MEU PAÍS
19 de mai. de 2022
SALA DE CINEMA / ponto de cultura Cruz e Sousa - "Projeto Terceiro Dia"
MEU PAÍS
Devido à recente história brasileira, a palavra exílio logo lembra política. Entretanto, seu sentido é mais profundo. Ser exilado é ser impedido de pertencer a algo, forçado a viver longe do seu cotidiano natural. Meu País trata exatamente desta sensação. Apesar de não ser um filme político – o tema sequer é tocado –, trata-se de um filme sobre a necessidade do ser humano em fazer parte de algo, de ter e perceber suas raízes. O título é uma referência a isto, sem qualquer caráter ufanista ou patriota. É o Brasil, mas poderia ser qualquer outro lugar, não importa. A sensação é o que está em jogo, aquela certeza de pertencer a um lugar sem ter como explicar direito.
A história começa com Marcos (Rodrigo Santoro) recebendo uma ligação em Roma, onde trabalha. Informado da morte do pai (Paulo José), ele deixa o trabalho de lado e volta ao Brasil, acompanhado da namorada (Anita Caprioli). Já no país reencontra o inconsequente irmão mais novo, Tiago (Cauã Reymond), e descobre uma bomba: o pai teve uma filha com problemas mentais, Manoela (Débora Falabella), e a manteve escondida por mais de 20 anos. Internada em uma clínica, ela precisa deixar o local. É através dela que Marcos passa por um processo de redescoberta, de si mesmo e da família.
Há uma delicadeza onipresente em Meu País, mesmo no início onde os dois irmãos são apresentados de forma quase burocrática: Marcos é o certinho que fez carreira fora do país, Tiago o encrenqueiro mimado. Esta dualidade vem abaixo graças ao terceiro vértice, Manoela. Vista como problema, sua doçura aos poucos muda o rumo da situação. Mérito da luminosa interpretação de Débora Falabella, que transmite um olhar de pureza encantador. Mérito também de Rodrigo Santoro, que brilha não apenas na perfeita sonoridade do italiano mas também nas sutis mudanças de seu personagem ao longo da história, imperceptíveis em certos momentos mas sempre caminhando rumo à sensação do exilado e uma necessidade que ele próprio desconhecia.
Meu País é um filme sensível, muito bem produzido e interpretado, que conta com uma fotografia que acompanha o clima de redescoberta das memórias de seu protagonista. Um filme que passa pela dificuldade em fazer o certo, mas que acima de tudo mostra que pode-se viver bem em qualquer lugar, mas há dentro de si algo que jamais permite que se sinta de forma plena a não ser que esteja no seu lugar. Muito bom.
17 de mai. de 2022
Autoescola pode deixar de ser obrigatória para tirar a CNH
Um projeto de lei pode mudar a forma como os brasileiros tiram a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Foi entregue nesta mês à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o Projeto de Lei 6485/2019 que desobriga a necessidade de aulas em autoescola como exigência para a emissão da CNH.
Essa é a primeira movimentação que o projeto teve desde 2020. O Projeto de Lei entrará em análise pela CCJ para análise dos aspectos legais, jurídicos e constitucionais. Se aprovado, seguirá para votação na Câmara dos Deputados.
A proposta afetaria apenas as categorias A e B da CNH, correspondentes e motos e carros de passeio. Com o fim das aulas obrigatórias, a ideia é tornar a CNH mais acessível, especialmente para a população mais pobre.
“Na maioria dos estados, o valor total para obtenção da CNH pode chegar a R$ 3 mil. Na composição de custos, o principal fator é a obrigatoriedade de se frequentar aulas em autoescolas, que equivale a cerca de 80% do dispêndio total”, escreve Kátia Abreu em sua justificativa para o projeto.
As provas teóricas e práticas continuariam sendo exigências. Se o projeto vingar, a preparação para elas poderá ser feita individualmente ou com a ajuda de instrutores independentes, uma atividade que passaria a ser autorizada.
Outra medida do projeto para facilitar o acesso à carteira é o uso de parte do dinheiro arrecadado com multas de trânsito para financiar a obtenção da habilitação. Cidadãos em busca da primeira CNH nas categorias A e B ou pleiteando uma mudança de categoria com objetivos profissionais poderiam ser beneficiados.
