Eu cresci ouvindo a”
Radio Correio da Serra” a “Radio Barbacena” e a “Rádio Eldorado”. Sim, tenho um
gosto musical bastante eclético. Para mim, existem dois gêneros de música:
“gosto” e “não gosto”. Uma coisa que também não faço é patrulhar a vida alheia.
Gosto não se discute, até se lamenta, mas jamais se impõe. Portanto, se vós,
caro leitor, sois fã dessa música que faz sucesso hoje no Brasil; não serei eu
a pessoa a criticar-vos. Por outro lado, tenho todo o direito de dizer do que
gosto ou não gosto, sem que me encham o saco por causa disso. Não, não sou
elitista, intelectual nem metida à besta. Só gosto daquilo que, na minha
percepção, é música boa. Tudo isso só pra dizer que não gosto de música
sertaneja, mas adoro música caipira; que alguns gostam de chamar: “música de
raiz”.
12 de mar. de 2015
Róber Avila: Problema da elite não é a corrupção - Brasil 247
Para o doutor em Economia Róber
Iturriet Avila, o 'clamor' pela retirada do PT do Poder em desacordo com as
regras democráticas é menos fruto das denúncias de corrupção na Petrobras; tem
mais a ver com ascensão social e aumento do poder aquisitivo das classes menos
favorecidas; "Na história do Brasil, sempre que o salário mínimo e a renda
média subiram, houve algum tipo de intento golpista", diz; "É preciso
muita inocência para imaginar que as manifestações contra o governo são
incentivadas pelo descontentamento com a corrupção, pela elevação do preço do
combustível ou da energia. O ódio não é ao PT", afirma; Avila lembra os
conflitos de 1954 que derrubaram Getúlio Vargas, que havia aumentado o salário
mínimo em 100%
“não é como uma camisa que se troca todo dia”
Brasil 247 – Em conversa com estudantes da
Universidade Harvard, nos Estados Unidos, a ex-presidenciável Marina Silva
criticou indiretamente o movimento golpista contra a presidente Dilma Rousseff.
Segundo reportagem de Roberto Fonseca, do ‘Estado de S. Paulo’, ela afirmou que
“as pessoas devem ter maturidade com suas escolhas” e disse que governo “não é
como uma camisa que se troca todo dia”.
Marina também afirmou que o país vive
um “grave problema com a corrupção”. Segundo ela, não se trata de ‘um problema
de Dilma, Lula, de Fernando Henrique, nem de Collor, nem de Sarney’; “é um
problema nosso. E que, enquanto se achar que o problema é deles, vamos
continuar tendo esse problema”.
Ela, no entanto, criticou as gestões
Lula e Dilma. De acordo com Marina, “se o governo não tivesse tratado a crise
em 2008 como ‘marolinha’, talvez o País estivesse melhor”.
9 de mar. de 2015
A história de um ícone - Bic

Corriam os anos 30 e László Bíró, jornalista Húngaro, começava a ficar frustrado
com o tempo despendido a recarregar a sua caneta e a aguardar que a tinta
secasse no papel. Decidiu então criar uma caneta que facilitasse a escrita
resolvendo os problemas anteriores. Assim, em 1938, trabalhando com o seu irmão
Georg, patenteou o design de uma caneta que utilizava uma minúscula esfera
rotativa na ponta. O conceito era simples; à medida que a esfera rolava com o
atrito na superfície do papel, entrava em contato com a tinta e transferia-a
para a superfície do mesmo.
Apesar de já existirem propostas do gênero no
passado, o design dos Bírós resolvia muitos dos problemas práticos relacionados
com o entupimento e fugas indesejadas de tinta. Nos 40, eles licenciaram o
design a inúmeros fabricantes nos estados Unidos e Inglaterra mas, foi somente
uma década depois que todos os problemas foram sanados por Marcel Bich, um
fabricante francês que criaria um dos objetos mais marcantes de toda uma
cultura ocidentalizada. Nasceu assim um ícone, nasceu a caneta BIC crystal.
Este verdadeiro ícone da democracia - com um custo tão barato que torna
acessível a qualquer bolso - é também um dos primeiros produtos de uma cultura
de "usar e jogar fora", permitindo inclusive que inúmeras propostas
viessem a ser criadas à volta deste objeto. As utilidades, como será óbvio de
observar, somente estão limitadas pela nossa imaginação.
