Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

21 de out. de 2018

Ecossistemas tropicais aumentam o dióxido de carbono à medida que as temperaturas aumentam


Cientistas da Nasa e uma equipe internacional de pesquisadores descobriram que os ecossistemas tropicais podem gerar dióxido de carbono quando as temperaturas sobem, ao contrário dos ecossistemas de outras partes do mundo.
















Os pesquisadores descobriram que um aumento de temperatura de apenas 1 grau Celsius nas temperaturas do ar próximo à superfície nos trópicos leva a uma taxa de crescimento anual média de dióxido de carbono equivalente a um terço das emissões globais anuais de combustão de combustíveis fósseis e desmatamento combinado. Nos ecossistemas tropicais, a absorção de carbono é reduzida a temperaturas mais altas. Esta descoberta fornece aos cientistas uma ferramenta-chave de diagnóstico para entender melhor o ciclo global do carbono.

"O que aprendemos é que, apesar das secas, inundações, erupções vulcânicas, El Niño e outros eventos, o sistema terrestre tem sido notavelmente consistente na regulação das variações ano a ano nos níveis de dióxido de carbono atmosférico", disse Weile Wang, pesquisador do Centro de Pesquisas Ames da NASA em Moffett Field, Califórnia, e principal autor de um artigo publicado na quarta-feira, 24 de julho, na revista Proceedings of National Academy of Sciences.

O estudo fornece suporte para a hipótese do "feedback carbono-clima" proposta por muitos cientistas. Esta hipótese afirma que um clima mais quente levará ao crescimento acelerado de dióxido de carbono na atmosfera a partir de vegetação e solos. Processos com múltiplos sistemas terrestres, como secas e inundações, também contribuem para mudanças na taxa de crescimento do dióxido de carbono atmosférico. A nova descoberta demonstra que as mudanças de temperatura observadas são um fator mais importante do que as mudanças de precipitação nos trópicos.

A equipe usou uma instalação de acesso de dados e computação de alto desempenho de última geração chamada NASA Earth Exchange (NEX) em Ames para investigar os mecanismos subjacentes à relação entre os níveis de dióxido de carbono e o aumento da temperatura. A instalação NEX permitiu que cientistas analisassem dados amplamente disponíveis sobre as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera e a temperatura do ar global entre 1959 e 2011, enquanto estudavam os resultados de vários modelos de vegetação dinâmica global. 

"O aquecimento climático é o que sabemos com certeza acontecerá sob a mudança climática nos trópicos", disse Josep G. Canadell, diretor executivo do Global Carbon Project em Canberra, Austrália, e co-autor do artigo. Isso implica que a liberação de dióxido de carbono dos ecossistemas tropicais provavelmente será acelerada com o aquecimento futuro.

Eventos que podem influenciar temporariamente o clima, como erupções vulcânicas, podem perturbar a força da relação entre a temperatura anual e o crescimento de dióxido de carbono durante alguns anos, mas o acoplamento sempre se recupera após tais eventos. 

"O estudo realmente destaca a importância das observações da Terra a longo prazo para melhorar nossa compreensão do sistema da Terra", disse Rama Nemani, principal cientista da Ames para o projeto NEX. "Conclusões extraídas da análise de registros mais curtos podem ser enganosas."

É preciso não esquecer nada


É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso, 
nem o sorriso para os infelizes 
nem a oração de cada instante. 

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta 
nem o céu de sempre. 

O que é preciso é esquecer o nosso rosto, 
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso. 

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos, 
a ideia de recompensa e de glória. 

O que é preciso é ser como se já não fôssemos, 
vigiados pelos próprios olhos 
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

Cecília Meireles


Estamos no fim de uma civilização e que está indo para o buraco - Saramago


"Agora o cidadão serve para votar, e depois até logo!" 



E passa os

quatro anos seguintes recolhido, sem participar do andamento das coisas, fora do jogo. 



Tudo se reduz, no máximo, a trocar um governo por outro. 




"O mundo democrático é dirigido por organismos que não são democráticos". 




Conto – Olho no olho.>>>>>>>>Tibor Moricz Says:


A poltrona já não parecia tão confortável. Ele se remexia nela de um lado para outro. Apertava as costas contra o espaldar, afundava na almofada macia, esticava e retraía as pernas, agarrava com força os braços da mobília.

Incomodava-o a porta fechada diante dele. Incomodava-o ainda mais a fechadura. Pequena brecha para outro mundo. Observava-a, angustiado.

Tinha ânsias de se levantar e ir espionar. Mas impedia-o o recato. Que diriam – se soubessem – que andou espionando por fechaduras?