O projeto também determina que os Departamentos de Trânsito (Detran) estaduais criem normas para tornar os exames mais rigorosos.
“Não podemos desconsiderar a realidade que a expertise de direção veicular pode ser adquirida empiricamente pela prática e pela observação, muitas vezes obtidas no próprio núcleo familiar”, destaca Kátia Abreu.
Instrutores particulares
O projeto também permite que o cidadão possa contratar instrutores particulares para auxiliar no aprendizado para a obtenção da CNH. Esses instrutores particulares serão profissionais autônomos que serão credenciados junto ao Detran de cada estado. Eles terão que atender os seguintes requisitos:
Ter habilitação na mesma categoria do candidato há pelo menos três anos;
Não ter sido penalizado com a suspensão ou cassação da CNH nos últimos cinco anos;
Não ter processo em andamento contra si em relação a penalidades de trânsito;
Não ter sido condenado nem responder a processo por crime de trânsito.
Tino Marcos revela que presenciou ex-Seleção Brasileira usando cocaína
Tino Marcos revela que presenciou ex-Seleção Brasileira usando cocaína
O ex-repórter da Globo Tino Marcos revelou nesta segunda-feira em participação no 'The Noite', talk show do SBT, que já flagrou um ex-jogador da Seleção Brasileira usando cocaína durante um momento de folga da cobertura de jogos do Brasil.
- Já vi um jogador cheirando cocaína. Um jogador do Brasil. Eu entrei em um bar onde os jogadores estavam. Eu estava de folga naquela noite. Ai no momento que fui no banheiro a cabine não estava bem fechada. Ai eu entrei e... ops... o cara me olhou. Eu recuei e não revelei para ninguém.
O apresentador Danilo Gentili brincou com Tino e afirmou que o jogador teria passado momentos de aflição após o flagra, com medo de ter seu nome revelado. O jornalista afirmou que após o flagra ele conversou com o atleta sobre o tema.
- Eu fiquei bastante (chocado), nunca esperava isso durante uma competição do Brasil. Depois ele me agradeceu. Eu não revelei isso para ninguém na época. Ele percebeu isso e me disse que fui um cara "muito 10". Depois ele teve outros problemas na carreira - completou.
Tino relembrou toda a carreira na TV durante o programa e revelou ainda qual o treinador mais pegava no pé dele durante o trabalho.
- Vanderlei Luxemburgo. Nunca tive nada contra ele, mas ele achava que eu tinha. Ele dizia que, com ele, eu só usava caneta vermelha, para escrever críticas. Aconteceu um episódio na época que uma ex-assessora me procurou para fazer uma denuncia contra ele. Eu ouvi o próprio Vanderlei, mas com o afastamento dele da Seleção ele achou que eu tinha colaborado - contou.
FGTS: Indústria da construção teme que falte recursos para financiar a habitação,
Bolsonaro usa FGTS para tentar turbinar a economia e liberações atípicas já somam R$ 123,7 bilhões
A liberação de recursos fora das condições originalmente previstas no FGTS foi um expediente usado pela primeira vez no governo do ex-presidente Michel Temer, em 2017, mas o presidente Jair Bolsonaro acelerou esta estratégia, lançando mão de saques extraordinários em 2019, 2020 (no auge da pandemia) e agora em 2022.
Leia mais: https://oglobo.globo.com/economia/bolsonaro-
GNV: A alta acumulada nos últimos12 meses do gás natural veicular é de 37%, maior que a da gasolina e do etanol.
Preço do GNV dispara e encosta no do álcool
A alta acumulada nos últimos 12 meses do GNV é de 37%, maior que a da gasolina e do etanol. O reajuste do GNV no período só perde para o diesel.
O levantamento da Agência Nacional do Petróleo mostra que esse último aumento fez o preço médio do metro cúbico do gás (R$ 5,265) encostar no preço médio do litro de álcool (R$ 5,323).
Os motoristas reclamam.
Governo brasileiro instala "sala de situação" para monitorar casos de hepatite aguda infantil
Foto tirada em 30 de março de 2021 mostra a fachada da sede da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Genebra, Suíça. (Xinhua/Chen Junxia)
Rio de Janeiro, 14 mai (Xinhua) -- O Ministério da Saúde brasileiro informou neste sábado a abertura de uma "Sala de Situação" especial com a participação de técnicos da pasta, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e de especialistas convidados para monitorar os casos de hepatite aguda infantil de causa desconhecida em investigação no país.
