Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

5 de jul. de 2019

O cansaço de uma criança explorada.


"Não ao TRABALHO INFANTIL"


No dia em que a comissão especial da reforma da Previdência aprovou o texto-base da proposta, apontada como crucial pela equipe
 econômica do governo,
 o presidente Jair Bolsonaro ignorou o assunto em sua transmissão semanal ao vivo em uma rede social e, entre outros assuntos que tratou, disse que 

o trabalho não prejudica as crianças.


A omissão de Bolsonaro em relação à reforma da Previdência, cujos destaques ao texto principal ainda estavam sendo analisados na comissão, ocorre um dia depois de o presidente entrar em campo sem sucesso em busca de um acordo para amenizar as regras de aposentadoria para policiais no texto da reforma.


Uma obra de arte para o 
momento de Sérgio Moro

por Raisa Pina



Quem dita os discursos, as regras do jogo, tem a intenção de restringir o acesso popular para manter poderes simbólicos e hierarquias sociais



“Não acredito que vocês imbecis realmente compram isso” é o título de uma obra de Banksy, o artista inglês famoso por seus graffiti e intervenções urbanas, feitas em diversas partes do mundo, da Disney à Palestina. O nome da peça está estampado dentro dela mesma. A composição mostra uma cena de leilão de obras de arte, em que homens engravatados e poucas mulheres dão seus lances por um quadro emoldurado em que se vê apenas a frase piadista. No centro da imagem, o valor alcançado até o momento pela venda disputada: $ 750.450 (provavelmente dólares).

No mundo mercadológico das artes, algumas obras alcançam cifras difíceis de serem entendidas – ainda mais em um país desigual como o Brasil, onde famílias inteiras sobrevivem com menos de R$ 1 mil mensais. Entretanto, os casos que ganham notícias nos jornais são exceções à regra geral, em que normalmente artistas pouco vendem e vivem subvalorizados. A arte do dia a dia não é cara e é tão valiosa quanto os grandes nomes pertencentes aos maiores acervos museológicos do mundo, mas ela é menosprezada para que exceções milionárias possam existir. Geralmente quem dita os discursos, as regras do jogo, tem a intenção de restringir o acesso popular para manter poderes simbólicos e hierarquias sociais.

A verdade é que nenhum quadro vale milhões. Pode acreditar. Mas se todos soubessem disso, como ficariam as casas de leilão e as grandes transações, que não raramente favorecem lavagens de dinheiro e corrupções? Tive a sorte de ter um professor que me abriu os olhos para isso um dia: “Mona Lisa nenhuma vale milhões, é apenas uma tela”, ele me disse; justo ele, que é um dos maiores especialistas em museus e instituições de arte do Brasil. Com todo seu conhecimento acumulado e anos de experiência, ele sabe exatamente que os cifrões atribuídos a qualquer obra tem fetiche demais e realidade de menos. Mona Lisa é preciosa porque diz muito sobre seu período e reúne elementos especiais que colaboram com a construção da história da arte que conhecemos, mas isso não deveria vir expresso em cifrões, até porque, ela não está à venda.

Ultimamente temos visto críticas às artes que se baseiam nos argumentos errados. Existe uma lista gigantesca de motivos que de fato merecem questionamentos e contestações, mas o que vemos cada vez mais no Brasil é um desvio do que realmente importa. Os discursos nervosos não são sobre os problemas da deturpação e apropriação capitalista sobre a produção artística, mas sobre expressões contemporâneas que subvertem padrões estéticos tradicionais. Ou seja, para o senso comum, o problema não são as vendas abusivas e quem lucra com isso (quase nunca o artista), mas o produtor da obra, associado a vagabundagens e perversões.

Quem aponta primeiro o dedo e reclama dos pecados de uma obra é, geralmente, a família dos bons costumes, ainda entusiasta da beleza e da obediência; aquelas pessoas que vão ver imoralidade onde não existe; as mesmas que provavelmente achariam um disparate o trabalho de Banksy, por mais que ele estampe exatamente com o mesmo argumento levantado nas bandeiras dos tradicionalistas.

A obra de Banksy é irônica por demais. Faz chacota com o próprio mercado da arte, que se apropria do que bem entende para o transformar em capital em excesso; julga ridículos aqueles que entram na onda dos modismos, sem de fato entender certas expressões artísticas; e usa, para isso, o argumento central dos reacionários estéticos. Agora, o que mais me agrada na obra do inglês é a possibilidade de expansão de seu significado para o campo político-governamental

Se a crítica é principalmente sobre modismos e a imbecilidade humana, a peça de Banksy pode resumir bem a sensação das últimas semanas no Brasil, mesmo tendo sido feita do outro lado do Atlântico. Desde que se instalou a Operação Lava Jato, a maioria da população acreditou na propaganda fictícia de um super-herói irreal, fetichizado. Acreditou tanto que comprou a farsa e pagou caro. A revelação das mensagens trocadas entre Sérgio Moro e Dallagnol revelam a verdade e os interesses por trás de uma história mal contada. Se eu pudesse escolher a obra de arte do momento, estamparia Banksy nos ministérios da Esplanada, no lugar dos outdoors cafonas sobre benefícios mentirosos da reforma da Previdência. Obviamente que os envolvidos vão dizer que não há nada demais nas conversas divulgadas pelo Intercept, que a prática é normal. O triste é que tem gente que ainda acredita nas desculpas. O problema do Brasil é a arte e a educação marxista. “Não acredito que vocês imbecis realmente compram isso.”




Raisa Pina é jornalista e pesquisadora em arte, 
cultura e política, doutoranda em História da Arte 
pela Universidade de Brasília

Jornal do Brasil





2 de jul. de 2019

"Irmãos!

Os ansiosos se viram contra meu nome.
Não enviei mensageiros de minha volta.


C
R
E
E
M
!"

Assim Jesus falou em meu sonho.
Serenamente, disse para todos que ali estavam:


 "Creem!"


O que faz o Exercito Brasileiro neste meio?

Bolsonaro ao sinalizar veto a bagagem grátis: 'Eles (o PT) gostam de pobre'

O presidente Jair Bolsonaro polemizou ao dizer que deve vetar a emenda que reintroduz o direito de despachar gratuitamente bagagem de até 23kg em voos domésticos e internacionais, previsto na Medida Provisória (MP) 863/2018. Ao ressaltar que o destaque posto no texto no Congresso foi proposto pelo PT, Bolsonaro declarou que não vetaria apenas por ser uma proposta petista, mas associou a gratuidade ao partido. "Eles gostam de pobre. (Para eles) quanto mais pobre melhor", afirmou, durante a transmissão semanal ao vivo, em sua página no Facebook, na quinta-feira (30/5)





'Foi agora? Bolsonaro nem sabe', diz Heleno sobre prisão de assessor de ministro


A Polícia Federal (PF) prendeu nesta quinta-feira (27/6), em Brasília, Mateus Von Rondon, assessor especial do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, no âmbito da Operação Sufrágio Ostentação, que investiga supostas candidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais na eleição de 2018. Também foi preso, em Minas, o ex-coordenador da campanha eleitoral do ministro Roberto Silva Soares. A operação foi deflagrada pela PF de Minas Gerais.


O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, disse não ter conhecimento da prisão de Mateus Von Rondon, assessor especial do ministro do Turismo. Segundo ele, o presidente, Jair Bolsonaro, também não deve ter recebido informação sobre o assunto até o momento.

"Nem sabia. Foi agora? Bolsonaro nem sabe, garanto que ele não sabe", disse Heleno,



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(Revestimento e argamassa 
? Não faço a menor ideia.       para aplicação no tabaco)
-melhor é não ler blogs-

1 de jul. de 2019

Aquífero Guarani - Considerado o maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta, óbvio, não vai durar muito.


por Prof. Miguel Jeronymo Filho

Como foi estabelecida a divisão dos estados brasileiros


1534 - Capitanias hereditárias Em 1504, os portugueses começaram a dividir as terras que estavam sob seu controle em 14 capitanias hereditárias. Nomes como Espírito Santo, Pernambuco, Maranhão e Ceará já eram usados na época. 

1789 - Tratado de Madri Em 1750, com o Tratado de Madri, começa a expansão territorial para o interior. São criados Grão-Pará e São Paulo, que posteriormente é dividido e dá origem aos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. 

1889 - Independência e República Até a Independência, em 1822, havia o contorno de 17 estados, mais a Cisplatina (atual Uruguai). Com a República, em 1889, o mapa fica ainda mais parecido com a configuração atual. 

1943 - Primeira metade do século 20 Em 1904, o Acre é comprado da Bolívia. Em 1942, o governo cria os territórios de Roraima (acima, ainda com nome de Rio Branco), Amapá e Fernando de Noronha. Em 1946, é criado o estado de Rondônia (acima, Guaporé). 

1990 - Transformações recentes Em 1960, Goiás é desmembrado para abrigar a capital, Brasília. Em 1979, um novo desenho dá origem a Mato Grosso do Sul. A Constituição de 1988 define as divisões atuais, indicando a criação de Tocantins para 1989.

As primeiras subdivisões do Brasil ocorreram no século 16, com a criação das capitanias hereditárias. Desde então, decisões políticas orientaram o formato do território nacional até chegarmos aos atuais 26 estados e o Distrito Federal. Hoje, qualquer alteração nesse sentido deve passar pela aprovação popular - em 2011, os eleitores do Pará votaram contra a divisão do estado em mais dois, Tapajós e Carajás - e posteriormente pelo Congresso.

Como funciona o processo de criação de novos estados?

        A divisão do Brasil começou em 1534, quando ainda era uma colônia. Nessa época, foi dividido em 15 faixas, chamadas de capitanias hereditárias. Já em 1709, foi segmentado em sete províncias: Grão-Pará, São Paulo, Maranhão, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Pedro. De lá para cá, aumentou sua extensão e foi redividido por várias vezes. O mapa atual do país é resultado da Constituição de 1988, que manteve a definição de territórios federais, mas acabou com aqueles que existiam. Diferentemente dos estados, os territórios não têm autonomia, pertencem à União, e por isso seus governadores são nomeados pelo presidente, sem eleição. Com a nova legislação, Roraima e Amapá foram transformados em estados, Fernando de Noronha foi incorporado a Pernambuco e Goiás foi desmembrado, dando origem a Tocantins.
       Todas essas mudanças no mapa estão previstas na Constituição, que diz o seguinte: "os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, por meio de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar". Ou seja, para que um novo estado seja criado, é necessário que seja apresentada uma proposta ao Congresso, que pode aprovar a realização de uma consulta popular. Se a população votar pelo sim, o documento volta para o órgão legislativo, onde precisa receber a maioria absoluta dos votos (metade mais um da Casa) para ser aprovado. Depois, o projeto ainda dever passar pelo presidente da República, que poderá sancioná-lo para então entrar em prática. 

Atualmente, 22 projetos para a criação de novos estados ou territórios federais tramitam na Câmara dos Deputados. Mas, como alguns deles tratam do mesmo assunto (três deles dizem respeito ao território do Rio Negro), no total, há propostas para dez novos estados (Araguaia, Triângulo, Carajás, Rio Doce, Guanabara, Mato Grosso do Norte, Rio São Francisco, Maranhão do Sul, Tapajós e Gurgueia) e cinco territórios (Pantanal, Oiapoque, Rio Negro, Solimões e Juruá). As justificativas para mudar a divisão territorial brasileira são as mais variadas. No caso do Tapajós, por exemplo, o Pará seria dividido ao meio, já que seu tamanho dificulta a administração. Enquanto isso, os territórios de Solimões, Juruá e Rio Negro serviriam para garantir mais fiscalização e controle sobre a Amazônia. Alguns desses projetos foram apresentados ainda na década de 1990 e até hoje não conseguiram ser aprovados. Mas, se saírem do papel, podem mudar o mapa do Brasil mais uma vez.

Consultoria: Câmara dos Deputados

Arnaldo Antunes


Os buracos do espelho

o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí

pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some

a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve

já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira


uma orelha alerta, outra ligada

o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora

Confidência dos arigós


Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!

(Carlos Drummond de Andrade – Confidência do Itabirano)

Migração – palavra tão desgastada. Incerta em quase tudo que anuncia: peleja – sobretudo. Nome, sem batizado, de quem se põe em passagem. Procissão das gentes que vão em travessias, de paragens em paragens, à procura de um canto no mundo. Canto outro que não é mais o de origem, que não é mais a terra natal – terra falha que, mesmo armada em escombros, é lugar de aconchego, onde nos damos por gente na vida, arrodeado de pai, mãe, irmãos, avós e outros parentes tantos. Da terra para onde vão, estes que chamamos migrantes, não se sabe que arroio será. Nem se dará fruto a vida nestes campos outros. Todavia, intenta-se seguir sempre, numa tessitura de itinerários, os mais distantes, que percorrem o país de ponto a ponta.

Eu mesmo nasci filho de migrantes. Gente que foi para o norte irredento sem saber que desvelos se dariam numa parte ainda não entranhada da Amazônia brasileira. Nasci nas beiradas da Rodovia Transamazônica, estrada inventada pela Ditadura Militar como a promessa de um país próspero. De próspero não havia nada naquelas bandas, porque não se pode chamar de prosperidade a destruição da floresta, a expulsão dos povos indígenas de suas terras e o modo abrupto como foram enganadas incontáveis famílias de colonos que para lá foram em busca de tempos melhores. No entanto, ali, no improviso do abandono, isolados do restante do país, migrantes do nordeste e do sul do Brasil, fincaram os seus sonhos. Muitos, como eu, são filhos desta travessia, gente morena nascida do barro do começo do mundo. Mas algo ali se deu como fato: todos eram migrantes. Gente que veio de fora – como diziam alguns. Forasteiros, assim nos chamavam os que queriam nos diminuir. Desterrados – como se não fôssemos de terra alguma.

Já crescido, na ânsia de embrenhar-me no mundo, tomei-me por migrante, irmão de outros tantos que partem para qualquer paragem que se assemelhe à terra prometida. Subi até Santarém, oeste do Pará, num barco. De Santarém à Belém, capital do estado, foram três dias num navio. Mais dois dias num ônibus de Belém a São Paulo, numa viagem que atravessou os estados do Maranhão, Tocantins, Goiás e Minas Gerais. Isto tudo para chegar na Rodoviária do Tietê, o templo mas infecundo da maior cidade da América do Sul, e contemplar um dia frio e chuvoso, de céu cinza. Na cabeça, entre a curiosidade e a decepção, só restava uma pergunta: que diabos fazer aqui?

Porém, foi exatamente aqui, que dei por certo ter vindo de uma terra inexistente, algum lugar que está no imaginário da maioria das pessoas como campo minado, distante de tudo. Que acima de Minas tudo é nordeste. Que a partir daquele instante, quando pisei aqui, não me era mais cabido ser amazônida. Descobri que somos todos nordestinos quando chegamos aqui, mesmo sem sequer conhecermos o sertão e a caatinga. E mais ainda: somos todos baianos, abaianados, mocorongos, arigós e paraíbas quando chegamos aqui. Isto num sentido pejorativo, desdenhoso, infantilizado e humilhante. Representamos a força do atraso, um país rústico, simples, pobre e desprovido da cultura das grandes metrópoles. Mal sabem eles que nada está mais próximo das origens que o arcaico. Descobri que a partir daquele instante, quando pisei aqui, nunca mais poderia abrir a boca sem que me dissessem: Você-não-é-de-São-Paulo. Descobri que a partir daquele instante, quando pisei aqui, sempre me perseguiria o mantra: Por que você veio de tão longe? Por que não ficou lá a comer jambu, beiju, pirarucu? Descobri que aqui nós, “os baianos”, somos a maioria de pretos, moradores de comunidade periféricas. Formamos o grande exército dos serviços gerais, dos ônibus e trens lotados, dos hospitais, igrejas e escolas públicas. E talvez – infelizmente – estejamos também na lista duma maioria que habita as cadeias. Isto tudo a contragosto dos programas televisivos que nos põem a obrigação de uma vitória desenhada e assistida: aquele que venceu na vida. Eles debocham de nossas histórias e nos põem em seus quadros e nos dizem quase que diretamente: voltem para as suas terras.

Assim, na condição dos que incomodam, dos não vitimizados, degredados filhos de Eva, é que raio a raio nós, “os baianos”, compomos auroras e cingimos a cidade com aquilo que em nós é fé e peleja, que em nós é ofício e festa, que em nós se transfigura como canto de andorinha, como canto de arigó. Esta ave de arribação que habita as lagoas do sertão nordestino.

Depois de dez anos em São Paulo, tudo que veio em mim está em mim mais que antes, às vezes como confissão de itabirano, de itaitubense. Mais que antes a consciência donde vim germina em mim e me move. Não como saudosismo ou nostalgia bucólica. Todavia, com a certeza de que não sou daqui. E é exatamente esta certeza que me faz atravessar o Viaduto do Chá com a convicção que fiz desta outra terra a minha morada e ela me interpela, me aponta caminhos no turbilhão de tudo que é e representa.

É desta completude da Amazônia distante (e presente) e da minha cidade, terra outra, com seu concreto a encher os olhos, que atento para o perigo da palavra e tento a composição do poema. Decerto, não seria o mesmo poeta se não tivesse migrado. Decerto, não teria a mesma coragem se não tivesse posto aqui os pés e o resto do corpo, se não enfrentasse a dizimação encantatória que só as terras outras podem oferecer. Com isso, não me vergonho do que sou, da minha fala, do meu rosto, do meu corpo, do meu ser, pois tudo em mim trás os descaminhos de onde vim, de onde estou e para onde vou – mesmo que não saiba. São as travessias que nos movem, nos envolvem e nos enamoram que nos fazem sentir saudades da vida que foi e estar por vir. A vida, esta doida da praça, desmiolada inquieta, é que nos põe a gostar do mundo. Não fosse o amor pela vida, espécie de paixão desmesurada, não poríamos os pés fora de casa, ficaríamos o tempo todo na cama. É a vida que nos atravessa resguardando que vivamos nesta ou noutras terras, como bons arigós que somos.

Rudinei Borges

Lulu Santos e Nelson Motta



Como uma onda

Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar

jogadas virtuais






Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un marcam encontro desmilitarizado, buscando um entendimento comum, (ou uma baita jogada eleitoral)

o presidente do Brasil, 


Jair Bolsonaro cospe no chão, ri para 
a galera (virtual), expulsa os médicos cubanos, por serem cubanos; médicos que tratavam o povo brasileiro lá nos "cantões" do país, hoje, brasileiros vivendo em situação de risco de vida constante.



O QUE HÁ DE ERRADO COM O CASAMENTO GAY – PAUL COPAN

Tradução (traduzido e adaptado por mim, Maximiliano Mendes) do capítulo 10 do livro When God Goes to Starbucks: A Guide to Everyday Apologetics, de Paul Copan (2008), disponibilizado aqui:

http://www.apologetics.com/index.php?option=com_content&view=article&id=260:whats-wrong-with-gay-marriage&catid=36:cultural-apologetics&Itemid=54


Parte do problema no debate sobre o casamento gay é que as emoções correm soltas dos dois lados. Cada um firma o pé e recusa a se mover em qualquer direção. Algumas vezes os gays são caluniados e mal compreendidos pelos tradicionalistas, mas o oposto também pode ser verdade. Como lidamos com essa questão de definir (ou mudar a definição de) casamento na esfera pública? Estariam os tradicionalistas discriminando os gays, que crêem que deveriam ter “direitos iguais sob a lei”?



Primeiro, os Cristãos deveriam buscar entender, mostrar boa vontade, corrigir impressões equivocadas e construir pontes sempre que possível quando interagirem com aqueles que discordam sobre esse assunto emocional. Ambos os lados deveriam estar comprometidos com a busca pela verdade e não fazer jogos políticos. O termo homofóbico é comumente mal empregado hoje em dia: “Se você não aceitar a homossexualidade como algo legítimo, você é um homofóbico”. Os Cristãos freqüentemente são homofóbicos: têm medo dos homossexuais. Mas não deveriam ter. É útil perguntar o que as pessoas querem dizer quando usam esse termo. Se eles querem dizer não aceitação do homossexualismo como forma legítima de vida ao invés de medo dos homossexuais, então estão sendo inconsistentes. Nesse caso, estão sendo homofóbico-fóbicos – não aceitam as visões dos tradicionalistas como legítimas. 

Ambos os lados deveriam estar comprometidos com a justiça e busca pela verdade. Elizabeth Moberly explica: 

Nenhum dos lados deveria fazer alegações infladas ou distorcer os dados. Ambos necessitam ser francos sobre suas deficiências. A busca pela verdade também implica numa preocupação essencial em não interpretar os outros de forma errônea e não segurar financiamentos para as pesquisas ou publicações das pessoas adeptas de outras visões. O desacordo genuíno e íntegro precisa ser respeitado e não dispensado como homofobia ou fanatismo. Esse não é um debate fácil. Mas se todos buscamos agir com integridade – se promovemos a busca pela verdade e mostramos respeito real por aqueles com os quais discordamos – então podemos realisticamente ter esperanças para o futuro1. 

Essa busca pela verdade significa que a comunidade gay não deveria utilizar estudos tendenciosos ou a estatística falha dos 10 % [nota do tradutor: afirmar que esse é o percentual de homossexuais na população] a fim de elaborar seu argumento. E também não deveriam ignorar estudos clínicos que revelam a transformação genuína de clientes com tendências homossexuais em pessoas com tendências heterossexuais. Da mesma forma, os Cristãos não deveriam estereotipar ou fazer generalizações sobre os homossexuais. Por exemplo, os Cristãos (ou tradicionalistas) não deveriam assumir que os gays não têm direito à visitação ou herança (mais sobre isso adiante). Nem deveriam assumir que todos os gays são pedófilos. Entretanto, é verdade que a pedofilia é “estatísticamente mais proximamente associada ao homossexualismo do que com o heterossexualismo”, como escreve o psiquiatra Jeffrey Santinover de Harvard2. À primeira vista isso pode não ser aparente, porque aproximadamente 35 % dos pedófilos são homossexuais. Entretanto, o que a mídia não relata é que os “pedófilos homossexuais vitimizam muito mais crianças do que os pedófilos heterossexuais”, ou seja, “aproximadamente 80 % das vítimas de pedófilos são meninos molestados por homens adultos”3. Embora devamos ficar de guarda contra a pedofilia, seja iniciada por heterossexuais ou homossexuais, o ponto aqui é que a maioria dos homens gays não são pedófilos. Qualquer que seja o lado que se adote sobre a disputa, deveria haver comprometimento em se entender os dados corretamente e não estereotipar. 

Em uma sociedade pluralista, ambos os lados deveriam estar comprometidos com a equidade no acesso quando se trata da educação sexual nas escolas públicas. Os desejos e valores dos pais deveriam ser respeitados nos programas de educação sexual dessas escolas (nessa área importante, eu e minha esposa tomamos a responsabilidade de nós mesmos ensinarmos nossas crianças, tendo poupado eles da educação sexual das escolas públicas). Em outras palavras, por que assumir que os estudantes das escolas públicas deveriam ouvir perspectivas pró-gay sobre o sexo nas aulas sobre saúde? Se a opção dos pais for que a educação sexual seja ensinada às suas crianças, então eles deveriam ter acesso igual a uma alternativa – um ambiente seguro – que apóia o sexo dentro do contexto do casamento heterossexual. E por que não se deveria permitir aos ex-gays freqüentarem uma aula que desse outra perspectiva importante sobre essa questão? A escola deveria permitir que seus clubes e organizações mantivessem um espectro de perspectivas e não somente uma, politicamente correta4. 

Como Cristãos, deveríamos falar a verdade – mas em amor. Não seria uma mudança refrescante ver os Cristãos convidando os homossexuais para um grupo de apoio seguro; protestar contra o espancamento de homossexuais, discursos de ódio e outras formas de perturbação contra os homossexuais; visitar pacientes com AIDS nos hospitais; ou defender os direitos civis básicos dos homossexuais de procurar empregos ou visitar seus parceiros em um hospital? Mesmo que discordemos sobre o casamento gay, podemos mostrar que nosso desacordo não provém do ódio ou do medo; nós discordamos em espírito de amor. Como Chad Thompson nos lembra: “quem amar primeiro ganha”5.



Em segundo, apesar de invocar a “justiça”, o debate sobre o casamento gay tende a ser enraizado no relativismo moral – “O que é certo para você pode não ser certo para mim”. Mas então, por que achar que os humanos têm qualquer direito, incluindo o direito ao casamento gay? Se as pessoas insistem que a legalização do casamento gay é “inerentemente justa”, pode se imaginar: baseado em quê? 

De onde vem o padrão de justiça, dignidade e direitos humanos? Como eu já havia argumentado em outro lugar, é difícil ver como tais padrões morais poderiam ser baseados em qualquer coisa que não um Criador bom, que fez os humanos à sua imagem. E se esse é o caso, então devemos nos voltar para o nosso design original na criação. Mesmo quando uma pessoa alega que pode fazer “tudo o que me faz feliz” sem interferência governamental, mas então qualifica essa opinião dizendo que “desde que não machuque ninguém” ou “mas isso deveria ser entre dois adultos em consentimento” ou “desde que você tolere outras visões”, nós vemos um padrão moral sendo inserido por baixo dos panos. Por que os relativistas ou os hedonistas (aqueles que buscam o prazer) incluem tais opiniões? De onde vem esse requerimento? 

Relativismo moral e direitos não se misturam. O relativismo enfraquece qualquer apelo aos direitos: se os direitos existem, o relativismo é falso; mas se os direitos existem, de onde eles vêm? Novamente, nós apontamos na direção de um Deus bom que fez os humanos à sua imagem – E assim, dita os parâmetros relativos à nossa sexualidade. 

Terceiro, se mudarmos nossa definição de casamento, por que restringi-lo a duas pessoas – ou mesmo aos humanos? Se o casamento é só um construto social, então por que se deveria preferir um arranjo matrimonial sobre outro e por que os gays deveriam receber tratamento preferencial sobre os outros? Hadley Arkes reconta um “arranjo matrimonial” incomum que ouviu dizer: “há não muito tempo, alguns amigos em Denver trouxeram a notícia de que um homem apareceu no escritório do distrito requerendo uma licença de casamento para ele e seu cavalo. E o secretário se encontrou na situação de alguém que aplica as leis, mas não se lembra mais das razões. Eu até me orgulho de lhe relatar que, quando me contaram a história, imaginei o motivo pelo qual o secretário finalmente se recusou a emitir a licença: o cavalo ainda não tinha 18 anos”6. 

Durante o verão de 2004 eu estava escutando um programa de rádio. Uma mulher ligou para o programa, de Naples (Flórida) para expressar suas preferências maritais – para com o seu cachorro! Por que o estado não reconhecia essa união como legal? Uma vez que deixemos de lado a visão de união em uma só carne entre homem e mulher do casamento em favor do casamento da forma como os indivíduos escolherem defini-lo, teremos uma caixa de surpresas de possibilidades. Por que não considerar os seguintes “arranjos matrimoniais” como tendo proteções legais iguais? 


o Casamento de grupo (por exemplo, cinco homens e três mulheres, ou vice-versa). Por que definir o casamento como envolvendo duas pessoas “comprometidas” uma com a outra? 

o Casamento incestuoso (ex: um pai com uma filha, uma mãe com um filho, irmão com irmã). 

o Casamento bestial (ex: humano com um cachorro, um gato ou um cavalo). Por que pensar que os humanos não podem se casar com animais não-humanos? Isso poderia ser considerado “especismo” – o favorecimento inapropriado de uma espécie sobre as outras. 

o Pedofilia (um homem mais velho casando e fazendo sexo com uma criança pré-adolescente). 

o Casamento polígamo ou poliândrico (um homem com múltiplas mulheres ou uma mulher com múltiplos maridos). 

o Casamento consigo mesmo. Uma pessoa pode se opor ao “numerismo” – a suposição prejudicial de que o casamento deve envolver pelo menos duas pessoas. 

o Casamento entre adultos sem que haja consentimento. Quem disse que o casamento tem de envolver dois adultos em consentimento? Por que não ter um harém de parceiros sexuais (“esposas”) que são impedidas de irem embora? 

o Casamento não sexual. Por que não chamar as fraternidades universitárias, as uniões de estudantes, ou irmãos compartilhando um apartamento de “casamento”? 

o Casamento com objetos. Talvez possamos reconhecer uma pessoa por ser casada com seu dinheiro, seu emprego e etc. 


Se o governo não reconhece qualquer uma dessas categorias como sendo de “casamentos”, isso é “injusto” e “discriminatório”? Se o casamento é apenas um arranjo construído socialmente resultante das escolhas e preferências humanas, é difícil ver como qualquer arranjo marital pode ser banido justamente7.




Quarto: o debate sobre o casamento gay não pode evitar questões sobre a identidade e o propósito humanos. A tentativa de redefinir casamento além de uma união em uma só carne entre marido e mulher frequentemente o reduz a um construto social relativístico – o casamento (como todos os outros padrões) pode ser moldado de acordo com as nossas preferências individuais. Promover a legalidade do casamento gay não é uma questão neutra. Ela tem ramificações de amplo espectro (adoção, leis de custódia de crianças, currículos das escolas públicas e privadas, leis de antidiscriminação baseadas no casamento) e o governo por si não pode permanecer neutro. Ele ou irá continuar com a definição assumida de casamento como sendo a união em uma só carne entre marido e mulher – ou irá desfazer isso, dando a seguinte mensagem: o casamento pode ser definido da forma que quisermos. Nesse caso, o casamento é baseado em nada mais que ligações emocionais e econômicas8. 

Seriam os humanos apenas individualistas tomadores de decisões que vivem para se realizar através de suas expressões sexuais preferidas? Seriam apenas organismos biológicos? Ou haveria algo como uma natureza humana fixa, e, assim, um propósito ou um objetivo para perseguirmos? Essas questões devem ser bem consideradas sobre um assunto tão monumental como o casamento. A união em uma só carne entre homem e mulher é mais que apenas um ato sexual, é uma expressão de uma união interpessoal profunda que traz com ela profundos compromissos e lealdades. Isso não é simplesmente uma questão de se escolher seus próprios arranjos maritais, alguns dos quais são melhores que os outros. Sobre uma questão como essa, o Estado tem historicamente reconhecido – e não inventado a idéia – de que a união entre marido e mulher em uma só carne reflete a realidade moral, a natureza humana e a sexualidade ligada a ela. 

