Tradução (traduzido e adaptado por mim, Maximiliano Mendes) do capítulo 10 do livro When God Goes to Starbucks: A Guide to Everyday Apologetics, de Paul Copan (2008), disponibilizado aqui:
http://www.apologetics.com/index.php?option=com_content&view=article&id=260:whats-wrong-with-gay-marriage&catid=36:cultural-apologetics&Itemid=54
Parte do problema no debate sobre o casamento gay é que as emoções correm soltas dos dois lados. Cada um firma o pé e recusa a se mover em qualquer direção. Algumas vezes os gays são caluniados e mal compreendidos pelos tradicionalistas, mas o oposto também pode ser verdade. Como lidamos com essa questão de definir (ou mudar a definição de) casamento na esfera pública? Estariam os tradicionalistas discriminando os gays, que crêem que deveriam ter “direitos iguais sob a lei”?
Primeiro, os Cristãos deveriam buscar entender, mostrar boa vontade, corrigir impressões equivocadas e construir pontes sempre que possível quando interagirem com aqueles que discordam sobre esse assunto emocional. Ambos os lados deveriam estar comprometidos com a busca pela verdade e não fazer jogos políticos. O termo homofóbico é comumente mal empregado hoje em dia: “Se você não aceitar a homossexualidade como algo legítimo, você é um homofóbico”. Os Cristãos freqüentemente são homofóbicos: têm medo dos homossexuais. Mas não deveriam ter. É útil perguntar o que as pessoas querem dizer quando usam esse termo. Se eles querem dizer não aceitação do homossexualismo como forma legítima de vida ao invés de medo dos homossexuais, então estão sendo inconsistentes. Nesse caso, estão sendo homofóbico-fóbicos – não aceitam as visões dos tradicionalistas como legítimas.
Ambos os lados deveriam estar comprometidos com a justiça e busca pela verdade. Elizabeth Moberly explica:
Nenhum dos lados deveria fazer alegações infladas ou distorcer os dados. Ambos necessitam ser francos sobre suas deficiências. A busca pela verdade também implica numa preocupação essencial em não interpretar os outros de forma errônea e não segurar financiamentos para as pesquisas ou publicações das pessoas adeptas de outras visões. O desacordo genuíno e íntegro precisa ser respeitado e não dispensado como homofobia ou fanatismo. Esse não é um debate fácil. Mas se todos buscamos agir com integridade – se promovemos a busca pela verdade e mostramos respeito real por aqueles com os quais discordamos – então podemos realisticamente ter esperanças para o futuro1.
Essa busca pela verdade significa que a comunidade gay não deveria utilizar estudos tendenciosos ou a estatística falha dos 10 % [nota do tradutor: afirmar que esse é o percentual de homossexuais na população] a fim de elaborar seu argumento. E também não deveriam ignorar estudos clínicos que revelam a transformação genuína de clientes com tendências homossexuais em pessoas com tendências heterossexuais. Da mesma forma, os Cristãos não deveriam estereotipar ou fazer generalizações sobre os homossexuais. Por exemplo, os Cristãos (ou tradicionalistas) não deveriam assumir que os gays não têm direito à visitação ou herança (mais sobre isso adiante). Nem deveriam assumir que todos os gays são pedófilos. Entretanto, é verdade que a pedofilia é “estatísticamente mais proximamente associada ao homossexualismo do que com o heterossexualismo”, como escreve o psiquiatra Jeffrey Santinover de Harvard2. À primeira vista isso pode não ser aparente, porque aproximadamente 35 % dos pedófilos são homossexuais. Entretanto, o que a mídia não relata é que os “pedófilos homossexuais vitimizam muito mais crianças do que os pedófilos heterossexuais”, ou seja, “aproximadamente 80 % das vítimas de pedófilos são meninos molestados por homens adultos”3. Embora devamos ficar de guarda contra a pedofilia, seja iniciada por heterossexuais ou homossexuais, o ponto aqui é que a maioria dos homens gays não são pedófilos. Qualquer que seja o lado que se adote sobre a disputa, deveria haver comprometimento em se entender os dados corretamente e não estereotipar.