Segundo o ministério, a iniciativa tem como objetivo apoiar a investigação de casos da doença notificados em todo Brasil e permitir um levantamento de evidências para identificar as possíveis causas.
A "Sala de Situação" vai centralizar as informações e recomendações para os médicos de todo o território brasileiro.
De acordo com Secretaria de Vigilância em Saúde da pasta, até agora foram notificados no país 44 possíveis casos da doença, sendo que três deles foram descartados e os demais permanecem em monitoramento.
Os casos de hepatite aguda infantil de origem desconhecida foram notificados nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo (na região sudeste), Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (sul), Mato Grosso (centro-oeste) e Pernambuco (nordeste).
"A criação dessa sala de situação é muito importante para monitoramento constante e direcionamento das decisões e ações de forma rápida, coordenada e oportuna", informou o secretário de Vigilância em Saúde substituto do Ministério da Saúde, Gerson Pereira.
Além de monitoramento, a sala vai padronizar informações e orientar os fluxos de notificação e investigação dos casos para todas as secretarias estaduais e municipais de saúde, bem como para os laboratórios centrais e de referência de saúde pública.
"O objetivo também é contribuir para o esforço internacional na busca de identificação do agente etiológico responsável pela ocorrência da hepatite aguda de causa ainda desconhecida", informou o ministério.
No último dia 10 de maio representantes brasileiros se reuniram com responsáveis da área de saúde do Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, França, Portugal, Espanha, Colômbia e Argentina em evento promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para discutir a doença infantil.
Segundo a OMS, 348 casos prováveis desta hepatite misteriosa, que teve um aumento repentino entre crianças e adolescentes, foram notificados em 20 países, e existem 70 casos adicionais em outros 13 países que estão pendentes de classificação, à espera da conclusão dos testes
Fonte portuguese.xinhuanet.com
Centros de convivência
"Qual é a vida que discernimos nas coisas?"...
"Cada um de nós tem um eu eterno - um melhor eu - um "eu" que vai além do que normalmente vemos. Isso é o que nos permite entrar em contato com os 'centros vivos' em nós mesmos, nos outros e nos espaços que ganham vida para Este campo de centros, que aparece em coisas, pessoas, eventos, lugares nos mostra nossa interconexão... e pode ser chamado de Deus ou Espírito manifesto. Tudo o que fazemos e fazemos, então, é um presente para ELE. Coisas boas crescem e se desdobram fora de nossa totalidade compreendida."
- Christopher Alexander (1936 - )
C919 realiza teste final
China realiza teste de voo inaugural com o primeiro avião de passageiros de grande porte, autodesenvolvido no país.
O jato desenvolvido pela China, codificado B-001J, tem de 158 a 174 assentos e um alcance de 4.075 a 5.555 quilômetros.
Desde 2019, seis jatos C919 realizaram uma série de testes terrestres e de voo em lugares como Shanghai, Yanliang, Dongying e Nanchang. Em novembro de 2020, o C919 recebeu sua autorização de inspeção do tipo.
Em março de 2021, a COMAC assinou um contrato de compra com a China Eastern Airlines para cinco aviões, marcando a entrada oficial do jato no mercado. Os novos aviões serão usados em rotas de Xangai para Pequim, Guangzhou, Shenzhen e Chengdu, de acordo com a companhia aérea.
Até o momento, a COMAC recebeu 815 pedidos para o C919, de 28 clientes ao redor do mundo.
O jato desenvolvido pela China, codificado B-001J, tem de 158 a 174 assentos e um alcance de 4.075 a 5.555 quilômetros.
Desde 2019, seis jatos C919 realizaram uma série de testes terrestres e de voo em lugares como Shanghai, Yanliang, Dongying e Nanchang. Em novembro de 2020, o C919 recebeu sua autorização de inspeção do tipo.
Em março de 2021, a COMAC assinou um contrato de compra com a China Eastern Airlines para cinco aviões, marcando a entrada oficial do jato no mercado. Os novos aviões serão usados em rotas de Xangai para Pequim, Guangzhou, Shenzhen e Chengdu, de acordo com a companhia aérea.
Até o momento, a COMAC recebeu 815 pedidos para o C919, de 28 clientes ao redor do mundo.
