Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

19 de jul. de 2019



O incrível retro-processo em que o presidente constantemente desmoraliza seus próprios eleitores

Assim como se instituiu a fake-news da Ferrari-banhada-a-ouro, 
se instituiu a fake-moral ou o popular “moralismo de goela”


Tudo que Bol$onazi condenava levianamente como práticas repugnantes dos governos petistas,
 ele está colocando em prática em seu desgoverno em todas as áreas, onde o compadrio e o fisiologismo político nunca foi tão latente desde 1985...

...nunca se viu um governo formado por um amontoado de incompetentes, lunáticos, fundamentalistas ideológicos e familiares contemplados com cargos estratégicos da república, com os mais nocivos personagens da política nacional ditando os rumos da nação pelo parlamentarismo-informal de Rodrigo Maia...

...sem contar com a penca de familiares e amigos de sempre do presidente que ganharam cargos públicos sem que esses tenham a mínima capacidade de comandar seus postos, além dos políticos-arcaicos em todos os grotões do Brasil assumindo postos que até então eram geridos por quadros estritamente técnicos...

...como na escandalosa nomeação do novo diretor geral do Parque Nacional do Caparaó, um político do DEM da pequena Alto Caparaó, que é apenas um dos mais de vinte municípios mineiros e capixabas que compõe o entorno do parque.

Abaixo reproduzo um excelente, e reflexivo, texto com a assinatura do Professor Luciano Rezende Moreira sobre o descarado patrimonialismo político praticado pelo presidente, ao assumir que pretende sim, beneficiar seu filho.









Por Luciano Rezende Moreira

Bolsonaro disse ontem (18/07), em mais uma de suas transmissões via redes sociais, o seguinte: “Pretendo beneficiar um filho meu, sim”. “Se eu puder dar um filé mignon para o meu filho, eu dou, sim”, acrescentou ao justificar a indicação do filho para ocupar o posto de embaixador do Brasil em Washington.

Pela milésima vez faço a seguinte pergunta: e se fossem Lula ou Dilma que tivessem indicado um parente qualquer, por mais distante que fosse, a um cargo de quinta categoria da administração pública direta ou indireta quando foram presidentes da República?

Certamente os que hoje defendem o “mito” estariam todos babando pelos cantos da boca, vociferando todo o ódio de classe acumulado ao longo da vida, tomados pela cegueira e pela seletividade na análise típicas dos fanáticos.

Mas como é o Bolsonaro, representante mais truculento da classe média reacionária, porta-voz do histórico “cidadão de bem” moralista brasileiro que gosta mesmo é do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”, tudo está permitido.

Chama atenção ao fato que um dos pilares no discurso dessa gente foi sempre o de acusar os governos petistas de “patrimonialista”. Era muito comum ouvir a expressão chula de que iam “acabar com a mamata”. Iam por fim as “tetas do Estado”. E o que assistimos agora, com o mais “ensurdecedor” silêncio dos bolsonetes? Uma vergonhosa cumplicidade.

De acordo com o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), patrimonialismo constitui uma forma de dominação política na qual não existe diferença entre a esfera pública e a esfera privada. Ou seja, tira-se o filé mignon do público, para encher a barriga do filhinho do papai.

Nada de mais em os pais darem as mordomias que acharem necessárias ao filho. Mas desde que seja com recursos próprios. Usar da influência e o poder de Chefe de Estado, às custas do erário público, é a prática mais simbólica do patrimonialismo weberiano.
Para Weber, um Estado patrimonial surge quando o príncipe organiza seu poder político exatamente como exerce seu poder patriarcal - característica compartilhada por vários impérios até a Idade Moderna.

Bolsonaro é assim. Um representante desta sociedade patriarcal doentia. Incapaz de pensar como um Estadista. Daí todo o ódio desta gente à Lula que sempre pecou pelo excesso republicano em que governou um país com fortes vestígios feudais.

Resta saber até quando os grandes meios de comunicação serão coniventes com estas aberrações, com o risco de assistirem a desintegração de nossa nação em vários feudos e o patrimonialismo ser superado pela barbárie completa.




18 de jul. de 2019

PQP




Esta cara aí,




do

 procurador
 da
 república


 Daltan Dallagnou, 




coordenador
da Força Tarefa da Operação 
Lava Jato,


(aquele amigo e parceiro do ministro Moro)



montou um plano de negócios de 
eventos e palestras

para lucrar
com a fama
e contatos obtidos
durante as investigações

dos

casos

de

corrupção?


.........................................................................................




P que P!








Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio



Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio. 
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos 
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. 
  (Enlacemos as mãos.) 

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida 
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, 
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, 
  Mais longe que os deuses. 

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. 
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
 
Mais vale saber passar silenciosamente 
  E sem desassosegos grandes. 

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, 
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, 
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, 
  E sempre iria ter ao mar. 

