Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

12 de mar. de 2022

Vox Dei — Génesis

 




Letra trad.

Quando tudo era nada
Era nada o começo
Ele era o começo
E da noite fez luz
E foi o Céu
E isto que está aqui
Havia terra, água, sangue
Flores, tudo isso e também tempo
Eu digo Claramente que este
Foi o mundo do homem
E assim foi
Oh sim
Oh oh oh oh oh
Cara, você olha para as
Águas para ver quem você é
Olha para mim se quiseres ver te
Porque imagem Minha você é
Já o fizeste
Vive só hoje
Havia povos e países
E havia homens com memória
Eu digo Claramente que este
É o mundo do homem
Que contaram
Todas estas coisas
E foi assim
Oh, oh sim
Oh oh oh oh oh

A gasolina a R$ 8 é verde-oliva


Milicos são peças-chave na
mudança de rota da Petrobras.


Em 12 de maio de 2016, o Senado aceitou o processo de impeachment contra Dilma Rousseff, o que a afastou do cargo. Meros cinco dias após o primeiro passo fundamental do golpe parlamentar contra a petista, Michel Temer (o da "ponte para o futuro") anunciou mudanças no comando Petrobras: Pedro Parente assumiria a estatal.

Na estatal, Parente implantou a política que atrelou os preços domésticos dos combustíveis ao mercado internacional do petróleo. Intocada desde então, ela fez os preços dispararem nesta semana. A gasolina foi reajustada em 18,77%, o diesel, em 24,9%, e o gás de cozinha, em 16%. Imediatamente, filas se formaram em postos de todo o país. Aqui em Brasília, já na madrugada de sexta, vi postos anunciando o litro da gasolina a R$ 7,99.

É importante resgatar as circunstâncias dessa guinada na Petrobras. Nela, as digitais são verde-oliva – o que explica porque nem o populista Bolsonaro consegue segurar os preços dos combustíveis.

Pouco antes da posse de Parente na Petrobras, o ministério Temer assumiu. Nele, chamava a atenção a chegada de um militar para um cargo com gabinete no Palácio do Planalto. Era o general Sérgio Etchegoyen, que assumiu o recriado Gabinete de Segurança Institucional, ao qual passou a estar subordinada a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.

Etchegoyen era militar da ativa quando aceitou o convite para se tornar um dos políticos de confiança de Temer no Planalto. General de quatro estrelas – o topo da carreira –, ocupava a chefia do Estado-Maior do Exército em Brasília. Era o número dois da força, nomeado pelo número um, o também general quatro estrelas Eduardo Villas Bôas.

Como o próprio Villas Bôas, já então acometido pela pavorosa esclerose lateral amiotrófica, contou em seu livro-entrevista de memórias (revisado escrupulosamente por Etchegoyen), os dois nasceram com diferença de menos de três meses em Cruz Alta, Rio Grande do Sul, filhos de militares que serviam na cidade, e foram amigos desde os primeiros anos da infância.

Etchegoyen era chefe do Departamento Geral do Pessoal do Exército, em 2014, quando assinou uma nota atacando a inclusão do pai dele, o também general Leo Guedes Etchegoyen, no relatório final da Comissão Nacional da Verdade, que reuniu crimes e violações de direitos humanos cometidos durante a ditadura militar. Àquela altura, ainda eram raros os faniquitos políticos públicos de militares da ativa. Mas o de Etchegoyen não lhe custou o progresso na carreira.

Ele já chefiava o Estado-Maior para o amigo do peito Villas Bôas quando ambos passaram a se reunir discretamente com o vice-presidente Temer. O filósofo Leo Rosenfield, biógrafo autorizado de Temer, conta que os "vários encontros" buscavam retirar os chefes militares do papel de conspiradores e levá-los à institucionalidade política e revelaram o profundo mal-estar causado na cúpula das Forças Armadas pela Comissão Nacional da Verdade.

Temer, presidente, levou Etchegoyen ao Palácio do Planalto e manteve Villas Bôas no comando do Exército. Não é preciso ser um gênio para concluir que aquelas conversas foram vantajosas a todos os envolvidos.