Quinto, o Estado não pode ser neutro sobre a questão do casamento gay. Dizer que “o Estado deveria ser neutro sobre o casamento”, envolve um padrão moral. Muitas pessoas dizem que o governo não deveria tomar partido na questão do casamento. Ao invés de ser “tendencioso” em favor dos casais heterossexuais, o Estado deveria ser neutro e imparcial para com os casais, incluindo os casais de gays. 

Entretanto, os que pensam que o governo é moralmente obrigado a ser moralmente neutro sobre a definição de casamento estão enganados. Dizer que o Estado tem uma responsabilidade moral de ver a questão do casamento como não-moral, na verdade é uma posição moral. Como Robert George, da Universidade de Princeton, diz: “a neutralidade entre a neutralidade e a não-neutralidade é logicamente impossível”9. O Estado terá de adotar uma posição sobre a natureza do casamento e da família (ex: esses seriam apenas construtos sociais artificiais?) e a base do casamento (ex: seria ela apenas dois adultos em consentimento?). 

Então, se o casamento gay for legalizado, isso não seria apenas uma mudança neutra. Pode-se esperar que os desacordos dos tradicionalistas, baseados em seus princípios, julgando o casamento gay como uma má idéia irá levar a denúncias sobre seus “discursos de ódio” e intolerância. Na verdade, grupos Cristãos (como a Associação Cristã InterVarsity) em vários campi universitários (ex: Universidade de Tufts) têm perdido fundos da administração por não permitirem gays em posições de liderança (apesar de o veredito não ter passado). Essa perda de fundos foi baseada na alegação de que esses grupos Cristãos eram intolerantes. Sem dúvidas, se as tendências presentes continuarem, pressões similares poderiam muito bem se aplicar às igrejas “intolerantes” que não aceitam as atividades homossexuais como moralmente legítimas. 

Sexto, um arranjo parental de pai e mãe é o mais benéfico para as crianças e para a sociedade e as políticas públicas deveriam apoiar e assistir esse arranjo, a cada dia mais em risco, do que contribuir ainda mais para o seu fim. Considerações de Igreja à parte, a cultura vai para onde vão as famílias e os casamentos. Uma sociedade será tão saudável e forte quanto o são as famílias que a constituem. Se as famílias forem fragmentadas e disfuncionais, as sociedades também serão. 

Devemos tomar cuidado sobre como definir o ideal do casamento (ou da família) de acordo com as tendências culturais. Só porque um terço de todas as crianças nos EUA nasce fora do casamento, isso está longe do ótimo. Média não é ideal ou normal (ex: a temperatura média dos pacientes nas camas dos hospitais pode ser bem acima do normal). Dito isso, deveríamos dar crédito e suporte às mães solteiras abandonadas (ou às viúvas), que criam seus filhos sozinhas, ou aos avôs, que criam seus netos sem a ajuda dos pais (talvez) “caloteiros”. Todavia, é o arranjo tradicional de pai e mãe que ajuda a prover um equilíbrio importante, que os outros arranjos (incluindo o casamento gay) não contribuem. 

O sociólogo David Popenoe argumenta que os pais e mães fazem contribuições complementares para as vidas de seus filhos: “As crianças têm necessidades duplas que devem ser preenchidas [pela complementaridade dos estilos de criação dos pais e mães]: um para a independência e outro pelas relações, um para o desafio e o outro para o suporte”10. Uma criança não necessita apenas de “pais”, ela precisa de um pai e uma mãe e devem aprender a se relacionar com cada um de diferentes formas. Maggie Gallagher argumenta em The Case for Marriage (“Em Defesa do Casamento”) que as culturas e as comunidades morrem quando a idéia do casamento morre11. O casamento gay separa o casamento e a criação dos filhos, algo que o casamento tradicional não faz: quando você está pronto para se casar, está pronto para ter filhos. Na Escandinávia ou na Holanda, o que a coabitação (e a equalização legal do casamento com a coabitação) começou, foi legalizar, expandir e reforçar o casamento gay. Em 2000, o Los Angeles Times relatou que os Escandinavos têm “tudo, mas desistiram do casamento como arcabouço para a vida familiar, preferindo a coabitação mesmo depois de seus filhos terem nascido”12. Por exemplo, o número de crianças vivendo com pais casados caiu 16 % de 1989 a 2002 (78 para 62 %). Com o casamento gay legalizado, que reforça ainda mais a separação do casamento e das crianças, a queda continua: “[Os noruegueses] começaram a mudar, de tratar o primeiro filho como um teste para um possível casamento, para desistir completamente do matrimônio13. Uma tendência semelhante ocorreu na Holanda, como mostrado por Stanley Kurtz14. Além disso, é bem sabido que os homens gays tendem a serem mais promíscuos sexualmente e mais desligados emocionalmente do que as mulheres; essa consideração, por si só, não encoraja a estabilidade familiar. Como o casamento gay tende a diminuir a família ao invés de reforçá-la, devemos tomar cuidado ao nos apressarmos para legalizá-lo e desestabilizar ainda mais a instituição do casamento. 