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos, 
Se quise'ssemos, trocar beijos e abrac,os e carícias, 
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro 
  Ouvindo correr o rio e vendo-o. 

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as 
No colo, e que o seu perfume suavize o momento - 
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada, 
  Pagãos inocentes da decadência. 

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois 
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, 
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos 
  Nem fomos mais do que crianças. 

E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio, 
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. 
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio, 
  Pagã triste e com flores no regaço. 


Cinemagrafia


Se resume a um meio termo entre as imagens estáticas da fotografia tradicional com o movimento cinematográfico. Não é filme e nem é foto. Um elo intermediário entre a fotografia artística e o vídeo-arte.



17 de jul. de 2019

Seguidores do LIXO





"Ontem 
MORO,
hoje
 TOFFOLI".

Usando o 
LIXÃO,
como vão criar um ambiente
onde existam instituições 
SÓLIDAS




Quarta, Brasil.


Sai da prisão homem pego com 117 fuzis ligados a suspeito de matar Marielle

Deixou a prisão hoje o homem com quem a Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou, em março, 117 fuzis incompletos pertencentes
ao sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, réu pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Embora as armas não estivessem completas, tratou-se da maior apreensão de fuzis da história do estado


15 de jul. de 2019

Nada Novo


1893

Confirmação de Glaziou no cargo de Diretor dos Jardins Públicos, Arborização e Florestas da
COMISSÃO DE ESTUDOS DO
PLANALTO CENTRAL DO BRASIL,
chefiada por Dr. Luís Cruls
Cidade do Rio de Janeiro.

Glaziou integra, como botânico, a
Comissão de Estudos do Planalto Central do Brasil, chefiada pelo astrônomo belga Dr. Louis Cruls, diretor do Observatório Nacional, que demarca a área do futuro Distrito Federal. Em correspondência ao Dr. Cruls, em 1893, sugere a implantação de um lago para amenizar a secura do lugar, como o hoje lago Paranoá.

14 de jul. de 2019

Caetano Veloso



Sozinho


Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois

Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho

Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho, às vezes, cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você, mais ninguém

Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela, de repente, me ganha?

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora

Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?

Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora

Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?


O VIÚVO




Na véspera de partir para a Europa, o doutor Claudino, sem prever o fúnebre espetáculo de que ia ser testemunha, foi despedir-se do seu velho camarada Tertuliano.

Ao aproximar-se da casa, ouviu berreiro de crianças e mulheres, e a voz de Tertuliano, que dominava de vez em quando o alarido geral, soltando, num tom estrídulo e angustioso, esta palavra: “Xandoca”.

O doutor Claudino apressou o passo, e entrou muito aflito em casa do amigo.

Havia, efetivamente, motivo para toda aquela manifestação de desespero. Tertuliano acabava de enviuvar. Havia meia hora que dona Xandoca, vítima de uma febre puerperal, fechara os olhos para
nunca mais abri-los.

O corpo, vestido de seda preta, as mãos cruzadas sobre o peito, estava colocado num canapé, na sala de visitas. À cabeceira, sobre uma pequena mesa coberta por uma toalha de rendas, duas velas de cera substituíam, aos dous lados de um crucifixo, o bom e o mau ladrão.

 Tertuliano, abraçado ao cadáver, soluçava convulsamente, e todo o seu corpo tremia como tocado por uma pilha elétrica. Os filhos, quatro crianças, a mais velha das quais teria oito anos, rodeavam-no aos gritos.

Na sala havia um contínuo fluxo e refluxo de gente que entrava e saía, pessoas da vizinhança, chorando muito, e indivíduos que, passando na rua, ouviam gritar e entravam por mera curiosidade.

O doutor Claudino estava impressionadíssimo. Caíra de supetão no meio daquele espetáculo comovedor, e contemplava atônito o cadáver da pobre senhora que, havia quatro dias, encontrara na rua da Carioca, muito alegre, levando um filho pela mão e outro no ventre, arrastando vaidosa a sua maternidade feliz.

Tertuliano, mal que o viu, atirou-se-lhe nos braços, inundando-lhe do lágrimas a gola do casaco; o doutor Claudino estava atordoado, cego, com os vidros do pince-nez embaciados pelo pranto, que tardou, mas veio discreta, reservadamente, como um pranto que não era da família.

- Isto foi uma surpresa... uma dolorosa surpresa para mim - conseguiu dizer com a voz embargada pela comoção. - Parto amanhã para a Europa, no Níger... vinha despedir-me de ti... e dela... de dona Xandoca e... vejo que... que... que...

E o doutor Claudino fez uma careta medonha para não soluçar.

- Dispõe de mim, meu velho; estou às tuas ordens, bem sabes.

- Obrigado - disse Tertuliano numa dessas intermitências que se notam nos maiores desabafos - o Rodrigo, aquele meu primo empregado no foro, já foi tratar do enterro, que é amanhã às dez horas.