Fonte frontliner.com.br
15 de mai. de 2022
13 de mai. de 2022
Republica Federativa do Brasil - RFB
12 de mai. de 2022
PM do RJ diz ter sido roubado ao tentar comprar maconha; vídeo
A Secretaria Estadual de Polícia Militar do Rio de Janeiro disse à coluna que Domingos foi reformado, mas não explicou os motivos
O policial militar reformado Sansão dos Santos Domingos, do Rio de Janeiro, contou, em um vídeo publicado em suas redes sociais, que foi roubado ao tentar comprar maconha na favela da Serrinha na Zona Norte do Rio de Janeiro.
De farda, Domingos gravou o vídeo na entrada da Serrinha, dizendo estar à espera de um traficante chamado “Mano”, que deveria lhe devolver a quantia de R$ 1.300, que, segundo ele, foi roubada.
“Me roubaram R$ 1.300 e a porra da maconha que vim comprar. Todo mundo sabe que eu sou autorizado por neurologistas a usar. Eu compro em favela porque o sistema não deixa eu plantar”, disse, enquanto filmava barricadas na entrada da favela.
A Secretaria Estadual de Polícia Militar do Rio de Janeiro disse à coluna que Domingos foi reformado, mas não explicou os motivos. Segundo a secretaria, na época do vídeo, o policial ainda estava na ativa.
Nas suas redes sociais, Domingos afirmou que a PM o pôs na reserva por problemas de saúde mental.
PM aponta arma para grupo do MST que aguardava Lula em Juiz de Fora
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra um policial armado posicionado contra um pequeno grupo de manifestantes
POR MARINA VERENICZ
Policiais Militares de Juiz de Fora (MG) abordaram integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra que aguardavam a passagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira 11, na Zona da Mata.
No mesmo local, um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tentava intimidar os sem-terra
“Ocupamos o canteiro central, sem obstruir nenhuma via, num ato de marcar presença e receber o nosso presidente, quando a Polícia Militar, sem a tarja de identificação no velcro da farda e claramente com um dos agentes muito alterado, seguiu uma direção fora do comando da PM e nos ameaçou com escopeta”, disse Carolina Rodrigues, dirigente regional do MST na Zona da Mata
Os representantes do movimento afirmam que a polícia pretendia tirar os manifestantes sem-terra do local, permitindo apenas a permanência do grupo bolsonarista
Membro da direção nacional do MST, Alexandre Conceição repudiou a atitude da PM: “O papel da polícia é proteger a população e dar segurança para o nosso povo”
Ele ainda chamou a atenção do governador Romeu Zema (Novo), cobrando responsabilidade dos atos da Polícia
Leia mais em https://www.cartacapital.com.br/
Planalto vê mudança de postura de Zema sobre apoio de Bolsonaro
Governador de Minas, que tentou se afastar da imagem do presidente da República, tenta uma reaproximação por sua reeleição
Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Minas dizem que o governador do estado, Romeu Zema (Novo), mudou de postura nos últimos tempos. Na avaliação do Planalto, Zema agora busca apoio do presidente para sua reeleição.
O motivo seria a entrada do senador Carlos Viana (PL-MG) na disputa pelo Palácio Tiradentes. Recente pesquisa feita pelo Datatempo mostra que 18,2% do eleitorado diz que pode votar em Viana caso tenha apoio explícito de Bolsonaro.
Isso poderia levar a um segundo turno entre Zema e, provavelmente, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, que tenta apoio de Lula (PT) para fortalecer sua candidatura. Algo que o governador quer evitar a todo custo.
Uma aproximação de Zema seria uma novidade. O governador mineiro tentou descolar sua imagem de Jair Bolsonaro diante das pesquisas que mostram favoritismo de Lula no estado.
Interlocutores do presidente da República lembram que, em fevereiro, Bolsonaro enviou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) para conversar com o governador. E, segundo relato, a dupla ouviu de Zema que ele não teria compromisso em ser o palanque do atual presidente no estado.
Bolsonaro, entretanto, não estaria disposto a receber Zema de braços abertos após a postura do governador. A ponto de estar articulando nos bastidores a construção de uma chapa que conte com Viana, Alexandre Silveira (PSD-MG) como senador e com apoio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Interlocutores do presidente da República lembram que, em fevereiro, Bolsonaro enviou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) para conversar com o governador. E, segundo relato, a dupla ouviu de Zema que ele não teria compromisso em ser o palanque do atual presidente no estado.