Chegamos a 2018, quando Villas Bôas, ainda comandante-geral do Exército, tuitou ameaçando o Supremo Tribunal Federal na véspera de um julgamento que poderia valer a Luiz Inácio Lula da Silva a chance de se candidatar a presidente naquele ano. O STF não deu o habeas corpus a Lula, que liderava as pesquisas eleitorais, e Jair Bolsonaro se tornou presidente da República. Uma vez no cargo, ele diria em público a Villas Bôas que lhe devia a eleição e que levaria os segredos de ambos para o túmulo (hoje sabe-se que Villas Bôas consultou toda a cúpula do Exército antes de disparar seu twitter-torpedo).

Empossado presidente, Bolsonaro se cercou de fardados. Desde o dia 1 do governo, o ministro das Minas e Energia é o almirante da Marinha Bento Albuquerque – ele só passou à reserva em março de 2020. Escolhido para comandar a Petrobras por Paulo Guedes, o economista Roberto Castello Branco manteve a política implementada por Pedro Parente. Ainda assim, sua inflexibilidade em negociar reduções dos preços dos combustíveis lhe custou o cargo em março de 2021. Para o lugar dele, Bolsonaro mandou buscar o general da reserva Joaquim Silva e Luna, que fazia sucesso no Paraná financiando obras públicas com o dinheiro da hidrelétrica de Itaipu, que presidia.

"É para interferir [nos preços] mesmo", prometia o presidente da República ao comentar a mudança na Petrobras. Empossado, o general Silva e Luna tratou de botar freio no indisciplinado capitão Bolsonaro, que ansiava reduzir o preço do diesel para agradar uma de suas bases eleitorais, os caminhoneiros. E a política de preços de Pedro Parente seguiu incólume. Criou-se, assim, o que os professores de economia João Romero e Fábio Terra batizaram, no Intercept, de Auxílio Mercado, um dos maiores programas de transferência de renda pró-ricos do mundo.

O preço da gasolina subiu impressionantes 73,4% só em 2021, e o do diesel, 65,3%, explicaram os dois. Os aumentos são explicados pelo aumento do preço internacional do petróleo e pelas barbeiragens neoliberais de Paulo Guedes, que, junto às barbaridades políticas de Bolsonaro, fizeram o câmbio disparar.

Na quinta, horas antes do anúncio do aumento explosivo de preços pela Petrobras, Bolsonaro, obviamente informado com antecedência, disse o seguinte aos integrantes de seu exército de teleguiados no cercadinho do Palácio do Alvorada: "Eu não defino preço na Petrobras. Eu não decido nada, não".


De fato. Quem decide são os militares.





P.S.1: "Esse aumento de combustíveis é inaceitável. O Governo deixou o dólar descontrolado no ano passado e agora, no momento de uma guerra, está paralisado. Tudo falta: refinarias, fertilizantes... Não tem ninguém pensando o país a longo prazo?", tuitou Sergio Moro. Talvez ele tenha se esquecido da Lava Jato, que arrasou obras de infraestrutura da Petrobras (e seus fornecedores) no afã de perseguir corruptos. E que já disse considerar Paulo Guedes "um grande quadro público".

P.S.2: Em dezembro de 2017, procuradores do Ministério Público Federal do Rio foram à justiça contra Dilma Rousseff, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e a ex-presidente da Petrobras Maria das Graças Foster por usarem os preços de combustíveis para frear a inflação. Foi de fato uma barbeiragem econômica, criticada depois até por Fernando Haddad. Mas não se viu ainda o MPF mover uma palha contra a alta explosiva dos preços em 2021 e 22. Será que os procuradores têm ações da Petrobras?

P.S.3: Na segunda-feira completam-se quatro anos do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. É inacreditável, mas ainda não se sabe quem os matou e quem mandou matá-los. À época, o Rio estava sob intervenção federal na segurança pública. O interventor-chefe era o general do Exército Walter Braga Netto, atualmente ministro da Defesa e cotado para ser o candidato a vice-presidente de Bolsonaro.




Rafael Moro Martins
Editor Contribuinte Sênior



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6 de mar. de 2022

OTAN/EUA x Rússia, em Ucrânia.

