1 de ago. de 2020
Brasil tem mais de 1000 mortes diárias, vítimas covid-19 e outros tantos que não se fala. Cada veículo de informação tem um número. Virou loucura geral. Ninguém está nem aí mais para mortes. O negócio, que já era papo de eleições, agora é briga de cachorro grande.Viramos paíszinho ordinário. Fazer o que? Na barriga da miséria nasci brasileiro, diz que deu diz que dá. E vamos morrendo. Acho que não sobrou ninguém sério neste país. Lamento ter que comentar.
31 de jul. de 2020
"Aguardemos o julgamento para constatarmos os paradigmas da imparcialidade que serão fixados pelo guardião da Constituição."
Neutralidade é um mito, mas a imparcialidade do juiz é um dever
A imparcialidade do juiz não é uma exigência contemporânea. Diz Eugenio Raul Zaffaroni, que sempre que se quis resolver um conflito que não fosse unicamente através da arbitrariedade ou do poder irracional, se exigiu a independência e a imparcialidade do julgador (Poder Judiciário – Crises, Acertos e Desacertos).
Mas segue como questão atual, que ganhou relevo na normativa internacional, como se vê da Declaração Universal dos Direitos Humanos (artigo 19), que exige que os Estados Membros da ONU garantam um julgamento igualitário, justo, público e realizado por tribunal independente e imparcial. Este mesmo requisito da jurisdição constou em vários documentos da órbita regional, como na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (artigo 8º); Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (artigo 14), no Pacto de San José da Costa Rica (artigo 8º). Os Princípios Básicos das Nações Unidas para a Independência do Judiciário, adotados pelo 7o Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e Tratamento dos Réus, de 1985, também estabelece a exigência da imparcialidade.
Em tempos mais recentes, em 2002, a ONU editou os “Princípios de Bangalore e Conduta Judicial”, a partir da premissa que o Judiciário é pilar da democracia e deve exercer valores que levem a população a ter confiança no Poder que é o último refúgio dos cidadãos.
Constatou-se que democracias estavam sendo corroídas, quando se tinha o exercício da jurisdição por juízes imparciais, pois levava à perda da confiança da população no sistema de justiça, abalando o Estado de Direito.
Os Princípios de Bangalore elencou seis valores a serem seguidos por juízes, mundialmente: Independência, Imparcialidade, Integridade, Idoneidade, Igualdade e Competência/diligência.
Aqui trato tão somente da imparcialidade, em que pese estarem todos os valores conectados uns com os outros, registrando que o Brasil, da mesma forma que a normativa internacional e regional, também tem na imparcialidade do magistrado uma exigência ética para a validade da jurisdição, integrante do devido processo legal e outros mandamentos constitucionais
Importante dizer que não estamos falando de neutralidade e Zaffaroni bem diz que juiz não pode ser alguém neutro, porque não existe neutralidade ideológica. “É insustentável pretender que um juiz não seja cidadão, que não participe de certa ordem de idéias, que não tenha uma compreensão do mundo, uma visão da realidade. Não é possível imaginar um juiz que não a tenha, simplesmente porque não há homem que não a tenha.”
A neutralidade é um mito, mas a imparcialidade é dever.
O juiz deve se colocar entre as partes e manter a mesma distância entre ambas, que têm direito a ter as mesmas oportunidades processuais e serem tratadas de forma absolutamente igualitária. Cada uma das partes tem um papel próprio a cumprir na relação processual, de modo que não pode ocorrer substituição e nem compartilhamento. Exercem funções inconciliáveis: quem acusa ou quem defende não julga e vice-versa.
Se o processo for julgado por juiz parcial não teremos um julgamento, mas uma fraude, pois a imparcialidade compõe a própria jurisdição, não restando outra alternativa senão reconhecer que aqueles atos não têm qualquer valor.
Juiz que atua com parcialidade corrompe a jurisdição e mancha o Poder Judiciário. Não se trata de uma questão que alcança exclusivamente as partes. Estas são diretamente atingidas, mas a atuação parcial afeta o Poder e a democracia.
O fato é que no Brasil, nos últimos anos, as razões de edição dos Princípios de Bangalore se fazem presentes, pois podemos constatar uma queda significativa de confiança no Judiciário.
