Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

3 de dez. de 2014

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL


OPÇÃO PARA O FIM DE SEMANA

 Locomotiva 66 (Primeiros dias de exposição em Antônio Carlos, 84)
A tradicional Maria-Fumaça que circula entre São João del-Rei e Tiradentes (Muito conhecida por todos os antônio-carlenses) normalmente funciona com duas saídas diárias em cada estação às sextas-feiras, sábados e domingos.                
A Maria-Fumaça é uma das poucas locomotivas a vapor no mundo que ainda rodam em bitola de 76 cm. No passeio de 12 quilômetros, a composição pode levar até 280 passageiros, foi inaugurada em 1881 por D. Pedro II.

As tarifas do passeio custam R$ 40 somente ida e R$ 56 para ida e volta. Mais informações sobre a Maria-Fumaça em São João del-Rei/Tiradentes: tel. (32) 3371- 8485/www.trilhosdeminas.com

1 de dez. de 2014

Quem inventou que a imprensa há de ser imparcial?

Neste quadro do holandês Jan Lievens ( 1607-1674)
 Pilatos num gesto de "imparcialidade" lava as mãos. 
Cobra-se, e muito, a imparcialidade da Imprensa.

Gostaria eu de saber quem inventou o termo "imparcial" para o ofício da comunicação?

Até quando narramos a um amigo um simples acidente damos a nossa versão, a visão da nossa parte.

Imparcialidade. Um sofisma nascido talvez de alguma simulada mente que levou a mão a escrevê-lo, tornando-o ilusório axioma.

Na data de hoje nascia o primeiro jornal brasileiro : "Correio Braziliense", lançado em Londres pelo jornalista Hipólito da Costa que lá estava, exilado.

Exilado porque Hipólito defendia ideias liberais como a de uma monarquia constitucional e o fim da escravidão, dando ampla cobertura à Revolução Pernambucana de 1817 e aos acontecimentos de 1821 e de 1822 que conduziriam à Independência do Brasil.

Em um Brasil de 1808, ainda Reino Unido, não poderia pois tal fruto da prensa deixar de ser parcial na defesa da nossa independência e dos interesses econômicos e ideológicos aí em jogo.

Em contrapartida à influência do jornal a Coroa Portuguesa lançou em Londres um jornal "O Investigador Portuguêz em Londres". Ora pois, assim o tal "investigador portuguêz" já nascia parcializado a contrapor os valores do Reino.

O "Correio" continuou circulando de forma ininterrupta até a nossa Independência , em 1822, quando então deixou de existir, pois sua luta houvera conseguido seu objetivo.

Todos os jornais e periódicos lançados na Europa, do "Times" (em 1785) ao "Journal officiel de la République Française" , órgão governamental da Comuna de Paris (em 1871) , tinham seu lado, sua parte (parcial vem daí), seus ideais ( vem de "ideia") a defender, para isso eram criados. Não podiam, por origem do nascedouro, ser imparciais.

Na mesma data de hoje em 1902 era lançado em São Paulo o jornal anarquista "O Amigo do Povo". Ora, apregoando ser ele "amigo do povo" não haveria de ser um parcial porta-voz das elites.

Em 1911, também nesta mesma data de 01 de junho, era lançado em Santos "O Proletário" que pelo próprio nome de sua origem servia a uma classe, uma causa e a singulares opiniões, portanto não imparciais.

Nos dias de hoje até mesmo um "inocente" blog diário de uma colegial traz em si a sua parcialidade, pois será sempre a visão da sua autora sobre o mundo, sobre os fatos, sobre os gostos e os costumes.

Então não é de causar espanto a "parcialidade" de cada órgão de imprensa. Cada um foi criado exatamente para exprimir o interesse, pensamento e a visão de mundo de uma categoria, facção, ou segmento ideológico e econômico.

Deixemos pois de ingenuidade, ganhemos tempo, e vamos à frente com as nossas parcialidades, contrapondo-as a outras com as quais discordemos.

A mesma lógica que levou a Coroa Portuguesa a lançar o tal pasquim, com um título que na minha óptica parcializada pelo meu humor lembra-me mais uma piada que algo sério: "O Investigador Portuguêz".   
- Bemvindo Sequeira

Pro dia nascer feliz

Não faça de tua vida um livro de contabilidade, pois nela nada há a ganhar ou perder, apenas tu e contigo todas as coisas. Era mais ou menos assim um dos parágrafos do Manual da Contracultura, escrito pelo Luis Carlos Maciel. 