Tentava se distrair olhando para os quadros dependurados e para os finíssimos capilares que corriam pelas paredes, fendendo disfarçadamente a pintura. Naturezas mortas em tons sombrios. Presença discreta de alguma umidade no teto, junto às sancas. Tapete de arraiolo com algumas manchas indefiníveis. Piso de tacos, envelhecidos, muitos empenados favorecendo um tropeção.

Mas era para a fechadura que os olhos se voltavam a todo o momento. Para os segredos que escondiam do outro lado. Para os mistérios, para as fantasias, para as surpresas.

E afundava cada vez mais na poltrona, inquieto. As veias das mãos estavam dilatadas. Imaginava que também estavam assim as do pescoço. A jugular palpitando nervosa. O espírito cada vez mais indomável.

Voltou toda a atenção para os pés. Depois para os joelhos. Depois para a poltrona verde musgo que estremecia sob tanto frenesi de expectativa e ânsia mal controladas.

Não pode mais.

Levantou-se nervoso. Pequenas gotas de suor lhe porejavam a fronte. Inclinou-se devagar, olhar fixo na abertura que até este momento nada mais lhe oferecia à visão que uma semiobscuridade e além dela uma movimentação indefinida. Sinal claro de alguma atividade do outro lado.

Colou um olho na abertura e se sentiu aterrorizado ao se deparar com outro olho arregalado a observá-lo curioso.

Ambos os homens recuaram assustados para suas poltronas verde musgo. Recuperaram a respiração entrecortada pelo choque e logo repararam nos trincos. Metal polido adornando uma porta de madeira de lei com finíssimos entalhes. Abri-la seria tão simples, tão fácil.

O que existiria do outro lado?

E quem?

A ansiedade voltava a perturbá-los.


.



Um brinde à poesia


MUITO PRAZER com Jorge Piri


Tiroteio em Juiz de Fora pode revelar uma grande farsa. Seria pagamento de propina? Autoridades estão investigando. Vamos ver,mas não sei se vamos.


Todo ser humano com arma nas mãos vira bicho. Nem a disciplina militar consegue
regulamentar. 

A família  ou o cidadão, nem pensar.  

E podemos ter um militar desequilibrado na presidência do país, disseminando o ódio e liberando a matança.

Milhões, armas, morte, policiais, 'médicos', eleições, empresários, borsonario e minha querida JF: 


Gente! melhor usar apenas a inteligência.













O Brasil precisa sair desta trilha estre túmulos.

ARMAS NÃO! 

VIOLÊNCIA NÃO!

gOLPEs NÃO!

Brasil Livre!




20 de out. de 2018

https://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2018/10/a-saida-sensata-e-o-tse-adiar-o-2-turno.html


Estamos num momento decisivo da nossa História, com o Brasil à beira do abismo, olhando para baixo e sentindo forte tentação de mergulhar. Só a Justiça tem, neste instante, poder para evitar a desgraça coletiva a que um povo desesperado está sendo conduzido. 

Se nossas autoridades judiciais não retomarem, com um ato de coragem, o controle da situação, o que virá em seguida vai ser o pior dos mundos possíveis: caos político, uma depressão econômica como nunca vimos e inevitável derramamento de sangue.


Entre a esperteza e a dor


















Ser um vassalo imperial,
um derrotado brasileiro 
ou 
intelectual da amnésia?

Um operário sem profissão,
ter amigos aloprados
ou 
ser um líder traído?

Ser um protegido endeusado,
o colecionador de ódios
ou 
um magistrado amestrado?


Uma raposa frustrada,
ser um presidente usado
ou 
um futuro presidiário?

Ser o Figueiredo da vez,
um mal caráter popular
ou 
o mico atirador?


Uma das sombras do autor,
o último grito d dor
ou 
um mestre comparado ao terror?


Ser parte de um



ou reinar no silêncio da dor?





Três lados de uma pedra - A Pedra de Ingá



Minha busca era sobre as pegadas de Sumé. Primeira vez que ouvi falar sobre Sumé foi quando pesquisava o caminho que liga o Sudeste brasileiro às cidades de ouro, dos Incas, além das montanhas de gelo, no Peru. 

Sumé, uma pequena introdução 


Nas pegadas de Sumé, passando por São Tome, encontrei a palavra itacoatiaras... o link leva até uma reportagem que mostra a 'pedra' e também a cidade de Ingá, na Paraíba. 



Gostei deste vídeo, bastante espontâneo, mostrando o quanto 
estava desprotegido todo o patrimônio. 



Este já mostra um pouco mais de cuidado.



18 de out. de 2018

"O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: procurar e reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço" Italo Calvino

                                    
                                     Você sabe melhor do que ninguém, 
                                                            sábio Kublai,

               que jamais se deve confundir uma cidade
                                com o discurso que a descreve.
                   
 (Calvino, Ítalo. As cidades invisíveis)

17 de out. de 2018

.



A ELA .>>>>>>>Machado de Assis


A ELA 

Quem és tu 
que me atormentas 
Com teus prazenteiros sorrisos? 
Quem és tu que me apontas 
As portas dos paraísos? 

Imagem do céu és tu? 
És filha da divindade? 
Ou vens prender em teus cabelos 
A minha liberdade?

 “Vê V. Exa., Sr. presidente, que nesse tempo, o nobre deputado era inimigo de todas as leis opressoras. A assembléia tem visto como ele trata as leis do metro.” 

Todo o resto do discurso foi assim. A minoria protestou. Luís Tinoco fez-se de todas as cores, e a sessão acabou em risada. No dia seguinte os jornais amigos de Luís Tinoco agradeceram ao adversário deste o triunfo que lhe proporcionou mostrando à província “uma antiga e brilhante face do talento do ilustre deputado”. Os que indecorosamente riram dos versos, foram condenados com estas poucas linhas: “Há dias um deputado governista disse que a situação era uma caravana de homens honestos e bons. É caravana, não há dúvida; vimos ontem os seus camelos”. 
Nem por isso, Luís Tinoco ficou mais consolado. As cartas ao Dr. Lemos começaram a escassear, até que de todo cessaram de aparecer. Decorreram assim silenciosos uns três anos, ao cabo dos quais o Dr. Lemos foi nomeado não sei para que cargo na província onde se achava Luís Tinoco. Partiu. Apenas empossado do cargo, tratou de procurar o ex-poeta, e pouco tempo gastou recebendo logo um convite dele para ir a um estabelecimento rural onde se achava. 
– Há de me chamar ingrato, não? disse Luís Tinoco, apenas viu assomar à porta de casa o Dr. Lemos. Mas não sou; contava ir vê-lo daqui a um ano; e se lhe não escrevi... Mas que tem doutor? está espantado? 

O Dr. Lemos estava efetivamente pasmado a olhar para a figura de Luís Tinoco. Era aquele o poeta dos Goivos e Camélias, o eloqüente deputado, o fogoso publicista? O que ele tinha diante de si era um honrado e pacato lavrador, ar e maneiras rústicas, sem o menor vestígio das atitudes melancólicas do poeta, do gesto arrebatado do trbuno, - uma transformação, uma criatura muito outra e muito melhor. Riram-se ambos, um da mudança, outro do espanto, pedindo o Dr. Lemos a Luís Tinoco lhe dissesse se era certo haver deixado a política, ou se aquilo eram apenas umas férias para renovar a alma. 
– Tudo lhe explicarei, doutor, mas há de ser depois de ter examinado a minha casa e minha roça, depois de lhe apresentar minha mulher e meus filhos... 

– Casado? 

– Há vinte meses. 

– E não me disse nada! 

– Ia este ano à corte e esperava surpreendê-lo... Que duas criancinhas as minhas... lindas como dois anjos. Saem à mãe, que é a flor da província. Oxalá pareçam também com ela nas qualidades de dona de casa; que atividade! que economia!... 

Feita a apresentação, beijadas as crianças, examinado tudo, Luís Tinoco declarou ao Dr. Lemos que definitivamente deixara a política. 
– De vez? 

– De vez. 

– Mas que motivo? desgostos, naturalmente. 

– Não; descobri que não era fadado para grandes destinos. Um dia leram-me na assembléia alguns versos meus. Reconheci então quanto eram pífios os tais versos; e podendo vir mais tarde a olhar com a mesma lástima e igual arrependimento para as minhas obras políticas, arrepiei carreira e deixei a vida pública. Uma noite de reflexão e nada mais. – 

Pois teve ânimo?... 

– Tive, meu amigo, tive ânimo de pisar terreno sólido, em vez de patinhar nas ilusões dos primeiros dias. Eu era um ridículo poeta e talvez ainda mais ridículo orador. Minha vocação era esta. Com poucos anos mais estou rico. Ande agora beber o café que nos espera e feche a boca, que as moscas andam no ar.


Jorge Amado (1912-2001) ...........Boa leitura.


A Morte e A Morte de Quincas Berro Dágua 

Jorge Amado nos deixou vasta e rica obra. São seus livros como "Tieta do Agreste", "Terras do sem-fim", "Dona Flor e seus Dois Maridos", "Mar Morto", "Capitães de Areia" e "Tocaia Grande", apenas para citar alguns. 