Segundo dados do ICJ Brasil/FGV-SP ( Índice de Confiança da Justiça no Brasil), de 2013-2017, a confiança no Judiciário caiu 10 pontos percentuais passando para 24% em 2017, significativo, pois em anos anteriores não havia oscilações desta magnitude, o que está a indicar que o próprio Estado Democrático de Direito está a se esgarçar.
Some-se a esta triste constatação que o sentimento “preocupação”, é dos mais marcantes que a população tem em relação ao Poder Judiciário, de seguinte ordem: 45% 48% 49% , para a sociedade, advogados e defensores, respectivamente, destacando na avaliação geral que um dos atributos considerado dos mais importantes é que seja igual e imparcial para todos (Estudo da imagem do Judiciário Brasileiro, 2019, FGV/Ipesp/AMB).
A imparcialidade está no centro das atenções, pois está em julgamento no STF o habeas corpus, do caso paradigmático, conhecidos de todos do mundo jurídico e da população, que tratará da imparcialidade arguida pelo ex-presidente Lula em relação ao ex-juiz Moro.
Neste tanto, The Intercept divulgou farto material, deixando uma sombra de perplexidade no Brasil e no exterior, nunca experimentada na história do Judiciário. E vejam que a notícia que a população mais se recorda, segundo a última pesquisa referida, é o “Vazamento do conteúdo de conversas de Moro e Procuradores”.
Confesso que achei assustadores os diálogos e fiquei mais perplexa quando o ex-magistrado diz que são diálogos corriqueiros e normais. Não são. Permaneci pouco mais de trinta anos na magistratura paulista. Tenho críticas públicas sobre diversas questões que afetam o Judiciário, mas jamais vi esta promiscuidade. A conduta não guarda normalidade e é ofensiva aos magistrados brasileiros.
The Intercept e outros veículos de comunicação revelaram conversas travadas entre o ex-juiz e procuradores da república. De seu teor vimos, dentre tantos atos, que Moro e Dallagnol pactuam o momento para que seja requerida a prisão do réu (16/10/2015); Moro informa sobre quebra de sigilo que efetuou e diz não estar arrependido quanto ao vazamento de áudios interceptados com conversas entre Lula e Dilma Rousseff (22/03/2016), portanto confessa um ilícito contra o réu, em que pese pedir escusas ao STF; Moro indica testemunha para o Ministério Público (07/12/2015); Moro instrui procurador a limitar alcance da operação: “melhor ficar com os 30 por cento iniciais” (15/12/2016); Moro indica ao MPF a substituição da procuradora, que realizou audiência (13/03/2017); Juiz e Procurador analisam a pertinência de divulgação de nota à imprensa com o objetivo de contrapor declarações públicas (27/02/2016) e sugere edição de nota porque a Defesa já fez o showzinho (10/05/2017), com o claro intuito de mobilizar a opinião pública; Moro questiona ao Procurador sobre investigação contra Fernando Henrique Cardoso e diz que “melindra alguém cujo apoio é importante” (13/04/2017). Ainda: deu alerta sobre o prazo processual; indicou pessoa para ser ouvida na fase policial; discutiu momento de deflagração de operações; atentou para falta de prova determinada; viu peça processual antes da juntada.
A imparcialidade reclamada na normativa e pelos cidadãos é a pedra de toque de um julgamento justo. Juiz parcial instrumentaliza o Judiciário para interesses pessoais (de qualquer natureza: econômico, subjetivo, político, midiático); quer e atua para o resultado que lhe convém, de modo que tem a sentença, antes da realização do devido processo legal.
Para salvaguardar a imparcialidade, nosso sistema impõe a publicidade dos atos processuais. Tudo deve estar nos autos para que a parte contrária possa se contrapor, para que seja exercido o princípio do contraditório. Mas se não estava é porque sabiam que algo de muito errado estava a ocorrer.
Um bom exercício para averiguar a justiça de uma situação está em se colocar no lugar da outra parte, em qualquer tipo de processo. Quem gostaria de ser julgado por alguém que atua como se estivesse em seu polo oposto?
