Leitor habitual do PASQUIM,
li em primeira mão, como milhares de leitores, a carta de Gil, direto
do exílio em Londres recusando a honraria concedida pelo Museu da Imagem e
do SOM – MIS, com o troféu Golfinho de Ouro pelo seu trabalho na
música popular brasileira. A carta é um tapa na cara daqueles que imaginaram
homenagear o grande artista brasileiro e deve ter se arrependido amargamente
pela concessão recusada. Num momento em que o artista é “convidado” a deixar o país,
uma senha como quem é expulso de sua casa, o MIS por ser uma instituição
pública vestiu o papel de seus algozes que cortaram sua onda, seu trabalho, sua
música.
A revista BRAVO que dedicou a GIL uma das suas recentes edições transcreve trechos da carta que ainda permanece atual pela rebeldia anti ao paternalismo oficial e a visão de uma sociedade racialmente segregada e pela qual o artista sempre se posicionou contrário.
“Eu não tenho porque
não recusar o prêmio dado por um samba que eles supõem ter sido feito zelando
pela pureza da música brasileira. Eu não tenho nada com essa pureza. Tenho três
LPs gravados aí no Brasil que demonstram isso.
E que fique claro para os que cortaram minha onda, minha barba que Aquele abraço não significa que eu tenha me “regenerado”, que tenha me tornado “bom crioulo puxador de samba” como eles querem que sejam todos os negros que realmente “sabem qual é o seu lugar”.
Mesmo de longe eu posso compreender tudo. Mesmo na Inglaterra a embaixada brasileira me declara “persona non grata” para as agências de notícias. Nenhum prêmio vai fazer desaparecer essa situação...” Grande e eterno GIL!
Foto: Revista BRAVO - Gil
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