Em uma sociedade pluralista, ambos os lados deveriam estar comprometidos com a equidade no acesso quando se trata da educação sexual nas escolas públicas. Os desejos e valores dos pais deveriam ser respeitados nos programas de educação sexual dessas escolas (nessa área importante, eu e minha esposa tomamos a responsabilidade de nós mesmos ensinarmos nossas crianças, tendo poupado eles da educação sexual das escolas públicas). Em outras palavras, por que assumir que os estudantes das escolas públicas deveriam ouvir perspectivas pró-gay sobre o sexo nas aulas sobre saúde? Se a opção dos pais for que a educação sexual seja ensinada às suas crianças, então eles deveriam ter acesso igual a uma alternativa – um ambiente seguro – que apóia o sexo dentro do contexto do casamento heterossexual. E por que não se deveria permitir aos ex-gays freqüentarem uma aula que desse outra perspectiva importante sobre essa questão? A escola deveria permitir que seus clubes e organizações mantivessem um espectro de perspectivas e não somente uma, politicamente correta4.
Como Cristãos, deveríamos falar a verdade – mas em amor. Não seria uma mudança refrescante ver os Cristãos convidando os homossexuais para um grupo de apoio seguro; protestar contra o espancamento de homossexuais, discursos de ódio e outras formas de perturbação contra os homossexuais; visitar pacientes com AIDS nos hospitais; ou defender os direitos civis básicos dos homossexuais de procurar empregos ou visitar seus parceiros em um hospital? Mesmo que discordemos sobre o casamento gay, podemos mostrar que nosso desacordo não provém do ódio ou do medo; nós discordamos em espírito de amor. Como Chad Thompson nos lembra: “quem amar primeiro ganha”5.
Em segundo, apesar de invocar a “justiça”, o debate sobre o casamento gay tende a ser enraizado no relativismo moral – “O que é certo para você pode não ser certo para mim”. Mas então, por que achar que os humanos têm qualquer direito, incluindo o direito ao casamento gay? Se as pessoas insistem que a legalização do casamento gay é “inerentemente justa”, pode se imaginar: baseado em quê?
De onde vem o padrão de justiça, dignidade e direitos humanos? Como eu já havia argumentado em outro lugar, é difícil ver como tais padrões morais poderiam ser baseados em qualquer coisa que não um Criador bom, que fez os humanos à sua imagem. E se esse é o caso, então devemos nos voltar para o nosso design original na criação. Mesmo quando uma pessoa alega que pode fazer “tudo o que me faz feliz” sem interferência governamental, mas então qualifica essa opinião dizendo que “desde que não machuque ninguém” ou “mas isso deveria ser entre dois adultos em consentimento” ou “desde que você tolere outras visões”, nós vemos um padrão moral sendo inserido por baixo dos panos. Por que os relativistas ou os hedonistas (aqueles que buscam o prazer) incluem tais opiniões? De onde vem esse requerimento?
Relativismo moral e direitos não se misturam. O relativismo enfraquece qualquer apelo aos direitos: se os direitos existem, o relativismo é falso; mas se os direitos existem, de onde eles vêm? Novamente, nós apontamos na direção de um Deus bom que fez os humanos à sua imagem – E assim, dita os parâmetros relativos à nossa sexualidade.
Terceiro, se mudarmos nossa definição de casamento, por que restringi-lo a duas pessoas – ou mesmo aos humanos? Se o casamento é só um construto social, então por que se deveria preferir um arranjo matrimonial sobre outro e por que os gays deveriam receber tratamento preferencial sobre os outros? Hadley Arkes reconta um “arranjo matrimonial” incomum que ouviu dizer: “há não muito tempo, alguns amigos em Denver trouxeram a notícia de que um homem apareceu no escritório do distrito requerendo uma licença de casamento para ele e seu cavalo. E o secretário se encontrou na situação de alguém que aplica as leis, mas não se lembra mais das razões. Eu até me orgulho de lhe relatar que, quando me contaram a história, imaginei o motivo pelo qual o secretário finalmente se recusou a emitir a licença: o cavalo ainda não tinha 18 anos”6.
Durante o verão de 2004 eu estava escutando um programa de rádio. Uma mulher ligou para o programa, de Naples (Flórida) para expressar suas preferências maritais – para com o seu cachorro! Por que o estado não reconhecia essa união como legal? Uma vez que deixemos de lado a visão de união em uma só carne entre homem e mulher do casamento em favor do casamento da forma como os indivíduos escolherem defini-lo, teremos uma caixa de surpresas de possibilidades. Por que não considerar os seguintes “arranjos matrimoniais” como tendo proteções legais iguais?
o Casamento de grupo (por exemplo, cinco homens e três mulheres, ou vice-versa). Por que definir o casamento como envolvendo duas pessoas “comprometidas” uma com a outra?
