Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

19 de mai. de 2014


Terminei de fazer uma oração e de conversar com minha amiga que faleceu e foi sepultada sábado. Estas coisas que o homem faz pensando que faz por está completamente convicto de estar fazendo a coisa certa:

“Queria que você pudesse ver o que acaba de proporcionar à nossa velha e pobre sociedade - Como você mesma dizia - Todas aquelas criticas feitas a você a respeito de suas atitudes que tanto te chateavam sem que você se permitisse um só ato de repúdio transformou-se inexplicavelmente em exaltados gestos de elogios e citações de responsabilidades pela forma como você se mostrava ser uma ótima mãe ótima filha ótima irmã ótima amiga carinhosa, responsável...”  

 - Dizia sem que nenhum sinal de que ela estivesse ouvindo fosse percebido por mim

Naquele momento me achando um iluminado por ser capaz de me comunicar com uma amiga que se foi mesmo que na verdade conversava comigo mesmo fui invadido por lembranças de nossa última conversa quando caminhávamos pela calçada rumo ao trabalho naquela quarta-feira:

Eu – Oi - tudo bem 

Amiga - Tudo

E – Vamos trabalhar um pouco

A – É - fazer o que né

E – E lá tudo tranquilo

A – Tá - Não me espanto com mais nada - Não espero mais nada daquilo ali - Faço o que tenho que fazer e tá bom

E – Estou me cansando

A – Não adianta não sô - Melhor é deixar eles - A gente faz a nossa parte e deixa pra lá

E - É meio falso

A – É - é falso - mas fazer o que né

E - Eu vou pra cá - té mais

A - Até

Pensando bem hoje o que ficou e bastante forte de toda a nossa última conversa foi a palavra Falso - Com certeza uma palavra que não faz lembrar em nada a minha amiga

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