Todos sabemos que nenhuma das condutas reveladas pelo The Intercept poderia estar no processo, simplesmente porque aquelas ações fogem da órbita do papel do magistrado, que tem a obrigação de inércia. Juiz não é parceiro e nem pode conduzir o que deve ou não ser feito pelo Ministério Público.
Mas após ouvir o ex-juiz afirmar, quando ministro da justiça, em entrevista televisiva, que o que mais atrapalhava a operação era o Estado de Direito, nada mais pode causar espanto, de modo que a figura alegórica que ele usou recentemente, referindo-se ao julgamento contestado como um ringue, é próprio de magistrado que não compreende e desvirtua o seu papel. Beccaria, no “Dos delitos e das Penas”, alertou em 1764 para o juiz que se coloca como inimigo do réu. Séculos passaram, mas parece que não foi por todos compreendido.
A sujeição à lei é da substância do Estado democrático de Direito, que não pode admitir o arbítrio de cada um dos milhares de juízes espalhados pelo país. A sujeição é para o povo e todos os poderes.
O nosso sistema exige juízes democráticos, que sabem que a sua submissão se encontra na Carta Cidadã e nas normas infraconstitucionais , que exercem o poder em nome do povo e atuam com coragem para cumprir a missão constitucional de garantia dos direitos dos cidadãos.
O habeas corpus referido iniciou o seu julgamento em 2018, foi retirado por um pedido de vista e não retornou.
Há evidente disfuncionalidade do tempo da justiça quando se constata tempos infindáveis no pedido de vista de ministros do STF, fato que deve ser enfrentado como uma das mazelas que rompe a credibilidade e confiança do Poder Judiciário.
Aguardemos o julgamento para constatarmos os paradigmas da imparcialidade que serão fixados pelo guardião da Constituição.
Artigo publicado originalmente no Consultor Jurídico.
30 de jul. de 2020
Cheguei para somar força!
#ForaGarimpoForaCovid <relacionamento@socioambiental.org>Cancelar assinatura
Para:luiztury@yahoo.com.br
qua., 29 de jul. às 07:33

Luiz,
Inicio esse e-mail me apresentando a vocês. Sou Maurício Ye’kwana, um dos diretores da Hutukara Associação Yanomami. Atuo no movimento indígena há mais de dez anos.
Passei os últimos meses lutando contra a Covid-19 em minha aldeia, na região de Auaris. Agora, me somo à luta da campanha #ForaGarimpoForaCovid!
Vou continuar o trabalho de Dário Kopenawa como porta-voz e exigir a retirada dos 20 mil garimpeiros ilegais da Terra Indígena Yanomami.
Vou chamar a atenção do mundo para nossa batalha!
É urgente retirar os garimpeiros de lá. Já temos centenas de casos em nossas terras! A Covid-19 chegou com um parente que teve contato com garimpeiros.
Eles continuam subindo os rios, de barco, e levando o coronavírus para dentro das comunidades. No caminho, os indígenas ficam curiosos, se aproximam e se expõem ao perigo.
Outro problema são os pólo-base. Os garimpeiros vão atrás de atendimento nesses postos de saúde dos indígenas e levam a Covid-19 junto.
Mas, mesmo com a invasão, os Yanomami e Ye’kwana têm tentado se proteger. Na minha região, Auaris, os agentes de saúde só podem atender os indígenas depois de 15 dias de quarentena. Além disso, muitos indígenas, sobretudo os mais velhos, deixaram suas aldeias e foram se isolar em acampamentos na floresta.
A verdade é que desde que o presidente assumiu, a invasão garimpeira explodiu no nosso território. Os garimpeiros sempre falaram: “se Bolsonaro ganhar, nós vamos ter forças para trabalhar mais ainda aqui, vocês não vão poder nos impedir”.
Como fala Davi Kopenawa, grande xamã Yanomami: "tem que sacudir, tem que falar, tem que balançar, tem que cutucar, senão eles não vão fazer nada".
Vamos continuar cutucando, pressionando, até que as autoridades ajam. Vamos seguir nessa luta pela desintrusão de nossas terras até que elas fiquem livres de invasores.
Digo a todos vocês: muito obrigado por terem assinado a nossa petição. E peço que sigam do nosso lado, chamando cada vez mais gente para estar do nosso lado.
