“Só há um tempo em que é fundamental despertar.
Esse tempo é agora…”
Buda
De acordo com os textos mais antigos,após ter
alcançado o estado medidativo de jhana, Gautama estava no caminho certo
para a iluminação. Mas o seu ascetismo extremo não funcionou e Gautama
descobriu o que os Budistas chamaram de o Caminho do Meio, o caminho para a
moderação, afastado dos extremismos da autoindulgência e da automortificação.
Em um famoso incidente, depois ter ficado extremamente fraco devido à fome, é
dito que ele aceitou leite e pudim de arroz de uma garota chamada Sujata. Tal
era a aparência pálida de Sidarta, que Sujata teria acreditado, erroneamente,
que ele seria um espírito que lhe realizaria um desejo.
Seguindo este
incidente, Gautama sentou-se sob uma árvore (segundo a tradição budista, a
árvore era uma Ficus religiosa), conhecida agora como a Árvore de Bodhi,
em Bodh Gaya e jurou nunca mais se levantar enquanto não tivesse encontrado a
verdade. Kaundinya e outros quatro companheiros, acreditando que ele tinha
abandonado a sua busca e se tornado um indisciplinado, o deixaram para trás.
Após 49 dias de meditação e com a idade de 35 anos, é dito que Gautama alcançou
a iluminação espiritual.Segundo algumas tradições, isto ocorreu em
aproximadamente quinze meses lunares, enquanto que, de acordo com outras
tradições, o fato ocorreu em doze meses. Desde este tempo, Gautama ficou
conhecido por seus seguidores como o Buda, termo derivado do páli buddha,
que significa “desperto, iluminado, o que compreendeu, o que sabe”. Ele é
frequentemente referido dentro do budismo como o Shakyamuni Buda, ou “O
Iluminado da tribo dos Shakya”. Outro termo pelo qual Sidarta se tornou
conhecido pelos seus contemporâneos foi Sugato, termo páli que, traduzido,
significa “Feliz“.
De acordo com o
budismo, durante a sua iluminação, Sidarta compreendeu as causas do sofrimento
e os caminhos necessários para eliminá-lo. Estas descobertas tornaram-se
conhecidas como as Quatro Nobres Verdades, que são o coração dos ensinamentos
budistas. Com a realização dessas verdades, um estado de suprema liberação, ou
nirvana, é acreditado ser possível ao alcance de qualquer ser. O Buda descreve
o nirvana como um estado perfeito de paz mental livre de toda ignorância,
inveja, orgulho, ódio e outros estados aflitivos. Nirvana é também conhecido
como o fim do ciclo samsárico, em que nenhuma identidade pessoal ou limites da
mente permanecem.
De acordo com a
história do Āyācana Sutta (Samyutta Nikaya VI.1) – uma escritura, escrita em
páli – e outros canônes, imediatamente após a sua iluminação, o Buda debateu se
deveria ou não ensinar o darma aos outros. Ele estava preocupado que os
humanos, tão fortemente influenciados pela ignorância, inveja e ódio, poderiam
nunca reconhecer o caminho, que é profundo e difícil de ser compreendido. No
entanto, segundo o mito, Brahmā Sahampati tê-lo-ia convencido a ensinar a
doutrina, argumentando que pelo menos alguns iriam entendê-lo. O Buda, após
isso, concordou em ensinar o darma.
O “Caminho do
Meio” foi ensinado por Sidarta Gautama, o Buda ( O Desperto) há mais de 2.500
anos atrás. Este caminho, procura evitar todos os extremos, levando o homem a
viver uma vida baseada na prudência, retidão, sabedoria e meditação. Também
conhecido como Nobre Caminho Óctuplo, não pode ser considerado simples
mandamentos budistas, pois não foram inventados por Buda. Ele apenas explicou,
detalhou e divulgou para todos os interessados, qual a via que leva o homem à
libertação da dor e do sofrimento. Esta via contempla oito aspectos do
comportamento humano a saber:
1 – Palavra Correta: é aquela que
edifica, que encoraja, que é dita na hora certa, no tom certo, com as palavras
adequadas, conforme a necessidade da situação. O sábio deve escolher a palavra
mais eficaz, de acordo com a pessoa e o momento. A palavra correta não é
apenas aquela que é bonita e sábia, ela tem que ser, antes de tudo, verdadeira.
Discursos e sermões bonitos, podem até soar bem aos nossos ouvidos. Mas
se não partir de um coração sincero, verdadeiro e honesto, será apenas mais um
engodo, mais uma ilusão. O homem que ensina a verdade, mas não a vive,
é um hipócrita. Suas palavras podem ser corretas, mas como seu coração
não é puro, nem suas intenções boas, elas são, na verdade, mentirosas e
traiçoeiras .
2 – Ação Correta: são ações
edificantes, positivas, boas para todos os seres vivos e o meio ambiente.
Atitudes que sejam fundamentadas na ética, justiça, verdade e no amor ao
próximo. Ações que roubam, enganam, prejudicam, exploram e iludem o próximo não
são ações corretas. A ação correta deve ser sábia, prudente e ponderada.
Evitando uma visão exclusivista, egoísta e individualista. Deve promover o bem
estar e o bem comum.
3 – Meio de Vida Correto: ganhar o sustento de forma honesta , justa, ética e correta. Sem enganar,
roubar, ludibriar , explorar ou prejudicar o próximo. Não é fácil estabelecer
que tal profissão seja correta, e outra não seja. Por exemplo, político,
advogado e soldados, poderiam, numa visão simplista, serem considerados
profissões perniciosas à humanidade. Todavia, sabemos que essas profissões são
necessárias dentro da complexidade da sociedade moderna. Desta forma,
entende-se que o meio de vida correto, está relacionado muito mais a uma
postura correta dentro da profissão, do que ao seu tipo . Você pode ser um
político honesto, correto, cumpridor dos deveres ou pode ser um corrupto. O
advogado pode escolher ficar do lado dos ladrões e desonestos, ou defender as
causas nobres, promovendo a justiça e o bem comum. O soldado pode cumprir seu
dever sem se tornar tirano ou cruel. E assim por diante.
4 – Esforço Correto: o esforço correto
está relacionado ao empenho adequado na busca pela iluminação interior.
Tem-se que ter em mente, que a palavra “esforço”, não significa necessariamente
a luta, o conflito ou a repressão. Mas a dedicação, a energia e a seriedade com
que nos dispomos para compreender a verdade sobre nós mesmos e a vida.
Assim, o esforço correto pode ser entendido como a vivência do estado
meditativo que é sem esforço, sem tempo, sem objetivos e sem desejos. Sem que
entremos nessa dimensão desconhecida e atemporal, será muito difícil- ou
até impossível- obtermos êxito na via que leva à libertação.
5 – Plena Atenção Correta: é a Meditação vivida, “praticada” da forma correta. Ora, se não meditarmos
corretamente, não chegaremos a lugar nenhum- apesar de que não haver
nenhum lugar a se chegar. Pois tudo já “é” no aquiagora. Todavia, nossa mente
está condicionada pelo tempo e pelo desejo, não conhecendo outro estado a não
ser o da mente-pensamento-ego. Há várias pessoas meditando de forma equivocada.
E por isso, ao invés de se libertarem, estão aumentando seus grilhões. Por
isso, a Meditação Correta é de suma importância. Sem ela estaremos rodando em
círculos e não ascenderemos a níveis superiores de compreensão e consciência.
6 – Concentração Correta: Modernamente, quando se fala em concentração, vem logo à mente alguém
fazendo esforço para focar a mente em um só ponto . Não é sobre isso que Buda
fala, pois o esforço, implica num desejo, tendo como base um objetivo.
Essa prática ao invés de libertar, aprisiona a mente. Assim, questões
metafísicas , discussões teóricas e assuntos irrelevantes como política,
religião e futebol devem ser evitados. Por fim, devemos pensar, refletir,
raciocionar sobre os assuntos e questões que sejam realmente relevantes e
úteis. A mente é erradia e fugaz. O sábio evita que a mente divague por
assuntos que não são bons, edificantes e que não tragam benefícios ao espírito.
7 – Pensamento Correto: é o pensamento consciente, funcional, desprovido de sua carga reativa,
automática e opressora. O pensamento quando conscientemente dirigido,
deve promover a paz, o bem, e a harmonia. Esse pensamento é salutar pois passa
a ser usado como instrumento, à serviço da consciência. O
pensamento quando descontrolado e inconsciente, causa males não somente ao seu
dono, como também aos demais seres. Pensamento é energia, por isso a
importância de se ter pensamentos corretos, que sejam edificantes, positivos e
benevolentes . Ao pensar corretamente e conscientemente estaremos emanando
energia positiva para o universo, o que beneficia tanto a nós mesmos, quanto a
todos os seres do universo.
8 – Compreensão Correta: É a compreensão
clara, sábia e verdadeira acerca de si mesmo, da vida e do universo. Essa
compreensão inclui a descoberta de tudo aquilo que aprisiona o homem na ilusão
e ignorância. É entender como a mente funciona, como ela cria a dor e as
ilusões. É compreender a verdade sobre si mesmo, vendo as coisas como elas
realmente são. É se autoconhecer para conhecer o próximo. É ver
claramente a verdade sobre o EGO e como ele atua em nossas vidas. É compreender
e ver claramente “o que é”, no aquiagora, libertando-se de todas ilusões, erros
e ignorância.
Nenhum homem está
livre das consequências de seus atos, palavras, pensamentos e sentimentos. Buda
percebeu isso e ensinou à toda humanidade um caminho que fosse praticável por
todas as pessoas sem distinção. Não são regras budistas. Pelo contrário,
é uma via universal, que se aplica a todos os homens, independente da cultura,
raça ou religião. São princípios universais que tem como objetivo
ensinar o ser humano a viver uma vida boa, justa, ética, plena, sábia,
harmoniosa e feliz.