Eu observava o vai e vem de pessoas na estação.
Concentrados em olhar para os relógios. Rostos impossíveis e caras feias. Passam
em macha pelas catracas, assim como escravos da rotina. Olhares nervosos cruzam
com os meus. Bocas que contradizem a beleza do sorriso.
Eu estava ali de pé e encostada na parede fria. Eram 14:00 horas e o
encontro seria às 14:30. Podia aguardar meia hora. Aquela multidão nervosa marchava
e eu me defendia com a melhor cara feia que tenho. Os olhares
saltavam faíscas e
o encontro – apesar de adormecido pelas convenções sociais – parecia eminente.
Eu estava encostada na parede fria e pronta para a guerra, mas fui
desarmada. Uma jovem passou pela catraca e sorriu para mim. Um sorriso clandestino.
Proibido pela marcha impassível. Não tive outra alternativa a não ser sorrir de
volta. Experimentei aquele momento extraordinário que quebrou as correntes da
rotina, a mesmice da pressa e fez meu coração sorrir com a humanidade, esperançoso.
Um comentário:
Gostei rs
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