Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

27 de jul. de 2019

Série Mártires do Século XX: Parte IV



Mártires do Comunismo no Século XX

É impressionante como os mártires 
morriam perdoando os seus 
carrascos:

No Líbano, o jovem Ghassibé Kayrouz foi assassinado quando se preparava para entrar no Seminário. Numa gaveta de seu quarto, os seus genitores encontraram um texto escrito na véspera de sua morte, que foi lido por ocasião do seu enterro:

“Tenho um só pedido a fazer-lhes: perdoem àqueles que me matarem. Fazei-o de todo o coração, erogai comigo que meu sangue, mesmo 

 que seja o sangue de um pecador, seja resgate pelos pecados do Líbano, uma hóstia misturada ao sangue das vítimas que tombaram, de procedências e religiões diversas; seja o preço da paz, do amor e do entendimento que foram perdidos por esta pátria e até pelo mundo inteiro. Queiram ensinar às pessoas o amor através da minha morte, e Deus os consolará, proverá às suas necessidades e os ajudará a viver esta vida. Não tenham medo, não estou pesaroso, nem me sinto triste por deixar este mundo. Só estou triste porque vocês estarão tristes. Rezem, rezem, rezem e amem seus inimigos”

Na Algéria, o Pe. Christian de Chergé, trapista assassinado, escreveu pouco antes da sua morte:

“Quisera, no momento oportuno, ter o tanto de lucidez que me permitisse solicitar o perdão de Deus e dos meus irmãos, assim como eu perdoaria de todo o coração a quem me tivesse atingido”.

Na África do Sul, Malusi Mpumlwana, torturado e, depois, rechaçado, disse ao sair da prisão:

“Quando eles me torturavam, eu pensava: são filhos de Deus e comportam-se como animais. Precisam de que nós os ajudemos a recuperar a humanidade que eles perderam”.

Em El Salvador, o Pe. Navarro, assassinado aos 11/05/1977 com o jovem Luís (de 14 anos), murmurou antes de morrer:

“Morro porque preguei o Evangelho. Sei quem são meus assassinos. Saibam que lhes perdoo”.

Na Albânia, Mark Çuni foi executado aos 06/03/1946, ao mesmo tempo que o Pe. Dajani e seus companheiros. Eis as suas últimas palavras:

“Perdoo a todos aqueles que me julgaram, condenaram e vão executar-me. Digam a minha mãe que ela pague os quinze napoleões de ouro que eu devo a Ludovik Racha. Viva Cristo Rei! Viva a Albânia!”.

Quanto ao Pe. Daniel Dajani, encerrou seus dias dizendo:

“Perdoo a todos os que me fizeram mal…”.

Na Polônia, quando o Cardeal Wyszynski soube da morte do chefe comunista Bierut, que o tinha traído e mandara lançar na prisão, escreveu em seu Diário:

“Nunca mais terei a ocasião de discutir com Boleslaw Bierut. Ele já sabe que Deus existe e que Ele é amor. Doravante Bierut está do nosso lado. Solicitarei do Senhor a misericórdia para o meu perseguidor. Amanhã celebrarei a Missa em sufrágio por ele; desejo absolvê-lo, na confiança de que Deus encontrará na vida do defunto atos que falarão em seu favor. Muitas vezes no cárcere rezei por Boleslaw Bierut! Talvez esta oração nos tenha ligado um ao outro a ponto de ele chamar-me em seu socorro… Os seus colaboradores talvez em breve reneguem Bierut, como isto se deu com Stalin. Eu não o esquecerei. O meu dever de cristão o exige”.

