A cientista que contrabandeou o HIV para seu país em sua bolsa para estudá-lo e salvar vidas
Janet Barrie - BBC Witness History
qua., 11 de janeiro de 2023 11:58 AM BRT
Radka Argirova contrabandeou o HIV em sua bolsa em pleno regime comunista da Guerra Fria
Em 1985, no auge da Guerra Fria, o mundo enfrentava uma onda de infecções e mortes causadas por um misterioso novo vírus.
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi reconhecida como uma nova doença em 1981, quando um número crescente de jovens homossexuais começou a morrer de infecções incomuns e cânceres raros.
Também era conhecida por afetar usuários de drogas intravenosas e alguns a contraíram por meio de transfusões de sangue.
Era, informou a BBC na época, "uma condição que expõe os pacientes a uma ampla gama de infecções e doenças. A AIDS parece acabar com a resistência dos pacientes e, como resultado, muitas vezes é fatal".
Anos mais tarde, o vírus da imunodeficiência humana (HIV) foi identificado como sua causa.
As pessoas ficaram com medo e campanhas de informação foram lançadas em muitos países.
Mas não na Bulgária, que era um regime comunista rigidamente controlado na época.
Suas autoridades se recusaram a reconhecer a ameaça e a minimizaram, descrevendo-a como uma "doença gay" e um problema exclusivo do Ocidente decadente, apesar do fato de que estudantes e marinheiros estrangeiros estavam morrendo em hospitais búlgaros.
A especialista
Radka Argirova, uma das primeiras virologistas do país, trabalhava em um instituto de pesquisa de alto nível na capital da Bulgária, Sofia.
Ela havia feito seu doutorado no prestigioso Instituto Ivanovski em Moscou no início dos anos 1970... e amava seu trabalho.
"Estava trabalhando em um dos laboratórios da Academia de Ciências da Bulgária e havia um laboratório de virologia muito interessante naquele instituto", diz Argirova à BBC.
Um dos vírus humanos que ela e seus colegas estavam estudando era o HIV.
Sua equipe analisava a trajetória do vírus desde o final dos anos 1970 e acompanhava a literatura científica de fora do país.
Mas enquanto o HIV era familiar, a doença devastadora que aparentemente causava permanecia um mistério.
Um mistério que as autoridades búlgaras não estavam interessadas em revelar.
Mas para Argirova, sim.
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