São maus tempos para a palavra, dias cinzentos para um filólogo. O problema principal não é a abundância de expressões vulgares que até se tornam reveladoras numa análise linguística e sociológica. O mais triste é a diminuição da linguagem articulada, o medo de pronunciar vocábulos e o mutismo que se amplia. “Homem que é homem não fala tanto” disse-me um vendedor nesta manhã quando insisti em saber se os bolinhos eram de goiaba ou coco.

O que está acontecendo com a linguagem? Por que esta aversão a se expressar de modo coerente e com frases bem estruturadas? É muito preocupante a tendência ao monossílabo e a utilização de sinais substituindo orações com sujeito e predicado. Quem terá dito a tanta gente que conversar é sinal de fraqueza? Adjetivar indica frouxidão? O fenômeno acontece entre homens jovens, pois nos códigos machistas a loquacidade refuta a virilidade. A pancada, a expressão facial ou um simples murmúrio substituíram as conversas fluidas e os complementos de muitos enunciados.

“Eu é que não discuto…” Pavoneava-se um senhor ontem quando um adolescente tentava lhe dizer algo. Enquanto gritava isto agitava as mãos como que advertindo que no lugar de palavras ele preferia o código dos pescoções. O pior é que para a grande maioria que assistia a altercação aquele indivíduo estava fazendo o certo: não falar tanto e passar para a briga. Por que para muitos discutir é ceder, argumentar evidencia fraqueza, tratar de convencer é coisa de covardes. Ao invés disso preferem o grito e o insulto, talvez herdado de tanto discurso político agressivo. Optam pelo grunhido quase animal e a bofetada.

São maus tempos para a palavra, dias de festa para o silêncio
.
por Humberto Sisley