o Casamento incestuoso (ex: um pai com uma filha, uma mãe com um filho, irmão com irmã).
o Casamento bestial (ex: humano com um cachorro, um gato ou um cavalo). Por que pensar que os humanos não podem se casar com animais não-humanos? Isso poderia ser considerado “especismo” – o favorecimento inapropriado de uma espécie sobre as outras.
o Pedofilia (um homem mais velho casando e fazendo sexo com uma criança pré-adolescente).
o Casamento polígamo ou poliândrico (um homem com múltiplas mulheres ou uma mulher com múltiplos maridos).
o Casamento consigo mesmo. Uma pessoa pode se opor ao “numerismo” – a suposição prejudicial de que o casamento deve envolver pelo menos duas pessoas.
o Casamento entre adultos sem que haja consentimento. Quem disse que o casamento tem de envolver dois adultos em consentimento? Por que não ter um harém de parceiros sexuais (“esposas”) que são impedidas de irem embora?
o Casamento não sexual. Por que não chamar as fraternidades universitárias, as uniões de estudantes, ou irmãos compartilhando um apartamento de “casamento”?
o Casamento com objetos. Talvez possamos reconhecer uma pessoa por ser casada com seu dinheiro, seu emprego e etc.
Se o governo não reconhece qualquer uma dessas categorias como sendo de “casamentos”, isso é “injusto” e “discriminatório”? Se o casamento é apenas um arranjo construído socialmente resultante das escolhas e preferências humanas, é difícil ver como qualquer arranjo marital pode ser banido justamente7.
Quarto: o debate sobre o casamento gay não pode evitar questões sobre a identidade e o propósito humanos. A tentativa de redefinir casamento além de uma união em uma só carne entre marido e mulher frequentemente o reduz a um construto social relativístico – o casamento (como todos os outros padrões) pode ser moldado de acordo com as nossas preferências individuais. Promover a legalidade do casamento gay não é uma questão neutra. Ela tem ramificações de amplo espectro (adoção, leis de custódia de crianças, currículos das escolas públicas e privadas, leis de antidiscriminação baseadas no casamento) e o governo por si não pode permanecer neutro. Ele ou irá continuar com a definição assumida de casamento como sendo a união em uma só carne entre marido e mulher – ou irá desfazer isso, dando a seguinte mensagem: o casamento pode ser definido da forma que quisermos. Nesse caso, o casamento é baseado em nada mais que ligações emocionais e econômicas8.
Seriam os humanos apenas individualistas tomadores de decisões que vivem para se realizar através de suas expressões sexuais preferidas? Seriam apenas organismos biológicos? Ou haveria algo como uma natureza humana fixa, e, assim, um propósito ou um objetivo para perseguirmos? Essas questões devem ser bem consideradas sobre um assunto tão monumental como o casamento. A união em uma só carne entre homem e mulher é mais que apenas um ato sexual, é uma expressão de uma união interpessoal profunda que traz com ela profundos compromissos e lealdades. Isso não é simplesmente uma questão de se escolher seus próprios arranjos maritais, alguns dos quais são melhores que os outros. Sobre uma questão como essa, o Estado tem historicamente reconhecido – e não inventado a idéia – de que a união entre marido e mulher em uma só carne reflete a realidade moral, a natureza humana e a sexualidade ligada a ela.
Quinto, o Estado não pode ser neutro sobre a questão do casamento gay. Dizer que “o Estado deveria ser neutro sobre o casamento”, envolve um padrão moral. Muitas pessoas dizem que o governo não deveria tomar partido na questão do casamento. Ao invés de ser “tendencioso” em favor dos casais heterossexuais, o Estado deveria ser neutro e imparcial para com os casais, incluindo os casais de gays.
Entretanto, os que pensam que o governo é moralmente obrigado a ser moralmente neutro sobre a definição de casamento estão enganados. Dizer que o Estado tem uma responsabilidade moral de ver a questão do casamento como não-moral, na verdade é uma posição moral. Como Robert George, da Universidade de Princeton, diz: “a neutralidade entre a neutralidade e a não-neutralidade é logicamente impossível”9. O Estado terá de adotar uma posição sobre a natureza do casamento e da família (ex: esses seriam apenas construtos sociais artificiais?) e a base do casamento (ex: seria ela apenas dois adultos em consentimento?).
