28 de nov. de 2014
24 de nov. de 2014
Curta
Estão
abertas, até 30 de janeiro de 2015, as inscrições para o Edital Curta Afirmativo 2014: Protagonismo de Cineastas Afro-Brasileiros
na Produção Audiovisual Nacional. A iniciativa visa apoiar a
produção de obras nacionais inéditas dirigidas ou produzidas por cineastas afro-brasileiros.
De
acordo com o edital, podem ser inscritas obras de ficção ou documentário, com a
possibilidade de utilização de técnicas de animação. Serão selecionados 21
curtas-metragens de 13 minutos, com tema livre, e 13 médias-metragens de 26
minutos, com temática que aborde as culturas de matriz africana. O apoio será
de R$ 80 mil e de R$ 100 mil, respectivamente. As obras deverão ser inscritas
pela internet, no sistema SALICWEB,
por pessoas físicas autodeclaradas negras – pretos e pardos, de acordo com as
categorias do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE –, brasileiros natos ou
naturalizados, que se apresentem obrigatoriamente como diretores ou produtores.
Edital
Curta Afirmativo 2014: Protagonismo de Cineastas Afro-Brasileiros na Produção
Audiovisual Nacional
Inscrições: Até
30 de janeiro de 2015, no sistema SALICWEB.
Edital: http://bit.ly/1F2PoDW
14 de nov. de 2014
ANTÔNIO CARLOS É O MUNICÍPIO DA IMPUNIDADE!
Desde o princípio, um erro clássico deste
Governo foi não ajustar contas com o passado, a pretexto de que não queria
perder tempo com velhas querelas. Por assim dizer, apagou a responsabilidade de
toda a gente que tinha levado Antônio Carlos à situação desesperada a partir de
2000. O nosso coração é bom e muito inclinado a não tocar no sossego e no bom
nome do próximo. É um coração de ouro que não gosta de afligir ninguém. E, como
não gosta, os antônio-carlenses ficaram sem saber ao certo como se acumulou a
enorme dívida, que nos sufoca; quem deliberadamente a fez por sua própria força
e autoridade; e que espécie de razões presidiram ao exercício (corrupção?
oportunismo eleitoral? incompetência? puro desleixo?).
A julgar pelos tribunais parece que um
castigo do Altíssimo se abateu sobre nós para nos punir de inconfessáveis
pecados. Entretanto, cai interminavelmente do céu uma chuva de números, que de
resto mudam dia a dia e em que o cidadão comum deixou de acreditar.
E nós continuamos passivos no meio
desta feira de inocentes, sem a menor ideia do que nos vai suceder. Mas sem
queixas. Antônio Carlos é o município da impunidade.
12 de nov. de 2014
11 de nov. de 2014
O soldado absoluto
“De um lado, oficiais
getulistas que seguiam sua cartilha e defendiam idéias nacionalistas
mostravam-se inconformados com a perda de Vargas. (...) De outro, coronéis
insubordinados que defendiam a intervenção militar nos temas políticos, graças
à – conforme acreditavam – incapacidade civil de administrar o país.”
Era assim que se encontrava o exército em 1954, logo após o suicídio de Getúlio Vargas, no mês de agosto mais famoso de nossa história.
“Falava-se muito na unidade militar, o que era uma lenda”, naquela época. Foi nesse clima de instabilidade que Café Filho, vice-presidente de Getúlio, assumiu a presidência do Brasil.
Com o “racha” no exército, Café Filho tinha um grande problema. A qualquer momento poderia eclodir um golpe militar para destituí-lo do cargo de presidente. Ele precisava de alguém para apaziguar os militares e acalmar a população, que organizava constantes manifestações públicas, culpando os antigetulistas pela morte de Vargas. Café Filho teria que encontrar um militar neutro, imparcial e sem ligações com qualquer corrente política para assumir o mais importante dos ministérios naquela época: o da Guerra (hoje, do Exército). O único que preencheu todos esses pré-requisitos foi o (na época) general Henrique Duffles Baptista Teixeira Lott.
