Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

6 de jul. de 2023

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 Luiz Ribeiro

"Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida", disse uma vez Nelson Rodrigues

Fico pensando como Nelson ia odiar o futebol atual, cada vez mais vigilante, moralista e em busca da justiça, principalmente nos tempos de VAR. Aliás, odiar o VAR devia ser a única instituição de quem ama futebol.

Uma das coisas que faz o futebol tão fascinante é o fato dele ser muito injusto. De todos os esportes, o futebol é aquele em que é mais possível ser o pior e ainda assim ganhar. Talvez seja isso que faz ele tão popular: ele lembra muito a vida.

A graça do futebol está justamente na capacidade que ele tem de errar. De ser jogado com a falta de caráter, com a malandragem. O futebol pode ser vendido com os piores sentimentos, e isso é mágico.

O juiz, por outro lado, é um só e precisa cobrir aquele campo imenso com dois bandeirinhas só pra ajudar. O vôlei, por exemplo, tem um juiz pra cada linha. O basquete tem uma cúpula. O futebol americano é quase um tribunal do júri a céu aberto.

O desejo de justiça, de correção, não estraga só o futebol. Estraga a história do futebol. Maradona não teria feito a mão de Deus e nenhum golaço histórico impedido ou que a bola nem entrou teria acontecido. As melhores histórias do futebol estão em erros de juízes ou estratégias de jogadores pra enganar a regra.

O VAR é Foucault purinho: acreditar que mais câmera, mais juiz e mais vigilância vão tornar o mundo melhor. Pelo contrário, Nelson já dizia. Vai tornar o futebol moralista, chato, americano, vigilante, Zé regrinha e sem aquela coisa especial chamada injustiça. Roubo mesmo.

Imagina ninguém poder mandar o juiz pra put* que pariu e alegar ter sido roubado mesmo não tendo nenhuma prova? Estar errado e reclamar é uma instituição a ser preservada no futebol. É o único negacionismo incentivável.

Por isso, passou da hora de parar de insistir na ideia do VAR.


8 lindas ilustrações da adaptação O Pequeno Príncipe para a literatura de cordel


A ideia é simples: adaptar a história de O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry para o universo do cordel. Como toda ideia genial, a simplicidade se transforma em riqueza. Josué Limeira escreveu, Vladimir Barros ilustrou e, juntos, pegaram o príncipe e colocaram a cor do sertanejo, transformaram seu planeta em um cangaço e transpuseram todas as viagens do menino aviador de pássaros para lugares áridos, secos, de vida difícil. Há, inclusive, um rei inspirado nos monarcas e coronéis nordestinos. E claro, como todo cordel, eles mantiveram os versos breves, as rimas simples e toda a ingenuidade, ironia e inteligência que só o cordel tem.

“A gente conseguiu trazer Exupéry para o nosso quintal. Foi uma grande responsabilidade transpor isso, mas mantivemos a filosofia e poesia que ele botou no livro. É uma homenagem que Pernambuco e o Nordeste fazem a esse aviador e escritor fantástico. Exupéry é um pouco o Pequeno Príncipe que ele mesmo criou, alguém que até continua a iluminar o céu.”, afirmou Josué Limeira.

Confira algumas ilustrações da obra: