Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

13 de jul. de 2016

Cotas e Meritocracia

(...) Ou seja, a desigualdade social não veio em processo de redução contínua após 1888, como seria de se esperar caso aceitássemos a tese do "não existe racismo, os negros são pobres por causa da escravidão, mas com o tempo tudo vai se acertar". Essa diferença cresceu e diminuiu em contextos diferentes a partir de decisões políticas. Essa é a fria verdade que aparece nos dados recolhidos há décadas por historiadores, sociólogos, etc. A defesa das cotas é a defesa de uma política que priorize a redução dessas desigualdades. Ela não tem nada de anômala. Aumento e redução da desigualdade sempre foram fruto de decisões políticas. E estamos defendendo uma decisão política, enquanto nossos opositores defendem outra. É o jogo de sempre. Nada de anormal aí.

Encerro com um tópico que infelizmente costuma bagunçar muito esse debate. Nunca é demais lembrar: nada disso é pessoal. Ninguém está te chamando de burro ou incapaz que se deu bem só por ser branco. Ninguém está dizendo que todos os negros são maravilhosos e só não dominam a galáxia por causa do racismo. A luta a favor das cotas apenas parte do reconhecimento de que ser branco é uma vantagem, assim como ser homem, ser hétero, etc. Na luta pelo limitado número de bons postos de trabalho oferecidos pela sociedade capitalista, qualquer uma dessas vantagens pode fazer a diferença entre pessoas de capacidade semelhante. A quantidade de melanina na pele é uma dessas vantagens. E é uma das maiores, por sinal.

Em suma, cotas não tem nada a ver com socialismo, com coitadismo ou coisa do tipo. É apenas reconhecer que a luta por oportunidades não é uma luta entre iguais. Portanto, é uma corrida viciada desde o principio. As cotas no fundo são apenas um passo adiante no aperfeiçoamento do capitalismo, uma luta para que todos possam competir em igualdade de condições. Nada mais que isso.

Postado por Tiago Melo - Leia o texto completo:  /171nalata.

Nenhum comentário: