A venda do controle da Eletrobras sobre o Complexo Eólico Campos Neutrais, dia 30 de julho, por
cerca de R$ 500 milhões, para a empresa
mineira Omega, representa um grande prejuízo ao patrimônio público, uma vez que
esse valor representa 17% do total investido pelo poder público no
empreendimento, que superou a casa de R$ 3,1 bilhões. A denúncia é do Sindicato
dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SENGE) que, além de apontar esse
prejuízo, critica o fato dessa negociação ter ocorrido em plena pandemia do
novo coronavírus, sem um debate com a sociedade.
Na avaliação do sindicato, a manobra de aproveitar a crise
sanitária – que já contabiliza mais de 100 mil mortos no Brasil – para aprovar
medidas sem dialogar com a sociedade, (“passar a boiada”, nas palavras do
ministro Ricardo Salles), tem se tornado a forma de gestão pública dominante.
Considerado o maior Complexo Eólico da América Latina, o Complexo Eólico Campos
Neutrais tem seus parques instalados nos municípios de Santa Vitória do Palmar
e Chuí. O complexo foi implantando pela Eletrosul em 2011, com 583 MW de
capacidade instalada e alta performance.
Em 2018, o SENGE apresentou uma denúncia ao Ministério
Público apontando a inconstitucionalidade do leilão dos Parques Eólicos do
Complexo Campos Neutrais. A mesma denúncia também foi apresentada em uma
audiência pública da Câmara dos Deputados, realizada no Sindicato. A Nota
Técnica que fundamenta essa denúncia destaca que o lucro líquido do complexo
eólico registrado em 2017 foi de R$ 345 milhões de reais. (ver íntegra da Nota
Técnica no final)
Segundo o diretor do SENGE, Luiz Alberto Schreiner, a empresa
não tinha a necessária autorização do Poder Legislativo para realizar a venda,
uma vez que a Lei 10.848/2004 contém exclusão expressa da Eletrosul do Plano
Nacional de Desestatização e a Medida Provisória 814/2017 que permitiria a
privatização da Eletrobras foi derrotada Além disso, uma liminar concedida pelo
ministro do STF, Ricardo Lewandowski, impede a privatização de empresas
públicas sem autorização legislativa.
Em nota, o SENGE diz que seguirá acompanhando o caso,
destacando que, com o prejuízo consolidado com a venda, caberá ao Ministério
Público Federal apurar o negócio. O sindicato destaca ainda que estão
tramitando na Câmara dos Deputados projetos de lei para suspender todos os
processos de privatizações enquanto durar o estado de calamidade gerado pela
pandemia. Uma iniciativa semelhante também tramita no Senado Federal. O projeto
de lei n° 3876 propõe a revogação da Lei nº 9.491, de 9 de setembro de 1997,
proibindo a desestatização de empresas públicas e sociedades de economia mista,
bem como de suas subsidiárias e controladas, enquanto durar o estado de
calamidade pública, reconhecida pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março
de 2020.
“Nenhum país se recuperará dos efeitos do combate ao COVID-19
abrindo mão de patrimônios públicos estratégicos para o desenvolvimento
nacional”, defende o Sindicato.
(Confira abaixo a íntegra da Nota Técnica)
*Com informações do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul.
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