Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

9 de mar. de 2020

. GERAL



Professora da Universidade Federal do PR é alvo de racismo em mercado de Curitiba; ela fez BO e irá às últimas consequências; vídeo e fotos


As advogadas voluntárias Tânia Mandarino, Giuliana Alboneti e Liliana Cotinho de Assis acompanharam a professora Lucimar à Delegacia para fazer o Boletim de Ocorrência contra o Mercado Rei do Queijo, em Curitiba. Foto: Lara Sfair


Na noite dessa sexta-feira (06/03), a Câmara Municipal de Curitiba realizou sessão solene para celebrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado neste 8 de março.

As vereadoras homenagearam 31 mulheres que se destacaram em diferentes setores.

Entre as homenageadas estava a Professora Lucimar Rosa Dias, professora. Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação para as Relações Étnico-Raciais da Universidade Federal do Paraná (UFPR).


Mal sabia Lucimar que 14 horas após festejar o prêmio seria alvo do racismo e discriminação que ela tanto denuncia.

Seguranças do Mercado Rei do Queijo,em Curitiba, acusaram-na de roubo.

O Rei do Queijo é no anel central de Curitiba, próximo ao Mercado Municipal.

Na véspera do dia da mulher, homenageada decide levar as últimas
consequências a resposta ao que elas sentem na pele todos os dias




NA VÉSPERA DO DIA DA MULHER, HOMENAGEADA DECIDE LEVAR ÀS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS A RESPOSTA AO QUE ELAS SENTEM NA PELE TODOS OS DIAS

Professora foi vítima de um dos crimes mais comuns e menos notificados do País

Sábado de sol em Curitiba, a Professora Lucimar Rosa Dias pegou sua bolsa, sua ecobag e foi comprar ingredientes pro almoço festivo do filho que agora é universitário e queria comemorar com os amigos.

Feliz pela boa fase na vida privada, lembrava da linda noite anterior, na Câmara Municipal, a cerimônia em que recebeu homenagem pelo Dia da Mulher.

Entrou no mercado, escolheu os produtos, colocou na ecobag, foi pro caixa, despejou na esteira, pagou e colocou de volta na sacola ecológica. Só aceitou sacolinha plástica pros pães do lanche da tarde, que não cabiam na dela.

Voltando pra casa a pé, não havia andado duas quadras quando foi abordada de forma brusca por três homens, dois com o uniforme do mercado de onde saíra. O terceiro, a paisana, a acusou de ter roubado no mercado: um cliente havia avisado e eles “conferiram nas gravações em vídeo”. E exigiam que ela se submetesse a eles, que confessasse que roubou, que voltasse para acertar contas.

Ou eles chamariam a guarda municipal.

Lucimar ficou assustada, nervosa, surpresa, confusa, ficou sem saber se ia pra casa ou voltava ao mercado, se gritava ou corria, se chorava ou xingava. Disse que chamassem a guarda sim.

Mostrou a notinha do mercado, conferiu as compras e pagamentos.

O trio não se contentou, um deles arrancou a nota das mãos dela e enfiou as próprias mãos dentro da ecobag, sem licença ou respeito. Queria saber da caixa de barras de cereais (devidamente registrada e paga, como exibia a nota de compras). Queria saber o que ela roubou. Queria que ela se submetesse. Que se humilhasse. Afinal, se alguém disse que ela roubou e se eles viram nas câmeras...

A professora voltou ao Mercado Rei do Queijo. Voltou para mostrar que comprou e pagou tudo que comprou. Voltou para entender se a acusação era mais do mesmo. Constatou que era. Que sempre é. Não havia vídeo, não havia roubo, não havia nada além do que sempre há desde que ela nasceu: preconceito. Racismo. Discriminação.

A professora chamou racismo de racismo, e ouviu que “não denegrimos ninguém, os donos até são morenos”.

Indignada, ela explicou que “denegrir” é um termo racista. E que não existe “moreno”: ou é branco ou é preto ou é pardo.

Lucimar coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação para as Relações Étnico-Raciais (ErêYá) do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da UFPR, que integra o Programa de Pós-Graduação em Educação da linha de pesquisa Diversidade, Diferença e Desigualdade Social em Educação.