Bolsonaro, entretanto, não estaria disposto a receber Zema de braços abertos após a postura do governador. A ponto de estar articulando nos bastidores a construção de uma chapa que conte com Viana, Alexandre Silveira (PSD-MG) como senador e com apoio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Vacina contra câncer de próstata, pulmão e ovários é aplicada em voluntários
Pesquisadores britânicos estão testando uma vacina contra o câncer de próstata, pulmão e ovários em voluntários. O imunizante foi desenvolvido pela Oxford Vacmedix, empresa criada por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
O produto tem como alvo a proteína survivina, que é liberada por células cancerígenas para enganar o sistema imunológico e evitar que o corpo as ataque. Usando versão sintética da proteína, a função da vacina é ensinar a organismo a atacar a substância e reconhecer os tumores.
Os resultados iniciais têm se mostrado promissores, afirmam os pesquisadores.
O produto tem como alvo a proteína survivina, que é liberada por células cancerígenas para enganar o sistema imunológico e evitar que o corpo as ataque. Usando versão sintética da proteína, a função da vacina é ensinar a organismo a atacar a substância e reconhecer os tumores.
Os resultados iniciais têm se mostrado promissores, afirmam os pesquisadores.
9 de mai. de 2022
A Fábrica da Mantiqueira
Pioneira na indústria de laticínios no Brasil, a empresa foi fundada por Dr. Sá Fortes
Por Silvério Ribeiro
No dia 15 de fevereiro de 2010 fiz uma excursão, conforme indicado em livros antigos, ao local onde funcionara a antiga Fábrica da Mantiqueira, fundada pelo Dr. Carlos Pereira de Sá Fortes, em 1887, o primeiro laticínio do Brasil e segundo alguns pesquisadores a primeira indústria laticinista da América Latina, um estabelecimento destinado à fabricação do queijo do reino.
Dr. Sá Fortes, foto publicada na Revista O Malho
(RJ) – Edição nº 096 Ano: 1904
O agradável passeio foi realizado em companhia de meu pai, numa segunda-feira de carnaval, em que propusemos deixar Barbacena pela rodovia MG-338 até o distrito de Sá Fortes, no município de Antônio Carlos, onde deixamos a estrada asfaltada para encararmos de automóvel o antigo trajeto da Estrada União Industria.¹ Serra abaixo, em alguns trechos, o capim que tomava a antiga rodovia chegava à altura da janela do carro, risco compensado pelo belíssimo horizonte que tínhamos pela frente, as vertentes das Minas Gerais.
A excursão nos proporcionou imaginar as dificuldades das viagens de nossos antepassados em carruagens que atendiam de 15 em 15 dias a Cidade de Barbacena pela União Indústria. Alcançamos, afinal, a BR-040 e às margens da rodovia Santos Dumont-Cabangu, à esquerda de quem vai para a fazenda natal do célebre aviador brasileiro, entramos numa estrada de terra à procura da antiga Fábrica da Mantiqueira.
Três quilômetros além, localizamos o antigo prédio do laticínio, totalmente alterado, transformado num sítio de lazer. Ali fomos muito bem recebidos pela proprietária e família, uma vez que não havíamos combinado visita. Conhecemos a parte da construção que ainda sobrevivia ao tempo. Totalmente alterado para fins residenciais, a edificação mantinha as paredes do antigo laticínio de pé, as escadarias e salas de congelamento. A adução da água da cachoeira para o prédio foi preservada, mantendo-se intacta a base de pedra onde girava a grande roda motora de ferro da fábrica.
Tudo muito espetacular para quem estudara em detalhes aquela construção.
A fábrica foi montada de acordo com plantas enviadas da Holanda e da Europa e foram também de lá importados os equipamentos e os acessórios para as instalações. O pessoal técnico da Fábrica da Mantiqueira era todo de nacionalidade holandesa e os primeiros experimentos não corresponderam às expectativas. Durante três anos não se obteve resultado satisfatório na fabricação de produtos lácteos. O clima do alto da Mantiqueira, cheio de irregularidades e o mal definido das estações, prejudicava a fabricação dos produtos, considerando os aspectos técnicos da época. Fizeram-se queijos tão bons, perfeitos e saborosos como os melhores da Holanda, mas, só obtidos no inverno.
