Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

7 de fev. de 2020

https://www.revistabula.com/autor/matheus-conceicao/


O nazismo, no Brasil, já foi tolerado inclusive como partido. Até o desenrolar das monstruosidades 
Quando tudo é fascismo, o autoritarismo se normaliza e se vitimiza

Quando tudo é fascismo, o autoritarismo se normaliza e se vitimiza

ocorridas na segunda grande guerra, havia sucursais do nacional-socialismo, como centro de culturas alemãs da época, espalhadas por mais de uma dezena de estados. Aliás, como se sabe, políticos como Getúlio Vargas e Flores da Cunha nutriam admiração pelos ideais à época propagados na Alemanha. Nos dias de hoje, há, incompreensivelmente, resquícios desses saudosistas do nazismo, que sonham em registrar o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Brasileiros (PNSTB), cujos ideais se espelhariam nos do Führer.

revistabula


50 frases para lembrar os sete anos sem Millôr Fernandes

50 frases para lembrar os sete anos sem Millôr Fernandes


POR ADEMIR LUIZ
EM IDEIAS



Em 27 de março de 2012, quando Millôr Fernandes voltou para seu planeta, o que para gente comum é “morrer”, alguns veículos da imprensa se apressaram em desmentir um tópico importante de sua lenda: Millôr não inventou o frescobol. Mas o que diabos é frescobol? Genericamente pode ser resumido como um esporte olímpico que só é praticado nas praias do Rio de Janeiro, também conhecido como ping-pong de sunga e sem mesa (por isso sem ping nem pong). Trata-se de uma inverdade! Qualquer pessoa relativamente informada sabe que Millôr não apenas inventou o Frescobol como também inventou o avião, o relógio de pulso e o Paulo Francis. Mas como dizia o próprio mestre Millôr: “Antigamente a internet era risonha e franca”. Não mais. Porém, a incorruptível Revista Bula, munida de seu inabalável senso de justiça, por ocasião do sétimo aniversário de seu passamento, recupera cinquenta de suas mais geniais e geniosas frases. Nossa humilde homenagem à Millôr, que, sabiamente declarou: “Quando eu morrer, só acreditarei na sinceridade de uma homenagem: o agente funerário não cobrar o enterro”. Concordamos plenamente.



Eu também não sou um homem livre. Mas muito poucos estiveram tão perto.

O homem é um animal inviável.

O comunismo é uma espécie de alfaiate que quanto a roupa não fica boa faz alterações no cliente.

Isso sim é um congresso eficiente! Ele mesmo rouba, ele mesmo investiga e ele mesmo absolve.

O acaso é uma besteira de Deus.

O otimista não sabe o que o espera.

Às vezes você está discutindo com um imbecil… e ele também.

Eu sei sempre do que é que estou falando. Tirando isso não sei mais nada.

Toda lei é boa desde que seja usada legalmente.

Beber é mal. Mas é muito bom.

Nunca conheci ninguém podre de rico. Mas já vi milhares de pessoas podres de podre.

O Brasil está dividido entre os abertamente cínicos e os que não conseguem se conter.

Idade da razão é quando a gente faz as maiores besteiras sem ficar preocupado.

Nesse ritmo de incompetência as civilizações tropicais vão acabar morrendo de frio.

Canalhas melhoram com o passar do tempo (ficam mais canalhas).

O ovo frito de hoje anula o galeto de amanhã.

O Brasil está cada vez mais cheio de ‘pobremas’.

No Brasil o otimista dorme com medo de acordar pessimista.

Brasil; um filme pornô com trilha de Bossa Nova.

O Brasil é realmente muito amplo e luxuoso. O serviço é que é péssimo.

E no oitavo dia Deus fez o Milagre Brasileiro: um país todo de jogadores e técnicos de futebol.

A diferença fundamental entre Direita e Esquerda é que a Direita acredita cegamente em tudo que lhe ensinaram, e a Esquerda acredita cegamente em tudo que ensina.

Essa gente que fala o tempo todo contra a corrupção está apenas cuspindo no prato em que não comeu.

Mordomia é ter tudo que o dinheiro — do contribuinte — pode comprar.

Além de corrupto sou cleptomaníaco.

Eu não subi até aqui pra ser incorruptível.

