Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

20 de mai. de 2015

Wámu!


Aos que vão morrer - Por Fernando Gabeira

Apesar da leveza do domingo, não consigo deixar de falar deles, os náufragos do Mediterrâneo, africanos, árabes, católicos e muçulmanos que buscam uma nova vida e morrem no fundo do mar. Às vezes, tratamos essas notícias como sombras que passam. Mas elas se repetem, dramaticamente, sobretudo a partir do Oriente Médio esfacelado pela guerra. Os traficantes de gente preparam suas cargas humanas de tal maneira que afundá-las é um movimento de dispersão, que permite a fuga e a renovação do seu negócio letal.

Que importância tem deixá-los morrer acorrentados nos porões, se já pagaram pela viagem ao além? Tenho lido sobre a crise mundial. Não sei se existe uma saída durável nem lá fora nem aqui dentro do Brasil. Constato apenas que o capitalismo não consegue cumprir sua promessa de livre trânsito para mercadorias e pessoas.

Seus produtos circulam, mas exércitos estão a postos para evitar que os trabalhadores busquem livremente suas condições de trabalho. E há muros por toda parte. Precisamente nessa semana de terríveis naufrágios no Mediterrâneo, recebo mensagens do Acre lembrando que a tragédia se desloca também para o Brasil. O governo de lá, depois de receber 35 mil pessoas e esgotar seus recursos, jogou a toalha. Não tem como amparar os refugiados que chegam pela Bolívia e o Peru. No princípio eram apenas haitianos. Começam a chegar os africanos.

Dirigido por traficantes e entrando por terra, o fluxo no norte do Brasil não tem a mesma dose letal dos barcos no Mediterrâneo. Mas é tão subestimado, nacionalmente, que pode tornar um trauma no futuro. Segundo os dados que tenho, chegam apenas 70 clandestinos por dia. O governo do Acre resolveu ampará-los desde o princípio. Quando não conseguiu mais, exportou um contingente para São Paulo.

Todos se lembram, houve até divergências públicas entre Acre e São Paulo. Elas escondem o aspecto essencial: a incapacidade do governo de Brasília de buscar soluções negociadas.

No momento, estamos brigando contra desvio de verbas, pedaladas fiscais, o governo tentando se manter, a oposição buscando derrubá-lo. Apertam os cintos da sociedade, enriquecem os partidos.

Mas a natureza do problema migratório exige um novo enfoque. É um tema de todos nós. Demanda alguém que busque a cooperação da Bolívia e do Peru, exige que, através de um trabalho de inteligência, apontem-se as principais quadrilhas que exploram essa rota amazônica. De que adiantaria isso, se os europeus, mais fortes e organizados, estão perdendo a batalha no Mediterrâneo?

As condições tanto na Síria como na África são cada mais graves. As mortes são o resultado da crueldade dos traficantes, mas também de um aumento da vigilância na área.

Aqui no Brasil, o Acre aguentou enquanto pôde. Talvez tenha sido voluntarista, aguentando mais do que, realmente, poderia. Como as coisas acontecem muito ao norte e os naufrágios no Mediterrâneo parecem acontecer num outro mundo, há um silêncio sepulcral em Brasília. Será que os políticos, tanto do governo como da oposição, acreditam mesmo que essas grandes comoções mundiais não nos dizem respeito?

Quando os haitianos começaram a chegar a Brasileia estive lá conversando com eles. Ficou bastante claro que era um movimento no seu início. As famílias e os amigos esperavam a hora de vir também. Visitei os sírios numa mesquita em São Paulo, e também ficou bastante claro que, para muitos, o Brasil era o ponto final na sua rota de fuga.

Com a notícia de que os africanos começam, lentamente, a substituir os caribenhos na rota que passa por Peru e Bolívia, desaguando no Acre, torna-se evidente que o Brasil é o ponto final na rota amazônica. Se me perguntarem, de repente, o que fazer diante disso tudo, responderia: não sei. Mas pelo menos converso, pergunto, me interrogo.

O que impressiona é o mundo oficial caminhar como se nada estivesse acontecendo. Setenta clandestinos por dia é um número que não impressiona. Mas foi o bastante para exaurir o Acre.

Uma das piores consequências da decadência política brasileira foi termos sido forçados a discutir a roubalheira, a derrubar álibis e imposturas, enquanto o mundo segue seu curso perigosamente. A crise brasileira não é produto direto da crise mundial, como diziam as mentiras eleitorais. Supor que essas crises não se entrelacem, por outro lado, é uma forma de enterrar a cabeça na areia.

É natural que todos queiram saber se Dilma cai ou não cai. Infelizmente, inúmeras outras desgraças se anunciam nas nuvens. No tempo em que a esquerda se dizia marxista, pelo menos era possível discutir o mundo. A passagem ao bolivarianismo estreitou seus horizontes ao nível mental de tiranetes sul-americanos, tão bem descritos pelo próprio Marx. Ainda por cima, inventaram uma presidente que não gosta de política externa.


Artigo publicado no Segundo Caderno do Globo em 26/04/2015

A Globo e o PSDB

No dia 18(segunda-feira) o programa politico do PSDB, na televisão, fez-me lembrar de uma novela da Globo. "Um personagem da novela, pilantra de classe media alta, na ansiedade de pegar uma garota se apresenta como um camarada solidário, religioso, digno da educação disponível para os jovens de classe media alta. (Educação excelente)

Não era mesmo para dar certo!