Esse é apenas o início de O soldado absoluto – uma biografia do marechal Henrique Lott, (Record, 2005, 552 págs), do jornalista Wagner William.
Nascido no dia 16 de novembro de 1894 em Sítio (que depois teria seu nome mudado para “Antonio Carlos”), um subdistrito de Barbacena, Minas Gerais, Henrique Lott não teve uma vida fácil. Primeiro dos onze filhos do casal Henrique Matthew Caldeira Lott (que a essa altura era proprietário de uma olaria) e Maria Baptistina Duffles Teixeira (que era professora primária), Henrique Lott teve uma educação rígida. Seu pai, por exemplo, que era descendente de ingleses, ensinava inglês exaustivamente ao futuro marechal. O pequeno Henrique chegava a cochilar em algumas aulas, de tão cansado. Era acordado pelo pai aos cascudos. O avô materno do pequeno Henrique, o português João Baptista da Costa Teixeira, foi responsável pelo costume que acompanharia o marechal Henrique Lott até o fim de seus dias. “João Baptista costumava dormir muito cedo. Impunha então uma regra aos netos: perguntava qual deles desejava acordar de madrugada, sendo que quem não levantasse não seria mais chamado. O menino Henrique sempre respondia ao despertar do avô. Nunca ficou dormindo. E durante toda a sua vida continuaria acordando de madrugada.”
Sempre muito estudioso e dedicado, Henrique Lott foi o aluno destaque em todos os estabelecimentos de ensino pelos quais passou. Tanto nos infantis colégios primários quanto nos rígidos colégios militares.
Aos dezessete anos Lott perde o pai. Além da dor da perda, Lott precisou lidar com a responsabilidade que lhe caía nos ombros. A situação financeira da família não era nada boa, os negócios de seu pai vinham declinando já há algum tempo. Com a morte do chefe da família, o filho mais velho teria de, mais do que nunca, honrar o dinheiro investido por seus pais em sua educação. Para se ter uma idéia, a taxa trimestral cobrada pela escola militar, na época, era maior que o salário mensal da mãe de Henrique. É bom lembrar que o casal tinha dez filhos, sem contar o futuro marechal.
Os irmãos de Lott o tinham como ídolo e “rezavam sempre para que ele tivesse boas notas e fosse o primeiro da turma”, mas “havia algo além de amor fraternal naquelas orações. Dona Baptistina estabelecera um prêmio para as crianças que, curiosamente, seria medido pelas notas do filho mais velho: eles teriam direito a uma lata de sardinha, da marca Felipe Canot, nos almoços de sábado, desde que Lott se mantivesse em primeiro lugar na escola. Não houve um só sábado sem sardinha naquela casa.”
No exército, a carreira de Lott foi marcada pela sua integridade, dedicação e sucesso – ainda que um pouco prejudicado pela sua integridade. Por incrível que isso possa parecer.
Por ser um homem de opinião forte, honesto e de integridade (insisto na palavra por vê-la tão pouco utilizada e praticada hoje) inabalável, Henrique Lott, já ministro da Guerra, incomodou muita gente. Principalmente os próprios militares.
Em novembro de 1955, Lott liderou o movimento que deu condições para que Juscelino Kubitschek, eleito pelo voto popular, assumisse a presidência da república. (Um golpe militar fora articulado para evitar a posse de Juscelino, mas um outro grupo de militares, liderado por Lott, fez com que o resultado da eleição fosse cumprido.)
A influência dele era tão grande que Juscelino tinha medo de ter Henrique Lott como ministro da Guerra em seu governo. Mas o deputado e seu amigo pessoal Armando Falcão o tranqüilizou:
“ – Presidente, o Lott não quer ser nada. Deseja vestir o pijama, e cuidar do jardim da casa que tem em Teresópolis. (...) Mas eu, se fosse você, lhe faria um apelo para continuar à frente do Exército. (...) Não acredite na conversa dos que (...) procuram jogá-lo fora do seu governo como meio de vê-lo nascer enfraquecido. Não hesite. Mande chamar o general Lott e insista para ele continuar na pasta da Guerra.”