Fazendo grandes esforços para reprimir a explosão das lágrimas, o viúvo contou ao doutor Claudino todos os incidentes da rápida moléstia e da morte de dona Xandoca.

- Uma coisa inexplicável! Nunca a pobre criatura teve um parto tão feliz... A parteira não esperou cinco minutos:.. Uma criança gorda, bonita... Está lá em cima, no sótão... hás de vê-la. De repente, uma pontinha de febre que foi aumentando, aumentando... até vir o delírio... Mandei chamar o médico... Quando o médico chegou, já ela agoniza... a... va!...

E Tertuliano, prorrompendo em soluços, abraçou-se de novo ao doutor Claudino.

No dia seguinte, a cena foi dolorosíssima. Antes de se fechar o caixão, Tertuliano quis que os filhos beijassem o cadáver, medonhamente intumescido e decomposto. Ninguém reconhecia dona Xandoca, tão simpática, tão graciosa, naquele montão informe de carne pútrida.

 Fecharam o caixão, mas Tertuliano agarrou-se a ele e não o queria deixar sair, gritando: - Não consinto! não quero que a levem, daqui! - Foi preciso arrancá-lo à força e empurrá-lo para longe. Ele caiu e começou a escabujar no chão, soltando grandes gritos nervosos. Três senhoras caíram também com espectaculosos ataques. As crianças berravam. Choravam todos.

De volta do enterro, o doutor Claudino, conquanto muito atarefado com a viagem, não quis deixar de fazer uma última visita a Tertuliano.

Encontrou-o num estado lastimoso, sentado numa cadeira da sala de jantar, sem dar acordo de si, rodeado pelos filhos, o olhar fixo no mísero recém-nascido, que a um canto da casa mamava sofregamente numa preta gorda.

 - Tertuliano, adeus. Daqui a meia hora devo estar embarcando. Crê que, se pudesse, adiava a viagem para fazer-te companhia... Adeus!

O viúvo lançou-lhe um olhar vago, um olhar que nada exprimia; sacudiu molemente a mão, e murmurou:

 - Adeus!

Às sete horas da noite o doutor Claudino, sentado na coberta do Níger, contemplando as ondas, esplendidamente iluminadas pelo luar, pensava naquela olhar vago de Tertuliano, naquele adeus terrível, e pedia aos céus que o seu velho camarada não houvesse enlouquecido.

Meses depois, a exposição de Paris atordoava-o; mas de vez em quando, lá mesmo, na Galeria das Máquinas, no Palácio das Artes, ou na Torre Eiffel, voltava-lhe ao espírito a lembrança daquela cena desoladora do viúvo rodeado pelos orfãozinhos, e repercutia-lhe dentro d'alma o som daquele adeus pungente e indefinível.

Interessava-se muito por Tertuliano. Escreveu-lhe um dia, mas não obteve resposta. Pobre rapaz! viveria ainda? a sua razão teria resistido àquele embate violento?

Depois de um ano e quatro meses de ausência, o doutor Claudino voltou da Europa, e a sua primeira visita foi para Tertuliano, que morava ainda na mesma casa.

Mandaram-no entrar para a sala de jantar. Tertuliano estava sentado numa cadeira, sem dar acordo de si, rodeado pelos filhos, o olhar fixo no mais pequenito, que estava muito esperto, brincando no colo da preta gorda.

- Tertuliano? - balbuciou o doutor Claudino.

O viúvo lançou-lhe um olhar vago, um olhar que nada exprimia; sacudiu molemente a mão, e murmurou:

- Adeus.

Depois, dir-se-ia que se fizera subitamente a luz no seu espírito embrutecido. Ele ergueu-se de um salto, gritando:

- Claudino! - e atirou-se nos braços do velho camarada, exclamando entre lágrimas: - Ah! meu amigo! perdi minha mulher!...

 - Sim, eu sei, mas já tinhas tempo de estar mais consolado... Que diabo! Sê homem! Já lá se vão quatorze meses!...

 - Como quatorze meses? seis dias...

- Ora essa! pois não se lembras que acompanhei o enterro de dona Xandoca?

- Ah! tu falas da Xandoca... mas há três meses casei-me com outra... a filha do major Seabra, e há seis dias estou viu...ú...vo! E Tertuliano, prorrompendo em soluços, abraçou-se de novo ao doutor Claudino.

(Contos fora de moda, 1894.)




Artur Azevedo (Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo), jornalista e teatrólogo, nasceu em São Luís, MA, em 7 de julho de 1855, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 22 de outubro de 1908. Figurou, ao lado do irmão Aluísio Azevedo, no grupo fundador da Academia Brasileira de Letras, onde criou a cadeira nº 29, que tem como patrono Martins Pena.
Cadeira: