Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

26 de jan. de 2014

CRIANÇA PRIORIDADE - "2ª Colônia de Ferias CTAC"

















Criada em 2012 através da Resolução CMDCA - nº 003/2012 -  a  “Colônia de Ferias CTAC” tem como público, crianças de 06 a 12 anos de idade e como patrocinador o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente do município de Antônio Carlos.




160 Crianças inscritas em Curral Novo, Dr. Sá Fortes, Vila Irene, Campolide e Antônio Carlos participaram, de 8:00 às 17:00 horas, nos dias 20, 21, 22 e 23, de diversas atividades na 2ª Colônia de Férias ( Capoeira, piscina, vôlei, queimada, futebol, totó, pingue-pongue, corda, pintura, estória e dança).





















































A "EPCAR" - Escola Preparatória de Cadetes do Ar, de Barbacena, prestigiou o evento enviando um grupo de Oficiais que se apresentaram com palestra, Banda de musica e atividades esportivas que movimentaram a meninada durante toda a tarde do dia 23.

Frutas, legumes e verduras foram doados por produtores de Antônio Carlos e pelo CEASA - Barbacena.

 Evani, Secretário de Agricultura, Prestigiou o evento.

A Prefeitura Municipal de Antônio Carlos proporcionou o transporte dos meninos e meninas, utilizando dois ônibus escolares. Uma Ambulância (motorista e Enfermeira) e uma Van estiveram de plantão para a segurança dos participantes.

Morada do Sol















Ainda é dia e o tempo urge
O cara a cara inevitável
Entardecer é questão de tempo
E o silêncio então se faz.

Não só falo de ontem
Nobre morada do Sol
Que queima minha pele
No caminho de minha paz.

Vira lata sem dono
Rasga saco de fome
Marcando ponto a ponto

Onde terá de voltar.

6 de jan. de 2014

Tiradentes: a construção de um herói republicano

Décio Villares. Tiradentes, 1928 
Dia 21 de abril é mais conhecido como o dia da morte de Tiradentes, um importante herói republicano que foi enforcado em 1792, cujo feriado é atribuído em sua homenagem. Mas quais foram as razões da adoção de Tiradentes como herói republicano?

Antes de respondermos essa pergunta é preciso ter em mente qual o significado de um herói. Heróis são símbolos de identificação coletiva, ou seja, são aquelas pessoas reconhecidas através de seus feitos, por um país ou região, ocorrendo, entre eles, uma identificação. É possível pensar em uma nação que não tenha heróis? Já adianto a resposta dizendo que não, pois os heróis são fortes instrumentos para atingir a cabeça e o coração dos cidadãos em prol da legitimação de um regime político, assim, não há nação sem o seu respectivo herói.

Existem dois tipos de herói: aqueles que surgem espontaneamente das lutas realizadas e aqueles de menor impacto popular e que, portanto, tiveram um empurrãozinho para a promoção da figura.  É nesse último perfil que se encaixa o nosso herói Tiradentes.

Mas se o herói era republicano, por que não eleger aqueles que fizeram parte do movimento da Proclamação? Em primeiro lugar, podemos apontar o que já foi discutido no post sobre este tema: os envolvidos foram uma pequena parcela da população, a maioria simplesmente assistiu ao que estava acontecendo. Em segundo, Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant e Floriano Peixoto eram figuras que sofriam lacunas no quesito herói, pois não tinham espírito de líder, ou não tinham aparência física e comportamento carismático.

Pouco se sabe sobre a memória de Tiradentes, pois a documentação é escassa. Sobre o dia do seu enforcamento existem dois relatos que apontam a multidão presente em compaixão com o réu prestes a morrer. O sentimento de que a pena fora excessiva e injusta se alastrou pelas cidades vizinhas de Vila Rica. Além disso, a literatura brasileira contribuiu também para divulgar o acontecimento. Castro Alves escrevera: “Ei-lo, o gigante da praça,/ O Cristo da multidão!/ É Tiradentes quem passa…/ Deixem passar o Titão.”
Pedro Amério. Tiradentes esquartejado, 1893. 
O primeiro conflito político envolvendo a memória de Tiradentes ocorreu em 1862. Nesta data o governo queria inaugurar no local onde fora enforcado Tiradentes, uma estátua de D. Pedro I, que o condenara à morte. Na ocasião houve manifestação dos liberais com a publicação de um folheto dizendo que Tiradentes foi o primeiro mártir que morreu pela pátria e que foi responsável por levar o povo brasileiro à “salvação”.