5 de mar. de 2015
Os
super-ricos brasileiros detêm o equivalente a um terço do Produto Interno
Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas do País em um ano, em contas em
paraísos fiscais, livres de tributação. Trata-se da quarta maior quantia do
mundo depositada nesta modalidade de conta bancária.
A informação foi
revelada no domingo, dia 28, por um estudo inédito, que pela primeira vez
chegou a valores depositados nas chamadas contas offshore, sobre as quais as
autoridades tributárias dos países não têm como cobrar impostos.
John
Christensen, diretor da Tax Justice Network, organização que combate os
paraísos fiscais e que encomendou o estudo, afirmou à BBC Brasil que países
exportadores de riquezas minerais seguem um padrão. Segundo ele, elites locais
vêm sendo abordadas há décadas por bancos, principalmente norte-americanos,
para enviarem seus recursos ao exterior.
“As
elites fazem muito barulho sobre os impostos cobrados delas, mas não gostam de
pagar impostos”, afirma Christensen. “No caso do Brasil, quando vejo os ricos
brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estejam brincando. Porque
eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo.”
4 de mar. de 2015
26 de fev. de 2015
AÇUDE DE INDEPENDÊNCIA SANGRANDO "Brasil de doido"
O Açude da Prefeitura do município de Independência, situado no
Bairro Cohab, 309km de Fortaleza, após 8 anos, pior estiagem dos últimos 20 anos,
começou a sangrar na manhã desta segunda-feira, 23. Fortes
chuvas caídas entre a noite deste domingo, 22, e a manhã de segunda-feira, 23.
Segundo informações do radialista Gaspar Loureiro, praticamente em
todo o município de Independência choveu bem. Na cidade várias ruas ficaram
alagadas e encheu riachos em várias localidades por causa de uma chuva de
100mm. A água do açude desemboca no Rio
Poty e segue rumo ao município de Crateús. Fotos: Gaspar Loureiro
21 de fev. de 2015
É preciso antecipar
Na próxima reunião de vereadores, mais uma vez, vou sugerir que os
vereadores procurem a Empresa de Transporte Barraca e exija o cumprimento da
Lei que beneficia, com gratuidade, todos os IDOSOS que solicitarem os serviços
da dita-cuja. Como usuário deste serviço, pagando uma passagem bastante cara,
pude observar o motorista, em Dr. Sá Fortes, negando a entrada de uma senhora
Idosa, instruindo-a que pegasse o carro de uma outra linha. Outros usuários também
se revoltaram mas, não conseguimos evitar que a senhora ficasse de fora, olhando
o ônibus partir. VERGONHA, BARRACA!!!! -
O povo já ensaia uma revolta.
20 de fev. de 2015
Cultura do Ódio - Diário do Ar - Lídia Dourado
Você pertence a que cultura?
Cultura é um conjunto de hábitos e convenções que aprendemos e onde crescemos.
Qual é a sua? Quando você vai viajar, você conhece outra cultura. Quando você
trabalha viajando, você conhece várias culturas. Quando você conhece várias
culturas, você não perde a sua, ela está lá com você e você a levará para aonde
for.
Agora, se você não gosta de uma
determinada cultura, há de se considerar que a pessoa que cresceu nela e que
portanto a carrega consigo, pode não concordar com você, certo? Seus motivos
são seus. Logo, os desta pessoa, são dela.
Parece óbvio? Uma explicação quase
pueril, mas necessária de se entender quando se trabalha com aviação e,
portanto, com diversidade de culturas. Pois bem, eu sou a pessoa cuja
cultura a outra critica. Eu sou aquela que é alvo de piadas de gênero racista,
de origem xenofóbica, de conteúdo preconceituoso. Não, eu não acho isto
engraçado.
A propósito, meus caros, isto é crime! Segundo a lei Lei 7.716 de 05
de janeiro de 1989, que trata de preconceitos relacionados à cor, origem ou
etnia. É crime de ódio, xenofobia! Ah e com pena de reclusão, tá?
Até quando vamos disseminar a
cultura do ódio às culturas diferentes da nossa? Até quando vamos aplaudir
piadas de gaúcho, de carioca, de argentino, de baiano, de português ou de
marcianos, que seja!
Alimentando estereótipos criados pela superficialidade de
ideias e por histórias vazias, nos auto depreciamos enquanto nação. Nos
desvalorizamos enquanto seres humanos e estamos, em escala menor mas não menos
grave, aplaudindo os fundamentos do nazismo.
19 de fev. de 2015
Bateristas de Rock (Inglaterra)
John Bonham (1948-80)
Charlie Watts (1941-)
Um poço de calmaria em meio ao turbilhão chamado Rolling Stones, Watts envelheceu com uma elegância rara em meio aos colegas de rock and roll.
Keith Moon (1946-75)
Não apenas comandou o ritmo do seminal grupo "prog" Yes como segurou as baquetas em gravações com John Lennon e George Harrison.
Nick Mason (1944-)
Um apaixonado por carros de corrida também conhecido por ter sido um quarto do Pink Floyd, banda que nunca prezou pelos ritmos mais simples.
Ginger Baker (1939-)
Nenhuma surpresa que o Led Zeppelin tenha desligado os amplificadores quando
uma overdose de álcool matou seu baterista aos 32 anos. Bonham foi crucial para
o sucesso da banda.
Um poço de calmaria em meio ao turbilhão chamado Rolling Stones, Watts envelheceu com uma elegância rara em meio aos colegas de rock and roll.
Mais do que a habilidade
assustadora, o baterista do Who ficou famoso pelo estilo de vida para lá de
abusivo que acabou lhe custando a vida apenas aos 29 anos.
Alan White (1949-)Não apenas comandou o ritmo do seminal grupo "prog" Yes como segurou as baquetas em gravações com John Lennon e George Harrison.
Um apaixonado por carros de corrida também conhecido por ter sido um quarto do Pink Floyd, banda que nunca prezou pelos ritmos mais simples.
Furioso nas
batidas e no temperamento, Baker fez fama ao lado de Eric Clapton no Cream, mas
enveredou também pela música africana.
Mitch Mitchell (1946-2008)
Foi
com a batida jazzística e roqueira de Mitchell que Jimi Hendrix saltou para os
olhos do mundo no comando da Jimi Hendrix Experience. Mitchell viveu 35 anos a
mais que Jimi para contar a história.
Fotos: Rex Images
Roger Taylor (1949-)
Mais do que a comprovada
habilidade com baquetas e nos vocais, Taylor contribuiu para o Queen com
canções cruciais de seu repertório, como "Radio Ga Ga".
Phil Collins (1951-)
Baterista
de habilidade reconhecida, mas também um compositor cujos hits venderam mais de
150 milhões de álbuns ao redor do mundo. Ganhou um Oscar. Precisa mais?
10 de fev. de 2015
Serviços básicos são Terceirizados
O CODAMMA – Consorcio de
Desenvolvimento da Área dos Municípios da Microrregião da Mantiqueira foi
constituído em 2014 pelos Municípios de Alfredo Vasconcelos, Alto Rio Doce,
Antônio Carlos, Barbacena, Capela Nova, Cipotanea, Ibertioga, Oliveira Fortes,
Paiva, Santana do Garambéu, Santa Bárbara do Tugúrio, Santa Rita de Ibitipoca e
Senhora dos Remédios com objetivo de atuar prioritariamente na manutenção dos
ativos de iluminação pública, gestão de resíduos sólidos, com a instalação de
usinas de triagem e compostagem, bem como Inspeção de produtos de origem
animal.
MANUTENÇÃO DO SISTEMA DE ILUMINAÇÃO
PUBLICA
SITUAÇÃO ATUAL: OPERANDO DESDE
05/01/2015
A manutenção do sistema de
iluminação pública passou, desde o dia 1º de janeiro 2015, a ser de
responsabilidade dos municípios conforme determinado pela resolução 414/2010 da
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Para dar cumprimento à
determinação, os municípios da microrregião da Mantiqueira, consorciaram-se
para, mediante implantação de estrutura própria, viabilizar a execução dos
serviços de forma direta. Tendo em vista o porte e a demanda, o município de
Barbacena optou por não utilizar os serviços de manutenção do sistema de
iluminação pública oferecidos pelo CODAMMA, utilizando-se de outras
ferramentas.
