Publicado em 27/05/2014 às 08h55
Jogadores
da seleção brasileira se recusaram a ceder suas imagens para a propaganda
oficial da Copa, aquela do governo. Não querem se comprometer. Ok. Mas para a
Fifa, CBF, Nike, Ambev, bancos, telefônicas, tudo bem, né? Sei. A quem eles
pensam que estão enganando?
Nossos
astros do futebol nunca foram muito politizados, salvo honrosas exceções.
Ninguém encarna melhor a alienação e o oportunismo dessa categoria do que
Ronaldo Fenômeno. Sua declaração se dizendo envergonhado com os atrasos nos
preparativos para o Mundial é, perdoem-me a expressão, o cúmulo da
sem-vergonhice. Bastava ele devolver os milhões que ganhou com o evento que a
vergonha passava na hora.
A
canalhice dessa declaração aumenta mais por ter vindo dias após o ex-craque
declarar apoio explícito ao candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves.
Ronaldo tem todo o direito de apoiar quem bem entender, mas não enquanto faz
parte do Comitê Organizador da Copa. Trairagem pura. E arrivismo barato. Caso
não se recorde, até pronunciar a fatídica frase, ele estava alinhado com o
governo - e lucrando muito com isso. Basta lembrar sua outra pérola, a de que
Copa não se faz com hospitais. Um gênio esquizofrênico, esse rapaz.
Seus
coleguinhas não são muito diferentes. Se dizem patriotas, mas antes disso são
milionários. Queria ver quantos deles vestiriam a camisa verde-amarela se seus
clubes não estivessem pagando seus polpudos salários - e se não recebessem
milhões de bicho e dos patrocinadores oficiais.
Assim é
fácil tripudiar e posar de independente, acima de partidos e ideologias. Tenho
certeza que, caso a presidente estivesse no auge de sua popularidade, eles não
hesitariam em aparecer bem na foto. Se fossem realmente esclarecidos, chegariam
a essa mesma conclusão, de que a seleção é do País, e não do governo. Aí teriam
que dizer: muito menos da CBF. E jamais da FIFA. Mas seria pedir demais de
gente tão ocupada em administrar suas fortunas.