Novo presidente da Câmara
dos Deputados prioriza a reforma política e promete acelerar tramitação do
texto.
Cúpula do partido é a favor de que as
empresas continuem podendo fazer doações nas disputas eleitorais
O PMDB, partido do
novo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), vai apresentar uma
proposta fechada de reforma política cujo carro-chefe é o chamado
"distritão", modelo que altera a forma como são escolhidos os
deputados federais.
Pelo modelo, serão
eleitos os candidatos a deputado federal mais votados em cada Estado. São
Paulo, por exemplo, tem direito a 70 cadeiras na Câmara --logo, seriam eleitos
os 70 candidatos mais votados no Estado.
Pelo sistema atual,
nem sempre o mais votado é o eleito. Isso porque os votos válidos (em
candidatos ou na legenda) são divididos pelo número de vagas de cada Estado,
chegando-se ao chamado quociente eleitoral.
Se esse quociente for
de 100 mil votos, o partido ou a coligação de partidos elegerá deputados a cada
100 mil votos válidos que obtiver. Se atingiu cinco vezes o quociente eleitoral,
elege os cinco deputados mais votados do partido ou da coligação.
Esse sistema é
criticado por distorções como a ocorrida na eleição de 2002. Um candidato
atingiu 1,5 milhão de votos, atingiu o quociente eleitoral seis vezes, o que
levou para a Câmara outros cinco candidatos da legenda. Um deles havia recebido
apenas 275 votos.
O PMDB ainda discute
os outros pontos de sua proposta, e a principal polêmica é relacionada ao
financiamento das eleições. A maior parte dos peemedebistas prefere que as doações
a candidatos sejam restritas a pessoas físicas ou que seja exclusivamente
público. Mas a cúpula do PMDB, Cunha incluído, é a favor de que as empresas,
hoje as maiores financiadoras das disputas eleitorais, continuem podendo fazer
doações.
Segundo ele, outros
pontos que têm amplo apoio entre os peemedebistas são o voto facultativo, o fim
da reeleição, a unificação das eleições (de quatro em quatro anos), a restrição
a partidos com baixíssimo desempenho nas urnas, fim dos suplentes de senador
--na ausência do titular, assumiria o mais votado-- e realização de um
referendo para ratificar ou não o que o Congresso aprovar sobre o tema.
Após reunião com Cunha
nesta segunda-feira (9), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
afirmou que a reforma política também é prioridade do Senado.
O STF (Supremo
Tribunal Federal) caminha para proibir que as empresas continuem podendo fazer
doações nas disputas eleitorais, mas a Câmara pretende aprovar mudança na
Constituição para incluir a doação de empresas antes que o tribunal conclua o
julgamento, o que ainda não tem data para acontecer.
"Do ponto de
vista da realidade social e política do país, das ruas, há o entendimento de
que esse sistema de financiamento é um estímulo à corrupção", diz o
ex-ministro Moreira Franco, que defende mudança no atual modelo.
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