 Author`s name Mezavila Ricardo
https://port.pravda.ru/mundo/54158-sancoes_eua/

As sanções que os EUA nunca sofreram

Mundo

Esse conflito, que tem de um lado OTAN e EUA, e do outro a Rússia, acontece em território ucraniano causando milhares de vítimas civis e militares desse país. Vladimir Putin alega estar intervindo em legítima defesa. Segundo ele, a Rússia não queria ocupar a Ucrânia, mas sim proteger a população local de um genocídio e desmilitarizar e "desnazificar" o país.

Putin afirma com frequência que a Ucrânia está sendo tomada por extremistas desde que seu presidente pró-Rússia, Viktor Yanukovych, foi deposto em 2014 após meses de protestos contra seu governo.

"Você diz que somos nazistas, mas como um povo pode apoiar os nazistas sendo que demos mais de oito milhões de vidas pela vitória sobre o nazismo?", questionou Zelensky, fazendo referência às disputas da Segunda Guerra Mundial.

Joe Biden disse que Vladimir Putin está tentando restabelecer a União Soviética e adotou sanções comerciais e financeiras contra o governo russo. Entidades esportivas como a FIFA, UEFA e FIA reagiram contra a invasão e suspenderam participação da seleção, clubes e atletas russos.

Toda guerra, mesmo que justificada, se aproxima de um ato criminoso, mas nem sempre quem a inicia sofre algum tipo de sanção.

Os EUA, durante a guerra do Vietnã, quando exterminaram inocentes e atearam fogo em crianças, participaram da Olimpíada de 1968 na Cidade do México, tendo conquistado 107 medalhas, sendo 45 de ouro;

Em 1972, em Munique, os EUA ainda faziam atrocidades em território vietnamita, mesmo assim participaram da Olimpíada e conquistaram 94 medalhas, sendo 33 de ouro;

Em 2003 os EUA realizaram uma ocupação ao território iraquiano sob a alegação de que o presidente Saddam Hussein mantinha um arsenal de armas químicas que ameaçavam a paz mundial, foram mais de 40 mil mortos. Em 2004 participaram da Olimpíada de Atenas tendo conquistado 101 medalhas, sendo 36 de ouro.

Com cerda de 147 mil mortos, sendo 47 mil civis, os EUA ocuparam o Afeganistão de 2001 a 2021. Foram 20 anos de conflito com objetivo de derrubar o Talibã, destruir a Al-Qaeda e capturar Osama bin Laden.

Durante esse período os EUA nunca sofreram qualquer tipo de sanção da OTAN/ONU/UE. Partiram e o Talibã recuperou o poder.

Sempre atuando com o objetivo de frear o crescimento de outros países, os norte-americanos sabem que não podem evitar uma nova ordem mundial com o ressurgimento da Rússia, o desenvolvimento da China e os aliados neutros como os gigantes Brasil e Índia.

Outra questão: se as sanções à Rússia são retaliações à invasão à Ucrânia, por que o embargo de seis décadas à Cuba, que não tentou expandir seu território para além de suas fronteiras ou invadiu outra nação sob o pretexto de derrubar um governo extremista?

Ricardo Mezavila , cientista político

ponto de cultura Cruz e Sousa - fotografia

 

5 de mar. de 2022

 

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X       W      Z



Leia, leia e releia!

 

2 de mar. de 2022

Não as invasões Russas, não as invasões dos EUA e não a hipocrisia mundial

 

Temos uma guerra geopolítica em curso entre Rússia e Estados Unidos. Os Estados Unidos resolveram usar o território ucraniano, um pequeno país com fronteira com a Rússia para realizar a batalha.  Estados Unidos e aliados enviam armas de ataque e muito dinheiro para que a Ucrânia possa reagir, o tempo suficiente, até que os países do ocidente se posicionem contra a invasão russa, na ONU. A Rússia, ameaçada, inicia a invasão em defesa de seus interesses. As imagens da invasão começam a chegar em todos os países do mundo. Estragos materiais e mortes. Mortes e muito sofrimento. >>> "GUERRA NÃO" <<<  Países europeus e países solidários ao povo ucraniano votam contra a invasão, na ONU. Uma vitória dos EUA. Muitos países que votaram contra a invasão se posicionaram contra as medidas tomadas contra a Rússia, impostas pelos estadunidenses. Incluindo o Brasil; entenderam o jogo posto no tabuleiro geopolítico mundial. Medidas que não visam a PAZ. China, Índia e outros países sinalizaram contra os interesses dos EUA se abstendo de votar na ONU. - Há pouco, ligo a TV e a manchete estampada em todos os noticiários é: "Putin isolado do mundo como nunca antes!" Desliguei o aparelho. 

22 de fev. de 2022

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Para antônio-carlense ler

A administração atual venceu as eleições com foco no planejamento. "A falta de planejamento era a razão do desastre antônio-carlense" diziam - Sobre as estradas rurais foi o que mais se falou. 'Produtores rurais', e sobre tudo, os moradores do Vale do Ipé, com razão, detonavam as condições das estradas no mandato anterior. Já estamos no terceiro ano desta nova administração, sem essa de >não houve tempo de panejar e evitar o que estamos vendo.< Que é época de chuvas, hoje e antes, todos sabemos. Que hoje também tem falha, também, todos sabemos. Natinho, (foto) antes das chuvas, tentando evitar o que não é possível: barro nas estradas.

13 de fev. de 2022

Uma boa semana para todos os amigos!

 Hoje, falo diretamente aos amigos antoniocarlenses: 

"Nuvens cinzas sempre 

voltam trazendo novas tempestades.

Nos preparemos para observar 

as novas flores naturais deste  nosso lugar."




7 de fev. de 2022

O tema da corrupção e de seu suposto combate volta à pauta com intensidade de tempos em tempos e deverá ser recorrente neste ano eleitoral. Ainda que debater a corrupção seja de extrema importância, é essencial que façamos, enquanto sociedade, uma discussão atualizada e realista de suas implicações e que saibamos identificar onde ela de fato reside. Antes, é preciso dizer que a corrupção é um fenômeno milenarmente presente na vida social. Surge com o sentido atual que conhecemos, de apropriação privada de patrimônio público, a partir da modernidade, quando o patrimônio do soberano, que se confundia com o Estado, deixa de existir, e o patrimônio do Estado passa a ser visto como propriedade pública



A raiz da corrupção

Para além dos escândalos noticiados pela mídia, a sociedade precisa falar das práticas legalizadas de apropriação do patrimônio público pelo capital privado

POR PEDRO SERRANO


‘O pré-sal foi liquidado. A interesse de quem?’

Kakay
POR GRUPO PRERRÔ



Por Maurício Thuswohl

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro cobra uma investigação sobre a atuação de Moro

Advogado criminalista que calcula ter defendido quatro presidentes da República e 80 governadores, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, foi uma das primeiras vozes a se levantar contra os abusos do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores de Curitiba, ainda no início da Operação Lava Jato. Ligado aos desdobramentos processuais desde o primeiro dia do inquérito, por assumir a defesa do doleiro Alberto Youssef, Kakay sempre denunciou o papel político cumprido por Moro e pela força-tarefa comandada por Deltan Dallagnol.

Moro hoje almeja a Presidência da República e Kakay pede que a conduta do ex-juiz na Lava Jato seja objeto de investigações mais aprofundadas: “O Brasil tem o direito de saber”. O advogado questiona quais interesses estiveram e estão por trás do pré-candidato pelo Podemos. “O pré-sal foi liquidado. A interesse de quem?”, questiona. Kakay também critica o contrato de trabalho estabelecido entre Moro e a empresa de consultoria norte-americana Alvarez & Marsal, que atua no gerenciamento de verbas oriundas das empresas brasileiras quebradas pela Lava Jato: “Como imaginar um indigente intelectual fazendo um contrato desses?”

A íntegra da entrevista em vídeo, na qual Kakay fala também dos processos contra Jair Bolsonaro e família e da nova composição do STF, está no YouTube de CartaCapital.

Na Alvarez & Marsal

O Moro assumiu a capa que secretamente sempre vestiu, a de funcionário de uma empresa americana. Temos de investigar isso. Parece-me que há um claro conflito de interesses, porque este senhor – que atuou não como juiz, mas como um perseguidor – assumiu recentemente que foi o “chefe” da Lava Jato e, ao que tudo indica, cumpria interesses de grupos específicos. Foi contratado pela empresa a 45 mil dólares por mês. Qual a capacidade técnica e intelectual que tem o Moro? Como você pode imaginar um indigente intelectual fazendo um contrato desses, se não for algo que realmente represente algum interesse que nós temos de investigar? O Brasil tem o direito de saber. Eu elogio a postura do Tribunal de Contas da União. Por aqui, o óbvio às vezes tem de ser elogiado.

