Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

13 de jul. de 2016

Cotas e Meritocracia

(...) Ou seja, a desigualdade social não veio em processo de redução contínua após 1888, como seria de se esperar caso aceitássemos a tese do "não existe racismo, os negros são pobres por causa da escravidão, mas com o tempo tudo vai se acertar". Essa diferença cresceu e diminuiu em contextos diferentes a partir de decisões políticas. Essa é a fria verdade que aparece nos dados recolhidos há décadas por historiadores, sociólogos, etc. A defesa das cotas é a defesa de uma política que priorize a redução dessas desigualdades. Ela não tem nada de anômala. Aumento e redução da desigualdade sempre foram fruto de decisões políticas. E estamos defendendo uma decisão política, enquanto nossos opositores defendem outra. É o jogo de sempre. Nada de anormal aí.

Encerro com um tópico que infelizmente costuma bagunçar muito esse debate. Nunca é demais lembrar: nada disso é pessoal. Ninguém está te chamando de burro ou incapaz que se deu bem só por ser branco. Ninguém está dizendo que todos os negros são maravilhosos e só não dominam a galáxia por causa do racismo. A luta a favor das cotas apenas parte do reconhecimento de que ser branco é uma vantagem, assim como ser homem, ser hétero, etc. Na luta pelo limitado número de bons postos de trabalho oferecidos pela sociedade capitalista, qualquer uma dessas vantagens pode fazer a diferença entre pessoas de capacidade semelhante. A quantidade de melanina na pele é uma dessas vantagens. E é uma das maiores, por sinal.

Em suma, cotas não tem nada a ver com socialismo, com coitadismo ou coisa do tipo. É apenas reconhecer que a luta por oportunidades não é uma luta entre iguais. Portanto, é uma corrida viciada desde o principio. As cotas no fundo são apenas um passo adiante no aperfeiçoamento do capitalismo, uma luta para que todos possam competir em igualdade de condições. Nada mais que isso.

Postado por Tiago Melo - Leia o texto completo:  /171nalata.

Anônimo: vc acha que uma mulher que transa cm vários é puta?

Não acho que ela deva ser rotulada de nenhuma forma por causa do número de parceiros sexuais que ela tem. Cada um decide o que fazer com seu corpo, certo? Só que, pra mim, o meu corpo é meu templo. E quando você se envolve com uma pessoa a esse nível, tá trocando uma energia com ela, não tem jeito. Eu gosto de me preservar, não necessariamente todo mundo tem que pensar igual. Antes de tocar meu corpo, o homem que vai pra cama comigo tem que ter tocado minha alma. Não acho legal tanto uma mulher quanto um homem ter um comportamento de não preservar seu próprio corpo, mas isso é da conta deles, não estabeleço nenhum rótulo.

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Rumi...


"Sê silêncio.
Não busques a fama.
Ao invés disso,
cavalga teu cavalo
para dentro do roseiral da alma.
Tenho lá uma rosa te esperando."


         corujanoturna Postado por Vivian

12 de jul. de 2016

Robert Plant: “O processo por plágio de ‘Stairway to Heaven’ foi uma tremenda perda de tempo”

O cantor do lendário Led Zeppelin renega
a “pobre, velha e esgotada Inglaterra”
















Até de bermuda parece um gentleman. Robert Plant chega com o The New York Times na mão e sem indício de ressaca depois da brutal apresentação da noite anterior. Às 10h30 da manhã e desperto, como provam seus olhos que seguem cada mulher que se move pela piscina de seu hotel de Cascais. Robert Plant (1948, Inglaterra) sente-se um sobrevivente de uma época em que o provável, em sua profissão, era bater as botas. A seus quase 68 anos – que completa em agosto – o vocalista e letrista do grupo Led Zeppelin (1968-80) continua na estrada a seu ritmo. Desde a separação do Led Zeppelin, trabalhou com o guitarrista do grupo, Jimmy Page (1994-98), com a cantora country Alison Krauss (2007-08) e com diversas bandas. Desde 2012 é acompanhado pela banda Sensational Space Shifters, com quem se apresenta na quinta-feira 14 de julho em Madri dentro da programação das Noches del Botánico, “colidindo” o som duro de seu lendário grupo com músicas africanas e do Mississipi.

Pergunta. Um astro do rock acordado às 10 da manhã!

Resposta. Realmente os tempos são outros. Os heróis modernos precisam estar sempre ativos. Se quer continuar trabalhando nestes dias em que a música passa por tantas mudanças, tantas inovações, precisa estar acordado, muito atento, e precisa amar este mundo. Não é mais como nos anos 1970 em Los Angeles.

