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Espedito Seleiro, filho do criador da sandália de Lampião
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“O cabra chegou para
meu pai e disse que queria uma sandália diferente, de solado quadrado, sem
marca da curva da sola do pé. Mostrou um modelo desenhado. Meu pai disse que
fazia. Dias depois o cabra veio buscar a encomenda e perguntou a meu pai se ele
sabia para quem era a sandália. ‘Não é para você?’, meu pai perguntou. ‘Não, é
para o Capitão Virgulino’. ‘Pois leve a sandália e nem precisa pagar'”.
É assim que Espedito
Velozo de Carvalho, o Mestre Espedito Seleiro, de 77 anos, resume como surgiu a
sandália mais famosa de tantas de seu ateliê em Nova Olinda, cidade do interior
do Ceará, a 500 km de Fortaleza.
A sandália de solado
quadrado era mesmo para o Capitão Virgulino Ferreira, o Lampião, chefe do bando
de cangaceiros que impunha medo, respeito e fascínio no interior do Nordeste
nos anos 1930.
O solado quadrado,
sem indicar qual era a frente da sandália, tinha um propósito: despistar as
volantes, como eram chamadas as equipes policiais que caçavam os cangaceiros
pelo sertão. “O solado quadrado deixava uma pegada quadrada, de modo que a
volante não conseguia saber para que lado Lampião tinha ido, se estava indo ou
voltando”, explica Espedito Seleiro. (BBC Brasil)
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