Entre as personagens criadas por ele, merece destaque Quincas Berro D'água. A novela escrita por Jorge Amado é deliciosa e merece ser lida em um único fôlego. 

O livro narra os acontecimentos que sucedem após ser encontrado o corpo de Quincas em uma pocilga, deitado sobre um catre, mal vestido, com o dedão do pé escapando por um buraco na meia furada e... sorrindo, um "sorriso cínico, imoral, de quem se divertia". Vanda, filha, Leonardo, genro, Tio Eduardo e Tia Marocas, irmãos, ao mesmo tempo que se apresentam enlutados davam graças pelo ocorrido. Finalmente morria a vergonha da família.


Ainda no primeiro turno das eleições 2018, a ONG brasileira "Eco" publicou textos sobre as propostas ambientais dos candidatos à presidência da República.

Álvaro Dias promete investir 20 bilhões por ano em esgoto
Inspirado em Juscelino Kubitschek, o programa de governo do candidato do Podemos planeja gastar em saneamento básico, mas não diz de onde tirará o dinheiro

Proposta de Amoêdo prevê fim dos lixões em todo o país
Plano de governo do candidato à presidência do Novo também propõe levar saneamento básico para todos os brasileiros, e confia que parcerias privadas dariam conta do desafio

Se eleito, Henrique Meirelles promete priorizar saneamento básico
Candidato do MDB afirma que conta com a participação do setor privado para melhorar os índices de saneamento e afirma que cumprirá Acordo de Paris

Marina propõe integrar políticas para reduzir emissões
Desenvolvimento sustentável com pouco destaque para proteger biodiversidade. Rede e PV enfatizam redução na emissão de gases, mas não cita ações voltadas para os biomas nacionais

Alckmin promete cumprir as metas do Acordo de Paris
Candidato do PSDB afirma que seu governo adotará os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável como referência no exterior, mas é vago sobre propostas para a área ambiental no país



Ciro Gomes defende o uso de hidrelétricas na matriz energética
Candidato pelo PDT apresenta ideias desenvolvimentistas e minimiza impactos ambientais de grandes hidrelétricas na Amazônia, como Belo Monte


Haddad promete transição ecológica em programa
Candidato lembra que o PT conseguiu reduzir o desmatamento na Amazônia, mas faz de conta que não tem nada a ver com grandes empreendimentos que causam impactos para o Meio Ambiente na região



Bolsonaro defende o fim do Ministério do Meio Ambiente
Candidato propõe que pasta vire uma secretaria dentro de um novo Ministério de Agricultura e defende o fim das multas feito pelo Ibama e ICMBio
Eduardo Jorge: “Priorizar o pré-sal é um erro gigantesco”
Candidato a presidente do PV é duro com a indústria automobilística, chama Belo Monte de autoritária e aceita cobrar pelo uso da água.




"Boulos defende uso de UCs de proteção integral por comunidades tradicionais"
Programa dá ênfase a defesa de direitos de comunidades tradicionais, mas não leva em conta a necessidade de existirem reservas exclusivas para proteger biodiversidade e realização de estudos científicos


João Goulart Filho promete reformular o Código Florestal
Candidato do PPL propõe rever lei, de forma que aumente a proteção do meio ambiente e garanta a produção agropecuária e fortalecer matriz energética limpa




Eymael não apresentou proposta para a área ambiental (de novo)
Com uma menção sobre proteger o meio ambiente bem genérica no programa de governo, candidato do PSDC faz cópia e cola do programa apresentado em 2014


Leia matéria completa: https://www.oeco.org.br/reportagens/




Nesta terça-feira, 16 outubro 2018,  >>>>apoie-o-eco/<<<<

Discurso ambiental num país bipolar: o que a ararinha-azul tem a ver com estas eleições?

Por Guilherme José Purvin de Figueiredo

 Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil .

Como tem sido dito e repetido à náusea em todos os meios de comunicação, o país está dividido entre antipetistas e antibolsonaristas. A lógica e a racionalidade não prevalecem nessa dicotomia por um motivo muito simples: nem toda pessoa preocupada com a proteção da biodiversidade e com a política de mudanças climáticas é A ou é B. Tentarei ser mais claro.

O Direito Ambiental tem natureza tutelar, isto é, existe para defender a vida e a saúde dos seres humanos, da fauna e da flora, assim como a higidez dos elementos que dão suporte à vida (água, terra e ar). Numa perspectiva mais ampliada, também defende o conhecimento tradicional, as culturas indígenas, o ambiente artificial que não agrida ciclos ecológicos e respeite a vocação natural da terra.