Cuba Livre (2) - CUBA VENCE QUEDA DE BRAÇO COM EUA
por Breno
Altman
A decisão do
presidente norte-americano, Barack Obama, de reatar relações diplomáticas com o
Estado cubano e amenizar sanções econômicas, somente tem paralelo histórico com
a Guerra do Vietnã.
Os Estados Unidos acreditaram, entre 1960 e 1975, que seu poderio militar e financeiro seria suficiente para subjugar os soldados de Ho Chi Minh e Giap. Mas as derrotas no campo de batalha, a mobilização pela paz dentro de suas próprias fronteiras e o desgaste internacional levaram o governo Nixon à capitulação.
A mesma soberba imperialista determinou o comportamento da Casa Branca frente à revolução cubana. Sucessivos presidentes, desde o triunfo liderado por Fidel Castro, acreditaram que seria possível estrangular o novo regime através da sabotagem, da intervenção armada e do bloqueio.
Há décadas era visível que esta estratégia, mais uma vez, estava fadada à derrota. Mas o peso da comunidade cubano-americana, associado às heranças ideológicas da Guerra Fria e à cultura hegemonista do capitalismo norte-americano, impedia o reconhecimento do fracasso.
Obama entrará para a história, com ajuda do papa Francisco, por ter tido a coragem de assinar rendição inevitável. Uma frase sua serve de síntese ao episódio: “estes cinquenta anos mostraram que o isolamento não funcionou, é tempo de outra atitude.”
Giro de Obama
Praticamente na metade de seu segundo mandato, sem preocupações eleitorais, o primeiro negro a ocupar o Salão Oval parece estar empenhado em reconstruir sua imagem junto aos setores progressistas que o apoiaram e se sentiam traídos por uma administração capturada pelo establishment.
O decreto que legaliza cinco milhões de imigrantes ilegais foi o primeiro passo relevante desta jornada de resgate biográfico. A declaração de reatamento das relações diplomáticas com Cuba, o segundo.
Lembremos que o bloqueio não está anulado, pois depende da decisão de um Congresso controlado pelos republicanos. Ser á batalha complicada e provavelmente prolongada. Obama optou, de toda forma, por ir ao limite de sua jurisdição política, como no caso dos imigrantes, peitando correlação desfavorável de forças no Parlamento.
Mesmo que o embargo ainda seja situação pendente, continuando a sufocar o funcionamento da economia cubana, é fato que o presidente norte-americano deu passo fundamental para enterrar a velha política de seu país acerca da ilha caribenha.
Os paradigmas imperialistas, registre-se, não foram alterados.
Basta ver a pressão que os Estados Unidos continuam a exercer, através do surrado cardápio de punições e sabotagens, contra governos que colidem com seus interesses, a exemplo da Venezuela.
No caso de Cuba, porém, a realidade se impôs.
Análises equivocadas
Não falta, é claro, quem prenuncie o colapso da revolução e seu sistema político-econômico em função do cenário de distensão: o socialismo cubano sucumbiria ao contato com recursos financeiros, valores e oportunidades oferecidos, a partir de agora, pelos Estados Unidos.
Repetem aposta feita no passado.
Diziam que Cuba não resistiria ao bloqueio e seus cidadãos, depois de alguns meses sob penúria e escassez, derrubariam Fidel Castro.
Quando o cavalo do embargo despontava como páreo perdido, veio o colapso da União Soviética. O regime liderado pelo Partido Comunista seria varrido logo mais, como ocorrera em outros países socialistas.
Outro erro dos clarividentes opositores, que deveriam ter aprendido a ser mais modestos em suas eloquentes previsões.
A revolução cubana, ainda que em meio a gigantescas dificuldades e graves erros, logrou sobreviver, construir alternativas e desenvolver notável capacidade de auto-reforma.
Aos poucos, com a vitória de partidos progressistas em diversas nações latino-americanas, o isolamento continental se reverteu e Cuba retornou a seu espaço natural, oxigenando a economia e a sociedade.
Os investimentos brasileiros e venezuelanos, entre recursos de diversas origens, são reveladores da capacidade cubana de erguer pontes e sair do casulo pós-soviético.
Talvez o porto de Mariel, financiado pelo BNDES, seja o empreendimento mais representativo e promissor desta etapa de reinserção. Poderá se constituir, com certa rapidez, na conexão do país e seus parceiros com o mercado mundial, além de pólo para a reindustrialização local e a consolidação de coalizão com a Am érica do Sul.
A despeito das sanções e arreganhos norte-americanos, a lenta recuperação cubana vem se afirmando através da integração regional, de forma autônoma e consistente.
Quem passou a ser assolado pela praga da solidão, a bem da verdade, foi o velho inimigo.
Os Estados Unidos, que no passado haviam colocado o subcontinente contra Fidel, passaram a conhecer forte tensão ao sul, abalando sua influência e alianças.
Uma das razões era exatamente a orientação discriminatória contra Cuba.
A gota d’água para a falência da geopolítica isolacionista materializou-se no impasse durante a preparação da Cúpula das Américas, prevista para julho de 2015, à qual os cubanos estavam convidados pelos Estados meridionais ao Rio Grande e vetados apenas pela Casa Branca.
Futuro
Os obstáculos no novo ciclo, é certo, serão imensos.
A ampliação dos fluxos comerciais e financeiros, além da disputa política e cultural, poderá afetar a estrutura do país mais igualitário da região, fundada sobre a universalização de direitos sociais.
Tradicionais adversários da revolução não pouparão esforços para minar a credibilidade e o funcionamento do sistema cubano, tentando impor mudanças que alterem profundamente a organização política e econômica.
Também buscarão se aproveitar da troca geracional, com o grupo dirigente de Sierra Maestra escrevendo o epílogo de sua jornada.
A direção castrista, vencido o bloqueio, paulatinamente terá que substituir o anti-imperialismo, como narrativa dominante, pelo convencimento prático e cultural, principalmente junto às gerações mais jovens, acerca da superioridade de seu sistema em comparação ao capitalismo.
A tarefa será complexa: não se trata apenas de provar que o socialismo à cubana tem maior capacidade de preservar inegáveis conquistas sociais, mas também sua permeabilidade a ajustes que permitam impulsionar um longo ciclo de desenvolvimento econômico e o aprofundamento da participação popular na política.
Apesar destes fantásticos desafios, os últimos acontecimentos, com Golias se curvando à resistência de Davi, deveriam servir de alerta para os oráculos do apocalipse cubano.
Há povos e dirigentes, em determinadas etapas da história, que não se curvam nem sequer diante dos mais duros sacrifícios para defender sonhos e projetos. Mesclam, ademais, vocação de resistir com inventividade para encontrar soluções adequadas.
A chegada dos últimos cubanos que estavam presos nos Estados Unidos desde 1998, julgados por espionagem, é recado humano e simbólico desta vontade nacional que a revolução, goste-se ou não de seus resultados, foi capaz de construir.
Não havia festa e alegria nas ruas pelos 53 prisioneiros que Raul Castro ordenara libertar, fruto da negociação com Obama, considerados de “interesse dos Estados Unidos”.
O júbilo era pelos compatriotas cujo retorno representa célebre vitória sobre o gigante que, há mais de cinquenta anos, ameaça a autodeterminação de Cuba.
Breno Altman é diretor editorial do site Opera Mundi.
Os Estados Unidos acreditaram, entre 1960 e 1975, que seu poderio militar e financeiro seria suficiente para subjugar os soldados de Ho Chi Minh e Giap. Mas as derrotas no campo de batalha, a mobilização pela paz dentro de suas próprias fronteiras e o desgaste internacional levaram o governo Nixon à capitulação.
A mesma soberba imperialista determinou o comportamento da Casa Branca frente à revolução cubana. Sucessivos presidentes, desde o triunfo liderado por Fidel Castro, acreditaram que seria possível estrangular o novo regime através da sabotagem, da intervenção armada e do bloqueio.
Há décadas era visível que esta estratégia, mais uma vez, estava fadada à derrota. Mas o peso da comunidade cubano-americana, associado às heranças ideológicas da Guerra Fria e à cultura hegemonista do capitalismo norte-americano, impedia o reconhecimento do fracasso.
Obama entrará para a história, com ajuda do papa Francisco, por ter tido a coragem de assinar rendição inevitável. Uma frase sua serve de síntese ao episódio: “estes cinquenta anos mostraram que o isolamento não funcionou, é tempo de outra atitude.”
Giro de Obama
Praticamente na metade de seu segundo mandato, sem preocupações eleitorais, o primeiro negro a ocupar o Salão Oval parece estar empenhado em reconstruir sua imagem junto aos setores progressistas que o apoiaram e se sentiam traídos por uma administração capturada pelo establishment.
O decreto que legaliza cinco milhões de imigrantes ilegais foi o primeiro passo relevante desta jornada de resgate biográfico. A declaração de reatamento das relações diplomáticas com Cuba, o segundo.
Lembremos que o bloqueio não está anulado, pois depende da decisão de um Congresso controlado pelos republicanos. Ser á batalha complicada e provavelmente prolongada. Obama optou, de toda forma, por ir ao limite de sua jurisdição política, como no caso dos imigrantes, peitando correlação desfavorável de forças no Parlamento.
Mesmo que o embargo ainda seja situação pendente, continuando a sufocar o funcionamento da economia cubana, é fato que o presidente norte-americano deu passo fundamental para enterrar a velha política de seu país acerca da ilha caribenha.
Os paradigmas imperialistas, registre-se, não foram alterados.
Basta ver a pressão que os Estados Unidos continuam a exercer, através do surrado cardápio de punições e sabotagens, contra governos que colidem com seus interesses, a exemplo da Venezuela.
No caso de Cuba, porém, a realidade se impôs.
Análises equivocadas
Não falta, é claro, quem prenuncie o colapso da revolução e seu sistema político-econômico em função do cenário de distensão: o socialismo cubano sucumbiria ao contato com recursos financeiros, valores e oportunidades oferecidos, a partir de agora, pelos Estados Unidos.
Repetem aposta feita no passado.
Diziam que Cuba não resistiria ao bloqueio e seus cidadãos, depois de alguns meses sob penúria e escassez, derrubariam Fidel Castro.
Quando o cavalo do embargo despontava como páreo perdido, veio o colapso da União Soviética. O regime liderado pelo Partido Comunista seria varrido logo mais, como ocorrera em outros países socialistas.
Outro erro dos clarividentes opositores, que deveriam ter aprendido a ser mais modestos em suas eloquentes previsões.
A revolução cubana, ainda que em meio a gigantescas dificuldades e graves erros, logrou sobreviver, construir alternativas e desenvolver notável capacidade de auto-reforma.
Aos poucos, com a vitória de partidos progressistas em diversas nações latino-americanas, o isolamento continental se reverteu e Cuba retornou a seu espaço natural, oxigenando a economia e a sociedade.
Os investimentos brasileiros e venezuelanos, entre recursos de diversas origens, são reveladores da capacidade cubana de erguer pontes e sair do casulo pós-soviético.
Talvez o porto de Mariel, financiado pelo BNDES, seja o empreendimento mais representativo e promissor desta etapa de reinserção. Poderá se constituir, com certa rapidez, na conexão do país e seus parceiros com o mercado mundial, além de pólo para a reindustrialização local e a consolidação de coalizão com a Am érica do Sul.
A despeito das sanções e arreganhos norte-americanos, a lenta recuperação cubana vem se afirmando através da integração regional, de forma autônoma e consistente.
Quem passou a ser assolado pela praga da solidão, a bem da verdade, foi o velho inimigo.
Os Estados Unidos, que no passado haviam colocado o subcontinente contra Fidel, passaram a conhecer forte tensão ao sul, abalando sua influência e alianças.
Uma das razões era exatamente a orientação discriminatória contra Cuba.
A gota d’água para a falência da geopolítica isolacionista materializou-se no impasse durante a preparação da Cúpula das Américas, prevista para julho de 2015, à qual os cubanos estavam convidados pelos Estados meridionais ao Rio Grande e vetados apenas pela Casa Branca.
Futuro
Os obstáculos no novo ciclo, é certo, serão imensos.
A ampliação dos fluxos comerciais e financeiros, além da disputa política e cultural, poderá afetar a estrutura do país mais igualitário da região, fundada sobre a universalização de direitos sociais.
Tradicionais adversários da revolução não pouparão esforços para minar a credibilidade e o funcionamento do sistema cubano, tentando impor mudanças que alterem profundamente a organização política e econômica.
Também buscarão se aproveitar da troca geracional, com o grupo dirigente de Sierra Maestra escrevendo o epílogo de sua jornada.
A direção castrista, vencido o bloqueio, paulatinamente terá que substituir o anti-imperialismo, como narrativa dominante, pelo convencimento prático e cultural, principalmente junto às gerações mais jovens, acerca da superioridade de seu sistema em comparação ao capitalismo.
A tarefa será complexa: não se trata apenas de provar que o socialismo à cubana tem maior capacidade de preservar inegáveis conquistas sociais, mas também sua permeabilidade a ajustes que permitam impulsionar um longo ciclo de desenvolvimento econômico e o aprofundamento da participação popular na política.
Apesar destes fantásticos desafios, os últimos acontecimentos, com Golias se curvando à resistência de Davi, deveriam servir de alerta para os oráculos do apocalipse cubano.
Há povos e dirigentes, em determinadas etapas da história, que não se curvam nem sequer diante dos mais duros sacrifícios para defender sonhos e projetos. Mesclam, ademais, vocação de resistir com inventividade para encontrar soluções adequadas.
A chegada dos últimos cubanos que estavam presos nos Estados Unidos desde 1998, julgados por espionagem, é recado humano e simbólico desta vontade nacional que a revolução, goste-se ou não de seus resultados, foi capaz de construir.
Não havia festa e alegria nas ruas pelos 53 prisioneiros que Raul Castro ordenara libertar, fruto da negociação com Obama, considerados de “interesse dos Estados Unidos”.
O júbilo era pelos compatriotas cujo retorno representa célebre vitória sobre o gigante que, há mais de cinquenta anos, ameaça a autodeterminação de Cuba.
Breno Altman é diretor editorial do site Opera Mundi.
Cuba Livre? (1) - Reforrço no avanço das relações EUA-Cuba
A reaproximação não vai encerrar o conflito entre os dois
países. O que vai mudar é o número de atores capazes de afetar o futuro de Cuba
ABRAHAM F. LOWENTHAL é integrante sênior da organização
de pesquisa Brookings Institution. Foi diretor dos programas sobre América
Latina dos centros de estudos americanos Wilson Center e Inter-American
Dialogue
Tradução de CLARA ALLAIN -www.folha.com/tendencias
Os
anúncios feitos simultaneamente pelos presidentes Raúl Castro e Barack Obama,
em 17 de dezembro, e as medidas que estão sendo adotadas pelos dois governos
refletem a decisão atrasada dos Estados Unidos de respeitar Cuba como país
soberano e o reconhecimento por parte de Cuba de que uma reaproximação
mutuamente respeitosa com os EUA é de seu interesse.
Representantes
dos dois países negociavam em segredo havia décadas, mas um dos lados sempre
recuava, ou os dois o faziam, essencialmente devido à ainda presente presunção
hegemônica de Washington e ao medo dos líderes cubanos de que uma reaproximação
pudesse ameaçar a independência do país, arduamente conquistada.
Imperativos
internacionais, de política doméstica e pessoais contribuíram para possibilitar
esse avanço agora. Mudanças demográficas, de geração e de opinião reduziram em
muito o custo que a mudança de política terá para uma administração americana.
A
insistência latino-americana de que Cuba fosse convidada a participar da Cúpula
das Américas neste ano exigiu uma decisão por parte dos EUA. Cuba está ajudando
a pôr fim à insurgência das Farc na Colômbia, e EUA e Cuba têm interesses
paralelos em resposta à deterioração da Venezuela.
Os
dois vêm cooperando na prestação de assistência humanitária no Haiti, em
resposta ao ebola, ao narcotráfico, na questão da imigração, entre outras. Há
muito Cuba deixou de apoiar insurgências armadas.
Interesses
de cidadãos e empresas americanas foram prejudicados pelo embargo. A
reaproximação sempre fez parte da agenda de Obama, e ele pode empreendê-la sem
restrições do Congresso.
No
lado cubano, o presidente Raúl Castro falou várias vezes da responsabilidade
que a "geração histórica" de líderes revolucionários cubanos tem de
conduzir o país para um caminho viável.
O
derretimento da Venezuela, a estagnação econômica de Cuba e as tentativas de
reformar sua economia geram a urgência de abrir o caminho para a ampliação dos
investimentos, da tecnologia, do turismo e do comércio. Castro entende que uma
reconciliação com Washington é mais provável durante o governo Obama que depois
dele.
O
restabelecimento das relações diplomáticas convencionais não vai encerrar o
conflito entre Cuba e EUA. Não vai criar confiança instantânea após décadas de
hostilidade generalizada nem vai mudar a forma do regime autoritário de Cuba e
de sua economia de Estado.
Castro
e seus colegas lançaram algumas reformas, mas não demonstram o desejo de ceder
poder ou abrir as portas ao livre mercado. Os EUA conservam sua ambição de
exercer influência global e regional, sua devoção às prescrições do livre
mercado e o compromisso de grande parte da sociedade americana com os direitos
civis e humanos.
O
que vai mudar é o número de atores que poderão afetar o futuro de Cuba e sua
influência. A lenta abertura da economia cubana já começou a gerar chamados
internos pela ampliação dos intercâmbios internacionais, a liberalização da
regulamentação doméstica e a reforma do regime cambial.
Essas
forças vão se multiplicar à medida que comércio, investimentos e turismo crescerem,
que as empresas e organizações civis ficarem mais ativas e as ideias passarem a
circular mais livremente. Elas vão mudar a dinâmica das relações com Cuba e
interamericanas, desde que as mudanças mútuas e fundamentais possam ser
reforçadas.
PMDB prioriza reforma politica
Novo presidente da Câmara
dos Deputados prioriza a reforma política e promete acelerar tramitação do
texto.
Cúpula do partido é a favor de que as
empresas continuem podendo fazer doações nas disputas eleitorais
O PMDB, partido do
novo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), vai apresentar uma
proposta fechada de reforma política cujo carro-chefe é o chamado
"distritão", modelo que altera a forma como são escolhidos os
deputados federais.
Pelo modelo, serão
eleitos os candidatos a deputado federal mais votados em cada Estado. São
Paulo, por exemplo, tem direito a 70 cadeiras na Câmara --logo, seriam eleitos
os 70 candidatos mais votados no Estado.
Pelo sistema atual,
nem sempre o mais votado é o eleito. Isso porque os votos válidos (em
candidatos ou na legenda) são divididos pelo número de vagas de cada Estado,
chegando-se ao chamado quociente eleitoral.
Se esse quociente for
de 100 mil votos, o partido ou a coligação de partidos elegerá deputados a cada
100 mil votos válidos que obtiver. Se atingiu cinco vezes o quociente eleitoral,
elege os cinco deputados mais votados do partido ou da coligação.
Esse sistema é
criticado por distorções como a ocorrida na eleição de 2002. Um candidato
atingiu 1,5 milhão de votos, atingiu o quociente eleitoral seis vezes, o que
levou para a Câmara outros cinco candidatos da legenda. Um deles havia recebido
apenas 275 votos.
O PMDB ainda discute
os outros pontos de sua proposta, e a principal polêmica é relacionada ao
financiamento das eleições. A maior parte dos peemedebistas prefere que as doações
a candidatos sejam restritas a pessoas físicas ou que seja exclusivamente
público. Mas a cúpula do PMDB, Cunha incluído, é a favor de que as empresas,
hoje as maiores financiadoras das disputas eleitorais, continuem podendo fazer
doações.
Segundo ele, outros
pontos que têm amplo apoio entre os peemedebistas são o voto facultativo, o fim
da reeleição, a unificação das eleições (de quatro em quatro anos), a restrição
a partidos com baixíssimo desempenho nas urnas, fim dos suplentes de senador
--na ausência do titular, assumiria o mais votado-- e realização de um
referendo para ratificar ou não o que o Congresso aprovar sobre o tema.
Após reunião com Cunha
nesta segunda-feira (9), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
afirmou que a reforma política também é prioridade do Senado.
O STF (Supremo
Tribunal Federal) caminha para proibir que as empresas continuem podendo fazer
doações nas disputas eleitorais, mas a Câmara pretende aprovar mudança na
Constituição para incluir a doação de empresas antes que o tribunal conclua o
julgamento, o que ainda não tem data para acontecer.
"Do ponto de
vista da realidade social e política do país, das ruas, há o entendimento de
que esse sistema de financiamento é um estímulo à corrupção", diz o
ex-ministro Moreira Franco, que defende mudança no atual modelo.
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