Nigel Amon - Cubisme Africain

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27 de ago. de 2017

Cora Coralina poeta brasileira (1889 - 1985)

Uma das mais importantes escritoras brasileiras. Contista do cerrado, Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que utilizava o pseudônimo Cora Coralina, nasceu em Cidade de Goiás e começou a escrever e publicar em jornais locais seus primeiros textos aos 14 anos. Apesar disso, seu primeiro livro foi publicado somente em 1965, aos 76 anos: Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais.



ANINHA E SUAS PEDRAS

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Cora Coralina (Outubro, 1981)


 Os versos que você acabou de ler são de autoria de Cora Coralina, a Aninha, como a poeta se autorreferiu no título do poema. Conhecida como a autora dos versos que representam um pouco da história da Cidade de Goiás, no estado de Goiás, Cora Coralina ficou nacionalmente conhecida, ganhando o respeito de poetas como Carlos Drummond de Andrade, que foi o grande responsável por despertar o interesse do público nacional para a escritora até então conhecida apenas regionalmente.




Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais, seu primeiro livro, foi publicado pela Editora José Olympio em 1965. O livro foi enviado por Cora para vários escritores, tendo sido Drummond um deles, e foi justamente pelas mãos do poeta que a figura da escritora ganhou projeção nacional. Drummond louvou a personagem idosa que escrevia versos singelos, sem muito adentrar as particularidades da escrita de Cora. Construiu-se então um mito, a figura da velhinha que começara a escrever tardiamente, cuja obra poucas vezes ganhou a devida atenção da crítica literária. Ao conferirmos seus depoimentos (existem entrevistas em vídeo da poeta), podemos notar a firmeza que suplantava a ideia de velhinha frágil tão amplamente difundida.

Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Cora Coralina


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