Juntos em resistência,
Fórum de Lideranças Yanomami e Ye'kwana
Hutukara Associação Yanomami (HAY)
Associação Wanasseduume Ye'kwana (SEDUUME)
Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK)
Texoli Associação Ninam do Estado de Roraima (TANER)
Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA)
Nossa campanha #ForaGarimpoForaCovid conta com o apoio da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Instituto Socioambiental (ISA), Survival International, Greenpeace Brasil, Conectas Direitos Humanos, Anistia Internacional Brasil, Rede de Cooperação Amazônica (RCA), Instituto Igarapé, Rainforest Foundation US e Rainforest Foundation Noruega.
Sobre o fascismo, arte e bolsonarismo
O fascismo e seus artistas
O caso Roberto Alvim faz lembrar o de Emil Nolde, pintor alemão simpatizante do nazismo, mas execrado pelo regime.
Entre abril e setembro de 2019, o Hamburger Bahnhof de Berlim abrigou uma retrospectiva do pintor Emil Nolde, com o título "Uma lenda alemã: o artista durante o regime nazista". Nunca vi o museu tão cheio e barulhento, seus corredores apinhados com centenas de alemães de terceira idade comentando o que viam, entre quadros, cartas e notas biográficas.
Aquela era a primeira grande exposição na capital do país que mostrava Nolde, tido por décadas como símbolo maior de artista-vítima do regime, como o nazista antissemita que realmente foi. Não terá sido por coincidência que, no mês da abertura da exposição, a chanceler federal Angela Merkel tenha decidido retirar de seu gabinete dois quadros do pintor.
De uma forma ou de outra, não é o primeiro governo que se desfaz de obras dele. Nenhum outro artista teve tantas obras confiscadas e destruídas pelo nazismo. Nolde foi também o grande destaque da exposição de "Arte degenerada", promovida por Goebbels em 1937 para expôr e ridicularizar o que estaria fora do ideal artístico neoclássico defendido por Hitler. Talvez a principal diferença entre ele e outros artistas contemplados pela mostra tenha sido sua gigantesca frustração: Nolde tentava ser um artista do regime. Lutou arduamente para ser reconhecido pelos nazistas, como atesta sua farta correspondência.
![]() |
Joseph Goebbels "Arte degenerada" Berlim 1938. "Die Sünderin", Emil Nolde |
Aquela era a primeira grande exposição na capital do país que mostrava Nolde, tido por décadas como símbolo maior de artista-vítima do regime, como o nazista antissemita que realmente foi. Não terá sido por coincidência que, no mês da abertura da exposição, a chanceler federal Angela Merkel tenha decidido retirar de seu gabinete dois quadros do pintor.
De uma forma ou de outra, não é o primeiro governo que se desfaz de obras dele. Nenhum outro artista teve tantas obras confiscadas e destruídas pelo nazismo. Nolde foi também o grande destaque da exposição de "Arte degenerada", promovida por Goebbels em 1937 para expôr e ridicularizar o que estaria fora do ideal artístico neoclássico defendido por Hitler. Talvez a principal diferença entre ele e outros artistas contemplados pela mostra tenha sido sua gigantesca frustração: Nolde tentava ser um artista do regime. Lutou arduamente para ser reconhecido pelos nazistas, como atesta sua farta correspondência.
![]() |
Colunista J.P. Cuenca |
Nada que faça seus quadros menos espetaculares. Sua arte "degenerada" e multicolorida abandona os ideais acadêmicos de beleza da época e apresenta figuras e corpos brutalizados quase perdidos numa espiral abstrata, sinistra, intensamente expressiva. Aqui há um divórcio evidente: ainda que Nolde tenha tentado convencer o regime de que aquela seria a arte nacional, ele não deixou o ideal estético nazista invadir sua pintura. De certa forma, pintava a contrapelo de suas convicções políticas.
Lembrei de Nolde (e, claro, de Goebbels) quando o ex-Secretário da Cultura do governo Bolsonaro Roberto Alvim mimetizou em discurso e estética o Ministro de Propaganda nazista. Em entrevistas antes da (mal) calculada performance que causou sua demissão, Alvim costumava dizer que sua profícua carreira como diretor de teatro tinha acabado. De fato, o campo bolsonarista evangélico para o qual se converteu jamais pagaria um centavo para ver nenhuma de suas obscuras peças, que elevavam ao paroxismo os cacoetes do teatro experimental – um território "de esquerdas" por excelência.