Todas as generalizações estão erradas menos esta.

Não perdi a memória. Só não lembro onde botei.

Chama-se de herói o cara que não teve tempo de fugir.

As mulheres são mais irritáveis porque os homens são mais irritantes.

Os pássaros voam porque não têm ideologia.

A alma enruga antes da pele.

Um homem é adulto no dia em que começa a gastar mais do que ganha.

Pessoa Física é como se chama o homem comum quando é achacado pela Receita Federal.

Antigamente os animais falavam. Hoje escrevem.

O mal da cultura é que ela amplia gigantescamente a nossa ignorância.

Quando começou a comprar almas, o diabo inventou a sociedade de consumo.

Relógio — aparelho movido a infinito.

Ainda está pra nascer o erudito que se contenha em saber só o que sabe.

Não desespere, amigo, com isso tudo. A ciência prova: até piolho tem piolho.

A verdade é que, nesse mundo cheio de feministas agressivas e gays reivindicantes, eu sou um mero homem.

Não há pessoa mais chata do que você mesmo. Fuja da solidão.

Calúnia na internet a gente tem que espalhar logo, porque sempre é mentira.

De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência.

Anatomia é uma coisa que os homens também têm, mas que, nas mulheres, fica muito melhor.

Chama-se de criança precoce aquela que nasce antes dos pais casarem.

Pileque foi um matemático grego que descobriu que a terra gira.

Equidistância é você estar perto de todos os lugares ao mesmo tempo.

E, no fim, o decapitado se casa com a perneta. Realmente — uma história sem pé nem cabeça.

Daí pense o que quiser.


Saber
é fundamental.


Quem é o ex-missionário evangélico indicado para chefiar o órgão de proteção a índios isolados da Funai

João Fellet - @joaofelletBBC News Brasil em São Paulo

Para quem o presidente está falando?


Bolsonaro se diz contra projeto que pede exame de drogas para porte de arma


"Obrigar exame toxicológico ao comprar a arma ou ter porte... Meu Deus do céu! Tem que exigir para todo mundo. Um voto mal dado, às vezes, tem efeito muito maior do que uma bala disparada por irresponsável", defendeu Bolsonaro



247 - Em sua live semana no Facebook, Jair Bolsonaro disse que é contra o projeto de lei que prevê a exigência de exame toxicológico para obter autorização para posse e porte de arma de fogo. 

"Obrigar exame toxicológico ao comprar a arma ou ter porte... Meu Deus do céu! Tem que exigir para todo mundo. Um voto mal dado, às vezes, tem efeito muito maior do que uma bala disparada por irresponsável", defendeu Bolsonaro.

Em tom irônico, Bolsonaro disse que o exame deveria ser exigido para todos. "Para dentista, motorista de Uber, enfermeiro, ator pornô... Universitário? Aí é complicado (risos). Se for fazer, vai ter um percentual elevado de pessoal que não vai poder fazer faculdade", atacou.


O projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Bolsonaro disse que se o projeto for aprovado, ele vai vetar.

"Espero que esse projeto não passe no Senado. Se passar, que fique na Câmara. É um direito meu falar isso, com todo o respeito ao Congresso. Se passar, eu tenho direito de dar o veto. "Agora é hora de você procurar o seu deputado, o seu senador. Não joga em cima de mim, não" completou.



6 de fev. de 2020

100nada


Todas eu nós

By catarina campos

Vivo em fios, pendurada, às vezes pelos cabelos, na corda bamba, no fio de uma lâmina, às vezes tão enrolada, quase sufocada. Vivo em fios e alguns só me ligam e outros amarro-os eu, aos pés, com uma pedra grande na ponta que depois arrasto atrás. Vivo em fios e sinto que

são puxados, como agora na mão que escreve, não digas nada, não toques no fio que ainda estragas.

Vivo em fios, toda eu nós, amarrada.


HUBERTO ROHDEN - CONTEMPLA O TEU EGO COMO ATO NO PALCO!



3 de fev. de 2020

UM OP-ED DO FUTURO


Privatizar o exército dos Estados Unidos foi um erro

(...O Exército dos Estados Unidos está em greve. É difícil acreditar que os defensores contratados dos EUA simplesmente saíram do trabalho - especialmente em um momento como este. À medida que as negociações do contrato chegam ao terceiro mês infrutífero, o mundo parece estar se desintegrando...)

Lama? Vejo sombras

(Sabendo sobre técnicos e governos comprometidos com os desejos
e um povo que não possui conhecimento técnico para decidir...) 

 Mount Pleasant, Iowa, em 21 de janeiro. Crédito ...Jordan Gale para o New York Times

Leia:


Você pode votar. 
Mas você não pode escolher 
o que é verdadeiro.


As eleições são sobre encontrar compromisso entre pessoas com desejos muito diferentes.
Por Yuval Noah Harari



(...) "A temporada eleitoral de 2020 nos Estados Unidos, provavelmente estará entre as mais divisórias e controversas da história americana. Os resultados reverberam em todo o mundo e provavelmente moldarão a ordem global nos próximos anos. À medida que a temperatura política sobe ao ponto de ebulição, as pessoas de todos os lados devem refletir sobre o que realmente são as eleições democráticas."

"É claro que cientistas, jornalistas e juízes têm seus próprios problemas e nem sempre é possível confiar em descobrir e dizer a verdade. Instituições acadêmicas, a mídia e os tribunais podem ser comprometidos por corrupção, preconceito ou erro. Mas subordiná-los a um Ministério da Verdade governamental provavelmente piorará as coisas. O governo já é a instituição mais poderosa da sociedade e muitas vezes tem o maior interesse em distorcer ou ocultar verdades inconvenientes. Permitir que o governo supervisione a busca da verdade é como nomear a raposa para guardar o galinheiro."




2 de fev. de 2020

Que papelão sr, Weintraub!






Fora Weintraub!



MARGARIDA SALOMÃO
Professora da Universidade Federal de Juiz de Fora, com Doutorado e Pós-Doutorado pela Universidade da Califórnia, em Berkeley. Está deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais desde 2013.


On the margins of society


A crueldade como ferramenta jornalística


29 de jan. de 2020

Ministro da Justiça


Moro usa parecer de Temer e trava demarcação de 17 terras indígenas no país


BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) recorreu a um parecer aprovado pelo então presidente Michel Temer (MDB) para devolver à Funai 17 processos de demarcação de terras indígenas que estavam no órgão à espera de uma decisão do ministro. A pasta reconhece que devolveu cinco processos.



Bolsonaro e Putin querem criar nações fascistas, diz integrante do Pussy Riot



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - “Se eu li corretamente, ele [Bolsonaro] diz que é melhor alguém estar morto do que ser gay. Isso é bem similar ao pensamento de [Vladimir] Putin”, diz Maria “Masha” Alyokhina, uma das integrantes do coletivo russo Pussy Riot, conhecido pelo ativismo na luta pela liberdade de expressão e pelos direitos da mulher.

Lira Itabirana



Um poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), .




I

O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

II

Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!

III

A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.

IV

Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?



Publicado em 1984 no jornal Cometa Itabirano, o poema não chegou a ganhar versão subsequente em livro

Escrito em um período em que a dívida externa era um fantasma no horizonte de qualquer tentativa de crescimento no Brasil, Lira Itabirana, com versos curtos e diretos que buscam inspiração nas quadras da poesia popular, faz a comparação entre a atividade mineradora incessante e lucrativa e a dívida "eterna" do país, pouco aplacada mesmo com as toneladas de ferro exportado.

Apesar do aparente tom antecipatório, ele apenas reitera alguns elementos com que o poeta mineiro trabalhou ao longo de toda sua carreira: crítica social e política aliada à evocação nostálgica de uma Minas Gerais que já não existia. Lira Itabirana é apenas um dos exemplos de poemas nos quais Drummond refletia, entre melancólico e alarmado, com os efeitos da mineração em seu Estado natal. Qualquer deles, agora, poderia ser relembrado com o mesmo caráter assombroso.

