29 de out. de 2014
28 de out. de 2014
CULTURA DO ÓDIO
Você pertence a que cultura? Cultura é um conjunto de
hábitos e convenções que aprendemos e onde crescemos. Qual é a sua? Quando você
vai viajar, você conhece outra cultura. Quando você trabalha viajando, você
conhece várias culturas. Quando você conhece várias culturas, você não perde a
sua, ela está lá com você e você a levará para aonde for.

Agora, se você não gosta de uma determinada cultura,
há de se considerar que a pessoa que cresceu nela e que portanto a carrega
consigo, pode não concordar com você, certo? Seus motivos são seus. Logo, os
desta pessoa, são dela. Parece óbvio? Uma explicação quase pueril, mas
necessária de se entender quando se trabalha com aviação e, portanto, com
diversidade de culturas. Pois bem, eu sou a pessoa cuja cultura a outra crítica.
Eu sou aquela que é alvo de piadas de gênero racista, de origem xenofóbica, de
conteúdo preconceituoso. Não, eu não acho isto engraçado. A propósito, meus
caros, isto é crime! Segundo a lei Lei 7.716 de 05 de janeiro de 1989, que
trata de preconceitos relacionados à cor, origem ou etnia. É crime de ódio,
xenofobia! Ah e com pena de reclusão, tá?

Até quando vamos disseminar a cultura do ódio às
culturas diferentes da nossa? Até quando vamos aplaudir piadas de gaúcho, de
carioca, de argentino, de baiano, de português ou de marcianos, que seja!
Alimentando estereótipos criados pela superficialidade de ideias e por
histórias vazias, nos auto depreciamos enquanto nação. Nos desvalorizamos
enquanto seres humanos e estamos, em escala menor mas não menos grave,
aplaudindo os fundamentos do nazismo.

por Lídia Dourado
Medo da Palavra
São maus tempos para a palavra,
dias cinzentos para um filólogo. O problema principal não é a abundância de
expressões vulgares que até se tornam reveladoras numa análise linguística e
sociológica. O mais triste é a diminuição da linguagem articulada, o medo de
pronunciar vocábulos e o mutismo que se amplia. “Homem que é homem não fala
tanto” disse-me um vendedor nesta manhã quando insisti em saber se os bolinhos
eram de goiaba ou coco.
O que está acontecendo com a
linguagem? Por que esta aversão a se expressar de modo coerente e com frases
bem estruturadas? É muito preocupante a tendência ao monossílabo e a utilização
de sinais substituindo orações com sujeito e predicado. Quem terá dito a tanta
gente que conversar é sinal de fraqueza? Adjetivar indica frouxidão? O fenômeno
acontece entre homens jovens, pois nos códigos machistas a loquacidade refuta a
virilidade. A pancada, a expressão facial ou um simples murmúrio substituíram
as conversas fluidas e os complementos de muitos enunciados.
“Eu é que não discuto…”
Pavoneava-se um senhor ontem quando um adolescente tentava lhe dizer algo.
Enquanto gritava isto agitava as mãos como que advertindo que no lugar de
palavras ele preferia o código dos pescoções. O pior é que para a grande
maioria que assistia a altercação aquele indivíduo estava fazendo o certo: não
falar tanto e passar para a briga. Por que para muitos discutir é ceder,
argumentar evidencia fraqueza, tratar de convencer é coisa de covardes. Ao
invés disso preferem o grito e o insulto, talvez herdado de tanto discurso
político agressivo. Optam pelo grunhido quase animal e a bofetada.
São maus tempos para a palavra, dias de festa para o
silêncio
.
por Humberto Sisley
27 de out. de 2014
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