ROBERTA LUCHSINGER AO 247:
“A ELITE BRASILEIRA É MESQUINHA”
Herdeira de um
fundo milionário do banco Credit Suisse administrado por seus familiares, a
mineira Roberta Luchsinger decidiu dar uma resposta ao juiz Sérgio Moro que
bloqueou todas as contas do ex-presidente Lula; ela começou doando a mesada que
recebia de seu avô e uma coleção de objetos de luxo que totalizam R$ 500 mil;
"É uma doação simbólica", disse à TV 247; "Estava todo mundo só
batendo no único homem que pegou e fez alguma coisa pelo Brasil",
declarou; ela também fez críticas ao governo Temer, admitiu 'adorar pão com
mortadela' e descreveu desta forma a classe social a que pertence: "A
elite brasileira, em sua maioria, é mesquinha"; assista à íntegra
16 DE AGOSTO DE 2017 Por Alex Solnik, do 247 -
Herdeira de um
fundo milionário do banco Credit Suisse administrado por seus familiares, a
mineira Roberta Luchsinger decidiu dar uma resposta ao juiz Sérgio Moro que bloqueou
todas as contas do ex-presidente Lula, inclusive o fundo previdenciário de R$ 9
milhões: abriu uma campanha de doações a seu favor, como forma de desagravo.
Começou doando a
mesada que recebia de seu avô, falecido há um mês, e uma coleção de objetos de
luxo que totalizam R$ 500 mil. "É uma doação simbólica", disse ela à
TV 247, nessa entrevista exclusiva conduzida pelos jornalistas Gisele Federicce
e Alex Solnik.
"Estava todo
mundo só batendo no único homem que pegou e fez alguma coisa pelo Brasil",
disse ela. E resumiu: "Falar mal do Lula é agredir o país".
Filiada ao PCdoB
de São Paulo, pelo qual planeja concorrer a deputada estadual em 2018, Roberta
também afirmou que o governo Temer é "um governo-tampão que está fazendo o
país voltar ao que era antes de Lula".
Também afirmou que
"um governo que não é popular, como é o caso do Temer, não é um governo
democrático". Embora use bolsas de grife, não é esnobe: "Eu adoro pão
com mortadela".
A respeito da
classe social a que pertence, diz:
"A elite brasileira, em sua maioria, é
mesquinha".
Leia a seguir os
trechos principais e assista à entrevista na íntegra:
GISELE FEDERICCE:
Por que você decidiu doar 500 mil reais ao Lula em meio a tanto ódio contra
ele?
ROBERTA
LUCHSINGER: Essa história tomou uma proporção que eu não imaginava. Foi o
seguinte: era todo mundo só batendo, só batendo no único homem que,
literalmente, pegou e fez algo concreto pelo Brasil. Eu não tenho recurso
político nem financeiro pra ajudar todo mundo que precisa ser ajudado. Então,
uma forma simbólica de contribuir com isso seria fazendo uma doação para o
presidente Lula voltar, retomar essa esperança através da caravana que ele vai
fazer a partir do dia 17 de setembro. Eu tinha artigos de luxo meus, bolsas,
etc. Falei: vou doar para o presidente Lula fazer o que ele bem entender. Já
que o Moro bloqueou os recursos dele vamos gerar recursos para ele.
ALEX SOLNIK: Como
é que as pessoas da tua classe social receberam essa tua proposta?
ROBERTA: Eu tenho
apanhado por um lado... "você é louca de fazer isso"!...e outros
dizendo "nossa, bacana". Porque as pessoas entendem que isso é um
modo de a gente ajudar não a Lula, propriamente, mas o que o Lula representa
para o Brasil, para essa classe menos favorecida. Não dá para separar a figura
dele da figura do Brasil. Falar mal do Lula, hoje, igual estão falando,
demonizando o Lula, demonizando o Nordeste, os nordestinos é agredir o país.
Então, a gente tem que doar recursos, ajudar para que ele retome o crescimento
do país. Para que as pessoas da minha classe digam: "não adianta só falar
que tem que mudar, a gente também tem que ajudar". Não adianta culpar ou
inocentar. Tem que também fazer alguma coisa.
ALEX: Roberta,
como você percebeu o país de um ano para cá, desde que o Temer assumiu? E o que
as pessoas com as quais você convive comentam a respeito dele?
ROBERTA: Temer é
um governo tampão... é um governo que está levando o país de volta ao que era
antes do Lula. O que era antes do governo que eu apoio, um governo que visava o
lado social. A partir do momento em que o governo não é popular, como é o caso
do Temer ele não é um governo democrático e então ele não se preocupa com a
classe trabalhadora, com aquela classe que precisa das bolsas, das farmácias
populares... neste fim de semana estão encerrando o programa das farmácias
populares...isso é uma coisa ruim porque estamos retrocedendo em vez de dar
continuidade ao que o presidente Lula fez, a gente está caindo. Eu vejo isso
nem como ruim, mas como péssi9mo.
GISELE: E como
você vê o julgamento e a condenação do presidente Lula, que incluiu o bloqueio
dos bens dele.
ROBERTA: Olha, a
Lava Jato aniquilou totalmente o país...aniquilou empregos... aniquilou tudo o
que diz respeito ao desenvolvimento do Brasil. Porque hoje ela se tornou um
partido que faz parte do consórcio golpista contra tudo que vai em prol do
desenvolvimento e do social. A condenação do Lula em primeira instância é
baseada no que? Onde tem provas concretas? O caso do tríplex é quase uma
aberração jurídica. Não sou eu que estou falando, grandes juristas estão
dizendo isso. Se apresentarem uma prova real, concreta e não um power-point, eu
posso até rever a minha opinião.
ALEX: Está
acontecendo um fenômeno interessante: a Lava jato está combatendo a corrupção
do passado, mas ela continua no presente, no governo Temer. Por que está
acontecendo isso?
ROBERTA: Acho que
essa pergunta temos que fazer ao juiz Sérgio Moro, ao próprio Temer. O Lula
virou o culpado de tudo! Precisavam arranjar um motivo para a crise desse
governo golpista e o motivo é o Lula. É mais fácil culpar, mesmo sem provas, o
ex-presidente Lula do que combater realmente a verdadeira corrupção. É mala de
dinheiro pra cá... é mala de dinheiro pra lá... é o outro que manda matar no
telefone... e isso se perde no tempo... ninguém fala nada...Porque o foco hoje
é não permitir que a classe social menos favorecida volte ao patamar político
que o Lula deu.
GISELE: Você acha
que há uma perseguição contra o presidente Lula?
ROBERTA: Total. Eu
acho que existe.
ALEX: Roberta, o
governo está tentando aprovar um novo rombo fiscal, provavelmente resultado das
negociações que garantiram a votação pela continuação de Temer no governo. Qual
é o limite do rombo? Quando esse rombo vai ter fim?
ROBERTA: Eu acho
que esse rombo vai ter fim só quando esse governo terminar. O presidente que
entrar vai sofrer muito com isso. Porque ele vai ter que pagar as contas que
esse governo golpista está deixando.
GISELE: A elite
brasileira está bastante irritada com os problemas sociais... como você vê
isso?
ROBERTA: A elite
brasileira, na maioria dela, é mesquinha. Ela olha o próprio umbigo. A elite
brasileira não é formada por uma nobreza de valores e de caráter. Sobra
dinheiro e falta valor.
GISELE: O Lula
costuma dizer que o rico fica incomodado quando vê o pobre andando de avião.
Você acha que essas pessoas que convivem com você têm esse incômodo?
ROBERTA: Muitos
têm esse incômodo. Eu convivo com pessoas que realmente têm. Falam: pobre é
vagabundo, não quer trabalhar, quer viver de bolsa. Eu escuto isso e acho
péssimo!