Por um bom tempo, hoje não mais, pensei ser os recursos do Fundo Partidário, uma grana considerável, recursos para ser usados na divulgação dos estatutos e projetos dos partidos. Pagando Televisão, Radio, jornais... Mas não é bem assim. Derramam  avalanches de ódios,  pelas telas, alto falantes, papeis e pelas ruas

"Não vejo mais pedras pelo caminho, só buracos".

18 de mai. de 2015

- FE CRISTÃ COM CADEIAS CHEIAS DE JOVENS POBRES? -INTERESSES POLÍTICOS ESCUSOS DEFENDIDOS EM NOME DA PRESERVAÇÃO DA FAMÍLIA? - É TRISTE VER PESSOAS BOAS APOIANDO A REDUÇÃO DA MAIOR IDADE PENAL. - EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA NOSSAS CRIANÇAS, NOSSOS ADOLESCENTES E nossos JOVENS, JÁ!!!



O Brasil precisa urgentemente de um plano nacional para a proteção e a recuperação de nascentes, rios, lagos, córregos e outros mananciais.


O plano ajudaria a aumentar a quantidade e a qualidade da água para consumo. Afinal, o país tem hoje uma economia de base rural altamente dependente de água e grande parte da população vivendo em centros urbanos, mas enfrenta um colapso de abastecimento sem precedentes - provocado pelo desmatamento, falta de planejamento e gestão públicos e pelas questões climáticas. 

O Brasil deverá seguir uma tendência mundial de aumento no consumo de água nos próximos anos, tanto nas cidades quanto no campo.

O momento é de urgência e todos precisamos nos empenhar para garantir este recurso natural tão importante, hoje e no futuro.

Abaixo segue o texto integral da carta a ser encaminhada ao governo federal: 


Excelentíssima Presidente Dilma Rousseff 

Apesar de ser um país abundante em água doce – que tem no azul da nossa bandeira uma referência explícita ao precioso recurso natural –, o Brasil vive a pior crise hídrica em 85 anos.

A crise ganhou imensa repercussão nacional e internacional, principalmente porque, desta vez, atingiu drasticamente o Sudeste, uma das regiões mais ricas e populosas do país, responsável por grande parte da economia brasileira. Mas no dia a dia, cerca de 40 milhões de brasileiros em todas as regiões enfrentam problemas com o abastecimento ou a qualidade da água.

Parte dessa dificuldade está na governança da água. Usamos mal e desperdiçamos o recurso vital para a sobrevivência. Por falta de percepção de que estamos comprometendo o futuro dos mananciais, poluímos rios, lagos e reservatórios. A represa Billings, em São Paulo, por exemplo, é o maior reservatório da região, com capacidade de abastecer mais de 4 milhões de pessoas, mas sua água não estava sendo utilizada devido à poluição por esgotos não tratados.

Mas o mais grave é que estamos deixando de proteger as nascentes brasileiras. Se um rio é poluído ou degradado, mas suas nascentes estão preservadas, há boas chances de recuperarmos todo corpo hídrico.

Por outro lado, se as nascentes forem destruídas, pouco se pode fazer. Elas são a fonte necessária à vida e devem ser preservadas ou recuperadas a qualquer custo.

E o país está perdendo suas nascentes de modo veloz e irreversível. A imagem da nascente seca do rio São Francisco em 2014 foi só um alerta que nunca tínhamos visto antes.

Em vários municípios, as nascentes já não servem mais à população. Ruas, casas e bairros inteiros são construídos sobre áreas de preservação permanente, onde as nascentes são drenadas e aterradas.

No meio rural as fontes são degradadas pelo mau uso do solo na atividade agropecuária, além da construção de estradas e obras de infraestrutura sem planejamento.

Sem contar que recentes leis criadas no país pioram a situação. É o caso do novo Código Florestal. O inciso IV do seu artigo 4º excluiu as nascentes intermitentes (que secam periodicamente) da obrigatoriedade de proteção de faixa de matas no seu entorno. 

Pela lei, apenas as nascentes permanentes são incluídas na faixa de proteção permanente, num raio mínimo de 50 metros. 

Como as nascentes que eram perenes estão secando – por problemas de manejo e mal uso do solo –, elas são, automaticamente, consideradas intermitentes e, portanto, podem ser desmatadas com permissão da lei. 

É uma contradição para um país que precisa da água para alimentar seu povo, gerar produtos agropecuários para exportação - atividade responsável por 5% do PIB do país), produzir energia (70% da matriz energética do país é de geração hidrelétrica, totalmente dependente da água) e abastecer toda a sociedade. 

O Plano Nacional de Segurança Hídrica lançado em 2014 pela Agência Nacional de Águas e o Ministério da Integração Nacional não prevê a proteção e recuperação de nascentes e mananciais. Só a construção de novos reservatórios e de outras obras de infraestrutura hídrica não será suficiente. É preciso ampliar a oferta por meio da proteção e recuperação das nascentes que abastecem os reservatórios.

As ameaças que pairam sobre as áreas protegidas também podem agravar o quadro hídrico nacional.

Criadas para conservar serviços ambientais essenciais – como a produção de água –, essas áreas podem ser abertas à mineração e outros usos econômicos, contrariando seu papel constitucional. 

Por todas essas razões, presidente, o WWF-Brasil propõe que o Governo Federal crie e implemente um Plano Nacional de Proteção das Nascentes do Brasil. 

É indispensável que o Plano seja amparado por um mecanismo financeiro e um arcabouço institucional que envolva todas as áreas do governo. 



As nascentes brasileiras estão em suas mãos!

Assine a Petição 

WWF Brasil - Petição - Crise Hídrica