Um dos criminosos do
esquema revela em livro como essas redes funcionam na Espanha

Na primavera de 2000
chegou ao aeroporto de Madri a seleção nacional feminina da Colômbia de
taekwondo. Dezenove meninas que saíram pela porta em fila indiana, vestidas com
o agasalho oficial (azul, amarelo e vermelho) estampado com o escudo da
federação esportiva do país. Não tiveram problemas com a Imigração, apesar de
ter sido um voo "quente". Tinham seus vistos obtidos no consulado na
Colômbia. Apresentaram suas fichas da federação e, então, o convite e o
programa da competição que foram disputar na Espanha. Entre a documentação
também contavam com papéis de uma academia de artes marciais de Cali em que
estavam inscritas. Ao chegar a Madri, um micro-ônibus as levou para Valdepeñas,
e lá trocaram os agasalhos por lingerie para serem exibidas ante um grupo de
homens antes de serem distribuídas em diferentes casas da Espanha. Na Colômbia
não existia nenhuma federação de artes marciais, as meninas nunca tinham pisado
em um tatame, o agasalho fora encomendando por um criminoso, o convite e o
programa da academia eram uma enganação, o treinador era o homem que as havia
captado na Colômbia e o cafetão que as recebeu no aeroporto havia vencido uma
aposta com seus sócios: conseguir colocar o maior número de mulheres em Madri
para serem prostituídas. Como conseguiu, ficou com todas as mulheres e um BMW.
Tratava-se de Miguel, o Músico.
MANUEL JABOIS - El País