Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

3 de mai. de 2014

ENQUANTO ISSO.... - Carlos Ivan -


DESPERDICIO DE COMIDA

Ver criança chorando de fome, choca. Topar com alguém suplicando por um pedaço de pão para enganar a barriga vazia, entristece. Surpreender-se com as batidas de crianças modestas na janela do carro para pedir esmola, durante as paradas no sinal vermelho, revolta. Apesar de humilhantes estas cenas são comuns no Brasil.

Incrível como a sociedade civilizada demonstra não sentir remorso em conviver com os assombrantes quadros de miséria. Dividir espaços com pessoas famintas, com gente queixando-se contra a despensa caseira vazia, contra a falta de dinheiro para comprar alimento, cria clima inamistoso. De fato, emociona ver a molecada chorando, reclamando, protestando em vão, contra a indiferença social.

No mundo, atualmente, mais de um bilhão de pessoas vive em completa situação de miséria. Passando fome. Vítimas da pobreza, da seca, de pragas no campo, das indiferenças sociais, da subnutrição e de guerras entre nações.

Os países mais afetados pela falta de comida são os de economia fraca, os chamados subdesenvolvidos, encontrados facilmente em muitas regiões da África, Ásia e no continente americano. Aliás, nas Américas, concentram-se muitas economias emergentes, reconhecidamente pobres. O Brasil, como parte integrante da relação de pobreza, possui enorme contingente de pessoas famintas. Sem ter o que comer.

As principais causas da fome no mundo são as arrogantes desigualdades econômicas e sociais. As tímidas políticas de distribuição de renda. As famigeradas crises. Os desgovernos. O exagerado desperdício de alimentos. Anualmente, toneladas de alimentos são jogadas no lixo em vez de ser distribuídas com as pessoas carentes. Nutridas, mas de carência nutricional.

O avanço da tecnologia, favorecendo a agricultura, tem aliviado a barra da fome mundial. O problema é o crescimento de a produção agrícola acontecer de maneira diferente em várias regiões do mundo. Enquanto alguns países dão show na agricultura, outros se arrastam na produção, devido a sérias questões climáticas, políticas e econômicas.

Infelizmente, na questão desperdício, o Brasil é destaque. Embora ocupe excelente posição internacional na produção de grãos, graças às safras recordes, colhidas nos últimos anos, existe desleixo. Em 2011, embora tenha registrado a marca de 155 milhões de toneladas, ainda repercute o desperdício de 26 milhões de toneladas de alimentos que foram jogadas no lixo no ano de 2006.

Realmente, mais da metade da safra colhida na cadeia produtiva brasileira é desperdiçada por causa das precárias condições de transporte, e armazenamento. Apodrece no trajeto entre a produção e o consumo. Aliás, por conta do improvisado manejo nas residências, hotéis, restaurantes, lanchonetes, feiras livres e nas ceasas da vida, o desperdício de alimentos é farto no país. Chegando a causar impactos ambientais.

Infelizmente, nem os R$ 293 bilhões recolhidos de impostos e contribuições federais no primeiro trimestre deste ano, novo recorde segundo a Receita Federal, parece não servir para saciar a fome no Brasil. O montante de recursos é útil para suavizar o sofrimento de milhões de pobres brasileiros. Cansados de guerra.

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