Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

16 de mai. de 2014

Jogo do bicho - De dom Pedro ao Cachoeira


A historiografia nos revela que o imperador dom Pedro II havia ficado frustrado pela falta de empolgação da população com o recém-inaugurado jardim zoológico. Para atrair visitantes, o imperador apostou então todas as fichas no projeto do mineiro João Batista Viana Drummond, que já havia administrado a Estrada de Ferro Pedro II. O projeto Drummond, implantado em 1880, teve pleno êxito, com os visitantes a apostar nos bichos do zoológico, ou melhor, em 25 grupos de animais e em combinações a alcançar o número 100. Logo cedo, à entrada do jardim zoológico, colocava-se uma caixa com um bilhete numerado dentro. Então, a caixa ia para o alto de um poste. No fim da tarde, abria-se a mesma para divulgação do número e o vencedor apresentava o seu bilhete comprado para levar um prêmio em dinheiro.

Drummond, que virou barão só em agosto de 1888, povoou de humanos o zoológico do imperador. Na República, o seu invento, popularizado pelo nome de jogo do bicho, sustentou, embora proibido em 1890, o carnaval carioca. Mais ainda, a jogatina alimentou o caixa 2 de políticos, corrompeu policiais, deu apoio à ditadura (à época, os bicheiros tinham credibilidade e voz junto aos cidadãos) e completou a aposentadoria de velhinhos colocados nas ruas como apontadores dos jogos. Fora isso, a jogatina com banqueiro garantiu impunidade ao reformado capitão-bicheiro Guimarães, do serviço secreto do Exército e um dos torturadores do regime militar.
Longo enredo. À sombra do imperador, o executivo mineiro Drummond inventou o jogo. Sem prever os ilícitos cometidos por Castor de Andrade e Carlinhos Cachoeira. Fotos: Milton Michida/AE e Gustavo Miranda/Ag. O Globo
 
O grande expoente da contravenção, que deu um upgrade nas ilicitudes em termos de controle, modernidade e transnacionalidade, foi Castor de Andrade, um advogado sem nunca ter frequentado aulas na faculdade e que herdou as bancas de jogo da mãe, Carmem de Andrade, a primeira mulher a comandar essa modalidade contravencional no planeta. Castor importou o capo-mafia Antonino Salamone, contemplado com a cidadania brasileira, num jogo de troca-troca e cartas marcadas por ato do ministro Armando Falcão (governo Geisel), da pasta da Justiça. Falcão, de triste memória, desconsiderou as condenações de Salamone, foragido da Justiça italiana e sentenciado por associação à máfia e por ter integrado a cúpula de governo da Cosa Nostra siciliana. Com a orientação de Salamone, Castor criou no Rio de Janeiro a cúpula dos bicheiros, que, à força, deliberava sobre a repartição de territórios, acabava com as guerras entre contraventores e impunha uma férrea hierarquia. Tudo no interesse da difusão da jogatina, incluída a cooptação de políticos e financiamentos de campanhas.
Decano dos bicheiros, falecido em 1997, Castor percebeu os problemas que viriam com a Lei Pelé, destinada a abrir as portas do Brasil para as internacionais criminosas, sob o falso manto de incentivo ao esporte. A Lei Pelé possibilitou ao italiano Fausto Pellegrinetti, lavador de dinheiro da máfia e dos cartéis colombianos de cocaína pós-Pablo Escobar, introduzir no Brasil os jogos de azar com máquinas eletrônicas. Os componentes eletrônicos eram adquiridos na Espanha e aqui montados. Pellegrinetti despachou para o Brasil, a fim de acertar com a cúpula dos bicheiros do Rio e com Ivo Noal, o mandachuva paulista da contravenção, o mafioso Lillo Lauricella, que aqui se estabeleceu sem ser incomodado pela polícia.
Passado. O mafioso Lauricella (à dir.) passeia no Parque Lage, Rio, 13 anos atrás. Preso na Itália em 2000, foi ele quem revelou os acordos com os bicheiros 
Preso na Itália pela chamada Operazione Malocchio (Operação Mau-olhado), iniciada em 1995 pela Direção Antimáfia dirigida pelo coronel Angiolo Pellegrini, o mafioso Lauricella revelou, em juízo, o acordo celebrado com os bicheiros brasileiros. Numa das interceptações telefônicas entre Lauricella e Pellegrinetti foi dito que a Lei Pelé havia pegado o Brasil de surpresa, sem empresários com capital suficiente para a aquisição de máquinas a serem espalhadas pelo território nacional.
Para lavar o dinheiro dos cartéis colombianos da cocaína, Pellegrinetti escolheu o Brasil, a República Dominicana, onde lavava o dinheiro em flores exóticas e frutas, e a Rússia, com placas de alumínio. Por aqui, Pellegrinetti, com capital da cocaína colombiana, disseminou no Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Minas e Ceará máquinas de jogos eletrônicos de azar. Numa primeira leva, foram 35 mil máquinas eletrônicas, todas com componentes da empresa espanhola Recreativos Franco, cujo dono foi preso nos EUA. Em São Paulo, a família Ortiz, cujo inquérito foi arquivado em face de aceita a explicação de que não sabia tratar com criminosos internacionais, dividia com Ivo Noal a exploração da jogatina, tudo apoiado na Lei Pelé.
Com o sucesso da Operazione Malocchio, quebrou-se a conexão brasileira operada por Fausto Pellegrinetti, internacionalmente um dos maiores lavadores e recicladores de capitais do crime organizado transnacional. Abriu-se espaço, então, para velhos (a juíza Denise Frossard condenou 14 deles) e novos empresários da jogatina substituírem os mafiosos: Lauricella virou colaborador de Justiça e, dois anos depois e com outra identidade, acabou metralhado depois de deixar um dos seus cassinos abertos na Venezuela, naquilo que foi considerado um acerto de contas por ter delatado. Na noite do assassinato, Lauricella portava uma mala com vultosa renda do cassino, que permaneceu intacta, ao lado do corpo.
Carlos Augusto Ramos, vulgo Carlinhos Cachoeira, é um dos filhotes da Operazione Malocchio e da incúria de algumas autoridades brasileiras, a começar pelo então ministro da Justiça (governo FHC), o atual senador Renan Calheiros. Com técnica mafiosa, Cachoeira montou uma holding criminal e recicla dinheiro lavado em atividades formalmente lícitas, por meio de inúmeras empresas, de remédios a automóveis.
Só para lembrar, CartaCapital, em três edições, denunciou o esquema da jogatina eletrônica de azar no Brasil, as suas ramificações internacionais e, por aqui, a lavagem de dinheiro escancarada do tráfico internacional de drogas proibidas. CartaCapital entrevistou o responsável pela Operazione Malocchio sobre a conexão criminal Itália-Brasil. Do lado italiano foram todos definitivamente condenados. No Brasil, o inquérito foi arquivado a pedido de um membro do Ministério Público Federal. Com o arquivamento, a conexão brasileira foi apagada, como se nunca tivesse existido. Com o “apagão”, os Carlinhos Cachoeiras acabaram “vitaminados” e posaram à sombra de políticos e os da velha–guarda do bicho, como Anísio Abraão, Capitão Guimarães, Turcão etc.  
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álter Maierovitch - CartaCapital - 01.05.2012
Walter Maierovitch é jurista e professor, foi desembargador no TJ-SP
 
 
 
 
 


 

Este líquido sagrado, que nos trás a vida.


“Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo Grotão
Água que faz inocente Riacho e
Deságua na corrente do Ribeirão...”

Patrimônio Histórico em Antônio Carlos... - O desrespeito continua.



PV - Partido Verde

 
  O PV municipal fez seu primeiro encontro, 2014, na última quarta-feira, dia 7 de maio, entre 19:00 às 22:30 horas, no Plenário do Legislativo Municipal, bairro Sagrada Família em Antônio Carlos. O Encontro teve como objetivo a reestruturação do Partido e aconteceu no formato horizontalizado, com direito de voz a todos os presentes.

Também serviu para promover uma integração de experiências e expectativas entre vários integrantes do grupo, acolher novos filiados, discutir as estratégias para as eleições de 2014 e estruturar uma rede de contatos, visando à capilaridade do grupo para atingir o máximo de pessoas dentro do Município. Temas como Meio Ambiente, Moradia, Mananciais, Patrimônio Histórico, Crianças e Adolescentes, Desenvolvimento Sustentável, Agricultura Orgânica, entre outros, foram debatidos e priorizados.
O próximo encontro acontecerá ainda neste mês de maio.
 
Venha para o PV

14 de mai. de 2014

O brasileiro não vai gostar de colher o que está plantando…


Eu entendo a indignação das pessoas com o excesso de impunidade no Brasil. Seja por incapacidade da polícia, por uma falha no sistema judicial, seja pelas punições brandas para certos crimes. Ou ainda, pelo fato de que, em alguns recônditos das grandes cidades, sequer existe um “Estado” que possa assegurar a lei e a ordem.

Este tipo de indignação gera um sentimento legítimo em muitas pessoas: se o Estado não fará justiça, farei eu. Após um julgamento sumário, muitas vezes sem evidência qualquer, o dito “cidadão de bem” forma seu juízo, profere sua sentença, mune-se de porretes, paus e pedras. Vagando pelas ruas como se fosse um ser puro, iluminado, de onde apenas a justiça mais perfeita pudesse emergir, desce o cacete no primeiro “réu” que aparece em sua frente (antes mesmo do julgamento).

Ingênuo ou ignorante, alheio de que o chamado “amplo direito de defesa” é uma conquista que nos afasta da barbárie, o cidadão de bem não entende que ele pode estar enganado. Ele não entende que o processo de defesa serve, justamente, para que inocentes não sejam punidos. E por não entender isso, o “cidadão de bem” se coloca acima da constituição do Brasil e declara pena de morte àquele cara ali, do outro lado da rua, que disseram que roubou um chiclete.

Uma dona de casa, morreu dois dias após ter sido espancada por dezenas de moradores de Guarujá, no litoral de São Paulo. Segundo a família, ela foi agredida a partir de um boato gerado por uma página em uma rede social que afirmava que a dona de casa sequestrava crianças para utilizá-las em rituais de magia negra. Na verdade, a confundiram com outra mulher.

No Espírito Santo, um homem foi cercado por um grupo armado com pedras, barras de ferro e pedaços de madeira. Momentos depois, ele foi alvo de um espancamento coletivo e morto. Foi acusado de tentar estuprar uma garota. Sendo um doente mental, o irmão garante que ele seria incapaz disso. Um morador, confessa: “Ninguém viu esse tal estupro ou mesmo noticias da suposta vítima”.

E assim, o brasileiro sedento por sangue, prisões, pena de morte, sem perceber, vai transformando seu país exatamente naquilo que ele não deseja.


“Somos todos macacos” foi arquitetado por agência de publicidade


Logo após a partida entre o Barcelona e o Villareal, quando  o lateral-direito brasileiro  Daniel Alves foi alvo de um ato racista, a rápida e irônica reação do jogador ganhou as redes sociais a partir de uma foto do Neymar Jr., na qual este aparecia com uma banana descascada e com a hastag #SomosTodosMacacos em alusão à atitude do colega de time.

Não demorou muito e a hashtag #SomosTodosMacacos ganhou a rede e milhares de apoiadores, entre eles, Luciano Huck, Angélica, Ana Maria Braga, Reinaldo Azevedo e outras celebridades, o que acabou por causar forte estranhamento e rejeição por muita gente e principalmente por ativistas ligados ao movimento negro. Primeiro questionou-se a utilização do termo “macaco” e de que este poderia, ao invés de se tornar um instrumento político, reforçar antigos preconceitos e estereótipos contra a população negra, que historicamente é difamada a partir da palavra em questão. Mas, o outro lado do debate argumentava que não, que se poderia ressignificar o termo e desconstruir o seu cunho preconceituoso.

O alcance da campanha foi tamanho que gerou manifestação de apoio da presidenta Dilma Rousseff, que utilizou o seu perfil no Twitter para declarar o seu apoio a Daniel Alves e dizer que o jogador “deu uma resposta ousada e forte diante do racismo no esporte (…). Diante de uma atitude que infelizmente tem se tornado comum nos estádios”.

Mas, quando todos imaginavam se tratar de uma campanha de fato contra o racismo, eis que vem à tona a verdadeira origem da hashtag #SomosTodosMacacos: uma campanha idealizada pela agência Loducca em parceria com o jogador Neymar. E, como se não bastasse, um dia depois da polêmica, descobriu-se que a grife do apresentador Luciano Huck, USEHUCK, já tinha uma coleção pronta de camisetas que traziam a chamada #SomosTodosMacacos e, pasmem, com dois modelos brancos. A partir daí, toda a campanha perdeu a sua credibilidade e foi tachada de racista por seus críticos.

13 de mai. de 2014

Três plantas que limpam o ar da sua casa


17 anos atrás, o empresário e ativista Kamal Meattle se tornou alérgico ao ar de Déli, na Índia. Seus médicos lhe disseram que sua capacidade pulmonar tinha reduzido em 70%.

Meattle passou a estudar como obter ar limpo, e descobriu três plantas verdes, comuns, com as quais é possível cultivar todo o ar puro de que precisamos no interior para nos manter saudáveis. Uma delas é a espada-de-são-jorge ou língua-de-sogra (Sansevieria trifasciata), uma planta que converte dióxido de carbono em oxigênio à noite.

Para obter o efeito desejado de limpeza do ar  de sua casa, é preciso de seis a oito plantas à altura da cintura por pessoa.  

Areca-bambu ou palmeira de jardim (Chrysalidocarpus lutescens) e jiboia (Epipremnum aureum) completam a lista.