A serviço dos EUA?

Demorei a afirmar isso porque só gosto de falar do que tenho provas, e não sou leviano como o Moro e o Deltan, que só precisam de impressões e convicções. Mas, a partir do momento em que se avolumou uma série de evidências, isso tem de ser investigado. Em qualquer lugar do mundo, a investigação contra a corrupção se dá enfrentando os diretores e presidentes de empresas. Aqui o Moro deliberadamente quebrou as empresas. Ele enfrentou as empresas brasileiras que atuavam no pré-sal, que seria uma coisa maravilhosa para o Brasil, mas foi liquidado. A interesse de quem?

Partido da Lava Jato

Temos de fazer essa investigação até porque foram disponibilizados, em um primeiro momento, 3 bilhões de reais de um fundo para que o grupo da Lava Jato fizesse a gerência. Felizmente, o ministro Alexandre de Moraes – que cumpre um papel que a História há de reconhecer – impediu o uso disso, senão teríamos certamente o maior partido político do Brasil. Um bando de corruptos com bilhões para poder fazer política. Agora, todos saíram. Ou foram expulsos como aquele Castor de triste memória. É um grupo que, além de ter feito, comprovadamente, a opção por corromper o sistema de Justiça, é ridículo. São fracos intelectualmente, pessoas que nunca leram uma poesia. Eles se julgavam heróis, mas, se tivessem lido Brecht, saberiam que triste é um país que precisa de heróis.

Prejuízo ao País

O dano que eles trouxeram para o Brasil e a nossa população é muito grande e precisamos fazer o real enfrentamento disso. Eles dizem que devolveram aos cofres públicos 14 bilhões de reais dos acordos de leniência, mas há estudos que mostram que só o prejuízo em relação à Lava Jato foi de 172 bilhões. Isso, sem falar do que ocorreu no Brasil pós-operação. Temos hoje um gigantesco contingente de desempregados. O setor de petróleo foi liquidado. Isso foi à toa ou havia o interesse de outras empresas?

Processo contra Moro

Moro foi julgado pelo Supremo como um juiz que corrompeu o sistema de Justiça. O STF considerou-o parcial e incompetente, tecnicamente falando. Não há nada mais grave do que um juiz ser parcial. Imagina se o teu time vai jogar a final do campeonato de futebol e na noite anterior você descobre mensagens do árbitro para o técnico do outro time, dizendo: “Pode cair na área que dou pênalti”. Foi isso o que o Moro fez na Lava Jato. Não há dúvida de que este cidadão tem de sofrer uma investigação séria. Não se pode ter uma decisão do STF dizendo que ele mercadejou a toga e corrompeu o sistema de Justiça e não ter punição.

Objetivos políticos

Moro tem o direito de ter um objetivo político, só que não pode fazer isso instrumentalizando o Poder Judiciário e o Ministério Público. O que ele fez é criminoso. Chegou ao ponto de mandar prender o principal opositor desse fascista que hoje é o presidente do Brasil. Ainda com a toga nos ombros, aceitou ser ministro de Bolsonaro. Por muito menos, Moro prendeu numerosas pessoas na Operação Lava Jato. Se ele tivesse coerência, teria de determinar a prisão de si próprio. Aceitar ser ministro de um governo do qual você foi o principal cabo eleitoral é um caso clássico de corrupção. O Ministério da Justiça foi uma contrapartida. Moro mercadejou a toga.

Perfil do ex-juiz

Como advogado eu conheço o Moro desde a época da Operação Sundown e já estranhava seus métodos, mas não vislumbrava até então essa orientação política que ele tem. Logo no início da Lava Jato ficou claro para mim que ele coordenava a operação e os procuradores com um objetivo político. Corri o Brasil durante anos denunciando-o em uma época em que ele era um semideus. Ali, eu vislumbrava o que está acontecendo agora. O Moro é um indigente intelectual. Ele nunca pretendeu ser ministro do Supremo porque sabe que não tem condições para isso. Ele jamais sentaria em um plenário para discutir com Lewandowski ou Mendes.

Entrevista publicado originalmente na Carta Capital.