São teorias de uma prática cotidiana, que ela não suporta mais. Nenhuma mulher negra suporta mais. Lucimar foi acolhida por clientes do estabelecimento. Algumas mulheres perceberam o que estava havendo e a abraçaram.

Um rapaz filmou e entregou o vídeo a ela. O próprio gerente quando se deu conta do tamanho da violência cometida quis entrar na fila do abraço – que Lucimar educadamente recusou. Uma moça ofereceu carona e foi com o pai levá-la em casa.

A professora chamou suas colegas, que chamaram advogadas voluntárias. Depois de horas de conversa, a decisão foi tomar as medidas legais e denunciar a violência sofrida. Racismo é crime.

Registrado BO na delegacia de Polícia, Lucimar tem um desejo para este 8 de março: respeito pelas mulheres, sobretudo pelas mulheres negras. Que estes episódios se tornem públicos, sejam denunciados, tenham consequência. Até que deixem de existir.

Que ninguém seja julgado ou condenado por estereótipos perpetuados em uma sociedade hipócrita.

Chega de racismo!

Lara Sfair
Assessora voluntária de comunicação do CAAD – Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia
Em 8/3/2020

https://www.facebook.com/
"Bra
si
lei
ro vai
 até Trump

pre
si
den
te



Sem pires nas mãos
Mas com corrente no pescoço."

8 de mar. de 2020

Machina Sapiens, produzido em 2007




trabalhar dentro de uma máquina de refrigerantes não parece tão normal, não é?

7 de mar. de 2020

Quer compartilhar do meu imenso, grandioso, volumoso e gostoso... (Barão)



Bolsonaro disse que ser heterossexual é uma de suas qualidades

Política internacional | Foto: Ernesto Ryan

O presidente da ultra-direita também criticou o politicamente correto, o que, na sua opinião, o obriga a pensar antes de falar. 

Durante a transmissão ao vivo que ele costuma fazer na rede social Facebook nas noites de quinta-feira, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro disse que ser "heterossexual" é uma de suas qualidades, enquanto critica novamente o "politicamente correto". Segundo o governante da extrema direita, ter que pensar sempre antes de falar é um sinal claro de que no país existe um clima geral de tédio. 

De acordo com a revista apropriou Fórum , o presidente informou que recebeu vários elogios de um homem de negócios, mas entre eles não mencionou o seu estatuto como heterossexual, que para ele é uma qualidade. "Um empresário começou a falar sobre as qualidades do presidente", disse Bolsonaro, falando na terceira pessoa. Em seguida, acrescentou: “Ele disse que era honesto, trabalhador, mas ainda disse que era heterossexual. Aí eu disse: 'Eu sou heterossexual', que hoje é uma qualidade, não é? ” 

Bolsonaro fez esse comentário depois que o secretário de Pesca, Jorge Seif - que estava ao seu lado durante a transmissão ao vivo - falou sobre a viagem que o presidente fará à cidade de Mossoró, localizada no estado do Rio Grande do Norte . O presidente se mudará para essa cidade acompanhado por Seif e três outros membros de seu gabinete: Sérgio Moro, Ministro da Justiça e Segurança Pública; Rogério Marinho, responsável pelo portfólio de Desenvolvimento Regional; e a Ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina. 

O Secretário de Pesca, seguindo a argumentação do presidente, disse que a viagem será uma boa oportunidade para os seguidores de Bolsonaro de Mossoró “tirar fotos” e dar “beijos heterossexuais” ao presidente. Depois que Seif falou, Bolsonaro fez referência ao politicamente correto que ele acredita que prevalece na sociedade brasileira e reclamou de sempre ter que pensar no que ele vai dizer antes de se dirigir a uma pessoa. A esse respeito, o presidente disse aborrecido: “Agora temos que pensar em tudo o que será dito antes de falar. E se eu ofender um gordinho? Então eu sou um gofóbico. E se eu ofender o nu? Então eles vão me dizer peladofóbico. 




medo e intimidação "Vida de rico"


Foto: AFP - Arquivo
"O emir de Dubai , Mohamed bin Rashid Al Maktum , sequestrou duas de suas filhas entre 2000 e 2018 e lançou uma campanha de "medo e intimidação" contra sua sexta esposa, a princesa Haya Bint Al Husein, da Jordânia .