Sétimo, deveríamos considerar como a pressão na direção do casamento gay envolve a pressão em direção à pedofilia e a diminuição das leis que envolvem idade de consentimento. Esse fato deveria nos tornar cautelosos sobre encorajar o casamento gay e a adoção gay. Deveria haver resistência contra organizações como a NAMBLA (North American Man/Boy Love Association), que defendem a pedofilia e a diminuição da idade legal de consentimento sexual. Embora a NAMBLA condene o abuso e a coerção sexuais, afirma: “Acreditamos que os sentimentos sexuais sejam uma força vital positiva. Apoiamos os direitos dos jovens como também dos adultos de escolherem os parceiros com os quais desejarem compartilhar e desfrutar de seus corpos”15. Em uma edição dupla do Journal of Homosexuality (devotado ao sexo de adultos e crianças) um autor se refere de maneira positiva aos “assistentes sociais que fazem milagres com jovens delinqüentes aparentemente incorrigíveis – não pregando para eles, mas sim, dormindo com eles”. Isso “fez muito mais bem do que os anos nos reformatórios”16. Para piorar a situação, a Associação Americana de Psicologia (em seu boletim) não vê mais a pedofilia como danosa17. Há até um periódico, holandês, Paedika: The Journal of Paedophilia, cuja edição premier começou com o reconhecimento editorial: “O ponto de partida do Paedika é necessariamente a nossa consciência de nós mesmos como pedófilos”18. 

O que é perturbador é o aumento da abertura dentro da comunidade gay a respeito da pedofilia e da busca pela redução das leis de idade de consentimento. Isso, combinado com a taxa muito mais alta de parceiros sexuais entre homens gays e a maior taxa de molestação de crianças e pedofilia pelos homossexuais, deveriam gerar sinais de alerta sobre a adoção gay. Sim, muitos gays e lésbicas podem e oferecem educação e cuidados às crianças, mas isso não deveria ser a base para moldar políticas públicas e revisar as nossas definições sobre a família e o casamento19. 

Oitavo, muitas preocupações levantadas pelos homossexuais podem ser discutidas sem ter de mudar a definição de casamento. Os homossexuais já têm muitas liberdades civis no ocidente. Eles são livres legalmente para se envolverem em sexo homossexual, coabitar, ter bons empregos, concorrer a cargos públicos e, sim, eles têm o direito ao casamento heterossexual! Uma das barreiras principais é se o casamento deveria ser redefinido para dar aos homossexuais direitos idênticos aos de um marido e uma mulher. Por exemplo, muitos homossexuais alegam que o casamento, como definido atualmente, implica que as pessoas homossexuais serão privadas do direito à herança, segurança social, direito de visita em um hospital (ex: visitar um parceiro gay que esteja morrendo de AIDS), ter poder de procuração, compartilhar a cobertura de seguros e coisas do tipo. Entretanto, esses tipos de benefícios para os homossexuais podem ser acomodados sem ter de mudar a definição de casamento. “Casamento gay não garante nenhuma liberdade nova e negar licenças de casamento aos homossexuais não restringe nenhuma liberdade. Nada impede alguém – de qualquer idade, raça, gênero, classe ou preferência sexual – de fazer compromissos amorosos para toda a vida, jurando fidelidade até que a morte o separe. Eles podem não ter certos direitos, mas as liberdades eles têm”20. Não é necessária uma redefinição radical de casamento; talvez apenas a modificação de alguma lei. 

Nono, os Cristãos deveriam se engajar politicamente e tentar resguardar certas condições de preservação da cultura para o bem comum. Mas mais importante, a Igreja deve ser a Igreja. Os crentes, na dependência do Espírito de Deus, deveriam viver em verdade e em amor, ao invés de depender de políticas governamentais para ajustar o tom moral de uma nação. É claro que os Cristãos deveriam votar, concorrer a cargos públicos, envolverem-se nos conselhos representativos dos alunos de escolas públicas e nos currículos educacionais, e trabalhar duro para prevenir que o casamento seja redefinido e a idade de consentimento seja diminuída. 

Entretanto, muito frequentemente, os Cristãos respondem ao declínio cultural com medo ou tentam tomar o controle de uma cultura através das leis. Eles gritam: “Tomemos a América de volta!” ou “Façam a América voltar a ser Cristã!”. Tais declarações são frequentemente motivadas pelo medo da perda do status majoritário e desejo por influência política e poder21. Seríamos sábios em escutar Tácito, o historiador (AD 33 – 120), que escreveu sobre Roma: “Quanto mais corrupta for a República, mais numerosas serão as leis”22. Muitos Cristãos têm depositado sua confiança em mudar as leis ao invés de, com a ajuda de Deus, mudar os corações dos confrades pecadores pelos quais Cristo morreu (1 João 2:2). A Igreja na América frequentemente depende de legislação para fazer o serviço que Deus chama o seu povo para fazer. A transformação que o Espírito opera em nós e naqueles a nossa volta vem quando amamos Deus e os nossos vizinhos – o ponto central do nosso compromisso Cristão.



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