12 de jun. de 2015
Uma espécie de prostituição
“Certos lugares que me davam prazer
tornaram-se odiosos. Passo diante de uma livraria, olho com desgosto as vitrinas,
tenho a impressão de que se acham ali pessoas, exibindo títulos e preços nos
rostos, vendendo-se. É uma espécie de prostituição. Um sujeito chega, atenta,
encolhendo os ombros ou estirando o beiço, naqueles desconhecidos que se
amontoam por detrás do vidro. Outro larga uma opinião à-toa. Basbaques escutam,
saem. E os autores, resignados, mostram as letras e os algarismos,
oferecendo-se como as mulheres da Rua da Lama.”
Graciliano Ramos, in Angústia
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