Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

24 de jul. de 2015

Soneto, de Luís Vaz de Camões




Julga-me a gente toda por perdido,

Vendo-me tão entregue a meu cuidado,

Andar sempre dos homens apartado

E dos tratos humanos esquecido.



Mas eu, que tenho o mundo conhecido,

E quase que sobre ele ando dobrado,

Tenho por baixo, rústico, enganado

Quem não é com meu mal engrandecido.



 Vá revolvendo a terra, o mar e o vento,

Busque riquezas, honras a outra gente,

Vencendo ferro, fogo, frio e calma;



Que eu só em humilde estado me contento

De trazer esculpido eternamente

Vosso fermoso gesto dentro na alma.

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