5 de mar. de 2020

VIII COLÓQUIO INTERNACIONAL Discursos e Práticas Alquímicas



A comunhão íntima do Homem com a Natureza, servindo-a e dela se servindo, tem a sua expressão máxima na afirmação do seu ser como réplica e miniatura do Grande Universo.

4 de mar. de 2020

Marielle: Ela foi assassinada, penso, para não ser mais.


Quando eu tinha 16 anos e participava de grupos de Pastoral da Juventude do Meio Popular, me comovia com a frase de Dom Oscar Romero: 


“se me matarem, ressuscitarei nas lutas de meu povo”. 



Eu era jovem e boba, desconhecia que isso não basta. Não devíamos ter ou ser mártires, devíamos ter e ser companheiros. Vivos.

Cinco minutos de alegria




2 de mar. de 2020

Uma antiga lição




Vida de artista

O ROUBO DO

GIOCONDA




Museu 

do 

Louvre




O Gênio

Mona Lisa é um óleo sobre madeira pintado pelo renascentista italiano Leonardo da Vinci entre os anos 1503 e 1506. (77cm x 53cm)





Para compreendermos o título, importa sabermos que Mona deve ser entendido como a contração de "Madona", o equivalente italiano de "Senhora" ou "Madame" Lisa.

Esta obra que representa uma mulher misteriosa se tornou, ao longo dos séculos, no retrato mais famoso da História da Arte ocidental.

A obra também é conhecida como a Gioconda, que pode significar "mulher alegre" ou "a esposa de Giocondo". A obra mais icônica de Da Vinci se encontra exposta no Museu do Louvre, em Paris



O roubo
Peruggia confessou que roubou por patriotismo.

Foi em 21 de agosto de 1911, às 7 da manhã, que um italiano de nome Vincenzo Peruggia resolveu entrar no museu do Louvre para roubar o GIOCONDA. O museu estava fechado. Provavelmente deu uma disfarçada, entrou, pegou e saio com a tela sob as roupas.

Segurança furada, foi a polícia que enlouqueceu com o desaparecimento.
Investigações e acusações brotaram nos dias seguintes e a maior suspeita caiu sobre dois velhos amigos boêmios, pois no passado se envolverão no desaparecimento de peças no museu do Louvre. 

Apollinaire e Pablo Picasso foram presos e se tornaram os principais suspeitos do roubo de La Gioconda em 21 de agosto de 1911.

Passados dois anos a pintura voltou para casa. Puruggia, o esperto que furou a segurança do Louvre, ao tentar vender o quadro, foi preso e confessou o roubo. 

Durante o julgamento, Peruggia confessou que roubou por patriotismo.  Ignorando que o quadro havia sido adquirido pelo rei Francisco I, em 1519, tinha plena convicção que havia sido roubado por Napoleão Bonaparte I e que era seu dever como cidadão italiano de recuperar esse tesouro.

Picasso entrou na roda apos terem encontrado, em sua oficina, uma estatueta roubada no Louvre. Picasso teria adquirido a obra.


Mostra na Rua - Mostra Autoral de Mulheres Artistas



( ( ( O Q U E É? ) ) )

A "Mostra na Rua" é um movimento de fortalecimento e divulgação do trabalho autoral de mulheres artistas.

O cenário politico atual é cada vez mais conservador, higienista, esteriliza as ruas, proíbe os encontros, silencia a contestação, cala as pessoas, isola as pessoas e precariza as condições de vida. Em resposta, a "Mostra na Rua" é também um contramovimento!


Para nós,

( ( ( ! ) ) ) As mulheres (cis e trans) artistas são trabalhadoras da cultura.

( ( ( ! ) ) ) A arte e a cultura são direitos humanos que devem estar garantidos fora de espaços elitizados.

( ( ( ! ) ) ) A rua é espaço público e legítimo de encontros, convivências, compartilhamentos, memórias afetivas e construções políticas.


( ( ( C O M O A C O N T E C E? ) ) )

Com todas nós juntas!
No encontro de diferentes linguagens produzidas por mulheres artistas que queiram somar num movimento de fortalecimento e apoio mútuo para colocar a arte na rua.
Na mostra cabe música, teatro, literatura, poesia, fotografia, lambes, zines, dança, audiovisual, circo, performances, entre outras.

( ( ( O N D E A C O N T E C E? ) ) )

No bar! Na calçada! Na rua!
Nosso ponto de encontro é o Lokal Snooker Bar, na Barão de Tatuí.