Outro episódio que contribuiu para a construção da imagem de Tiradentes foi o que se sucedeu à publicação da obra de Joaquim Norberto de Souza Silva, História da Conjuração Mineira. Norberto teve acesso a documentos nunca antes estudados sobre a Inconfidência e apontou Tiradentes como figura secundária no movimento. Essa revelação inquietou as pessoas, principalmente os republicanos que chamaram Norberto de monarquista convicto.

Independente da sua posição política o que mais causou irritação foi ele ter discorrido sobre as transformações na personalidade e no comportamento de Tiradentes durante o tempo em que este ficou preso. Segundo Norberto, o isolamento, os repetidos interrogatórios e a ação dos frades franciscanos fizeram com que o seu ardor patriótico se transformasse em altar de sacrifício. Os republicanos protestaram, pois negavam a idéia de que Tiradentes beijara as mãos e os pés do carrasco, que havia caminhado até a forca com um crucifixo no peito, ou seja, negavam a idéia de que Tiradentes tivesse perdido o seu impulso e rebeldia patriótica. Porém, diminuir a sua importância dentro do movimento inconfidente era aumentar a participação de Tomás Antônio Gonzaga, representante da elite brasileira. Logo o apelo popular de Gonzaga não era de mesmo impacto que o de Tiradentes e, portanto, estava longe de representar a nação.

A partir da publicação de Norberto, intensificaram-se as alusões de Tiradentes com Cristo. Ter sido traído e morto por lutar pela salvação do povo/pátria foram características presentes na vida dessas duas figuras. A partir daí as representações imagéticas foram cada vez mais se assemelhando.

Dessa forma, Tiradentes estava cada vez mais presente no imaginário dos brasileiros, e aos poucos todos iam se identificando com esse homem. Começaram a ligar Tiradentes às principais transformações pelas quais passava o país: a Independência, a Abolição e a República. A sua aceitação veio, assim, acompanhada de sua transformação em herói nacional, mais do que em herói republicano. Ele unia o país através do espaço, do tempo e das classes. Para isso, sua imagem precisava ser idealizada e a falta de documentos contribuiu para que esse processo fosse tranqüilo.

Aos poucos todos os regimes e movimentos políticos se apropriaram de alguma forma da imagem de Tiradentes. O governo republicano declarou o dia 21 de abril feriado nacional e, em 1926, construíram a estátua em frente ao prédio da Câmara. O governo militar em 1965 o declarou patrono cívico da nação brasileira e mandou colocar retratos seus em todas as repartições públicas. Durante oEstado Novo foram representadas peças teatrais, com apoio oficial, exaltando o herói. Nessa época também houve uma tentativa em modificar a representação tradicional. José Walsht Rodriguespintou Tiradentes como alferes, um herói cívico e um militar de carreira. Tentativa falha, pois até hoje quando pensamos em Tiradentes, o ligamos com aquela imagem barbuda, serena, imortalizada assim como a imagem de Cristo.
José Walsht Rodrigues.
 Alferes Joaquim José da Silva Xavier, 1940.
 
Como podemos perceber, desde o enforcamento de Tiradentes, a sua imagem e a sua história foram sendo recontadas por diferentes grupos. Os republicanos foram aqueles que mais se apropriaram e incorporaram no seu discurso a importância de Tiradentes na história brasileira, apontando-o como o principal responsável pela “salvação” do povo, para que nem ele e nem a república fossem esquecidos: missão cumprida!

Dica:

Texto baseado no livro de CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.