P. A época de seu grande sucesso com o Led Zeppelin?

R. Sim, mas também com experiências dramáticas. Sofri um acidente de carro muito grave; perdi um filho de cinco anos... Não fiquei apegado ao país das maravilhas; não acredito que seja possível se esconder da realidade... Mas, de repente, você se torna mais consciente de seu talento, do que consegue fazer e do que não. Compreendi que não podia ser apenas um cantor, que tinha de ser algo mais para me estimular mesmo. Não espero que ninguém o faça por mim.

P. Sua voz, escolhida em várias ocasiões como uma das melhores da história do rock, continua intacta. Não me diga que toma mel antes de deitar-se?

R. Claro que sim. Mel, limão e gengibre toda noite. Mas também estou com um grupo que deixa espaço para que eu me expresse e eu deixo espaço para que eles cresçam, por isso posso visitar velhas canções e mudá-las de cima a baixo. Ainda são incríveis, mas aparecem de diferentes ângulos, com outra energia, e isso faz cantar com esse dinamismo. Quando você chega a determinado ponto da vida, precisa dar sentido ao que diz. E precisa saber repeti-lo com a mesma energia sempre, precisa ser crível. Precisa conquistar as pessoas.

P. Dezesseis apresentações em oito países só em julho. Muito para seu corpo?

R. Não, esta é uma das turnês fáceis. Não é o trabalho de um herói, é o trabalho de um pragmático. Se demorar muito entre um show e outro, você perde a motivação, o ritmo, a adrenalina das apresentações. Esta é uma turnê tranquila, mas como obviamente não sou mais jovem, para mim está bom assim.


P. O formato atual dos festivais é muito diferente de uma apresentação exclusiva para seus fãs. É mais complicado se conectar com o público?

R. É verdade que em festivais onde há tanta mistura de grupos, as pessoas muitas vezes não conhecem essa música. É preciso entender quem está ali na frente. É como um mágico que vai tirando os elementos da cartola. Com o Sensational Space Shifters cada um faz seu papel.

P. Entre o rock duro do Led Zeppelin e a sensibilidade do Raising Sand com Alice Krauss há vários mundos. Como se chega a essa transformação?

R. Um dia meus filhos me disseram: “Pai, você vem para Ibiza?”, e eu respondi: “Não, vou a Louisiana”. Minha obsessão é encontrar os rastros da história da música norte-americana, a música cajun, tipo Bon Ton Roulá, as últimos sombras desse black blues extraordinário que se fez nos anos 1940 e 1950, Carl Perkins, música dos montes Apalaches, e juntar com sons mais contemporâneos. Você tem um tecladista como o do Massive Attack e um cara que toca um violino de uma só corda. Consegue uma colisão, não está compondo aquela merda de música bonita, mas uma colisão incrível.

P. O que resta do seu lado inglês?

R. Quando fui à América, bebi daquela música afro-americana, voltei e deixei de lado os ingleses, a pobre, velha e esgotada Inglaterra, com todos os seus pecados e seus ridículos. Deixei o chá das cinco, o futebol e voltei a trabalhar neste projeto com a Sensational, onde misturamos tudo.

P. Um grande salto, em todo caso...

R. Veja só, eu posso fazer coisas muito diferentes e trabalhar em qualquer parte do mundo. Não dá para trazer a Alice Krauss a um festival que reúne uma multidão e tocar música de violino, seria perigoso. Isto é energia pura; mas nós trabalhamos muito bem juntos. Eu gosto de cantar com mulheres.

P. Todo artista luta entre duas forças antagônicas: continuar fazendo o que pedem os fãs ou entrar no desconhecido. Como lida com isso?

R. É verdade. O mais importante é a criatividade; a autossatisfação vem em primeiro lugar; o público é só um voyeur. Pode olhar e ficar com o que vê ou deixar para lá. Um artista precisa ser honesto e poderoso e precisa misturar. Conheço, e é muito triste, muita gente famosa que me diz “Robert, você pode fazer isso, você é livre”‘. E é verdade.

P. Sempre foi livre?

R. Fui livre durante os últimos 36 anos [desde a separação do Led Zeppelin em 1980], quando comecei a estabelecer minhas próprias regras.

P. Há anos lhe ofereceram um cheque de 200 milhões de dólares para fazer uma turnê com o Led Zeppelin e você recusou; mas não se recusa a cantar músicas de seu antigo grupo.

