Isto
é, chegar logo ao melhor: ascender em poder, ascender em prazer.
Tornar-se livre, forte e ter para si tal sensação. Melhor expresso:
não tornar a si mais
vigoroso e independente, antes tornar-se outro,
sim, mais robusto e autônomo - e proporcionar a este outro tal
sensação. Natural, portanto, que o si, enquanto se esvai,
experimente, até mesmo por comparação, sensações de
enfraquecimento, impotência - ele está enfrentando suas próprias
fraquezas, está passando por cima de suas próprias
vulnerabilidades, está provando daquilo que lhe é mais doloroso,
está se expondo abertamente para o que em si é inépcia.
Há algo
de mais aviltoso em um si que só morre se morrer o si. Não é
agradável, por exemplo, enfrentar o objeto do seu temor, embora
agradável seja ter enfrentado esse objeto: significa que ele
tornou-se menos temível.O futuro está na mente de alguns visionários: perceber quem são é já o primeiro passo para tornar-se um. Os que fazem o futuro, que, antes disso, o projetam (projetar: lançar à frente), e desse modo, produzem sua própria sorte: o mundo, o destino são reflexo do seu império, são os meios pelos quais realizam suas vontades e seus mais íntimos desejos. Não se chega lá sem vibrante imaginação e criteriosa perspicácia. Quem não é um visionário já está morto, it's only a matter of time - matéria de tempo, apenas.
* William Blake: Proverbs of Hell, in The Marriage of Heaven and Hell. Dirija, sagaz, carroça e arado sobre os ossos dos mortos.