Não é de estranhar que Drummond fale da Vale em Lira Itabirana. Ambos são conterrâneos. Itabira, a cidade a 104 quilômetros de Belo Horizonte em que Drummond nasceu, em 1902, foi a mesma em que surgiu a Companhia do Vale do Rio Doce, em 1942. Antes disso, nos séculos 18 e 19, a cidade já havia passado por ciclos de mineração de ouro, em pequenas empreitadas sustentadas principalmente por mão de obra escrava. O ouro na região, contudo, era menos abundante do que em outras cidades mineiras, e por isso Itabira não experimentou grande crescimento econômico. O próprio Drummond identificava-se, na saudosa crônica Vila da Utopia, como um "filho da mineração", como todo Itabirano:

"Parecia-me que um destino mineral, de uma geometria dura e inelutável, te prendia, Itabira, ao dorso fatigado da montanha, enquanto outras alegres cidades, banhando-se em rios claros ou no próprio mar infinito, diziam que a vida não é uma pena, mas um prazer. A vida não é um prazer, mas uma pena. Foi esta segunda lição, tão exata como a primeira, que eu aprendi contigo, Itabira, e em vão meus olhos perseguem a paisagem fluvial, a paisagem marítima: eu também sou filho da mineração, e tenho os olhos vacilantes quando saio da escura galeria para o dia claro."

Essa situação mudou depois que a cidade passou a ser o ponto inicial do chamado "quadrilátero ferrífero", a região de extração do ferro que inclui também Mariana, além de Sabará e Ouro Preto, entre outras. A expansão mineradora, contudo, não era feita sem um preço a pagar, algo que Drummond já havia apontado em um poema de 1973. No seu livro Menino Antigo, o poeta exporia sua inquietação com os efeitos da retirada de minério da região, em A Montanha Pulverizada, poema no qual narra o desaparecimento do Pico do Cauê. Outrora cartão postal e marco do município de Itabira, o Pico do Cauê terminou reduzido a nada pela atividade mineradora:

Chego à sacada e vejo a minha serra,
a serra de meu pai e meu avô,
de todos os Andrades que passaram
e passarão, a serra que não passa.

(...)

Esta manhã acordo e não a encontro,
britada em bilhões de lascas,
deslizando em correia transportadora
entupindo 150 vagões,
no trem-monstro de cinco locomotivas
- trem maior do mundo, tomem nota -
foge minha serra, vai
deixando no meu corpo a paisagem
mísero pó de ferro, e este não passa.

Anos depois, em 1984, Drummond faria outra versão desse mesmo poema e a publicaria no jornal Cometa Itabirano - o mesmo no qual saiu também Lira Itabirana.

Em O Maior Trem do Mundo - mais tarde compilado em Poesia Errante, Drummond repete o mote do trem que leva embora não apenas a riqueza mineral extraída da terra, mas a própria terra e seu coração. O poema foi escrito em uma época em que a economia de Itabira já começava a dar mostras de colapso, sem que a cidade tivesse se beneficiado da riqueza gerada pelo empreendimento. O poema de Drummond aborda, com melancolia, a possibilidade de esgotamento dos veios minerados na cidade e seu abandono previsível quando não houver mais o que tirar do coração da terra:

O maior trem do mundo
Leva minha terra
Para a Alemanha
Leva minha terra
Para o Canadá
Leva minha terra
Para o Japão


O maior trem do mundo
Puxado por cinco locomotivas a óleo diesel
Engatadas geminadas desembestadas
Leva meu tempo, minha infância, minha vida
Triturada em 163 vagões de minério e destruição
O maior trem do mundo
Transporta a coisa mínima do mundo
Meu coração itabirano

Lá vai o trem maior do mundo
Vai serpenteando, vai sumindo
E um dia, eu sei não voltará
Pois nem terra nem coração existem mais.


De acordo com a pesquisadora Letícia Malard, autora do livro No Vasto Mundo de Drummond (Editora UFMG, 2005), a "corrosão" é uma metáfora forte e recorrente na poesia de Drummond: "uma corrosão no sentido literal, socioeconômico - a serra sendo corroída pela retirada do minério - e uma corrosão metafórica - a alma corroída do itabirano, uma vez que procura a 'sua' serra, a qual lhe parecia eterna, e não mais a encontra."

Logo, a preocupação de Drummond com os efeitos da mineração em sua região nada tinha de profética. E se agora ela surpreende, é porque, infelizmente, ninguém estava prestando atenção.


*Zero Hora

https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/ultimas-noticias/