Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

27 de jun. de 2012

Faça o que lhe digo.


 Solte primeiro uma

Borboleta.

 Se não amanhecer depressa, solte outras de cores diferentes.

De vez em quando, faça partir um barco. Veja aonde vai. Se for difícil, suprime o mar e lance uma planície.

Mande um esboço de rochedo, o resto de uma floresta.

Jogue as iniciais do lenço. Faça descer algumas ilhas.

Mande a fotografia do lugar, com as curvas capitais e a copia dos seios.

Atire um planisfério. Um zodíaco. Uma fachada de igreja. E os livros fundamentais.

Sirva-se do vento, se achar difícil.

Eles estão perdidos. Mas nem tudo o que fizeram está perdido.

Separe o que possa ser aproveitado e mande. Sobretudo, as formas em que o sonho de alguns cristalizou.

Remeta a melação dos encontros, se possível. E o horário dos ventos.

Mande uma manhã de sol, na integra.

Faça subir a caixa de musica com o barulho dos canaviais e o apito da locomotiva.

Veja se consegui o mapa dos caminhos.

Mande o resumo dos melhores momentos.

As amostras de outra raça.

 

Afonso Romano de Sant’Ana–jornal Estado de Minas–01 de abril de 2007.

Nenhum comentário: