Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

20 de out. de 2018

https://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2018/10/a-saida-sensata-e-o-tse-adiar-o-2-turno.html


Estamos num momento decisivo da nossa História, com o Brasil à beira do abismo, olhando para baixo e sentindo forte tentação de mergulhar. Só a Justiça tem, neste instante, poder para evitar a desgraça coletiva a que um povo desesperado está sendo conduzido. 

Se nossas autoridades judiciais não retomarem, com um ato de coragem, o controle da situação, o que virá em seguida vai ser o pior dos mundos possíveis: caos político, uma depressão econômica como nunca vimos e inevitável derramamento de sangue.


Entre a esperteza e a dor


















Ser um vassalo imperial,
um derrotado brasileiro 
ou 
intelectual da amnésia?

Um operário sem profissão,
ter amigos aloprados
ou 
ser um líder traído?

Ser um protegido endeusado,
o colecionador de ódios
ou 
um magistrado amestrado?


Uma raposa frustrada,
ser um presidente usado
ou 
um futuro presidiário?

Ser o Figueiredo da vez,
um mal caráter popular
ou 
o mico atirador?


Uma das sombras do autor,
o último grito d dor
ou 
um mestre comparado ao terror?


Ser parte de um



ou reinar no silêncio da dor?





Três lados de uma pedra - A Pedra de Ingá



Minha busca era sobre as pegadas de Sumé. Primeira vez que ouvi falar sobre Sumé foi quando pesquisava o caminho que liga o Sudeste brasileiro às cidades de ouro, dos Incas, além das montanhas de gelo, no Peru. 

Sumé, uma pequena introdução 


Nas pegadas de Sumé, passando por São Tome, encontrei a palavra itacoatiaras... o link leva até uma reportagem que mostra a 'pedra' e também a cidade de Ingá, na Paraíba. 



Gostei deste vídeo, bastante espontâneo, mostrando o quanto 
estava desprotegido todo o patrimônio. 



Este já mostra um pouco mais de cuidado.



18 de out. de 2018

"O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: procurar e reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço" Italo Calvino

                                    
                                     Você sabe melhor do que ninguém, 
                                                            sábio Kublai,

               que jamais se deve confundir uma cidade
                                com o discurso que a descreve.
                   
 (Calvino, Ítalo. As cidades invisíveis)

17 de out. de 2018

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A ELA .>>>>>>>Machado de Assis


A ELA 

Quem és tu 
que me atormentas 
Com teus prazenteiros sorrisos? 
Quem és tu que me apontas 
As portas dos paraísos? 

Imagem do céu és tu? 
És filha da divindade? 
Ou vens prender em teus cabelos 
A minha liberdade?

 “Vê V. Exa., Sr. presidente, que nesse tempo, o nobre deputado era inimigo de todas as leis opressoras. A assembléia tem visto como ele trata as leis do metro.” 

Todo o resto do discurso foi assim. A minoria protestou. Luís Tinoco fez-se de todas as cores, e a sessão acabou em risada. No dia seguinte os jornais amigos de Luís Tinoco agradeceram ao adversário deste o triunfo que lhe proporcionou mostrando à província “uma antiga e brilhante face do talento do ilustre deputado”. Os que indecorosamente riram dos versos, foram condenados com estas poucas linhas: “Há dias um deputado governista disse que a situação era uma caravana de homens honestos e bons. É caravana, não há dúvida; vimos ontem os seus camelos”. 
Nem por isso, Luís Tinoco ficou mais consolado. As cartas ao Dr. Lemos começaram a escassear, até que de todo cessaram de aparecer. Decorreram assim silenciosos uns três anos, ao cabo dos quais o Dr. Lemos foi nomeado não sei para que cargo na província onde se achava Luís Tinoco. Partiu. Apenas empossado do cargo, tratou de procurar o ex-poeta, e pouco tempo gastou recebendo logo um convite dele para ir a um estabelecimento rural onde se achava. 
– Há de me chamar ingrato, não? disse Luís Tinoco, apenas viu assomar à porta de casa o Dr. Lemos. Mas não sou; contava ir vê-lo daqui a um ano; e se lhe não escrevi... Mas que tem doutor? está espantado? 

O Dr. Lemos estava efetivamente pasmado a olhar para a figura de Luís Tinoco. Era aquele o poeta dos Goivos e Camélias, o eloqüente deputado, o fogoso publicista? O que ele tinha diante de si era um honrado e pacato lavrador, ar e maneiras rústicas, sem o menor vestígio das atitudes melancólicas do poeta, do gesto arrebatado do trbuno, - uma transformação, uma criatura muito outra e muito melhor. Riram-se ambos, um da mudança, outro do espanto, pedindo o Dr. Lemos a Luís Tinoco lhe dissesse se era certo haver deixado a política, ou se aquilo eram apenas umas férias para renovar a alma. 
– Tudo lhe explicarei, doutor, mas há de ser depois de ter examinado a minha casa e minha roça, depois de lhe apresentar minha mulher e meus filhos... 

– Casado? 

– Há vinte meses. 

– E não me disse nada! 

– Ia este ano à corte e esperava surpreendê-lo... Que duas criancinhas as minhas... lindas como dois anjos. Saem à mãe, que é a flor da província. Oxalá pareçam também com ela nas qualidades de dona de casa; que atividade! que economia!... 

Feita a apresentação, beijadas as crianças, examinado tudo, Luís Tinoco declarou ao Dr. Lemos que definitivamente deixara a política. 
– De vez? 

– De vez. 

– Mas que motivo? desgostos, naturalmente. 

– Não; descobri que não era fadado para grandes destinos. Um dia leram-me na assembléia alguns versos meus. Reconheci então quanto eram pífios os tais versos; e podendo vir mais tarde a olhar com a mesma lástima e igual arrependimento para as minhas obras políticas, arrepiei carreira e deixei a vida pública. Uma noite de reflexão e nada mais. – 

Pois teve ânimo?... 

– Tive, meu amigo, tive ânimo de pisar terreno sólido, em vez de patinhar nas ilusões dos primeiros dias. Eu era um ridículo poeta e talvez ainda mais ridículo orador. Minha vocação era esta. Com poucos anos mais estou rico. Ande agora beber o café que nos espera e feche a boca, que as moscas andam no ar.


Jorge Amado (1912-2001) ...........Boa leitura.


A Morte e A Morte de Quincas Berro Dágua 

Jorge Amado nos deixou vasta e rica obra. São seus livros como "Tieta do Agreste", "Terras do sem-fim", "Dona Flor e seus Dois Maridos", "Mar Morto", "Capitães de Areia" e "Tocaia Grande", apenas para citar alguns. 

Entre as personagens criadas por ele, merece destaque Quincas Berro D'água. A novela escrita por Jorge Amado é deliciosa e merece ser lida em um único fôlego. 

O livro narra os acontecimentos que sucedem após ser encontrado o corpo de Quincas em uma pocilga, deitado sobre um catre, mal vestido, com o dedão do pé escapando por um buraco na meia furada e... sorrindo, um "sorriso cínico, imoral, de quem se divertia". Vanda, filha, Leonardo, genro, Tio Eduardo e Tia Marocas, irmãos, ao mesmo tempo que se apresentam enlutados davam graças pelo ocorrido. Finalmente morria a vergonha da família.


Ainda no primeiro turno das eleições 2018, a ONG brasileira "Eco" publicou textos sobre as propostas ambientais dos candidatos à presidência da República.

Álvaro Dias promete investir 20 bilhões por ano em esgoto
Inspirado em Juscelino Kubitschek, o programa de governo do candidato do Podemos planeja gastar em saneamento básico, mas não diz de onde tirará o dinheiro

Proposta de Amoêdo prevê fim dos lixões em todo o país
Plano de governo do candidato à presidência do Novo também propõe levar saneamento básico para todos os brasileiros, e confia que parcerias privadas dariam conta do desafio

Se eleito, Henrique Meirelles promete priorizar saneamento básico
Candidato do MDB afirma que conta com a participação do setor privado para melhorar os índices de saneamento e afirma que cumprirá Acordo de Paris

Marina propõe integrar políticas para reduzir emissões
Desenvolvimento sustentável com pouco destaque para proteger biodiversidade. Rede e PV enfatizam redução na emissão de gases, mas não cita ações voltadas para os biomas nacionais

Alckmin promete cumprir as metas do Acordo de Paris
Candidato do PSDB afirma que seu governo adotará os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável como referência no exterior, mas é vago sobre propostas para a área ambiental no país



Ciro Gomes defende o uso de hidrelétricas na matriz energética
Candidato pelo PDT apresenta ideias desenvolvimentistas e minimiza impactos ambientais de grandes hidrelétricas na Amazônia, como Belo Monte


Haddad promete transição ecológica em programa
Candidato lembra que o PT conseguiu reduzir o desmatamento na Amazônia, mas faz de conta que não tem nada a ver com grandes empreendimentos que causam impactos para o Meio Ambiente na região



Bolsonaro defende o fim do Ministério do Meio Ambiente
Candidato propõe que pasta vire uma secretaria dentro de um novo Ministério de Agricultura e defende o fim das multas feito pelo Ibama e ICMBio
Eduardo Jorge: “Priorizar o pré-sal é um erro gigantesco”
Candidato a presidente do PV é duro com a indústria automobilística, chama Belo Monte de autoritária e aceita cobrar pelo uso da água.




"Boulos defende uso de UCs de proteção integral por comunidades tradicionais"
Programa dá ênfase a defesa de direitos de comunidades tradicionais, mas não leva em conta a necessidade de existirem reservas exclusivas para proteger biodiversidade e realização de estudos científicos


João Goulart Filho promete reformular o Código Florestal
Candidato do PPL propõe rever lei, de forma que aumente a proteção do meio ambiente e garanta a produção agropecuária e fortalecer matriz energética limpa




Eymael não apresentou proposta para a área ambiental (de novo)
Com uma menção sobre proteger o meio ambiente bem genérica no programa de governo, candidato do PSDC faz cópia e cola do programa apresentado em 2014


Leia matéria completa: https://www.oeco.org.br/reportagens/




Nesta terça-feira, 16 outubro 2018,  >>>>apoie-o-eco/<<<<

Discurso ambiental num país bipolar: o que a ararinha-azul tem a ver com estas eleições?

Por Guilherme José Purvin de Figueiredo

 Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil .

Como tem sido dito e repetido à náusea em todos os meios de comunicação, o país está dividido entre antipetistas e antibolsonaristas. A lógica e a racionalidade não prevalecem nessa dicotomia por um motivo muito simples: nem toda pessoa preocupada com a proteção da biodiversidade e com a política de mudanças climáticas é A ou é B. Tentarei ser mais claro.

O Direito Ambiental tem natureza tutelar, isto é, existe para defender a vida e a saúde dos seres humanos, da fauna e da flora, assim como a higidez dos elementos que dão suporte à vida (água, terra e ar). Numa perspectiva mais ampliada, também defende o conhecimento tradicional, as culturas indígenas, o ambiente artificial que não agrida ciclos ecológicos e respeite a vocação natural da terra.

O antipetismo é compatível com um discurso crítico acerca dos famigerados “PACs”, que geraram danos ambientais irreversíveis para o país. Tenha-se à memória, dentre muitos outros, a revogação da primeira Lei de Biossegurança e do Código Florestal de 1965, conduzida politicamente por Aldo Rebelo, então no PC do B, que integrou os governos petistas. Ou, ainda, o licenciamento ambiental estilo trator da Usina de Belo Monte; ou a reação pífia do Governo Federal diante do acidente da Samarco.

O antibolsonarismo, por outro lado, é compatível com um discurso em defesa de certas garantias legais e administrativas ainda existentes no país, como um Ministério do Meio Ambiente autônomo, um IBAMA que dispõe de mecanismos legais aptos a ensejar a punição de quem promove o desflorestamento ou um sistema jurídico de proteção da fauna silvestre e que proíbe a caça desportiva.

Assim, a questão ambiental propriamente dita fica mal situada quando ocorre a polarização dos discursos eleitorais entre os candidatos assim chamados de direita ou de esquerda: quem se recusa a votar em Haddad dispõe de um arsenal de argumentos acera de políticas antiecológicas em governos petistas; quem se recusa a votar em Bolsonaro igualmente dispõe de razões de sobejo para mostrar uma profunda preocupação com o futuro da Floresta Amazônica, da Mata Atlântica e dos povos indígenas no Brasil, diante de tudo o que já se ouviu a esse respeito partindo da boca do próprio candidato da extrema-direita.

Estamos aqui falando de matemática. Para maior clareza acerca do que dizem sobre o meio ambiente os discursos anti-B e os discursos anti-H, precisaremos retomar conceitos da Teoria dos Conjuntos. Não é, porém, uma coluna jornalística sobre Direito Ambiental, o espaço mais adequado para desenvolver a fundo esta demonstração matemática. Fiquemos então apenas com o essencial:

Se DA = Direito Ambiental, H = Política Ambiental proposta por Haddad e B = Política Ambiental proposta por Bolsonaro; e se MAx = normas jurídicas ambientais consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, teríamos o seguinte:

DA = { sim-MAx1, sim-MAx2 }

H = { sim-MAx1, não-MAx2 }

B = { não-MAx1, não-MAx2 }

Disto, extraímos as seguintes conclusões:

(1) H ≠ B; H ≠ DA; B ≠ DA - Ou seja, as propostas políticas de Haddad são diferentes das de Bolsonaro e as dos dois candidatos não contemplam todas as expectativas do Direito Ambiental.

(2) H U B = F - Não é logicamente compatível a união entre as propostas políticas de Haddad e de Bolsonaro na área ambiental, pois de acordo com o princípio aristotélico da não-contradição, sim-MAx1 não pode ser não-MAx1.

(3) H ∩ B = { não-MAx2 } - Existe uma interseção entre as propostas políticas de natureza antiecológica dos candidatos, elementos que contradizem aqueles que formam o Direito Ambiental.

Estamos, contudo, a poucos dias da consumação dos fatos políticos e é preciso também conjugar à lógica matemática um pouco de lógica jurídica. A composição do Senado e da Câmara já está inteiramente definida e sabemos muito bem o que acontecerá com o Direito Ambiental brasileiro ao longo dos próximos quatro anos. O povo brasileiro já escolheu os legisladores que moldarão nossa legislação sobre biodiversidade, política indígena e mudanças climáticas para os próximos quatro anos. Nesse contexto, a polarização H x B passa agora muito longe da pauta ambiental e diz respeito a ideologias de costumes e comportamento social: políticas pró ou contra a comunidade LGBTI+, desarmamento ou não da população e Estatuto da Criança e do Adolescente são discursos políticos muito mais inflamados do que destinação do fundo de interesses difusos para recomposição de dano ambiental ou rotulagem de produtos contendo transgênicos.

Falar de teoria dos conjuntos e lógica aristotélica é quase uma forma de nos defendermos dos ataques inevitáveis de todos aqueles que visitam sites sobre Ecologia, não com a finalidade de buscar subsídios para promover a proteção da ararinha azul, mas para agredir quem não declara com todas as letras sua opção por B ou por H. De nossa parte, trata-se apenas de verificar, dentre as opções apresentadas no cardápio eleitoral, qual é aquela que oferece menos risco à vida no planeta Terra. E, se esta forma de escolha vier a ser considerada uma declaração de voto em prol de um dos candidatos, tanto mais forte a convicção de que realmente não há Plano B para quem defende a vida com qualidade para as futuras gerações.