Pesando mérito artístico, não há como incluir Nolde e Alvim numa mesma frase. No entanto, talvez os dois façam parte de uma curiosa linhagem de artistas trágicos cujas intenções estéticas divorciam-se dos regimes fascistas aos quais aderem.
***
A relação entre o meio artístico e um regime totalitário é bem explorada em texto já clássico da crítica Flora Süssekind, Brasil: os anos de autoritarismo. Literatura e Vida Literária. Recentemente afastada da Casa Rui Barbosa pelo governo, Süssekind delimita três fases distintas da relação entre a classe artística brasileira e a ditadura militar pós-64.
Se no início há uma convivência relativamente pacífica, quando o discurso dos artistas começa a influenciar estudantes e trabalhadores vemos um endurecimento do regime, com censura e perseguição pós AI-5. Uma terceira fase, num momento de distensão, é marcada pela tentativa de cooptar, através de fomento, o silêncio de certos artistas – ou pelo menos o silêncio sobre certos temas.
O que vemos e veremos no Brasil no primeiro mandato deste presidente abertamente fascista é uma mistura destes três tempos: permissividade (até que as vozes críticas ofereçam real ameaça), censura (principalmente econômica) e, finalmente, cooptação. Desta, o malfadado edital de Alvim foi apenas a primeira tentativa concreta, fracassada apenas por expor a lógica interna do governo na estética de um discurso. Aguardemos a próxima tentativa.
--
Escritor e cineasta, J.P. Cuenca é autor de cinco livros traduzidos para oito idiomas. Seu último romance, Descobri que estava morto, foi vencedor do Prêmio Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional e deu origem ao longa-metragem A morte de J.P. Cuenca, exibido em mais de 15 festivais internacionais. Ele hoje vive entre São Paulo e Berlim. Siga-o no Twitter, Facebook e Instagram como @jpcuenca
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
Gênios da pintura
Descoberto local retratado em última obra de Van Gogh
Cartão postal do início do século 20 foi peça-chave para solucionar mistério que intrigava pesquisadores há 130 anos. Pintada pouco antes de suicídio, "Raízes de árvores" mostra colina de vilarejo francês.
O mistério sobre a última obra do artista foi solucionado por Wouter van der Veen, diretor do Instituto Van Gogh, quando ele encontrou um cartão postal do início do século 20 que mostrava um homem de costas levando uma bicicleta próximo a uma colina com árvores e raízes distorcidas muito semelhante a do quadro. Pesquisadores do Museu Van Gogh compararam então os dois motivos.
"Com base nos hábitos de trabalho de Van Gogh, no estudo comparativo da pintura e do cartão postal e nas condições atuais da colina, os especialistas concluíram que é 'altamente plausível' que o local correto [retratado na obra] tenha sido identificado", afirmou o Museu Van Gogh num comunicado.
Segundo o museu, Van Gogh costumava pintar na região. A colina fica a 150 metros de Auberge Ravoux, a pousada onde o pintor passou seus dois últimos meses de vida. De acordo com Van der Veen, a maior parte do emaranhado de raízes ainda está lá do mesmo modo como o retratado pelo holandês.
"Descobrir o lugar onde Van Gogh pintou seu última e mais misteriosa obra é um sonho acordado que ainda estou tentando compreender", disse Van der Veen. Há 130 anos, especialistas especulavam sobre o local que o pintor teria retratado na última obra de seu legado.
"É uma descoberta notável. O fato de esta ser a última obra a torna mais excepcional e dramática. Van Gogh já havia documentado essa área em outras pinturas. Ele devia passar por essa região com frequência para ir aos campos que ficam atrás do Castelo de Auvers, onde pintou várias vezes na última semana de sua vida", afirmou Teio Meedendorp, pesquisador do Museu Van Gogh.
Ignorada por anos pelos moradores de Auvers, a colina agora se torna um local de peregrinação para os fãs do pintor holandês. Autoridades colocaram uma estrutura de madeira para proteger o local, que foi inaugurada nesta terça-feira.