R. Claro, fiz um bom trabalho no Led Zeppelin. Eu sou Led Zeppelin, cantei, escrevi as letras...

P. Há algumas semanas foi absolvido de plágio pela emblemática Stairway to Heaven...

R. Foi uma loucura, uma insanidade, uma tremenda perda de tempo. Existem doze notas fundamentais na música ocidental, e você se dedica a movê-las. Não precisávamos ter chegado aos tribunais, mas era nossa música. Falei com o Jimmy [Page, coautor da música] e dissemos: “Vamos enfrentá-los”. Se você não defender seus direitos, o que vai fazer? Nunca imagina que vai passar por isso. Você se senta de um lado da colina, olha as montanhas, escreve uma música e 45 anos depois saem com essa. Deus do céu!

P. Como lida com a Internet, a pirataria...?

R. Não me importo com a pirataria. Faz parte de como tudo está se abrindo. Adoro o desconhecido e a Internet ajuda porque permite descobrir coisas que você não vai ouvir no rádio nem na mídia internacional; música dark, muito bonita, que você não vai escrever porque é underground, e aí começou o Led Zeppelin. A pirataria não é o fim do mundo.

P. Mas não pagam?

R. Hehehe, eu já fui pago. Agora meu pagamento é sentir-me bem com o que faço. Certamente, para mim, é fácil dizê-lo.

Por JAVIER MARTÍN   Lisboa 12 JUL 2016 - 11:40        BRT


Du Tury pra você: 



Benefícios da Leitura


Se você não lê livros regularmente, trouxemos alguns motivos que vão mudar a sua cabeça. Confira:

Exercício Mental

Atividades como leitura podem diminuir o risco de desenvolver o Alzheimer em cerca de 30%, segundo médico norte americano Gary Small. Manter o cérebro ativo previne a perda de força e ajuda mantê-lo forte e saudável.

Diminui o Stress

Apesar de todos os problemas que você tenha na vida, quando você lê uma boa história, tudo isso parece mais distante. Um bom livro pode te levar para outros mundos. Esqueça um pouco dos problemas e se permita relaxar um pouco.

Conhecimento

Tudo que você lê é absorvido como conhecimento, e você nunca sabe quando isso pode te ajudar algum dia. É como dizem: Conhecimento é poder!
Uma coisa é certa, você pode perder tudo na vida, mas nunca perde conhecimento.

Expande seu vocabulário

Quanto mais você ler, mais estará em contato com novas palavras, e passará a agregar essas palavras ao seu dia a dia. Falar bem e ser articulado são características muito boas para todo tipo de trabalho e relacionamento.

Boa memória

Quando você está lendo um livro, você quer saber sobre as personagens e sobre o enredo da história que você está lendo. Para ler o livro até o final, o seu cérebro é ferramenta certa para te ajudar a lembrar de cada detalhe apresentado na história.

Melhora seu pensamento crítico

Você também pode conseguir falar sobre os livros, saber se foi bem escrito e se as personagens estão bem desenvolvidas. Em discussões com outros leitores você vai poder dar sua opinião mais claramente.

Ter uma melhor concentração

No mundo de hoje se tem que fazer várias coisas ao mesmo tempo, isso aumenta o estresse e diminui a produtividade. Já quando se está lendo, você está prestando atenção apenas na história, o hábito de ler melhora muito sua concentração.

Escrever melhor

Quanto mais você ler, mais fica exposto às palavras, e assim, consegue escrever mais e melhor. Você melhora sua escrita sendo influenciado por outros escritores.

Tranquilidade

Além de relaxar, você fica em paz e tranquilo enquanto lê.

Leia com frequência. Existem histórias para todos os gostos. Você pode conhecer outros lugares, viver outras vidas e sentir novas emoções, tudo isso no sofá da sua casa.

Fonte: Lifehack

Olha a cara disse cara. Ex-governador de Minas. - Tem mau cheiro no ar


Uma dica: Perca um pouco de seu tempo e faça um programa de Índio. Escolha uma noite de céu sem nuvens e saía para observar as estrelas! Uma vida tensa sem nenhum vínculo com a natureza está sendo, cientificamente bastante discutida. Preguiça, mau humor, tristeza... Deixe o Índio que pouco a pouco está morrendo, sobreviver. Transforme o que seria um tempo perdido, em uma boa doze de vida renovada. Acredite, vá!