( ( ( P R O G R A M A Ç Ã O ) ) )

A p r e s e n t a ç ã o d a M o s t r a
Cinthia Gomes
Thais Campos

M ú s i c a
Tatiana Nascimento, Dani Vieira e Daisy Serena
Joana Flor e os Ervas Daninhas
Roda de Samba de Mulheres 

D i s c o t e c a g e m
QCFoster

Ex p o s i ç ã o
Luísa Malzoni (fotografia revelada em lambe-lambe)
Assouan Wadja (jóias artesanais)
Bruna Zanichelli (colagens)
Moyra Madeira (foto-ímãs)
Fernanda Guedes (ilustrações)
Cibely Zenari Guadalupe (zine)
Olívia Marquioli (cadernos artesanais)
Ana Elisa Rodrigues (tingidura em tecido de algodão)

P o e s i a
Cibely Zenari Guadalupe
Ju Arraes

P u b l i c a ç õ e s
Caixa . Editora

P e r f o r m a n c e
Carla Lombardo
MUMBRA Corpomóvel
Ana Paula Digues
Ana Cecília (Ciça)

I n t e r v e n ç ã o
LambeBuceta (lambe-lambe)

M e t r a l h a d o r a P o é t i c a
Carlota Novaes 

J a r d i n a g e m De G u e r r i l h a
Marina Alegre




Ensaio Poético Sérgio Vaz


O Peregrino

No caminho do crer e não crer
Vivo na dúvida do milagre
Entre as brumas da uva e do vinho
Sou eu quem destila o vinagre.
Caminho no chão em busca do céu 
Num fogo e água que não tem fim
Porque 
Não
me
esforço

para
acreditar
em
deus
Esforço-me 
para
que
deus 
acredite
em
mim.


28 de fev. de 2020

Fila para comprar máscaras em Seul, em 28 de fevereiro. (El País)


JEON HEON-KYUN EFE

Antes ou depois???










Antes a menina cantava no banho e como esse banho era ainda mais divertido quando era no tanque... hoje ela tem que tomar um banho rápido pois está sempre apressada. 

Ela fazia bolinhas de sabão usando o refil da caneta bic, hoje tem que manter as canetas bics sempre em funcionamento para seu trabalho,e joga qualquer sucata fora para agilizar ... 

Ela adorava fazer comidinhas e especialmente usando as plantas e flores do quintal, cada plantinha ou flor era um prato diferente e super sofisticado, hoje ela geralmente compra refeições prontas e práticas pois não tem tempo de cozinhar, e não há mais plantas no quintal, só pisos e azulejos. 

Essa menina que brincava de amarelinha desenhada no chão com um pedaço de gesso de parede usava casca de banana para jogar nas casinhas, hoje tem que manter a sua casa em total limpeza e organização. 

Ela tinha cachorro, gato, passarinho, coelho – hoje não consegue cuidar nem de um peixinho. 

Ela comia besteiras, se lambuzava sem preocupação nenhuma, hoje vive em dieta. 

Antes, ela brincava e ficava cheia de arranhões, ralados e machucados e não se importava com isso, cada marquinha era uma história engraçada, hoje se preocupada em andar sempre maquiada e escondendo marcas, manchas e imperfeições. 

E a menina antes não via a hora de crescer, de ser gente grande, de trabalhar, hoje relembra com saudade e alegria como era maravilhosa sua infância.


Antes, ela sonhava em ser a mulher maravilha. Hoje, muitos exigem que ela seja uma mais ela mudou de ideia já não quer mais brincar disso....


GUEST POST: A VIOLÊNCIA DA EXTREMA DIREITA NÃO VAI EMBORA


 Faça os nazistas temerem novamente, diz manifestante


Mais um terrorista de extrema-direita faz vítimas em nome da xenofobia, do racismo e da misoginia. O assassino ainda por cima se assumia incel. 
Erica C. Hassmann, brasileira que vive na Alemanha, acompanhou tudo isso.


Tinha tudo para ser uma noite tranquila de inverno na cidade de Hanau, a 25 km de Frankfurt, no Arena Bar e Café, onde amigos confraternizavam. Um homem armado tirou a vida de 9 pessoas e, não satisfeito, voltou para casa, matou a própria mãe e em seguida se matou.