Em Tirana, na Albânia, o Pe. Zef Pilumi, um dos poucos sacerdotes que sobreviveram à perseguição, contou o seguinte:

“Um dia, após o fim da perseguição, um dos meus carrascos veio a esta casa para pedir-me ajuda. Precisava de submeter-se a uma cirurgia e só o podia fazer na Grécia. Trazia consigo a sua carteira de trabalho, que lhe assegurava o salário de aposentado. Disse-me ele que queria dar-me esse dinheiro, caso eu lhe pudesse pagar a viagem para que fosse tratar-se no estrangeiro. Resolvi levar isso ao meu Conselho Paroquial. Todos sabiam que tal homem havia sido meu carrasco. Mas concordamos em pagar-lhe a viagem até Salônica, sem nada receber do seu salário de aposentado. Quando ele voltou da Grécia e veio visitar-me, eu lhe disse que ele nada nos devia; caiu então em prantos. É necessário perdoar, como pede o Evangelho”.

Na Croácia, o Cardeal Stepinac, vítima dos comunistas, escrevia:

“Que a maldade deles não vos impeça de amar vossos inimigos! Uma coisa é a maldade, outra coisa é o homem”.

Ainda na Albânia o Cardeal Mikel Koliqi, após quarenta anos de campo de concentração, de cárcere ou de residência vigiada, declarava:

“Não sinto mágoa alguma. Eu lhes digo francamente: não experimento ressentimento algum. Ao contrário, peço a Deus que perdoe a eles. Para um cristão, a vingança não tem sentido”.

Ainda se pode citar a Sr.ª Eugenia Guinzbourg. Narra que os seus companheiros de campo de concentração se sentiam fortemente tentados a odiar seus carrascos. Dizia-lhes então:

“Assim procedendo, cairemos num círculo vicioso. Vejam! Eles contra nós, nós contra eles, e de novo eles contra nós… Até quando há de durar o círculo vicioso do ódio? Vamos Ter que sustentar ainda e sempre o triunfo do ódio?”.

Lilith, uma mulher que teria sido criada antes de Eva



Bom dia, eu sou um navegador assíduo deste site, e como catequista, pego muitos subsídios para meus encontros de catequese, neste domingo, um catequizando me veio com uma duvida que eu não soube responder, se vcs puderem me ajudar eu agradeceria muitíssimo.

Desde já eu agradeço

Atenciosamente

A.


Pergunta:

A dúvida é sobre Lilith, a mulher criada antes de Eva, um 
professor judeu falou sobre isso e citou Gênesis e Isaías como fonte.


Resposta


Prezado A., a Santa Paz!


Obrigado pela confiança depositada em nosso trabalho.



Sobre a lenda de Lilith

De acordo com J. Gordon Melton, Lilith é “uma das mais famosas figuras do folclore hebreu, originou-se de um espírito maligno tempestuoso e mais tarde se tornou identificada com a noite” (1).

A referência mais antiga à personagem está no épico babilônico de Gilgamesh (aprox.2000 a.C.). Também é citada em relatos do Talmude Babilônico (oriundo das tradições orais javistas), no Zohar ou livro do Esplendor (uma obra cabalística do século XIII que constitui o mais influente texto hassídico) e na Cabala. Em todas estas fontes os relatos sobre Lilith são diversos e até discordantes.

Como o professor de seu catequizando é judeu, provavelmente ele esteja se referindo à versão que consta no Talmude Babilônico.

O texto de referência deste Talmude é a edição hebraica e inglesa, intitulada “The Babylonian Talmud” organizada pelo rabino Epstein. Esta edição foi publicada pela Socino Press, de Londres, em 1978.

“Por esse motivo ela não teria aceitado uma posição inferior em relação ao homem, pois sendo criada da mesma forma, exigia os mesmos direitos, não aceitou uma posição submissa e assim desentendeu-se com Adão. No primeiro ato sexual Lilith não aceitou ficar por baixo, aguentando o peso do corpo do companheiro e exigiu ter também o direito ao gozo e ao prazer sexual. Como não foi atendida em seus anseios ela se revolta e pronuncia o nome “inefável” que lhe deu asas por meio das quais fugiu do Jardim do Éden. Assim Lilith abandonou Adão com quem não se entendia e foi para as margens do Mar Vermelho. Adão ficou só e reclamando, tendo medo da escuridão opressora. Daí haver uma relação entre Lilith e a Lua Negra, a escuridão da noite, por isso a associação dela com a coruja, o pássaro noturno. Segundo a tradição talmúdica, Lilith é a “Rainha do Mal”, a “Mãe dos Demônios” e a “Lua Negra”.

