São marmanjos(as) que acreditam
que não envelheceram. Que trocaram o pijama listrado pela hidroginástica. Nunca
leram Philip Roth. Eles apostam todas as fichas num treco chamado “qualidade de
vida” e querem prolongar essa mesma vida (de merda) até os 150 anos.
A ciência - que se diz evoluída
- trabalha em função dessa perspectiva. Vejam só. Em vez de diminuir o tempo de
sofrimento do ser humano sobre a face da terra, os cientistas esticam as decrepitudes
dos adulteens até a última granola de morfina.
Não dá para entender: essa gente
respirou o mesmo ar de Tarso de Castro, Vinicius de Moraes, Fausto Wollf e
tantos outros. Tiveram acesso a boa informação e podiam fumar e beber
tranquilamente sem que ninguém lhes enchesse o saco. Não seria o caso de dizer
que traíram o tempo em que viveram?
No lugar da rabujice, o anal
bleaching, as saladinhas orgânicas.
Vivemos uma época redundante e
excêntrica. Você anda pelas ruas e se depara com essa “gente do bem" atrás
de seus poodles ... catar cocô de mendigo ninguém quer, né?
Tive notícia de um “ateliê de
tatoos” especializado na "melhor idade" que – pasmem - funciona no
mesmo endereço de uma “clínica de reposição hormonal”. Não é brincadeira, não.
Tem mais. Depois de
"malhar", as madames e os "madamos" vão tomar cafezinho em
livraria. Para os Adulteens, Maitê Proença e Adriana Calcanhoto são
intelectuais de alto calibre. São eles que batem cartão na Flip a fim de tietar
escritores que nunca leram, os mesmos que adquirem cuecas sujas de traficante
colombiano em leilão do Jockey Club ( pré-adolescentes com mais de trinta e
cinco anos decerto lembram desse episódio).
Enquanto a economia ia bem eram
de esquerda, hoje acompanham os netos nas passeatas e pedem a volta de Gengis
Khan.
Assim – fingindo o que não são
apenas para serem iguais às farsas que representam – desfilam suas pelancas
recauchutadas e roupas de grife nos coquetéis da ocasião e, com o mesmo empenho
que protestam nas ruas, organizam mutirões para aliviar o sofrimento dos
fodidos e mal pagos.
Não teve enchente? O que não
falta é causa pra defender, basta trocar os desabrigados de Niterói pelos
degolados da Síria ou pelos monges indefesos do Tibete... e por aí vai.
As madames e madamos são capazes
de fazer qualquer negócio para interagir, menos dar um copo d'água pro mendigo
que ousou defecar na calçada onde desfilam seus poodles.
É esse tipo de gente que sonega
imposto de renda, e torce para o Elton John voltar ao Brasil. Se Jesus não
volta, Elton John voltará - retificado!
Penso que a conjunção disso tudo
- e mais a pizza de chocolate com borda recheada – aponta para a evidência
incontestável de que o ser humano está cada vez ... eu não diria cada vez mais
“Teen” ... digamos, cada vez mais asshole.
Por Marcelo
Mirisola