11 de jul. de 2016

Primavera - "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1"



 A primaverá chegara, mesmo que ninguém  saiba mais o seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.


releituras._primavera.

9 de jul. de 2016

Christian Dunker: "Falta ao brasileiro a verdadeira tristeza" ------ 14ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip)


O psicanalista afirma que o neoliberalismo cria sofrimento e ensina o indivíduo a administrá-lo para gerar mais produtividade


SÉRGIO GARCIA, DE PARATY


Ao lado da argentina radicada no Rio de Janeiro Paula Sibilia, o psicanalista brasileiro Christian Dunker participou de uma das palestras que mais repercutiram nesta 14ª edição da Flip. Eles criticaram a espetacularização da vida pessoal e fazem coro que a ocupação de escolas seja o início de uma nova era no ensino. Autor da tese do “narcisismo à brasileira”, Dunker diz que aqui se tem enorme dificuldade de lidar com a derrota, que é fundamental para o amadurecimento. Depois do encontro na Tenda dos Autores, ele autografou o livro Mal-estar, sofrimento e sintoma e em seguida conversou com ÉPOCA.

O psicanalista Christian Dunker. "A rede social criou uma ilusão de 
que no fundo você é a majestade" (Foto: Walter Craveiro)












ÉPOCA – O senhor cunhou a expressão "narcisismo à brasileira" para se referir a um determinado comportamento que temos aqui. Quais os componentes genuinamente nacionais desse narcisismo?

Christian Dunker – Estudei um fenômeno contemporâneo, a partir dos anos 1970, que tem a ver com a solução para um Estado que não conseguiu dar conta de um projeto que ele mesmo criou de ocupar o norte e organizar as cidades que se urbanizavam e recebiam muitos imigrantes. Isso gerou um narcisismo à brasileira, que se revela em alguns elementos. Criou-se um mundo isolado materialmente entre as pessoas. Você então se refugia nele e pensa que ali terá uma vida viável. Isso vai acontecer nos condomínios das grandes cidades, por exemplo, mas não só. Há outras áreas em que o Estado também vai se demitir de sua função, como nas favelas. É como se dissesse: urbanização, nós estamos fora, e vocês, moradores, é que vão dar seu jeito. Outro local são as prisões. O Estado levanta muros, e os presos lá dentro que se virem. E, por fim, os shoppings, que adquiriram uma função educativa de ser um berçário da classe média. Todos esses lugares ganham leis próprias. E isso é típico do narcisismo à brasileira: põe muro, põe síndico, e daí temos outro fenômeno, que é a hipertrofia da lei, em que se vai criando lei com base em exceções. Temos uma Constituição gigantesca, com códigos de todo tipo e que a gente está sempre desobedecendo.


ÉPOCA – O escritor americano Benjamin Moser, um estudioso do Brasil, disse numa roda da Flip que se surpreendeu ao chegar ao país, há 20 anos, e ver que, ao contrário da imagem padrão, o povo daqui é triste e que está sempre se decepcionando com as expectativas criadas. Concorda?

Dunker – Aí tem um detalhe clínico. Esse narcisismo à brasileira não é alegre nem triste, ele é maníaco. Axé, euforia, Carnaval, estar sempre up não é alegria. Esse estado de agitação e euforia só secundariamente é acompanhado da verdadeira alegria e também da verdadeira tristeza, que é uma coisa que nos falta muito. Durante um evento como o 7 a 1 para a Alemanha, é muito saliente para um analista que não tenha havido luto por aqui. Aquela coisa: vamos enterrar a CBF, nos despedir desse tipo de técnico, vamos repensar que morreu um certo futebol que a gente tinha. E ninguém falou nisso, porque não há espaço para luto, não há espaço para a derrota. A derrota é antinarcísica: eu não consegui ser forte o suficiente. Um país que não sabe lidar com perdas não consegue se reconstruir. Para nós, a tristeza virou frustração, virou impotência. Se você está triste é porque você perdeu, no sentido de que seu narcisismo foi abalado. Aqui tem essa confusão da tristeza com a depressão. Se você não deu certo é porque não conseguiu fazer as escolhas corretas do ponto de vista do show de seu eu.



ÉPOCA – É possível botar o brasileiro no divã?