O antipetismo é compatível com um discurso crítico acerca dos famigerados “PACs”, que geraram danos ambientais irreversíveis para o país. Tenha-se à memória, dentre muitos outros, a revogação da primeira Lei de Biossegurança e do Código Florestal de 1965, conduzida politicamente por Aldo Rebelo, então no PC do B, que integrou os governos petistas. Ou, ainda, o licenciamento ambiental estilo trator da Usina de Belo Monte; ou a reação pífia do Governo Federal diante do acidente da Samarco.

O antibolsonarismo, por outro lado, é compatível com um discurso em defesa de certas garantias legais e administrativas ainda existentes no país, como um Ministério do Meio Ambiente autônomo, um IBAMA que dispõe de mecanismos legais aptos a ensejar a punição de quem promove o desflorestamento ou um sistema jurídico de proteção da fauna silvestre e que proíbe a caça desportiva.

Assim, a questão ambiental propriamente dita fica mal situada quando ocorre a polarização dos discursos eleitorais entre os candidatos assim chamados de direita ou de esquerda: quem se recusa a votar em Haddad dispõe de um arsenal de argumentos acera de políticas antiecológicas em governos petistas; quem se recusa a votar em Bolsonaro igualmente dispõe de razões de sobejo para mostrar uma profunda preocupação com o futuro da Floresta Amazônica, da Mata Atlântica e dos povos indígenas no Brasil, diante de tudo o que já se ouviu a esse respeito partindo da boca do próprio candidato da extrema-direita.

Estamos aqui falando de matemática. Para maior clareza acerca do que dizem sobre o meio ambiente os discursos anti-B e os discursos anti-H, precisaremos retomar conceitos da Teoria dos Conjuntos. Não é, porém, uma coluna jornalística sobre Direito Ambiental, o espaço mais adequado para desenvolver a fundo esta demonstração matemática. Fiquemos então apenas com o essencial:

Se DA = Direito Ambiental, H = Política Ambiental proposta por Haddad e B = Política Ambiental proposta por Bolsonaro; e se MAx = normas jurídicas ambientais consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, teríamos o seguinte:

DA = { sim-MAx1, sim-MAx2 }

H = { sim-MAx1, não-MAx2 }

B = { não-MAx1, não-MAx2 }

Disto, extraímos as seguintes conclusões:

(1) H ≠ B; H ≠ DA; B ≠ DA - Ou seja, as propostas políticas de Haddad são diferentes das de Bolsonaro e as dos dois candidatos não contemplam todas as expectativas do Direito Ambiental.

(2) H U B = F - Não é logicamente compatível a união entre as propostas políticas de Haddad e de Bolsonaro na área ambiental, pois de acordo com o princípio aristotélico da não-contradição, sim-MAx1 não pode ser não-MAx1.

(3) H ∩ B = { não-MAx2 } - Existe uma interseção entre as propostas políticas de natureza antiecológica dos candidatos, elementos que contradizem aqueles que formam o Direito Ambiental.

Estamos, contudo, a poucos dias da consumação dos fatos políticos e é preciso também conjugar à lógica matemática um pouco de lógica jurídica. A composição do Senado e da Câmara já está inteiramente definida e sabemos muito bem o que acontecerá com o Direito Ambiental brasileiro ao longo dos próximos quatro anos. O povo brasileiro já escolheu os legisladores que moldarão nossa legislação sobre biodiversidade, política indígena e mudanças climáticas para os próximos quatro anos. Nesse contexto, a polarização H x B passa agora muito longe da pauta ambiental e diz respeito a ideologias de costumes e comportamento social: políticas pró ou contra a comunidade LGBTI+, desarmamento ou não da população e Estatuto da Criança e do Adolescente são discursos políticos muito mais inflamados do que destinação do fundo de interesses difusos para recomposição de dano ambiental ou rotulagem de produtos contendo transgênicos.

Falar de teoria dos conjuntos e lógica aristotélica é quase uma forma de nos defendermos dos ataques inevitáveis de todos aqueles que visitam sites sobre Ecologia, não com a finalidade de buscar subsídios para promover a proteção da ararinha azul, mas para agredir quem não declara com todas as letras sua opção por B ou por H. De nossa parte, trata-se apenas de verificar, dentre as opções apresentadas no cardápio eleitoral, qual é aquela que oferece menos risco à vida no planeta Terra. E, se esta forma de escolha vier a ser considerada uma declaração de voto em prol de um dos candidatos, tanto mais forte a convicção de que realmente não há Plano B para quem defende a vida com qualidade para as futuras gerações.