1
Amigo vou lhe dizer
Preste
bastante atenção,
Cada
um tem o seu gosto
E
toma sua decisão
Há
coisa que não aceito
Mexer
no cu do sujeito
Que
está debaixo do chão.
2
Eu não tenho preconceito
E
nem sou ruim da bola
Tô
contestando um boato
Que
não entra na cachola
Por
tudo que ouvi falar
Não
posso acreditar
Que
Lampião foi boiola.
3
Valhei-me meu São Francisco
E
“Padim Ciço” Romão
Mexeram
com Virgulino
Que
foi terror no sertão
Querem
mudar sua ficha
Dizer
que o cabra era bicha?
Cabimento
não tem não!
4
Quando eu inda morava
No
meu rincão nordestino
Nas
conversas das calçadas
Citava-se
Virgulino
O
capitão cangaceiro
O
temido bandoleiro
Causador
de desatino.
5
Carregou Maria Déia
Dela
fez sua companheira,
Com
ela cantou, dançou
Ao
som da mulher rendeira
Tiveram
a mesma sorte
Viveram
até a morte
Uma
paixão verdadeira.
6
E nem venham me dizer
Que
Maria era infiel
E
que o Rei do Cangaço
Andou
queimando o anel
Isso
é pura fantasia
Pra
não dizer heresia
De
mente suja e cruel
7
Com ela teve uma filha
Batizada
de Expedita
Que
não viveu no cangaço
Pra
não provar da desdita
Lampião
deixou herdeira
Fez
filho na companheira
Não
fugiu da periquita.
8
O Virgulino Ferreira
Gostava
de artesanato
E
por ser bom artesão
Vestia-se
com aparato
Tinha
lá o seu costume
De
usar um bom perfume
Mas
com pica não fez trato.
9
Nos dedos muitos anéis
Enfeitavam
sua mão
No
pescoço medalhinhas
Penduradas
no cordão
O
lenço em vez da gravata
Tinha
ouro e tinha prata
Enfeitando
lampião.
10
Usava lenço de seda
Porque
tinha algum requinte
Amava
a fotografia
Não
era nenhum acinte
A
vaidade era normal
Ajudava
o visual
No
bom gosto possuinte.
11
Quem espalha este boato
Sensacionalismo
quer
Lampião
era chegado
A
racha duma mulher
Isso
é fato e não é fita
Amou
Maria bonita
E
não foi paixão qualquer.
12
Lampião foi cabra macho
Famoso
fora da lei
Agora
querem dizer
Que
Virgulino era Gay
Ele
pintava e bordava
Mas
a rosca não queimava
Pelas
histórias que sei.
13
Foi lider dos cangaceiros
E
valente pra chuchu
Agora
depois de morto
Querem
difamar seu cu
Ele
não virou baitola
E só
entrava na rola
Quando
comia nambu.
14
Querem derrubar o mito
Desconstruir
lampião
O
cangaceiro perverso
Que
assombrou o sertão
E
fez tanta crueldade
Por
toda sua maldade
Fora
comparado ao cão
15
Sujeito igual lampião
Jamais
será lamparina
A
saga do cangaceiro
Não
se fez com vaselina
E
sim com dedo treinado
No
gatilho colocado
Na
mira da carabina.
16
Meu caro vou lhe dizer
Segredo
não peço não
É
fácil falar de quem
Hoje
é só pó no caixão
Isso
é pura sacanagem
Queria
ver ter coragem
Diante
de Lampião.
17
Se lampião fosse vivo
O
falador penaria
E no
pipocar das balas
A
dançar aprenderia
Pra
deixar de esculacho
E
respeitar cu de macho
Que
o anel não queimaria.
18
Do punhal do Capitão
Seria
mira certeira
E
sentiria a pontada
Furando
a saboneteira
Além
de morrer a míngua
Inda
perderia a língua
Quem
dele falou besteira.
19
Bem antes tenho certeza
Que
comeria sal puro
Viraria
uma peneira
Diante
de tanto furo
Pois
Virgulino Ferreira
Não
pouparia a peixeira
Num
falador sem futuro.
20
Tem coisa que não aceito,
Não
creio, não dou, ouvido
Lampião,
rei do cangaço
Não
perderia o franzido
Ele
não escamoteia
Na
rosca não botou peia
Por
pau não foi seduzido.
21
Essa história é sem sentido
Ninguém
acredita nela
Pois
bunda de bandoleiro
Não
foi porta sem tramela
Era
saída e mais nada
Não
consta que foi entrada
Não
azeitou a arruela.
22
Eu posso estar enganada
Mas
acho que esta lambança
Foi
criada por alguém
Com
desejo de vingança
Lampião
não foi veado
Foi
apenas difamado
Botaram
seu cu na dança.
23
Com esta fofoca toda
E
com essa falação
O
rei do cangaço acaba
Virando
é assombração
Capaz
de sair da cova
Pra
dar uma boa sova
Em
quem faz difamação.
24
Este cordel chega ao fim
Chega
ao fim minha defesa
Vou
bater o meu martelo
A
verdade está na mesa
Minha
tese não afunda
Nunca
fez farra na bunda
Quem
foi rei da Malvadeza.
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