Durante o período em que foi ministro de JK, o nome de Lott se popularizou, principalmente por causa do “11 de novembro” (nome pelo qual ficou conhecido o “contragolpe”). Tanto que foi praticamente obrigado a ser candidato à presidência para suceder Juscelino.
Uma eleição no mínimo curiosa. Os dois principais candidatos eram Lott e Jânio Quadros (que por duas vezes renunciou a candidatura). Entre os candidatos a vice (na época o vice-presidente também era eleito pelo voto popular), estava João Goulart, que se dizia candidato tanto de Jânio quanto de Lott.
Além dessas curiosidades, havia o fato de o marechal não ser um “bom” candidato. Ao invés de fazer promessas que não poderiam ser cumpridas, Lott mantinha um discurso honesto, e nunca escondeu suas opiniões ou fantasiou suas propostas. A sinceridade rendeu à campanha de Lott pouquíssimas doações em dinheiro e a perda de muitos votos. Sem contar que Juscelino jamais deu grande apoio à candidatura de Lott. Na verdade, JK desejava que ele não ganhasse. Sendo mais específico: que nenhum candidato do governo ganhasse. Para que ele pudesse ser oposição em 1965 e assim ter uma vitória mais fácil.
Assim, Jânio Quadros venceu. Tomou posse do cargo em janeiro de 1961. Sete meses mais tarde, renunciava à presidência. Com esse ato, teve início uma série de manobras políticas e militares para impedir que João Goulart, vencedor da eleição para a vice-presidência, assumisse o cargo de presidente.
E mais uma vez Lott teve papel fundamental na organização de uma resistência contra os militares e na manutenção da ordem política do país. Para tanto, Lott precisou apenas dar alguns telefonemas e indicar a Leonel Brizola o caminho correto de como se evitar mais aquele golpe. Lott também divulgou um manifesto repudiando a ação dos golpistas.
Por conta disso, teve
prisão declarada, fato que rende o trecho mais engraçado do livro.
Primeiro, o marechal simplesmente se negou a atender um coronel que desejava fazer ele mesmo a prisão de Lott. Coisa que não poderia acontecer, por causa da patente de Lott ser bem superior à do coronel. Depois, quando enfim um marechal chegou a seu apartamento, Lott o fez esperar por bem mais de uma hora. Enquanto isso, manteve sua rotina: fez exercícios, tomou banho, barbeou-se e tomou seu café da manhã. Quando lhe perguntaram, enquanto ele tomava banho, se precisava de alguma coisa (dando a entender que Lott estava demorando), respondeu que não precisava de nada e que “esses patriotas não sabem que não se invade a casa de um cidadão antes das seis da manhã. Então eles vão ficar esperando para aprender.” Poucos dias depois Lott seria solto. Não sem ter dito tudo o que pensava sobre os militares envolvidos no golpe e na sua ordem de prisão, na cara deles. Inclusive na do então ministro da Guerra.
Os capítulos finais dão destaque à Nelson Lott, neto de Henrique, que foi preso e torturado entre o fim da década de 60 e o início da década de 70, por estar envolvido em grupos contra o regime militar.
O marechal, já fora da vida política e militar, nada pôde fazer para ajudar o jovem neto, que tinha apenas vinte anos quando foi preso. Qualquer atitude de Lott poderia prejudicar Nelson. O exército era comandado por pessoas que viam Lott como o maior responsável pelo insucesso das duas tentativas de golpe anteriores. Definitivamente, não seria uma boa ideia Henrique Lott tentar intervir a favor do neto.
Em maio de 1964 o Brasil perdeu um de seus filhos mais notáveis. Seu enterro aconteceu sem honras militares, fato que não tem explicação. O já ministério do Exército tentou minimizar e justificar o fato, mas a imprensa da época divulgou a ausência das honras militares no enterro de Lott.
O soldado absoluto traz uma enorme quantidade de informações sobre um brasileiro que deveria servir de exemplo para qualquer um. Seja quem ou de onde for. E, apesar de a narrativa envolver temas que muitos não consideram (erroneamente) interessantes, Wagner William consegue, de maneira competente, contar a vida de Lott sem causar enfado. Muito pelo contrário. Eu, particularmente, devorei as 300 páginas finais do livro em poucas horas, interrompendo a leitura apenas para tomar um café, que também não sou de ferro.
No enterro do marechal Henrique Lott, seu velho amigo Sobral Pinto dá uma declaração à imprensa que mostra o quanto Lott foi – e continua sendo – importante para a história do nosso país:
“... se tivesse ido para a presidência do Brasil, teria instaurado um governo de legibilidade e de respeito à pessoa humana, e uma vinculação com partidos políticos, porque era um democrata sincero, inteligente e honrado. Com Lott na presidência, não teríamos ditadura militar durante vinte anos, não teríamos a falência nacional. Nada disso teria acontecido.”
Primeiro, o marechal simplesmente se negou a atender um coronel que desejava fazer ele mesmo a prisão de Lott. Coisa que não poderia acontecer, por causa da patente de Lott ser bem superior à do coronel. Depois, quando enfim um marechal chegou a seu apartamento, Lott o fez esperar por bem mais de uma hora. Enquanto isso, manteve sua rotina: fez exercícios, tomou banho, barbeou-se e tomou seu café da manhã. Quando lhe perguntaram, enquanto ele tomava banho, se precisava de alguma coisa (dando a entender que Lott estava demorando), respondeu que não precisava de nada e que “esses patriotas não sabem que não se invade a casa de um cidadão antes das seis da manhã. Então eles vão ficar esperando para aprender.” Poucos dias depois Lott seria solto. Não sem ter dito tudo o que pensava sobre os militares envolvidos no golpe e na sua ordem de prisão, na cara deles. Inclusive na do então ministro da Guerra.
Os capítulos finais dão destaque à Nelson Lott, neto de Henrique, que foi preso e torturado entre o fim da década de 60 e o início da década de 70, por estar envolvido em grupos contra o regime militar.
O marechal, já fora da vida política e militar, nada pôde fazer para ajudar o jovem neto, que tinha apenas vinte anos quando foi preso. Qualquer atitude de Lott poderia prejudicar Nelson. O exército era comandado por pessoas que viam Lott como o maior responsável pelo insucesso das duas tentativas de golpe anteriores. Definitivamente, não seria uma boa ideia Henrique Lott tentar intervir a favor do neto.
Em maio de 1964 o Brasil perdeu um de seus filhos mais notáveis. Seu enterro aconteceu sem honras militares, fato que não tem explicação. O já ministério do Exército tentou minimizar e justificar o fato, mas a imprensa da época divulgou a ausência das honras militares no enterro de Lott.
O soldado absoluto traz uma enorme quantidade de informações sobre um brasileiro que deveria servir de exemplo para qualquer um. Seja quem ou de onde for. E, apesar de a narrativa envolver temas que muitos não consideram (erroneamente) interessantes, Wagner William consegue, de maneira competente, contar a vida de Lott sem causar enfado. Muito pelo contrário. Eu, particularmente, devorei as 300 páginas finais do livro em poucas horas, interrompendo a leitura apenas para tomar um café, que também não sou de ferro.
No enterro do marechal Henrique Lott, seu velho amigo Sobral Pinto dá uma declaração à imprensa que mostra o quanto Lott foi – e continua sendo – importante para a história do nosso país:
“... se tivesse ido para a presidência do Brasil, teria instaurado um governo de legibilidade e de respeito à pessoa humana, e uma vinculação com partidos políticos, porque era um democrata sincero, inteligente e honrado. Com Lott na presidência, não teríamos ditadura militar durante vinte anos, não teríamos a falência nacional. Nada disso teria acontecido.”
10 de nov. de 2014
“Memorias de uma aeromoça” - O PASSAGEIRO CLASSE C
Foi-se
o tempo em que viajar de avião era privilégio de poucos. Agora o transporte
aéreo se democratizou e alcançou camadas mais populares.
Isso
é bom para quem está entrando no mercado. Mais ofertas de emprego, o setor está
bombando.
Mas também significa ter que saber lidar com esses novos clientes e
com seu modus operandi.
Gente
mal educada existe em todas as camadas sociais. Fato. Até nas chamadas classes
"diferenciadas" tem pessoas grosseiras e arrogantes. E como tem!
Mas
lidar com a classe C emergente requer bastante jogo de cintura para você
comissário não se melindrar à toa, não se estressar a toda hora e o mais
importante: para não melindrar o cliente que é quem sempre tem razão. Seja ele
brega ou chique.
Choques culturais ocorrerão com certeza, e você, como bom profissional que é, tem que estar preparado para lidar com isso da melhor maneira possível.
Choques culturais ocorrerão com certeza, e você, como bom profissional que é, tem que estar preparado para lidar com isso da melhor maneira possível.
O
passageiro classe C costuma pedir a atenção do comissário de maneiras pouco
ortodoxas, como por exemplo cutucando. Podem cutucar o ombro, o braço, as
costas ou puxar a manga da camisa. Não conheço ninguém que goste de ser
cutucado. É chato, é desagradável, é invasivo. Mas o bom profissional aprende a
"entubar”. Para quem tem verdadeiro horror de ser
cutucado eu sugiro procurar outra profissão. Eles não vão parar de fazer
isso. E nem você vai ficar dando aulas de etiqueta nas alturas. Até porque você
terá mais o que fazer.
Uma
outra maneira de se chamar os comissários é no assobio. Muitos usam o PSIU! Ou
o grito mesmo: Ei! /Moça! /Aeromoça! /Meu camarada! /Colega! e outros
mais. Ficou
chocado? Vai ter dois trabalhos, pois volto a repetir: Você não é pago para dar
lições de boas maneiras a quem não as pediu. O máximo que se faz numa hora
dessas é mostrar ao cliente o botão de chamada do comissário e solicitar
que da próxima vez ele aperte o botão ao invés de gritar. As chances de
você ser atendido são.... Bem.... Digamos...... dois por cento talvez? Rsrs
Mas
ao contrário do que parece, ninguém faz isso por ser grosseiro. É que
a classe C tem uma noção de privacidade peculiar. Costumam viver mais
aglutinados do que as classes mais favorecidas. Ou moram várias pessoas na
mesma casa, ou existem vários núcleos familiares no mesmo terreno. O
famoso "puxadinho", o segundo andar construído em cima da lage. Por
isso a noção de privacidade é relativa. Isso explica os cutucões e os gritos.
Quando se tem que dividir o espaço com vários outros, muitas vezes o grito é
questão de sobrevivência.
A
classe C costuma sujar mais o avião. Nesse caso já é uma questão cultural do
povo brasileiro. Em países mais desenvolvidos o que se pensa é: "Não
vou jogar papel no chão para que a rua por onde eu passo não fique suja."
Aqui
a mentalidade é: "Se todo mundo joga papel no chão por que eu não
posso jogar?"
E na cabeça deles sempre vai ter "alguém" para limpar a sujeirada. Então para que se preocupar?
E na cabeça deles sempre vai ter "alguém" para limpar a sujeirada. Então para que se preocupar?
Lidar
com o ser humano nunca foi tarefa fácil. Lidar com seres humanos de cultura e
mentalidade diferente da nossa é mais difícil ainda.
Procurando
ver a situação pelo lado bom (sim, tudo tem seu lado bom!) são essas coisas que
fazem da profissão de comissário um desafio e uma aventura. Já pensou se todos
os passageiros se comportassem de maneira previsível? Não teria graça, e a
gente não teria tantas histórias para contar aos nossos filhos, para postar nos
nossos blogs ou para publicar em nossos livros.
29 de out. de 2014
28 de out. de 2014
CULTURA DO ÓDIO
Você pertence a que cultura? Cultura é um conjunto de
hábitos e convenções que aprendemos e onde crescemos. Qual é a sua? Quando você
vai viajar, você conhece outra cultura. Quando você trabalha viajando, você
conhece várias culturas. Quando você conhece várias culturas, você não perde a
sua, ela está lá com você e você a levará para aonde for.

Agora, se você não gosta de uma determinada cultura,
há de se considerar que a pessoa que cresceu nela e que portanto a carrega
consigo, pode não concordar com você, certo? Seus motivos são seus. Logo, os
desta pessoa, são dela. Parece óbvio? Uma explicação quase pueril, mas
necessária de se entender quando se trabalha com aviação e, portanto, com
diversidade de culturas. Pois bem, eu sou a pessoa cuja cultura a outra crítica.
Eu sou aquela que é alvo de piadas de gênero racista, de origem xenofóbica, de
conteúdo preconceituoso. Não, eu não acho isto engraçado. A propósito, meus
caros, isto é crime! Segundo a lei Lei 7.716 de 05 de janeiro de 1989, que
trata de preconceitos relacionados à cor, origem ou etnia. É crime de ódio,
xenofobia! Ah e com pena de reclusão, tá?

Até quando vamos disseminar a cultura do ódio às
culturas diferentes da nossa? Até quando vamos aplaudir piadas de gaúcho, de
carioca, de argentino, de baiano, de português ou de marcianos, que seja!
Alimentando estereótipos criados pela superficialidade de ideias e por
histórias vazias, nos auto depreciamos enquanto nação. Nos desvalorizamos
enquanto seres humanos e estamos, em escala menor mas não menos grave,
aplaudindo os fundamentos do nazismo.

por Lídia Dourado
Medo da Palavra
São maus tempos para a palavra,
dias cinzentos para um filólogo. O problema principal não é a abundância de
expressões vulgares que até se tornam reveladoras numa análise linguística e
sociológica. O mais triste é a diminuição da linguagem articulada, o medo de
pronunciar vocábulos e o mutismo que se amplia. “Homem que é homem não fala
tanto” disse-me um vendedor nesta manhã quando insisti em saber se os bolinhos
eram de goiaba ou coco.
O que está acontecendo com a
linguagem? Por que esta aversão a se expressar de modo coerente e com frases
bem estruturadas? É muito preocupante a tendência ao monossílabo e a utilização
de sinais substituindo orações com sujeito e predicado. Quem terá dito a tanta
gente que conversar é sinal de fraqueza? Adjetivar indica frouxidão? O fenômeno
acontece entre homens jovens, pois nos códigos machistas a loquacidade refuta a
virilidade. A pancada, a expressão facial ou um simples murmúrio substituíram
as conversas fluidas e os complementos de muitos enunciados.
“Eu é que não discuto…”
Pavoneava-se um senhor ontem quando um adolescente tentava lhe dizer algo.
Enquanto gritava isto agitava as mãos como que advertindo que no lugar de
palavras ele preferia o código dos pescoções. O pior é que para a grande
maioria que assistia a altercação aquele indivíduo estava fazendo o certo: não
falar tanto e passar para a briga. Por que para muitos discutir é ceder,
argumentar evidencia fraqueza, tratar de convencer é coisa de covardes. Ao
invés disso preferem o grito e o insulto, talvez herdado de tanto discurso
político agressivo. Optam pelo grunhido quase animal e a bofetada.
São maus tempos para a palavra, dias de festa para o
silêncio
.
por Humberto Sisley
27 de out. de 2014
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