Fábrica da Companhia Brazileira de Lacticínios no Rio de Janeiro (1907)
No início, milhares de queijos deteriorados foram desprezados e, senão a persistência de Sá Fortes, a fábrica estaria fadada à falência. O importante fazendeiro e médico mineiro continuou investindo em melhoramentos técnicos, alcançando um aperfeiçoado processo de resfriamento do leite, conseguindo assim, diminuir a perda dos produtos finais. A empresa de Dr. Sá Fortes foi a primeira a investir dinheiro no Brasil na compra e no aperfeiçoamento de vagões frigoríficos destinados ao transporte de produtos lácteos para o Rio de Janeiro.
A Fábrica da Mantiqueira foi montada à margem do Rio Pinho, no ponto em que as águas deste se lançam numa cachoeira de nove metros de altura, calculada para mais de 100 cavalos de força motora aproveitável do curso de água. A grande roda de ferro construída para o laticínio utilizava-se apenas de 20 cavalos de força para movimentar as máquinas do estabelecimento.
Na fábrica foram instaladas, à época, duas máquinas ecremeuses Laval, movidas a vapor, malaxeur e baratas holandesas, grandes bacias de recebimento e aquecimento para o leite, balanças para pesagem, aparelhos para lavagem a vapor do vasilhame destinado ao acondicionamento do leite e duas grandes caldeiras, uma do sistema Belleville e outras dos sistemas Bocke e Heldekoper.²
O prédio da fábrica, um vasto edifício de 50 metros de extensão por 17 metros de largura, todo de tijolos parede dupla, coberto por telhas francesas e com o pavimento térreo de asfalto e cimento, localizava-se a três quilômetros da Estação Ferroviária da Mantiqueira, a ela ligado por uma estrutura de linha férrea do sistema Decauville.³ Da fábrica, a linha seguia ainda mais três quilômetros e meio até uma grande construção de piso lajeado de pedras que tinha uma parte que servia de cocheira para os animais e outra parte em separado para a coleta do leite que vinha em latas de ferro recolhidas nas fazendas da região. Na beira da linha ainda existia o prédio que servia de alojamento e refeitório dos empregados.
O transporte do leite do primeiro prédio para a fábrica e, posteriormente, o transporte dos produtos beneficiados para a Estação da Mantiqueira eram feitos em vagões apropriados puxados por animais. A princípio, a tração foi realizada por locomotiva, mas a experiência dos primeiros anos provou ser mais vantajosa e econômica a tração animal. Parte do leite, recebido pela fábrica, era produzido nas fazendas da família Sá Fortes, numa média de 700 litros diários.
No prédio do laticínio, além do salão próprio para o beneficiamento de derivados do leite, funcionava a fábrica de gelo que resfriava 2.500 litros de leite por hora, à temperatura de um grau abaixo de zero. A câmara frigorífica para o congelamento do leite podia congelar mais de 3.000 litros por dia. Noutro salão do prédio funcionava uma bem montada oficina para a manutenção das máquinas, um torno mecânico, vários equipamentos para a fabricação de latas, fornos para fundição de metais e uma completa serra sem fim da marca Panhord & Levasseur.
Na visita que fizemos ao local, a proprietária nos mostrou uma ponta da linha férrea Decauville, no jardim da casa, uma peça que sobreviveu ao tempo. A estrada que segue mais três quilômetros e meio é o antigo leito da linha Decauville que nos levou até o Sítio do Galo – construído sobre o lajeado de pedras citado acima – sítio este que o Dr. Sá Fortes mandou construir para realizar o ajuntamento do leite de suas fazendas e demais propriedades da região – que, naquele local, era colocado em latões de ferro dispostos em vagonetas puxadas por muares que levavam o produto in natura até a fábrica.
O passeio pela região, em 2010, nos revelou mais detalhes do processo de transporte da antiga indústria: às margens do Rio Pinho ainda se podia verificar as bases da extinta linha Decauville que seguia até a Estação Ferroviária da Mantiqueira, àquela altura em ruínas e, à sua frente, um grande lajeado de pedra onde começava o ramal que servia a fábrica.