Dunker – Aí tem uma coisa interessante, que é o fato de o Brasil já estar no divã faz muito tempo, devido a um fato histórico que é pouco pronunciado e estudado. A psicanálise entrou em nossa universidade e em nossa psiquiatria nos anos 1920, 1930, que é quando o Brasil estava começando a se pensar. As grandes narrativas do Brasil ainda são desse período. É Sérgio Buarque de Hollanda,Gilberto Freyre, Caio Prado. Todos eles vieram depois do Freud. O Brasil começou a se pensar com a psicanálise. Isso não aconteceu naArgentina, nos Estados Unidos, na África do Sul ou na Austrália. E somos um país muito peculiar do ponto de vista da psicanálise, que continua dando certo por aqui. A psicanálise não é só a solução, é um sintoma do Brasil.


ÉPOCA – Como as redes sociais entram nessa história do narcisismo à brasileira?

Dunker – Na rede social, o Google e o Facebook vão lhe sugerindo amigos que são como você, vão instruindo pessoas que pensam como você. Ao contrário do que se pensa, o mundo não vai se ampliando, ele vai diminuindo de tamanho. Você vai compactando o narcisismo. E o que acontece quando a pessoa acha que o mundo inteiro é feito de gente como ela? Fica corajosa para caramba. Essa soberba e o desdém pelo outro são muito potencializados quando se está no ambiente virtual. E o sofrimento decorrente disso também é brutal. O cara vai vivendo numa bolha e, quando sai da internet, tem uma descompressão narcísica que dá embolia. Se você saiu da internet e as massas não se levantaram a seu favor, é porque você tem um problema. E no fundo o neoliberalismo está inoculando a ideia de que você dá errado por sua causa.



ÉPOCA – As pessoas estão virando microempresas?

Dunker – Exatamente. É isso que estamos estudando na USP agora. O neoliberalismo cria um sofrimento e mostra como você deve administrá-lo para gerar mais produtividade. E, quando não consegue, você cai em depressão, fica excluído do sistema e vai para o depósito. Essa ideia está apoiada numa outra de que todo mundo deve se pensar como empresa. A educação tem de se pensar como empresa. E, se pensar educação como empresa, isso vai terminar mal.


ÉPOCA – Você citou uma expressão de Freud para determinar quem era a autoridade da casa: “sua majestade, o bebê”. A gente pode parodiar que, hoje, nas redes sociais vale o “sua majestade, o soberbo”?

Dunker – Exatamente. A rede social criou uma ilusão de que no fundo você é a majestade. Você detona os inimigos, dá opiniões que vão se espalhar pelo mundo. É uma ilusão.

7 de jul. de 2016

O Reino Unido invadiu o Iraque “sem esgotar opções pacíficas”, diz relatório -x-x-x-x-x- O mundo imundo do capitalismo selvagem -x-x-x- “Invade e mata agora, pedimos desculpas depois.”





UMA ALIANÇA ESPECIAL

O presidente norte-americano Barack Obama, numa entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro britânico David Cameron, fez a seguinte declaração em julho de 2010: “Nunca é demais enfatizar: os Estados Unidos e o Reino Unido têm uma relação muito especial. Nós temos o mesmo legado. Compartilhamos os mesmos valores. . . . Acima de tudo, nossa aliança prospera porque promove nossos interesses em comum. . . . Quando os Estados Unidos e o Reino Unido estão juntos, nosso povo — e as pessoas do mundo todo — fica mais seguro e prospera mais. Resumindo, os Estados Unidos não têm um aliado mais unido e um parceiro mais forte do que a Grã-Bretanha.”

Por que o início da venda de maconha preocupa farmácias uruguaias












Em meio a ressalvas de farmacêuticos, temores de segurança e promessas de lucros, o Uruguai colocará em prática no próximo mês a venda de maconha em farmácias.

Em 25 de julho, "com uma margem de erro de dez dias para mais ou para menos", a cannabis para uso recreativo será ofertada nos estabelecimentos, afirmou à BBC Brasil, Milton Romani, secretário-geral da Junta Nacional de Drogas.

O órgão interministerial é o responsável por levar adiante a política concebida no governo de José Mujica, e que tem continuidade na gestão do atual presidente, Tabaré Vázquez.

Essa é a terceira e última etapa da implantação da lei, aprovada em 2013, que determina a estatização da maconha recreativa nas etapas de produção, distribuição e venda.

As duas primeiras fases, já implementadas, foram a liberação do cultivo doméstico e da criação dos clubes canábicos, mediante registro nos órgãos governamentais.

Em meados de julho, o país dará início ao registro de consumidores que desejam obter a droga nas farmácias - o procedimento será realizado nos Correios do país e será feito por meio do registro das impressões digitais dos interessados.