Então, se o casamento gay for legalizado, isso não seria apenas uma mudança neutra. Pode-se esperar que os desacordos dos tradicionalistas, baseados em seus princípios, julgando o casamento gay como uma má idéia irá levar a denúncias sobre seus “discursos de ódio” e intolerância. Na verdade, grupos Cristãos (como a Associação Cristã InterVarsity) em vários campi universitários (ex: Universidade de Tufts) têm perdido fundos da administração por não permitirem gays em posições de liderança (apesar de o veredito não ter passado). Essa perda de fundos foi baseada na alegação de que esses grupos Cristãos eram intolerantes. Sem dúvidas, se as tendências presentes continuarem, pressões similares poderiam muito bem se aplicar às igrejas “intolerantes” que não aceitam as atividades homossexuais como moralmente legítimas.
Sexto, um arranjo parental de pai e mãe é o mais benéfico para as crianças e para a sociedade e as políticas públicas deveriam apoiar e assistir esse arranjo, a cada dia mais em risco, do que contribuir ainda mais para o seu fim. Considerações de Igreja à parte, a cultura vai para onde vão as famílias e os casamentos. Uma sociedade será tão saudável e forte quanto o são as famílias que a constituem. Se as famílias forem fragmentadas e disfuncionais, as sociedades também serão.
Devemos tomar cuidado sobre como definir o ideal do casamento (ou da família) de acordo com as tendências culturais. Só porque um terço de todas as crianças nos EUA nasce fora do casamento, isso está longe do ótimo. Média não é ideal ou normal (ex: a temperatura média dos pacientes nas camas dos hospitais pode ser bem acima do normal). Dito isso, deveríamos dar crédito e suporte às mães solteiras abandonadas (ou às viúvas), que criam seus filhos sozinhas, ou aos avôs, que criam seus netos sem a ajuda dos pais (talvez) “caloteiros”. Todavia, é o arranjo tradicional de pai e mãe que ajuda a prover um equilíbrio importante, que os outros arranjos (incluindo o casamento gay) não contribuem.
O sociólogo David Popenoe argumenta que os pais e mães fazem contribuições complementares para as vidas de seus filhos: “As crianças têm necessidades duplas que devem ser preenchidas [pela complementaridade dos estilos de criação dos pais e mães]: um para a independência e outro pelas relações, um para o desafio e o outro para o suporte”10. Uma criança não necessita apenas de “pais”, ela precisa de um pai e uma mãe e devem aprender a se relacionar com cada um de diferentes formas. Maggie Gallagher argumenta em The Case for Marriage (“Em Defesa do Casamento”) que as culturas e as comunidades morrem quando a idéia do casamento morre11. O casamento gay separa o casamento e a criação dos filhos, algo que o casamento tradicional não faz: quando você está pronto para se casar, está pronto para ter filhos. Na Escandinávia ou na Holanda, o que a coabitação (e a equalização legal do casamento com a coabitação) começou, foi legalizar, expandir e reforçar o casamento gay. Em 2000, o Los Angeles Times relatou que os Escandinavos têm “tudo, mas desistiram do casamento como arcabouço para a vida familiar, preferindo a coabitação mesmo depois de seus filhos terem nascido”12. Por exemplo, o número de crianças vivendo com pais casados caiu 16 % de 1989 a 2002 (78 para 62 %). Com o casamento gay legalizado, que reforça ainda mais a separação do casamento e das crianças, a queda continua: “[Os noruegueses] começaram a mudar, de tratar o primeiro filho como um teste para um possível casamento, para desistir completamente do matrimônio13. Uma tendência semelhante ocorreu na Holanda, como mostrado por Stanley Kurtz14. Além disso, é bem sabido que os homens gays tendem a serem mais promíscuos sexualmente e mais desligados emocionalmente do que as mulheres; essa consideração, por si só, não encoraja a estabilidade familiar. Como o casamento gay tende a diminuir a família ao invés de reforçá-la, devemos tomar cuidado ao nos apressarmos para legalizá-lo e desestabilizar ainda mais a instituição do casamento.