Em 1890, Dr. Sá Fortes transformou a Fábrica da Mantiqueira em uma sociedade anônima sob a denominação de Companhia de Lacticínios, embora de origem puramente mineira, por conveniência comercial, teve sua sede na então capital federal, o Rio de Janeiro. Ali possuía, junto à Estação do Rocha, em importante propriedade, uma fábrica de gelo, com vastas salas frigoríficas destinadas à fabricação de queijos frescos.
Em 1913, poucos meses antes de seu falecimento, Dr. Sá Fortes procurou dar maior expansão à Companhia de Lacticínios da Mantiqueira, tornando-a subsidiária da Companhia Brasileira de Lacticínios que tinha como sócios os poderosos empresários Horácio de Oliveira Castro, Arrojado Lisboa, Hermann Soltz & Cia, Teixeira Borges, Castro Brown, Júlio Meireles, Raul Leite e L. Dupont, este, filho do grande industrial francês fabricante da famosa Manteiga Demagny.
A numerosa família Sá Fortes, após a morte de seu patriarca, subdividiu seu patrimônio, principalmente focado nas fazendas de criação e nas terras que possuíam. A Fábrica da Mantiqueira continuou em operação até os anos 1930, quando foi definitivamente vendida aos holandeses da família Kingman.
O Legado de Sá Fortes ainda se traduz pelos inúmeros estabelecimentos da indústria láctea concentrados nos municípios de Antônio Carlos, Barbacena e Santos Dumont. A bacia leiteira de Minas Gerais nasceu nas encostas da Serra da Mantiqueira e aqui se faz perene as lides laticinistas, empresas fabricantes de queijo, leite pasteurizado, iogurte e requeijão, corajosos empreendedores que continuam se espelhando na saga iniciada pelo Dr. Carlos Pereira de Sá Fortes.
Informe sobre a Companhia de Lactícinios da Mantiqueira,
Leitura para Todos (RJ) 1905.
Leitura para Todos (RJ) 1905.
NOTA DA REDAÇÃO: Silvério Ribeiro é Pesquisador e Escritor
Notas:
1 – A Estrada de Rodagem União Indústria, ligando a cidade de Petrópolis a Juiz de Fora, foi a primeira rodovia macadamizada da América Latina, inaugurada em 23 de julho de 1861. A estrada estendeu-se depois atingindo também o Alto da Mantiqueira, portanto, o município de Barbacena.
2 – A ecremeuses Laval era uma desnatadeira cujo processo se constituía em realizar a retirada do creme do leite para a fabricação da manteiga. Esta separação da gordura do leite se fazia por um processo centrífugo; o malaxeur era uma batedeira utilizada para fabricar a manteiga obtida a partir do creme apurado na ecremeuses. As caldeiras se destinavam a fabricação do vapor utilizado como força motriz. A caldeira do sistema Belleville era uma caldeira aquatubular também denominada caldeira de paredes de água ou tubos de água. Neste sistema a água é aquecida nos tubos que passam pelo interior da caldeira. A caldeira Belleville utilizada era uma caldeira vertical de alta pressão. Na falta de maiores detalhes sobre o sistema Bocke e Heldekoper acreditamos tratar-se de caldeiras de baixa pressão utilizadas para aquecimento da água destinada à lavagem do vasilhame da fábrica.
3 – O Decauville é um sistema de caminho-de-ferro de via ultra-estreita (bitola de 40 a 60 centímetros de largura) que ficou conhecido pelo nome de seu inventor Paul Decauville. A via é formada apenas por elementos metálicos pré-fabricados, que podem ser facilmente desmontados, transportados e reutilizados. A preparação da plataforma e a colocação da via requer pouco trabalho. As vagonetas eram inicialmente empurradas manualmente ou puxadas por cavalos. A aparição de pequenas locomotivas Decauville e de material rodante diverso, tornou o sistema um verdadeiro caminho-de-ferro, que encontrou aplicações em numerosos domínios: na mineração, industrial, agrícola, pecuário, militar e turístico. O sistema Decauville se tornou excelente “carregador” dentro de propriedades, podia transportar volumes de carga que antes seriam deslocados a muares ou mesmo por serviço manual, assalariado ou escravo. As suas linhas geralmente não passavam dos 15 quilômetros de extensão, mais que suficiente para atender a maioria dos usos à época.
Fontes:
Revistas:
Leitura para Todos – Rio de Janeiro – Ano 1905
O Malho – Rio de Janeiro – Edição 096 – Ano de 1904
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