Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

5 de ago. de 2017

O trabalho patrocinado pelo capital faz da gente escravos deles.


Pensava que as pessoas queriam arroz com feijão, couve, angu, saladinha e franguinho ensopadinho, todos os dias, pra ficar fortinhos.

Quando candidato a prefeito de minha cidade pobre e linda, escolhi como fundo musical para a minha propaganda eleitoral no rádio, a primeira musica deste disco; que só depois de muito tempo, um amigo ingrato, quebrando minha inocência, disse ser este mestre cantor poeta, um baiano e não um barranqueiro mineiro, como santamente idolatrava.

O que ninguém disse, foi o quanto melhor seria ‘musicar’ aqueles 80 segundos de tempo que eu tinha, ilustrando um belo e gordo sanduba de bifes de entulhos com ovos de hormônios, fatias bombásticas de bacon e batatinhas, pra ficar gordinho. 



Violeiro
Elomar Figueira Melo


Vô cantá no canturi primero
as coisa lá da minha mudernage
qui mi fizero errante e violêro
Eu falo séro e num é vadiage
E pra você qui agora está mi ôvino
Juro inté pelo Santo Minino
Vige Maria qui ôve o qui eu digo
Si fô mintira mi manda um castigo

Apois pro cantadô i violero
Só hái treis coisa nesse mundo vão
Amô, furria, viola, nunca dinhêro
Viola, furria, amô, dinhêro não

Cantadô di trovas i martelo
Di gabinete, lijêra i moirão
Ai cantadô já curri o mundo intêro
Já inté cantei nas portas di um castelo
Dum rei qui si chamava di Juão
Pode acriditá meu companhêro
Dispois di tê cantado u dia intêro
o rei mi disse fica, eu disse não

(REFRÃO)
Si eu tivesse di vivê obrigado
um dia inantes dêsse dia eu morro
Deus feiz os homi e os bicho tudo fôrro
já vi iscrito no Livro Sagrado
qui a vida nessa terra é u'a passage
E cada um leva um fardo pesado
é um insinamento qui
derna a mudernage
eu trago bem dent'do
coração guardado

(REFRÃO)
Tive muita dô di num tê nada
pensano qui êsse mundo é tud'tê
mais só dispois di pená pelas istrada
beleza na pobreza é qui vim vê
vim vê na procissão u Lôvado-seja
i o malassombro das casa abandonada
côro di cego nas porta das igreja
i o êrmo da solidão das istrada

(REFRÃO)
Pispiano tudo du cumêço
eu vô mostrá como faiz o pachola
qui inforca u pescoço da viola
rivira toda moda pelo avêsso
i sem arrepará si é noite ou dia
vai longe cantá o bem da furria
sem um tustão na cuia u cantadô
 
canta inté morrê o bem do amô. 

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