Manicômio 1
Não entendi nada quando
vi as duas torres do congresso nacional servindo de fundo para uma campanha alertando
contra o extermino de judeus ocorrido na segunda guerra mundial. A frase ‘Holocausto nunca mais’, estampada ocupando
as partes externas das duas torres, no centro de Brasília, no Distrito Federal,
Capital do Brasil mais me pareceu uma provocação que uma eterna solidariedade a
todos os povos que sofreram e aos que sofrem injustiça.
“Não!
Há
violência
provocada
por
homens
contra
homens
sobre
a
terra”.
MINHA SOLIDARIEDADE AOS PERSEGUIDOS
Manicômio 2
Bispo pede perdão aos católicos por
"zombaria" em ato realizado por Lula e PT
Bispo Nelson Ferreira, utilizou
a rede social, Facebook, para
criticar o Bispo Emérito
Dom Angêlico Sândalo e
os padres que participaram
da cerimônia e chamou o
ato de "zombaria".
NSCM Nossa
Senhora cuida de mim
Manicômio 3
"Estamos inertes em uma enorme crise
ética", diz dom Angélico após polêmica sobre ato com Lula
Bispo emérito de Blumenau
falou sobre a participação em
ato ecumênico antes da prisão
do ex-presidente no sábado
Por Lucas
Paraizo
No centro de uma das
várias polêmicas que surgiram nos últimos dias ao redor da prisão do
ex-presidente Lula, dom Angélico Sândalo Bernardino expõe com clareza sua
opinião sobre a situação do Brasil. Bispo emérito de Blumenau e amigo próximo
de Lula há mais de 30 anos, ele participou do ato ecumênico que
celebrou o aniversário da ex-primeira-dama Marisa Letícia e que precedeu a
prisão do ex-presidente.
Nome sempre lembrado na
diocese catarinense, hoje aos 85 anos de idade, ele mora em São Paulo e falou
por telefone com a reportagem da NSC Comunicação. Mesmo ao criticar a
repercussão negativa do ato de sábado, mantém a voz calma e extremamente
pausada que é sua característica, como se estivesse constantemente recitando um
poema. Com aguçado senso político, o bispo discorre sobre a democracia no
Brasil, o atual momento político e a defesa dos direitos da população pobre.
Confira a entrevista:
Como surgiu o convite para participar do ato sábado? Qual é
a relação do senhor com o ex-presidente Lula?
Primeiramente quero esclarecer que não foi uma missa. Foi um ato ecumênico, no qual houve inclusive participação de uma pastora luterana. A minha amizade com o Lula e a família vem de longa data, quando ele era líder sindical eu era bispo responsável pela pastoral operária, onde fiquei por mais de 20 anos. Era tempo de luta, ditadura militar, nós tivemos muito relacionamento. Mais recentemente eu batizei um neto do Lula em Blumenau, batizei uma bisneta também.
Quando a Marisa foi
hospitalizada a família me pediu para ir lá e administrei o sacramento dos
enfermos. Quando ela faleceu eu fui ao velório. No primeiro aniversário da
morte me convidaram e eu também fui. E agora me pediram uma celebração
religiosa pelo aniversário dela. Eu também fui. Só que foi justamente na data
em que houve a prisão, então tinha uma multidão. O ato ecumênico tinha sido
planejado para ser dentro do sindicato, mas transferiram para o lado de fora
por causa do multidão.
Então não foi um ato
religioso instrumentalizado, a não ser por aqueles que têm o interesse em
distorcer a opinião pública. Terminado o ato religioso, eu me retirei e
seguiram as outras programações com pronunciamentos, discursos, etc. Depois eu
já estava em outra missão. Quando ele foi levado para a polícia eu já estava
celebrando a Santa Missa numa comunidade na periferia de São Paulo.
Pela relação próxima com o ex-presidente e até por
pronunciamentos anteriores, o senhor tem uma opinião política a respeito do
cenário atual. Como encarou a prisão do Lula?
Sobre prisão eu não opino, eu somente digo que estamos inertes em uma enorme crise ética, em uma crise que atinge os poderes da República, o Legislativo, o Executivo, o Judiciário. E isso me preocupa sobremaneira, como na época do golpe militar de 1964 que foi levado avante por civis pelo alto poder econômico, que se valeu dos militares, e agora também. O objetivo era afastar o poder popular do governo. Houve outro golpe, um golpe parlamentar. Mas a intenção profunda era afastar o poder popular.
Mas e a prisão de um ex-presidente?
Além de outros quatro
presidentes que já foram presos, nesse país nós tivemos Getúlio que deu um tiro
no peito pressionado, João Goulart que levou o golpe porque queria fazer as
reformas de base, depois Jânio Quadros que renunciou pressionado por forças
ocultas, e aquele que foi o idealizador de Brasília também foi preso, e cuja
morte na Via Dutra ainda não foi esclarecida.
Presidentes no Brasil
presos, nós tivemos alguns. Quais foram os interesses que moveram essas
prisões? Não foram interesses do bem do povo brasileiro. Hermes da Fonseca,
Washington Luiz, Artur Bernardes e Juscelino Kubitschek, e agora o Lula. São
prisões que vão além da vontade popular.
Claro que sou
francamente favorável ao saneamento ético. Dos empresários que corromperam
políticos que devem ser julgados com ampla defesa, e também políticos que são
acusados de corrupção, seus crimes devem ser provados e eles têm amplo direito
de defesa, e que o dinheiro eventualmente desviado seja devolvido com juros e
correção monetária. Mas isso não impede que eu, como discípulo de Jesus, quando
solicitado, vá aos mais diversos ambientes (como as cerimônias da família do
ex-presidente).
Como o senhor reagiu às críticas feitas após a presença no
ato com Lula?
Recebo com serenidade, quem me ilumina na vida é aquele que é o mestre, o caminho, a verdade, Jesus. Jesus foi criticado porque comia com os pecadores, pois acolheu pessoas que não devia acolher, disse que o sábado estava a serviço do homem e não o homem a serviço do sábado. Jesus foi condenado pois anunciou ao mundo que Deus é pai e todos são irmãos. Não é legitimo que a riqueza se acumule na mão de poucos. Como podemos estar tranquilos quando o salário desses marajás é quase R$ 30 mil por mês? Dentro de um salário mínimo de um trabalhador?
Não tenho opção
partidária, o que me ilumina é a palavra de Jesus. E o Papa Francisco diz para
a igreja: vão para as periferias humanas e geográficas, não vamos ser uma
igreja acomodada. Temos que defender os direitos dos pobres, dos trabalhadores,
dos desempregados.
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