Os partidos
políticos são as instituições públicas mais desacreditadas pela
população no Brasil. A maior parte das pessoas simplesmente não
confia nessas entidades. Muito disso decorre dos casos de corrupção envolvendo a cúpula
dos partidos mais importantes do país.
Agora, imagine que
você queira concorrer a um cargo eletivo, mas não tenha simpatia por
nenhum dos 35 partidos
políticos registrados no TSE. O jeito é concorrer à parte, sem
se filiar a partido nenhum, certo? O problema é que você não pode fazer isso. As candidaturas
avulsas, independentes, são proibidas no Brasil. Mas por que, afinal, essa
proibição existe? É o que vamos explicar neste post.
SITUAÇÃO DAS
CANDIDATURAS AVULSAS NO BRASIL
A filiação a um partido político é um dos requisitos
obrigatórios que todos os candidatos a qualquer cargo
eletivo devem cumprir (veja o artigo 14 da Constituição). Essa regra existe desde 1945,
quando foi promulgada a Lei Agamenon, uma reforma do código eleitoral.
Desde então, a proibição permanece.
A ideia de
liberar candidaturas avulsas surge recorrentemente no Congresso, mas
não prospera. Em 2011, o senador Paulo Paim (PT-RS) apresentou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC),
que recebeu parecer contrário do relator na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ). Já em 2015, no contexto da reforma eleitoral, o senador Reguffe
(PDT-DF) apresentou outra PEC a respeito do mesmo tema. Em ambos os casos, a
proposta não foi aprovada.
A FAVOR DA
CANDIDATURA AVULSA
São parte de
um regime democrático. Ninguém deve ser forçado a se filiar a partido
algum. Trata-se, portanto, de uma liberdade democrática que estaria sendo
desrespeitada no Brasil. Pelos princípios da democracia, liberar candidaturas independentes seria mais
compatível, argumentam os favoráveis.
As candidaturas
avulsas teriam efeitos positivos sobre o sistema partidário. Os partidos perderiam o monopólio das
candidaturas e, por consequência, se veriam enfraquecidos. Isso poderia ser o
início de mudanças importantes nessas entidades, hoje em grande parte
fisiológicas e envolvidas em esquemas de corrupção.
Seria uma
forma de promover a participação política. Como é grande a
desconfiança da população em relação aos partidos, muitos aspirantes a cargos
eletivos passariam a ingressar nesse mundo sem precisar se comprometer com
a política partidária.
CONTRA CANDIDATURA
AVULSA
Os partidos
políticos são base essencial da democracia representativa. São eles
que agrupam as principais demandas sociais, mobilizam pessoas, representam
interesses, organizam eleições e, por fim, apresentam candidatos nas
eleições. Por tudo isso, é a partir deles que os políticos devem se
apresentar à sociedade.
Provocariam um
problema de governabilidade. O Executivo teria de negociar com
parlamentares individualmente, já que não haveria mais líderes
partidários. Isso traria novas dificuldades para a relação entre governo e
Congresso, que já possui conflitos.
Candidatos avulsos
acabariam causando um problema nas eleições para
deputado e vereador, como aponta o Movimento Voto Consciente. Como o sistema
é proporcional e depende dos votos de cada partido, ele teria de ser
reformulado, para que os avulsos competissem em pé de igualdade com os
candidatos filiados a partidos.
CANDIDATURAS AVULSAS NO MUNDO
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