Deus vendo o desespero de Adão enviou três anjos, Semangelaf, Sanvi e Sansanvi, para trazê-la de volta ao Éden, mas ela recusou-se a aceitar tal proposta. Dessa forma a fuga converteu-se em expulsão.

Para substituir Lilith é criada Eva, mulher submissa, feita não de barro, mas de uma costela de Adão.

Lá às margens do Mar Vermelho habitavam os demônios e espíritos malignos, segundo a tradição hebraica, esse era um lugar maldito, o que prova que Lilith se afirmou como um demônio. Segundo essa mesma tradição é esse caráter demoníaco que levaria a mulher a contrariar o homem e a questionar seu poder” (2).




A Tese do sumiço da lenda de Lilith da Bíblia

Segundo Roberto Sicuteri autor do livro “Lilith, A Lua Negra”, houve uma transposição da versão javista da Bíblia para a versão sacerdotal. Foi aí, que segundo ele, a lenda de Lilith teria sido eliminada da Bíblia, fazendo todos crerem que foi Eva a primeira mulher, mas em Isaías 34,14 ficara ainda um indício sobre Lilith.

Depois desta longa, mas precisa exposição, vamos então à resposta que pediste.

Perceba que o sr Roberto Sicuteri se fundamenta sua tese em outra tese. Ora, não há qualquer conclusão entre os especialistas de que uma tradição de origem sacerdotal suplantou uma anterior de origem javista. Nem mesmo um parecer consensual sobre a existência destas tradições existe.

A crítica científica do Antigo Testamento (AT) identificou diferenças de estilo no relato das mensagens bíblicas. A estas diferenças chamaram de tradição javista, sacerdotal e ainda eloísta. Estas tradições não são realidades, mas hipóteses que facilitam o estudo do texto do AT. Dizer que uma suplantou a outra é ainda mais imprudente. Mas infelizmente é desta forma que a Mentira se transfigura em Verdade, aguçando a curiosidade humana, pois todo mundo gosta de se sentir um descobridor da Verdade.

Devemos nos lembrar ainda que os textos do AT foram preservados por homens fiéis a Deus. Não é estranho que homens com tanta intimidade com Deus como os profetas, ficassem logrando o povo de Israel com um texto bíblico falso?

Infelizmente o professor judeu do seu aluno dá melhor crédito aos mágicos da Babilônia do que os santos profetas.

A tese da transposição dos textos bíblicos também é desfeita pelo fato de existirem inúmeros manuscritos do AT que chegaram ao nosso tempo. São mais de 56.000, segundo os estudiosos. Por que somente os supostos manuscritos javistas sumiram totalmente da face da Terra?

Referência de figuras mitológicas na Sagrada Escritura

Em Is 34,14 lemos:

“Nela se encontrarão cães e gatos selvagens, e os sátiros chamarão uns pelos outros; espectro noturno frequentará esses lugares e neles encontrará o seu repouso” (Is 34,14) (grifos meus) (Tradução Ave-Maria).

“As feras do deserto se encontrarão com as feras da ilha, e o sátiro clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos ali pousarão, e acharão lugar de repouso para si” (Is 34,14) (grifos meus) (Tradução Almeida Corrigida e Fiel).

O termo que no português foi traduzido como “espectro noturno” ou “animais noturnos” é “liyliyth”.

Segundo o léxico hebraico (3) “liyliyth” significa: “1. Deusa conhecida como um demônio da noite que assombra os lugares desolados de Edom. 2. Animal noturno que habita em lugares desolados”.

Curiosamente Septuaginta traduziu o termo como “pardalis” ou seja pantera, ou fera negra.

A Bíblia muita vezes se refere a agentes capazes de trazer o mal (demônios, feras selvagens e etc) através de figuras mitológicas.

