Autoria de LuDiasBH
Segundo a Ilíada, obra atribuída a Homero, poeta épico da Grécia Antiga, Tétis, a mãe de Aquiles, queria que o filho se tornasse imortal – coisa de mãe coruja. Para que isso acontecesse, ela teria que se dirigir ao todo poderoso rio Estige, cujas águas tinham o poder de trazer imortalidade aos pobres mortais.
Dona Tétis dirigiu-se ao rio Estige com a sua pequena cria e ali mergulhou todo o corpinho da criança – de cabeça para baixo – segurando-o pelo calcanhar, enquanto o pirralho botava a boca no mundo, imagino eu, pois a maioria dos bebês não é chegada a receber água nos olhos e ouvidos. Esqueceu-se, porém, a zelosa mãe de também molhar o calcanhar do pequenino.
Aquiles ficou com o corpo todo invulnerável, excetuando o calcanhar, parte essa que seria a sua perdição no futuro. Contudo, penso que todo o pezinho do bebê ficou vulnerável. Teria sido impossível segurá-lo pelo calcanhar, não molhá-lo, mas molhar o pé, não é mesmo? Pelo visto, tratava-se apenas de um dos calcanhares, ficando o outro dentro da água. Que posição estranha para mergulhar a criança!
Já homem feito (ou seria semideus?), ao participar da Guerra de Troia, Aquiles levou uma flechada envenenada exatamente naquele local desprotegido, vindo a falecer. Portanto, meu caro leitor, se você tem algum lugarzinho em seu corpo, através do qual pode ser atacado e ferido com facilidade, trate de revesti-lo com chapas de aço.
Se o seu lugar vulnerável for o coração, procure adotar uma nova postura na maneira como vê a vida, não se deixando abater por coisas que não valem a pena, a vida é muito curta para isso. Caso perceba o calcanhar de Aquiles em outra pessoa, evite feri-lo, porque nem todos os feridos vão a óbito. Alguns pegam a própria flecha e revertem-na para o ofensor, trazendo-lhe muitos aborrecimentos.
Ilustração:The Wrath of Achilles – François-Léon Benouville
fonte:https://virusdaarte.net/
Nenhum comentário:
Postar um comentário