No ano passado, o revólver que Van Gogh teria supostamente usado para se matar foi vendido por 162 mil euros num leilão em Paris. Descoberto próximo ao vilarejo onde o pintor viveu seus últimos meses, ele era considerado "a arma mais famosa da história da arte".
CN/afp/dpa/efe
Nucléico
Shenyang: ambulância médica realiza testes de ácido nucleico
Em 28 de julho, uma ambulância médica com as palavras "Veículo móvel de teste de ácido nucléico do No.4 Hospital Popular de Shenyang" foi estacionada na praça em Shenyang para realizar os testes de ácido nucleico na população local.
Os cidadãos podem obter o resultado dentro de 24 horas.
************************************************
Métodos de identificação baseados em ácidos nucleicos
Por Kevin C. Hazen , PhD, Duke University Health System jun 2018
A identificação (molecular) com ácido nucleico tornou-se comum na prática clínica; a identificação rápida resultante permite que o paciente inicie o tratamento antimicrobiano específico e evita o tratamento prolongado com fármacos empíricos potencialmente inapropriados.
Métodos baseados em ácido nucleico detectam sequências de DNA ou RNA específicas extraídas do microrganismo. As sequências podem ou não ser amplificadas in vitro.
Métodos baseados em ácidos nucleicos são geralmente específicos e altamente sensíveis, podendo ser usados para todas as categorias de microrganismos. Os resultados podem ser obtidos rapidamente. Os médicos devem conhecer as possibilidades diagnósticas e solicitar os testes adequados, pois cada teste é específico para um organismo único. Por exemplo, se um paciente tiver sintomas sugestivos de influenza, mas a estação da influenza já tiver passado, fazer um teste diagnóstico viral geral (p. ex., cultura viral) em vez de um teste específico de gripe é melhor porque outros vírus (p. ex., parainfluenza, adenovírus) podem ser os agentes etiológicos.
Avanços recentes levaram ao desenvolvimento de ensaios multiplex, em que um único teste baseado em ácido nucleico pode detectar e diferenciar entre ≥ 2 microrganismos causadores. Ensaios multiplexados geralmente são menos sensíveis do que os ensaios qualitativos de alvo único. Também podem ser menos específicos; os resultados positivos imprevistos, sem relação com o quadro clínico do paciente, devem ser considerados com cautela. Ensaios multiplexados estão atualmente disponíveis para detecção de agentes de guerra biológica.
Os testes baseados em ácidos nucleicos são qualitativos, mas os métodos quantitativos existem para um limitado número de infecções (p. ex., HIV, citomegalovírus, vírus T-linfotrópico humano), podendo ser úteis no diagnóstico e no monitoramento da resposta ao tratamento.
Huawei, misteriosa empresa no topo do mundo
Huawei arranca Samsung do topo do smartphone
De acordo com um relatório da empresa de pesquisa Canalys , a Huawei enviou mais smartphones globalmente no segundo trimestre de 2020 do que qualquer outro player. Foi o primeiro trimestre em nove anos que qualquer outra empresa que não a Apple ou a Samsung foi líder de mercado.
A Huawei vendeu 55,8 milhões de dispositivos, uma queda de 5% em relação ao ano anterior, enquanto a Samsung, segunda classificada, vendeu 53,7 milhões, uma queda de 30%.
Leia mateira>>> https://asiatimes.com/2020/07/huawei
28 de jul. de 2020
Família Bolsonaro, fique 'de fora' da eleição americana.
"Já vimos este filme antes"
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi repreendido após compartilhar um vídeo em apoio à reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos.
Eliot Engel, presidente da Relações Exteriores da Câmara dos Estados Unidos, afirmou que a família Bolsonaro deve ficar “de fora” do pleito eleitoral norte-americano, previsto para ser realizado no início de novembro.
(...)
Donald Trump aparece atrás de Joe Biden,
seu principal adversário, na corrida pela Casa Branca,
fato que preocupa o governo Bolsonaro.