E, no final do mês, 50 estabelecimentos em todo o território darão início à venda, em sistema experimental. A maioria dos postos de distribuição se concentrará em Montevidéu e em Canelones, departamento (Estado) vizinho à capital.

Para adquirir, o usuário não precisará dizer o nome nem mostrar nenhum documento. Apenas deverá passar os dedos por uma máquina de leitura de impressões digitais, que informará ao farmacêutico que a pessoa possui o registro.

Poderão ser comprados 10 gramas por semana - o limite para cada consumidor é de 40 gramas por mês.

Desconfiança e lucro
O Ircca (Instituto de Regulação e Controle da Cannabis) assinou um acordo de adesão com as entidades que representam donos de farmácias, incluindo as duas principais redes do setor, para a venda nesta etapa inicial ou depois que o sistema estiver totalmente implantado.

Há resistências por parte de algumas empresas e de farmacêuticos à frente dos estabelecimentos, que manifestam temores especialmente quanto à segurança das farmácias - sobretudo em regiões onde o narcotráfico é mais atuante.

O governo oferece aos comerciantes uma margem de lucro de 30% sobre o preço básico de venda, e os empresários do setor estão negociando remunerações extras para os farmacêuticos à frente dos lugares que vendam maconha.

Cálculos do governo estimam que o comércio aumentará a renda dos estabelecimentos em US$ 2 mil (cerca de R$ 6,8 mil) por mês. A droga chegará às farmácias por US$ 0,90 por grama (aproximadamente R$ 3) e será vendida ao consumidor por US$ 1,17 por grama (cerca de R$ 4).

"Em farmácias do interior, surgiu a questão de que muitos donos temem que o consumidor frequente não queira adquirir seus medicamentos ao lado de um 'maconheiro' que esteja ali no balcão, no mesmo momento. Isso vem aparecendo. E também há uma certa desconfiança, muita gente acha que não vamos implantar o sistema", diz o secretário-geral.

"Se as farmácias continuarem conosco, muito bem. Se não, usaremos outro sistema de distribuição. Vamos cumprir a lei. Em Washington e no Colorado, há o livre mercado. Nós não estamos de acordo com isso. Queremos que a venda seja regulada e controlada, e que se crie uma relação confiável entre o usuário e os provedores."

A atual etapa de implantação da lei é considerada a mais complexa por vários fatores: segurança, logística, adesão de farmácias e por causa da mudança cultural exigida de boa parte dos frequentadores de farmácias no Uruguai.

Mas o principal desafio consiste em se tornar a modalidade de acesso à droga que deverá ser procurada pela maioria dos consumidores do país.

De acordo com levantamento da Associação de Estudos de Cannabis do Uruguai, 80% dos consumidores de maconha no país (128 mil pessoas) deverão utilizar essa opção de compra. Segundo estimativas oficiais, há um total de 160 mil usuários regulares no Uruguai.

"Nosso enfoque é de saúde e de proteção de direitos. Primeiro, deixamos de estigmatizar o usuário. Obviamente que o consumo traz seus riscos, mas sabemos também que há consumidores de cannabis que não apresentam grandes problemas. E, se há problemas, é preferível que haja uma relação transparente com o Estado, e não persecutória", diz Romani.

"Não estamos regulando a cannabis porque se trate de um doce. Estamos regulando justamente porque se trata de uma droga perigosa. O controle penal proibicionista vem gerando mais danos do que a própria droga em si."

Nova licitação
A colheita dos primeiros lotes já está sendo realizada pelas empresas ICCorp e Simbiosys, vencedoras da licitação para essa etapa inicial.

Como essa produção não será suficiente para abastecer o mercado local, o governo deverá selecionar, mediante uma segunda licitação, novas companhias interessadas em plantar, colher e processar maconha no país.

"Vamos proceder de forma paulatina. É a primeira vez que se faz isso no mundo. Nosso temor é que, por ter pressa, cometamos erros e não possamos avançar depois. O que começa agora será um plano piloto", diz o secretário-geral.

A maconha será vendida como uma "variedade vegetal com índice psicoativo". Romani afirma que a droga não poderá estar exposta dentro das farmácias, e que haverá três variedades de cannabis, que serão oferecidas por grau de intensidade.

A venda será permitida apenas a maiores de 18 anos, uruguaios ou estrangeiros com mais de dois anos de residência no país e que tenham registro prévio efetuado nos Correios.

Desde 1974, é permitida no Uruguai a posse de qualquer tipo de droga para consumo próprio.


FONTE: BBC BRASIL