Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

9 de dez. de 2017

2018Perverso


ADRIANO LOBÃO ARAGÃO
















TERCEIRA TRAVESSA DA RUA TRÊS

desconheço os que atravessam
a terceira travessa da rua três
jamais saberei de seus anseios
suas pequenas tragédias íntimas
ou o nome que dão às dores
e desejos que arrastam pelas esquinas

apenas sigo em silêncio
entre meio-dia e meia-noite
e se por um instante paro
e me perco em breve devaneio
é apenas pelo inusitado alento
da aliteração que nomeia esta via
ou a certeza da repetição dos dias

Itinerário | A Terceira Travessa da Rua Três, fica no bairro São Francisco, em São Luís, MA.


Adriano Lobão Aragão nasceu em Teresina, PI. É autor de Os intrépidos andarilhos e outras margens (romance) e as cinzas as palavras (poemas), dentre outros. É um dos editores da revista eletrônica www.desenredos.com.br

Profundezas e outros poemas de Isabel Furini


















SEMENTES 

cinzelar
as silenciosas sementes
poéticas
nascidas no limiar
do mundo do inconsciente
onde a inquietação
e as fobias
produzem fragilidades
e versos.

Ilustração: Rachel Baes



Isabel Furini é escritora, poeta, palestrante  e educadora. Autora de 35 livros, entre eles, de Os Corvos de Van Gogh (Poesia), Editora Instituto Memória, Curitiba, 2013. Participou de Antologias poéticas em Portugal, Argentina e Chile. É membro da Academia de Letras do Brasil/Paraná. Foi nomeada Consulesa da Academia Poética Brasileira;  recebeu a Comenda Ordem de Figueiró, RJ; Embaixadora da Palavra pela Fundação Cesar Egido Serrano (Espanha). Seus poemas foram premiado no Brasil, Espanha e Portugal.

5 de dez. de 2017

CORISCO: CANGACEIRO MACHO






O Diabo Loiro







Cristino Gomes da Silva Cleto era seu nome verdadeiro, apelidado de Corisco ou Diabo Louro, nascido no município de Águas Brancas no estado de Alagoas.

No ano de 1924 foi convocado para o serviço militar obrigatório em Aracajú. Cristino juntamente com alguns colegas de caserna revoltaram-se contra o governo; a rebelião é controlada, sendo ele um dos líderes do movimento, é obrigado a fugir. Anos depois começou a trabalhar nas feiras como camelô. Certo dia estando com sua banca de mercadorias na feira de Vila Nova Rainha, teve um desentendimento com o fiscal da prefeitura, sendo por este denunciado ao delegado Herculano Chaves que tinha sido agredido por um camelô de nome Cristino. Herculano mandou prendê-lo, e também ordenou aos soldados que dessem um corretivo nesse indivíduo. O rapaz apanhou de chibata, da feira até a delegacia.

Quando foi posto em liberdade disse ao delegado: 'O senhor vai me pagar muito caro seu Herculano!' Vendeu tudo que tinha, comprou um rifle, munições e procurou Lampião.

Pau Brasil, de Cândido Portinari


- Olavo Bilac, in "Poesias"



Não és Bom, nem és Mau




Não és bom, nem és mau: és triste e humano...
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se a arder no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.
Pobre, no bem como no mal padeces;
E rolando num vórtice insano,
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.
Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas com as virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:
E no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora.


Brasil - 16 Dez 1865 // 28 Dez 1918 - Poeta/Jornalista

José Saramago, in 'L'Orient le Jour (2007)'






As Mulheres São Mais Fortes





Para começar, gosto das mulheres. Acho que elas são mais fortes, mais sensíveis e que têm mais bom senso que os homens. Nem todas as mulheres do mundo são assim, mas digamos que é mais fácil encontrar qualidades humanas nelas do que no género masculino. Todos os poderes políticos, económicos, militares são assunto de homens. Durante séculos, a mulher teve de pedir autorização ao seu marido ou ao seu pai para fazer fosse o que fosse. Como é que pudemos viver assim tanto tempo condenando metade da humanidade à subordinação e à humilhação? 

Portugal - 16 Nov 1922 // 18 Jun 2010  - Escritor [Nobel 1998]

Hábitos Breves - Friedrich Wilhelm Nietzsche



Gosto dos hábitos que não duram; são de um valor inapreciável se quisermos aprender a conhecer muitas coisas, muitos estados, sondar toda a suavidade, aprofundar a amargura. Tenho uma natureza que é feita de breves hábitos, mesmo nas necessidades de saúde física, e, de uma maneira geral, tão longe quanto posso ver nela, de alto a baixo dos seus apetites. Imagino sempre comigo que esta ou aquela coisa se vai satisfazer duradouramente - porque o próprio hábito breve acredita na eternidade, nesta fé da paixão; imagino que sou invejável por ter descoberto tal objecto: devoro-o de manhã à noite, e ele espalha em mim uma satisfação, cujas delícias me penetram até à medula dos ossos, não posso desejar mais nada sem comparar, desprezar ou odiar.

E depois um belo dia, aí está: o hábito acabou o seu tempo; o objecto querido deixa-me então, não sob o efeito do meu fastio, mas em paz, saciado de mim e eu dele, como se ambos nos devêssemos gratidão e estendemo-nos a mão para nos despedirmos. E já um novo me aguarda, mas aguarda no limiar da minha porta com a minha fé - a indestrutível louca... e sábia! - em que este novo objecto será o bom, o verdadeiro, o último... Assim acontece com tudo, alimentos, pensamentos, pessoas, cidades, poemas, músicas, doutrinas, ordens do dia, maneiras de viver.

Em compensação, odeio os hábitos que duram, parece-me que tiranos se aproximam de mim para inquinar o meu ar vital com o seu hálito, logo que os acontecimentos se orientam de tal maneira que parece deverem sair deles hábitos definitivos: por exemplo, devido a uma função social, à frequência constante do mesmo meio, de uma residência determinada, de um género de saúde exclusivo. Confessarei até que, no mais fundo da minha alma, estou grato às minhas misérias físicas, à minha doença e a todas as minhas imperfeições, porque me deixam mil portas de saída que me permitem escapar aos hábitos definitivos. O que me seria, para falar verdade, mais insuportável, o que verdadeiramente me aterraria, seria uma vida totalmente despojada de hábitos, uma vida que exigisse uma improvisação constante; isso seria o meu exílio, seria a minha Sibéria.

in 'A Gaia Ciência' 

Filósofo - Alemanha - 15 Out 1844 // 25 Ago 1900 -                               

Millôr Fernandes


É evidente que Deus, o supremo-arquiteto, projetou o Brasil como uma sala de estar. Mas os proprietários preferiram usá-lo como depósito de lixo.

3 de dez. de 2017

Coragem e decência













O Brasil não precisa tanto de ilustração com palavras de efeito: ‘Coragem e decência’. O Brasil precisa que seus políticos, seus empresários, seus intelectuais, seus religiosos, aqueles que formão opiniões, criem vergonha na cara.
 

 

Bombeiro loucão ‘vuado’ atrás de quem? Sem temer nada pela frente, certo é que ainda não sabemos


Por volta de 1h00 da madrugada deste domingo (3), um oficial do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, usando uma viatura de trabalho, acelerou rumo a Esplanada dos Ministérios, só parando após policiais militares atirarem nos pneus do veículo.