27 de jul. de 2020
SARS-CoV-2 - Isolamento social no Brasil reduziu transmissão ( USP )
Por Júlio Bernardes
As medidas de
isolamento social implantadas no Brasil a partir de março conseguiram reduzir
pela metade a taxa de transmissão do coronavírus, revela estudo internacional
liderado por pesquisadores brasileiros. A partir de análises genéticas,
epidemiológicas e de dados de mobilidade humana, os pesquisadores concluíram
que houve mais de 100 entradas do vírus, originárias principalmente da Europa.
No entanto, apenas três dessas entradas deram início à cadeia de transmissão do
vírus no Brasil, entre o final de fevereiro e o começo de março. O isolamento
social, apesar de adotado depois que o vírus se espalhou, diminuiu a taxa de
transmissão de 3 para 1,6 contaminados por pessoa infectada. O estudo foi
coordenado pelo Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta,
Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE).
26 de jul. de 2020
"Não é sinal de sanidade querer se adaptar a uma sociedade profundamente doente." Jiddu Krishnamurti
Erick Morais
Seja inadequado, porque não se adequar a uma sociedade doente é uma virtude
Seja inadequado, porque não se adequar a uma sociedade doente é uma virtude
A vida contemporânea cheia de regras e adestramento
fez com que houvesse uma padronização completa das pessoas, de tal maneira que
todos se comportam do mesmo modo, falam das mesmas coisas, se vestem mais ou
menos do mesmo jeito, possuem as mesmas ambições, compartilham dos mesmos
sonhos, etc. Ou seja, as particularidades, as idiossincrasias, aquilo que os
indivíduos possuem de único, inexistem diante de um mundo tão pragmático e controlado.
Vivemos engaiolados, tendo sempre que seguir o
padrão, que se encaixar em normas pré-determinadas, como se fôssemos todos
iguais. Sendo assim, a vida acaba se transformando em uma grande linha de
produção, em que todos têm que fazer as mesmas coisas, ao mesmo tempo e no
mesmo ritmo, de modo a tornar todos iguais, sem qualquer peculiaridade que
possa definir um indivíduo de outro e, por conseguinte, torná-lo especial em
relação aos demais.
Somos enjaulados em vidas superficiais e nos
tornamos seres superficiais, totalmente desinteressantes, inclusive, para nós
mesmos. Sempre conversamos sobre as mesmas coisas com quer que seja, ouvindo
respostas programadas pelo padrão, o qual nos torna seres adequados à vida em
sociedade.
Entretanto, para que serve uma adequação que
transforma todos em um exército de pessoas completamente iguais e chatas, que
procuram sucesso econômico, enquanto suas vidas mergulham em depressões?
Qual o sentido de adequar-se a uma sociedade que
mata sonhos, porque eles simplesmente não se encaixam no padrão? Uma sociedade
que prefere teatralizar a felicidade a permitir que cada um encontre as suas
próprias felicidades. Uma sociedade que possui a obrigação de sorrir o tempo
inteiro, porque não se pode jamais demonstrar fraqueza. Uma sociedade que
retira a inteligência das perguntas, para que nos contentemos com respostas
rasas. Então, por que se adequar?
Os nossos cobertores já estão ensopados com os
nossos choros durante a madrugada. O choro silencioso para que ninguém saiba o
quanto estamos sofrendo. Para manter a farsa de que estamos felizes. Para fazer
com que mentiras soem como verdade, enquanto, na verdade, não temos sequer
vontade de levantar das nossas camas.
O pior de tudo isso é que preferimos vidas de
silencioso desespero a romper com as amarras que nos aprisionam e nos
distanciam daquilo que grita dentro de nós, esperando aflitamente que o
escutemos, a fim de que sejamos nós mesmos pelo menos uma vez na vida sem a
preocupação de agradar aos outros.
Somos uma geração com medo de assumir as rédeas das
próprias vidas. E, assim, temos permitido que outros sejam protagonistas
destas. É preciso coragem para retomá-las e viver segundo aquilo que arde
dentro de nós, mesmo que sejamos vistos como loucos, pois só assim
conseguiremos sair das depressões que nos encontramos. É preciso sacudir as
gaiolas, já que, como diz Alain de Botton: “As pessoas só ficam realmente
interessantes quando começam a sacudir as grades de suas gaiolas”. E,
sobretudo, é preciso ser inadequado, porque não se adequar a uma sociedade
doente é uma virtude.
Assinar:
Postagens (Atom)