9 de dez. de 2017
ADRIANO LOBÃO ARAGÃO
TERCEIRA
TRAVESSA DA RUA TRÊS
desconheço
os que atravessam
a terceira
travessa da rua três
jamais
saberei de seus anseios
suas
pequenas tragédias íntimas
ou o nome
que dão às dores
e desejos
que arrastam pelas esquinas
apenas
sigo em silêncio
entre
meio-dia e meia-noite
e se por
um instante paro
e me perco
em breve devaneio
é apenas
pelo inusitado alento
da
aliteração que nomeia esta via
ou a
certeza da repetição dos dias
Itinerário | A Terceira
Travessa da Rua Três, fica no bairro São Francisco, em São Luís, MA.
Adriano Lobão Aragão nasceu
em Teresina, PI. É autor de Os intrépidos andarilhos e outras margens (romance)
e as cinzas as palavras (poemas), dentre outros. É um dos editores da
revista eletrônica www.desenredos.com.br
Profundezas e outros poemas de Isabel Furini
SEMENTES
cinzelar
as silenciosas sementes
poéticas
nascidas no limiar
do mundo do inconsciente
onde a inquietação
e as fobias
produzem fragilidades
e versos.
Ilustração:
Rachel Baes
Isabel
Furini é escritora, poeta, palestrante e educadora. Autora de 35 livros,
entre eles, de Os Corvos de Van Gogh (Poesia), Editora Instituto Memória,
Curitiba, 2013. Participou de Antologias poéticas em Portugal, Argentina e
Chile. É membro da Academia de Letras do Brasil/Paraná. Foi nomeada
Consulesa da Academia Poética Brasileira; recebeu a Comenda Ordem de
Figueiró, RJ; Embaixadora da Palavra pela Fundação Cesar Egido Serrano
(Espanha). Seus poemas foram premiado no Brasil, Espanha e Portugal.
7 de dez. de 2017
5 de dez. de 2017
CORISCO: CANGACEIRO MACHO
O
Diabo Loiro
Cristino Gomes da Silva Cleto era seu nome verdadeiro, apelidado de Corisco ou Diabo Louro, nascido no município de Águas Brancas no estado de Alagoas.
No ano de 1924 foi
convocado para o serviço militar obrigatório em Aracajú. Cristino juntamente
com alguns colegas de caserna revoltaram-se contra o governo; a rebelião é
controlada, sendo ele um dos líderes do movimento, é obrigado a fugir. Anos
depois começou a trabalhar nas feiras como camelô. Certo dia estando com sua
banca de mercadorias na feira de Vila Nova Rainha, teve um desentendimento com
o fiscal da prefeitura, sendo por este denunciado ao delegado Herculano Chaves
que tinha sido agredido por um camelô de nome Cristino. Herculano mandou
prendê-lo, e também ordenou aos soldados que dessem um corretivo nesse
indivíduo. O rapaz apanhou de chibata, da feira até a delegacia.
Quando foi posto em
liberdade disse ao delegado: 'O senhor vai me pagar muito caro seu Herculano!'
Vendeu tudo que tinha, comprou um rifle, munições e procurou Lampião.
- Olavo Bilac, in "Poesias"
Não és Bom, nem és Mau
Não és bom, nem és
mau: és triste e humano...
Vives ansiando, em
maldições e preces,
Como se a arder no
coração tivesses
O tumulto e o clamor
de um largo oceano.
Pobre, no bem como
no mal padeces;
E rolando num
vórtice insano,
Oscilas entre a
crença e o desengano,
Entre esperanças e
desinteresses.
Capaz de horrores e
de ações sublimes,
Não ficas com as
virtudes satisfeito,
Nem te arrependes,
infeliz, dos crimes:
E no perpétuo ideal
que te devora,
Residem juntamente
no teu peito
Um demônio que ruge
e um deus que chora.
Brasil - 16 Dez 1865 // 28 Dez 1918 - Poeta/Jornalista
José Saramago, in 'L'Orient le Jour (2007)'
As Mulheres São Mais
Fortes
Para começar, gosto
das mulheres. Acho que elas são mais fortes, mais sensíveis e que têm mais bom
senso que os homens. Nem todas as mulheres do mundo são assim, mas digamos que
é mais fácil encontrar qualidades humanas nelas do que no género masculino.
Todos os poderes políticos, económicos, militares são assunto de homens.
Durante séculos, a mulher teve de pedir autorização ao seu marido ou ao seu pai
para fazer fosse o que fosse. Como é que pudemos viver assim tanto tempo
condenando metade da humanidade à subordinação e à humilhação?
Portugal - 16 Nov
1922 // 18 Jun 2010 - Escritor [Nobel
1998]
Hábitos Breves - Friedrich Wilhelm Nietzsche
Gosto dos hábitos
que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer
muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura.
Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de
saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto
a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se
vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na
eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto
tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação,
cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada
sem comparar, desprezar ou odiar.
E depois um belo dia,
aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob
o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos
devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me
aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível
louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o
último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades,
poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver.
Em compensação,
odeio os hábitos que duram, parece-me que tiranos se aproximam de mim para
inquinar o meu ar vital com o seu hálito, logo que os acontecimentos se
orientam de tal maneira que parece deverem sair deles hábitos definitivos: por
exemplo, devido a uma função social, à frequência constante do mesmo meio, de
uma residência determinada, de um género de saúde exclusivo. Confessarei até
que, no mais fundo da minha alma, estou grato às minhas misérias físicas, à
minha doença e a todas as minhas imperfeições, porque me deixam mil portas de
saída que me permitem escapar aos hábitos definitivos. O que me seria, para
falar verdade, mais insuportável, o que verdadeiramente me aterraria, seria uma
vida totalmente despojada de hábitos, uma vida que exigisse uma improvisação
constante; isso seria o meu exílio, seria a minha Sibéria.
in 'A Gaia Ciência'
Filósofo - Alemanha
- 15 Out 1844 // 25 Ago 1900 -
Millôr Fernandes
É evidente que Deus,
o supremo-arquiteto, projetou o Brasil como uma sala de estar. Mas os
proprietários preferiram usá-lo como depósito de lixo.
3 de dez. de 2017
Coragem e decência
O Brasil
não precisa tanto de ilustração com palavras de efeito: ‘Coragem e decência’. O
Brasil precisa que seus políticos, seus empresários, seus intelectuais, seus
religiosos, aqueles que formão opiniões, criem vergonha na cara.
Bombeiro loucão ‘vuado’ atrás de quem? Sem temer nada pela frente, certo é que ainda não sabemos
Por
volta de 1h00 da madrugada deste domingo (3), um oficial do Corpo de Bombeiros
Militar do Distrito Federal, usando uma viatura de trabalho, acelerou rumo a Esplanada
dos Ministérios, só parando após policiais militares atirarem nos pneus do veículo.
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