Sétimo, deveríamos considerar como a pressão na direção do casamento gay envolve a pressão em direção à pedofilia e a diminuição das leis que envolvem idade de consentimento. Esse fato deveria nos tornar cautelosos sobre encorajar o casamento gay e a adoção gay. Deveria haver resistência contra organizações como a NAMBLA (North American Man/Boy Love Association), que defendem a pedofilia e a diminuição da idade legal de consentimento sexual. Embora a NAMBLA condene o abuso e a coerção sexuais, afirma: “Acreditamos que os sentimentos sexuais sejam uma força vital positiva. Apoiamos os direitos dos jovens como também dos adultos de escolherem os parceiros com os quais desejarem compartilhar e desfrutar de seus corpos”15. Em uma edição dupla do Journal of Homosexuality (devotado ao sexo de adultos e crianças) um autor se refere de maneira positiva aos “assistentes sociais que fazem milagres com jovens delinqüentes aparentemente incorrigíveis – não pregando para eles, mas sim, dormindo com eles”. Isso “fez muito mais bem do que os anos nos reformatórios”16. Para piorar a situação, a Associação Americana de Psicologia (em seu boletim) não vê mais a pedofilia como danosa17. Há até um periódico, holandês, Paedika: The Journal of Paedophilia, cuja edição premier começou com o reconhecimento editorial: “O ponto de partida do Paedika é necessariamente a nossa consciência de nós mesmos como pedófilos”18.
O que é perturbador é o aumento da abertura dentro da comunidade gay a respeito da pedofilia e da busca pela redução das leis de idade de consentimento. Isso, combinado com a taxa muito mais alta de parceiros sexuais entre homens gays e a maior taxa de molestação de crianças e pedofilia pelos homossexuais, deveriam gerar sinais de alerta sobre a adoção gay. Sim, muitos gays e lésbicas podem e oferecem educação e cuidados às crianças, mas isso não deveria ser a base para moldar políticas públicas e revisar as nossas definições sobre a família e o casamento19.
Oitavo, muitas preocupações levantadas pelos homossexuais podem ser discutidas sem ter de mudar a definição de casamento. Os homossexuais já têm muitas liberdades civis no ocidente. Eles são livres legalmente para se envolverem em sexo homossexual, coabitar, ter bons empregos, concorrer a cargos públicos e, sim, eles têm o direito ao casamento heterossexual! Uma das barreiras principais é se o casamento deveria ser redefinido para dar aos homossexuais direitos idênticos aos de um marido e uma mulher. Por exemplo, muitos homossexuais alegam que o casamento, como definido atualmente, implica que as pessoas homossexuais serão privadas do direito à herança, segurança social, direito de visita em um hospital (ex: visitar um parceiro gay que esteja morrendo de AIDS), ter poder de procuração, compartilhar a cobertura de seguros e coisas do tipo. Entretanto, esses tipos de benefícios para os homossexuais podem ser acomodados sem ter de mudar a definição de casamento. “Casamento gay não garante nenhuma liberdade nova e negar licenças de casamento aos homossexuais não restringe nenhuma liberdade. Nada impede alguém – de qualquer idade, raça, gênero, classe ou preferência sexual – de fazer compromissos amorosos para toda a vida, jurando fidelidade até que a morte o separe. Eles podem não ter certos direitos, mas as liberdades eles têm”20. Não é necessária uma redefinição radical de casamento; talvez apenas a modificação de alguma lei.
Nono, os Cristãos deveriam se engajar politicamente e tentar resguardar certas condições de preservação da cultura para o bem comum. Mas mais importante, a Igreja deve ser a Igreja. Os crentes, na dependência do Espírito de Deus, deveriam viver em verdade e em amor, ao invés de depender de políticas governamentais para ajustar o tom moral de uma nação. É claro que os Cristãos deveriam votar, concorrer a cargos públicos, envolverem-se nos conselhos representativos dos alunos de escolas públicas e nos currículos educacionais, e trabalhar duro para prevenir que o casamento seja redefinido e a idade de consentimento seja diminuída.
Entretanto, muito frequentemente, os Cristãos respondem ao declínio cultural com medo ou tentam tomar o controle de uma cultura através das leis. Eles gritam: “Tomemos a América de volta!” ou “Façam a América voltar a ser Cristã!”. Tais declarações são frequentemente motivadas pelo medo da perda do status majoritário e desejo por influência política e poder21. Seríamos sábios em escutar Tácito, o historiador (AD 33 – 120), que escreveu sobre Roma: “Quanto mais corrupta for a República, mais numerosas serão as leis”22. Muitos Cristãos têm depositado sua confiança em mudar as leis ao invés de, com a ajuda de Deus, mudar os corações dos confrades pecadores pelos quais Cristo morreu (1 João 2:2). A Igreja na América frequentemente depende de legislação para fazer o serviço que Deus chama o seu povo para fazer. A transformação que o Espírito opera em nós e naqueles a nossa volta vem quando amamos Deus e os nossos vizinhos – o ponto central do nosso compromisso Cristão.