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|Hélio Bernardo Lopes| |
Objetivamente, a dita democracia
norte-americana quase nada tem de democrática, nem mesmo de Estado de Direito.
Basta olhar o modo como Barack Obama, usando os meios do Estado, passeou pelos
Estados Unidos a apoiar Hillary Clinton. Ou o deitar mão da recontagem de votos
em certos Estados, acabando a mesma por confirmar a vitória de Trump, ou mesmo
aumentar os seus votos aí. Ou a utilização da CIA para tentar condicionar o
grau de liberdade política de Donald Trump no futuro, inventando a fabulosa
mentira dos hackers ao serviço de Vladimir Putin. De facto, os Estados Unidos
nada têm de Estado de Direito Democrático, sendo, muito acima de tudo, uma
plutocracia.
Tal como há dias referiu John Bolton, a
suposta intervenção da Rússia no sistema eleitoral americano, através de
ataques de hackers, pode ter sido uma provocação dos próprios serviços de
inteligência dos EUA. Esta, em boa verdade, nem a mim mesmo ocorreu, usando
aqui certa piada em tempos contada no Instituto Superior Técnico sobre o
ilustre Professor António da Silveira.
Este ninho de víboras que é a vida política
norte-americana permite que as nossas televisões diariamente nos surjam com o
choradinho de Aleppo, ao mesmo tempo que nada dizem sobre os bombardeamentos da
Arábia Saudita no Iémen, com centenas de mortos e milhares de feridos. Até
Paulo Dentinho, na tarde do juramento de António Guterres na ONU, se referiu ao
facto de apenas se falar da Síria e de Aleppo, mas nada se dizer do que depois
Guterres viria a referir: hoje, não há paz no mundo.
A tudo isto, soma-se agora o treino que a
Alemanha vai passar a dar a oficiais sauditas. Diz-se que a cinco ou seis por
ano. Nem entre nós se refere que o regresso dos terroristas do Estado Islâmico
a Palmira teve o apoio dos Estados Unidos em termos de fornecer o
posicionamento das tropas sírias naquele momento. E não deixa de ser
verdadeiramente espetacular que, há breves momentos, na mesa em que escrevo
este texto, uma amiga e um amigo, com posições políticas de Direita, tenham
dado gargalhadas com os documentários que vão sendo passados – e montados pelo
Ocidente – ao redor de crianças queixosas e espevitadas, ou de supostos aflitos
de Aleppo!! É um tema em que se impõe um mínimo de tato, porque todos sabem que
nas guerras existem e atuam serviços de propaganda. É uma prática que revela um
grande amadorismo e que explica a razão dos resultados eleitorais mais recentes
em todo o mundo. Todos de há muito perceberam a mentira posta em andamento.
Um dado é certo: o que se vem passando nos
Estados Unidos desde a vitória de Donald Trump, de pareceria com a política
belicista de Barack Obama – também já foi a de Hillary – mostra bem o fabuloso
ninho de víboras que é a vida política dos Estados Unidos. Aliás, a própria
sociedade norte-americana, por via da sua formação histórica, foi sempre uma
sociedade violenta, onde a regra do salva-te como puderes comandou toda a vida
do país.
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