Militante
comunista do Congresso Nacional Africano e líder do seu povo contra a segunda
ditadura mais racista da História, superada apenas pela Alemanha Nazista, ele
é, também, uma personalidade universal, o herói de todo o gênero humano, o
homem que extrapola todos os limites, pertence a todas as raças, todos os
credos, todas as nacionalidades, o maior vulto da humanidade no Século XX.
por
Almir Aguiar
É
justamente por causa da sua dimensão de líder humanista mundial que podemos
observar porque, em poucas horas, após a sua morte, durante esta Semana dos
Direitos Humanos, inicia-se uma insidiosa e criminosa apropriação indevida do
nosso herói, pelos círculos mais conservadores e reacionários. Querem que sua
imagem passe a ser a do pacificador, do conciliador, e não mais a do líder
revolucionário e popular que libertou a África do Sul da vergonhosa segregação
racial imposta aos negros, em sua própria pátria, durante décadas, pelos
ocupantes europeus brancos.
A
mídia capitalista esforça-se para impor ao mundo a visão mentirosa do estadista
que compreendeu que seu país teria muito a perder com uma atroz guerra civil, e
que a via pacífica seria a melhor opção. Esforça-se a direita em passar a
imagem do “homem superior”, que soube reconciliar e perdoar para vencer a luta
. Mas Mandela foi, é, e nunca deixou de ser o revolucionário comprometido com
as massas espoliadas, aquele que jamais perdeu sua formação marxista, não traiu
seus ideais, nem se bandeou para a trincheira inimiga, conforme tantos líderes
têm feito nos últimos tempos. Mandela jamais negociou enquanto esteve preso.

Os
conservadores percebem como perigo que um líder como Mandela possa ser
patrimônio ideológico da humanidade e, por isso, querem pintá-lo com as cores
brandas que descaracterizam o verdadeiro revolucionário. Assim, tentam
transformar o herói da raça mais explorada da Terra em astro hollywoodiano que
vai perdendo, com o trabalho da mídia burguesa, o seu conteúdo de rebeldia,
esvaziando a sua imagem forte do líder que não cedia à força bruta dos
governantes racistas.
A
luta de Mandela foi repleta de sofrimento e de violência. Preso por vinte e
sete anos, manteve a luta armada do Congresso Nacional Africano e não se dobrou
diante de ninguém. Foi assim que Mandela respondeu ao regime racista, que
homens presos não podem negociar. E por não ter cedido, fez a tirania racista
dobrar-se e ceder, por absoluta ausência de opção.
O
fim do apartheid está muito longe de ter sido uma conquista pacífica, pois
nesta luta morreram dezenas de milhares de rebeldes e de inocentes. Somente
após o regime racista se curvar, é que Mandela iniciou o processo altruísta de reconciliação
e da convivência pacífica de negros e brancos.
É
muito importante termos a consciência bem nítida de que Mandela foi um homem
das massas, um revolucionário que lutou e se sacrificou no cárcere pelos direitos
dos miseráveis, dos oprimidos e dos que vivem do próprio trabalho. Mandela era
comunista e tenho certeza de que não gostaria de ser lembrado de maneira
diferente, como um mero pacificador, nem gostaria de ser apropriado por esta
minoria que, ao longo de toda a História, sempre usou a força bruta e a malícia
para manter seus privilégios de classe, em detrimento da humanidade
trabalhadora que promove o progresso e sustenta os luxos das elites
conservadoras.
Não
podemos nos esquecer de que muitas dessas vozes que agora elogiam Mandela
sempre estiveram a serviço dos seus algozes durante a tirania. Trabalhadores,
ergamos nossas bandeiras de luta, Mandela vive! Viva a classe trabalhadora!