Um exemplo é Leviatã referido no AT em Jó 3,8; 40,20; Sl 73,14; 103,26. Será que também a Bíblia está endossando a existência do Dragão da mitologia fenícia? Claro que não!

Como sabemos Israel era cercado por povos pagãos, teve contato com a cultura deles, logo sofreu alguma influência por conta deste convívio. A Sagrada Escritura embora seja divina se expressa não poucas vezes de forma humana, para se fazer entender. Portanto é natural que Deus na Sagrada Escritura se sirva de termos comuns que signifiquem o mal. O próprio profeta Isaías também utilizou a figura de Leviatã em Is 27,1.

Se considerarmos verdadeira a existência de Lilith, temos que considerar como verdadeiro também o que se contra sobre ela. Ora, será que demônios podem ter relações sexuais com humanos? Será que os vampiros existem? Não é preciso ser nenhum gênio para saber essas coisas são fantasia pura e se existissem esse mundo já estaria bem pior do que está há séculos!

Se nos lembrarmos do significado de “Lilith” no léxico hebraico, vamos entender melhor a razão do profeta Isaías ter usado este termo ao anunciar o castigo de Deus. Nos versículos anteriores ao versículo 14 do mesmo capítulo 34 encontramos:

“A espada do Senhor está coberta de sangue, está impregnada de gordura, do sangue dos cordeiros e dos bodes, da gordura dos rins dos carneiros. Porque há um sacrifício ao Senhor em Bosra, uma grande carnificina na terra de Edom; em vez de búfalos, os povos aí tombarão, uma multidão de robustos guerreiros, em lugar de touros. Sua terra embeber-se-á de sangue, o chão impregnar-se-á de gordura” (Is 34,6-7).

Edom é a terra dos descendentes de Esaú, inimigos de Israel. Aqui o Profeta está anunciando que Deus fará justiça por Israel “porque é para o Senhor um dia de vingança, um ano de desforra para o defensor de Sião” (v. 8). Sião é o monte santo localizado em Belém, na Cidade de David (cf. 2Sm 5,7); é uma referência ao Povo de Israel.

Já que no folclore judaico Lilith é um demônio que aterroriza Edom, logo o profeta se utiliza desta figura para referir-se à desolação que se abaterá sobre os edomitas, tornando sua terra a morada do nada ou dos demônios (“liyliyth”). Ou será que depois do abate dos edomitas a “vampiresca chupa-cabra” foi fazer lá sua morada e ficou quietinha até os dias de hoje tirando umas férias?

A existência de Lilith apresenta um outro problema teológico. Com o pecado original Deus amaldiçoou a terra (cf. Gn 3,17) por
 isso o gene em Adão e Eva ficou “defeituoso” (pois vieram da terra). Se Adão perdeu seus “super poderes” com a maldição da terra, logo Lilith, que segundo a lenda foi formada da mesma terra, deixaria de ser um demônio e conseqüentemente voltaria a ser uma simples mortal como nós.

Como vemos, quanto mais mexemos no livro, mais a coisa fede (perdoem-me o termo).

Não me impressiona que o Talmude babilônico tenha tanta influência pagã. Nos relatos do AT, o Senhor está sempre exortando e punindo Israel por causa de sua infidelidade às suas Leis e inclinação ao paganismo. Até mesmo os sacerdotes praticavam sua religião secreta profanando o Templo (cf. Ez 7,16-17) o que motivou Deus a entregar Israel ao domínio pagão.

Nós cristãos devemos continuar mantendo nossa confiança em Deus que é fiel para conservar através dos tempos a Verdade.



Espero tê-lo ajudado.
Em Cristo Jesus,

Alessandro Lima.

Notas

1) J.Gordon Melton. O Livro dos Vampiros. M. Books: 2003.
(2) Lilith. Disponível em http://www.beatrix.pro.br/cultobsc/lilith.htm.
(3) Thayer’s Lexicon (translated, revised, and englarged) in 1880 from Grimm’s Lexicon of 1868.