Era a filosofia do movimento hippie se espalhando em comunidades alternativas, a desilusão com a política a partir de maio de 68, o endurecimento do regime militar, entre nós, a difusão das drogas com a curiosidade por novos estágios de percepção, o uso da maconha como fuga e busca da alegria e do prazer de viver, eram novos tempos, tempo do “faça o amor, não faça a guerra” “faz o que tu queres, pois é tudo da lei”.

Não foi, mas valeu a experiência da procura de outros caminhos que a velha sociedade, que com suas regras e padrões, sufocava todo aquele que tentava e saia do seu tom, como uma velha música aturdida com outras sonoridades, outra poética, assim como alguém de 15 anos entoar “boemia aqui me tens de regresso”. Como “regresso” se o “barato” ainda nem havia começado prá nós?

Sociedade Alternativa – Raul Seixas
Sentado a beira do caminho – Erasmo Carlos
Blowin the wind – Bob Dylan
É proibido proibir – Caetano Veloso
Mamãe coragem – Gal Costa
Pó da estrada – Sá Rodrix e Guarabira
Summertime – Janis Joplin
Like a rolling stone – Bob Dylan
Panis et circenses – Mutantes

Let the sunshine – Coral do Hair

As águas pretas e sujas do Rio Tietê - Bazo Borges

Em principio pensou-se que as águas pretas e sujas que desciam do Rio Tietê a partir de Salto, em São Paulo, fossem resultado do banho demorado de milhares de paulistas, após dias e dias sem águas nas torneiras e nos chuveiros, e sem banho, aproveitando em estado de euforia as águas das chuvas que caíram no estado nos últimos dias. Mas não, foi mais que isso.

O Rio Tietê, um dos mais degradados do mundo, acúmulo de todos os tipos de detritos e resíduos industriais, com o impacto do volume de água recebido em consequência das chuvas da semana, revolveu todo o lixo acumulado em seu leito após a longa estiagem na região e veio a superfície em forte correnteza com águas que mais pareciam um fétido esgoto em ebulição. 

No dia seguinte este mesmo rio se apresentava com seu leito coberto de uma espessa camada de espuma branca, correndo na mesma intensidade e velocidade do dia anterior, como confirmação do longo processo de um crime ambiental dos mais preocupantes do solo brasileiro. Os nossos rios a cada dia mínguam e vão se transformando em repositórios dos dejetos produzidos pelos homens em nome do progresso e da civilização. “Eles que se danem ou não”.


Foto: Rio Tietê

Resgate - Persona mais que grata!

Leitor habitual do PASQUIM, li em primeira mão, como milhares de leitores, a carta de Gil, direto do exílio em Londres recusando a honraria concedida pelo Museu da Imagem e do SOM – MIS, com o troféu Golfinho de Ouro pelo seu trabalho na música popular brasileira. A carta é um tapa na cara daqueles que imaginaram homenagear o grande artista brasileiro e deve ter se arrependido amargamente pela concessão recusada. Num momento em que o artista é “convidado” a deixar o país, uma senha como quem é expulso de sua casa, o MIS por ser uma instituição pública vestiu o papel de seus algozes que cortaram sua onda, seu trabalho, sua música.

A revista BRAVO que dedicou a GIL uma das suas recentes edições transcreve trechos da carta que ainda permanece atual pela rebeldia anti ao paternalismo oficial e a visão de uma sociedade racialmente segregada e pela qual o artista sempre se posicionou contrário.

“Eu não tenho porque não recusar o prêmio dado por um samba que eles supõem ter sido feito zelando pela pureza da música brasileira. Eu não tenho nada com essa pureza. Tenho três LPs gravados aí no Brasil que demonstram isso.

E que fique claro para os que cortaram minha onda, minha barba que Aquele abraço não significa que eu tenha me “regenerado”, que tenha me tornado “bom crioulo puxador de samba” como eles querem que sejam todos os negros que realmente “sabem qual é o seu lugar”.

Mesmo de longe eu posso compreender tudo. Mesmo na Inglaterra a embaixada brasileira me declara “persona non grata” para as agências de notícias. Nenhum prêmio vai fazer desaparecer essa situação...” Grande e eterno GIL!


Foto: Revista BRAVO - Gil