O assassino, em seu canal na internet, disseminava vídeos antissemitas, racistas, misóginos. A plataforma parece não ter visto nenhum problema com o discurso violento, provavelmente com o argumento costumeiro que muitxs de nós recebemos quando denunciamos esse tipo de conteúdo nas redes sociais: "não encontramos nada que viole a politica de nosso site". A pergunta que fica é: as redes sociais estão a serviço de quem?
"O suspeito estava ativo nas redes antes do crime, publicou um vídeo, e ao contrário de outros assassinatos motivados pela extrema direita, ele provavelmente não fazia parte de nenhum grupo. No entanto, existem semelhanças que conectam R. a esses terroristas".


"Outros usuários baixaram o vídeo e o republicaram em seus canais do YouTube. As cópias permaneceram online até as onze horas e foram vistas centenas de vezes. O Google diz que agora foi criada um tipo de impressão digital que impede automaticamente novos envios".
R. "deixou um manifesto com 24 páginas; entre os escritos, um capítulo inteiro sobre as mulheres. Com 42 anos, escreveu que nunca teve uma namorada, não gostava de se sentir pressionado, vigiado, a paranoia era constante".

"Nada indica que o assassino participava de grupos extremistas da Deep Web. Ele participava de fóruns fascistas mas era zombado pelos membros, que achavam que ele fazia um desserviço à causa".
A sexualidade parece ser um problema constante entre os terroristas, seja na Europa, nas Américas ou no Oriente Médio. Creio eu que o extremismo político ou religioso está profundamente ligado a desordens psicológicas de origem sexual. Freud explica.


Observem que a mídia alemã não publica o sobrenome do acusado. Isso é necessário para que familiares sejam protegidos da curiosidade popular e para que não haja interferência nas investigações. A lei é aplicada igualmente para todos.
Tive três experiências com a extrema direita alemã em quase 10 anos no país.

A primeira quando quis um gatinho para nossa família. Vi um anúncio no jornal, entrei em contato com a cuidadora que estava doando os bichinhos, e fui até a casa dela. Chegando lá, minha reação foi de pavor, prontamente controlado por meu instinto de sobrevivência. Nas paredes do apartamento, flâmulas com suásticas e outros símbolos relacionados ao nazismo. Me perguntaram de onde eu era, eu disse que era brasileira e isso, no momento, me pareceu ser um salvo conduto, já que o olhar da jovem se tranquilizou.

Ela me mostrou o gato que destinaria a mim e pediu meu endereço e telefone, dizendo que poderia fazer uma visita surpresa para se certificar que o gato seria bem tratado. Até hoje não sei se era promessa ou ameaça, mas nunca apareceram, ufa! 
A segunda experiência foi em Munique, durante uma passeata neonazista. Havia por volta de 300 manifestantes extremistas, 500 policiais e uns 1000 manifestantes anti-fascistas.

A terceira e última foi ano passado, na cidade em que moro, Rosenheim. A AfD (Alternativa para a Alemanha, partido de extrema direita do país) convocou um comício, a esquerda ficou sabendo e convocou uma passeata. Eu estava lá com minha camiseta que dava o recado em alemão: sou brasileira mas não votei em Bolsonaro. Usei uma bandana Lula Livre, as pessoas sorriam pra mim, vinham me cumprimentar, diziam que nunca poderiam imaginar que os brasileiros, pessoas que têm fama de serem gentis e alegres, elegeriam alguém tão tosco como Bolsonaro.

O que me chocou nessa passeata é que a extrema direita em um momento deu o microfone para o líder dos anti-fascistas falar. Foi um bate bola de idéias pró e contra, sem ofensa pessoal, tudo dentro do mais extremo respeito.
Como estrangeira na Alemanha, percebo que o país ainda está vacinado contra a extrema direita por conta do que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial.

Não há juiz, presidentx, procuradorx ou ministrx que protejam os fascistas ou que finjam que eles não existem. Os terroristas que atentaram contra a democracia no pós-guerra, sejam de direita ou esquerda, ou foram presos ou estão mortos.
Merkel colocou todas as instituições em alerta ontem, mandou reforçar o policiamento em locais mais sensíveis à ação dos marginais e declarou sem meias palavras que o maior inimigo da democracia alemã hoje é a extrema direita.