A Nova Amsterdã brasileira
Pode até parecer brincadeira para quem nunca ouviu falar. Mas, muito antes de ganhar apelidos como Cidade do Sol, Capital Espacial do Brasil [1] e Trampolim da Vitória [2], a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, foi chamada de Nova Amsterdã por alguns anos.
O fato ocorreu durante um breve período de dominação holandesa na região, iniciado por volta de 1633. Na época, integrantes da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais rebatizaram a atual capital potiguar, que até então era chamada “Cidade do Natal”, com o nome de Nova Amsterdã, em alusão à capital holandesa.
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De um lado Natal; do outro a capital holandesa Amsterdã |
De acordo com registros históricos, a cidade cresceu durante o período. Além disso, foi muito útil para os holandeses devido à sua localização.
Nova Amsterdã era um dos locais em que eles podiam observar a chegada de tropas inimigas e, assim, proteger o grande comércio de açúcar que possuíam no Nordeste brasileiro, em estados como Pernambuco e Ceará, além do próprio Rio Grande do Norte.
A denominação permaneceu até meados de 1654, quando tropas portuguesas, auxiliadas por brasileiros e índios aliados, expulsaram os holandeses e restabeleceram
o domínio português em Natal.
Nova Iorque
Coincidentemente, uma das megalópoles mais conhecidas do mundo, Nova Iorque, também foi chamada de Nova Amsterdã por um período. O curioso é que o fato ocorreu mais ou menos na mesma época em que Natal levava o nome que remete à capital holandesa.
Em 1625, a mesma Companhia Holandesa da Índias Ocidentais fundou, na ilha de Manhattan (um dos cartões postais mais emblemáticos de Nova Iorque), a cidade que, inicialmente, também foi chamada de Nova Amsterdã.
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Ilustração mostra a Nova Amsterdã da
América do Norte, que deu origem a
Nova Iorque
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Assim como em Natal, a posição geográfica de Manhattan era estratégica para os holandeses, que defendiam o acesso fluvial para o comércio de peles no vale do Rio Hudson.
A dominação holandesa no local foi até 1664. Após disputas e tratados, a cidade passou a ser controlada pelos britânicos e, consequentemente, ganhou o nome de Nova Iorque (ou New York, em inglês)
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2 responses to “A Nova Amsterdã brasileira”
Natal e Nova Amsterdam eram duas localidades diferentes na Capitania do Rio Grande, como se pode ver abaixo e conforme alguns de nossos historiadores.
O Rio Grande, assim chamado pelos portugueses devido ao seu considerável volume, é conhecido entre os naturais pelo nome de Potengi e tem a sua foz a 5º e 42’ de latitude sul, ou sejam três milhas de Ponta Negra, para quem vem da parte ocidental do continente. Desemboca quatro milhas acima do Forte Keulen, conhecido pelos portugueses de Três Reis, e seu estuário pode abrigar navios de grande calado. Já o rio Cunhaú só é navegável por barcas e pequenos navios. As baías que se encontram nesta Capitania são: Baía Formosa, Ponta Negra, Ponta de Pipas e a Baía de Tijssens. A Baía de Ginepabu fica ao norte, além de um rio denominado Guasiavi, junto à qual se ergue a vila Atape Wappa. Ainda um pouco mais ao norte encontra-se o rio Ceará-Mirim, e perto da Aldeia de Natal e do forte dos Reis, passa um rio conhecido por Rio da Cruz que nasce de um pequeno lago no Rio Grande. Em frente ao mesmo forte um riacho aflue para o Rio Grande, entre dois bancos de terra, e não muito distante dalí, encontra-se ainda outro rio de água salgada.
O Forte Keulen era um quadrilátero construído sobre rocha, ou melhor, sobre a ponta de um recife, a alguma distância da praia, de fronte à foz do rio Recife. Inteiramente cercado de água, na preamar, não se podia atingí-lo senão embarcado. Há, no centro desse forte, uma capelinha, onde, em 1645 ou 1646, os holandeses descobriram um poço de cerca de meio pé de diâmetro na boca e três no fundo, aberto na rocha viva, por onde afluía água doce e fresca todas as marés altas. Nas marés comuns dava cerca de 255 potes de água potável mas, nas de plenilúnio, chegava a dar 350, suprimento esse mais que suficiente para consumo da guarnição em caso de sítio. O forte é construído de blocos de pedra e defendido, do lado da praia, por dois meios baluartes em forma de corna. Em 1646 sua artilharia constava de 29 peças de bronze e de ferro. Dispunha também de bom paiol e confortáveis alojamentos para a soldadesca.