Nigel Amon - Cubisme Africain

Nigel Amon   -   Cubisme Africain

6 de nov. de 2018

Fatos históricos do dia 06 de novembro


1903 - Os Estados Unidos reconhecem a República do Panamá e obtêm direitos sobre o uso de seu canal.


1913 - Mahatma Gandhi, líder nacional e espiritual indiano, é preso por liderar a marcha dos mineiros indianos no sul da África. 

1916 - O compositor Ernesto Joaquim Maria dos Santos, Donga, registra o primeiro samba a ser gravado no Brasil que é chamado Pelo Telefone.


1932 - Nas eleições da Alemanha, o partido nazista se consolida como o maior partido do país, obtendo 196 cadeiras no parlamento alemão.

1962 - A Assembléia geral da Organização das Nações Unidas adotou uma resolução que condena a África do Sul pelo apartheid e recomendando as sanções econômicas ao país.

1964 - O Congresso Nacional Brasileiro aprova um projeto de reforma agrária.

1986 - O Conselho Federal de Educação (CFE) aprova resolução que muda currículos escolares. A disciplina Comunicação e Expressão passa a se chamar Português, e Matemática deixa de fazer parte da área de Ciências.

1987 - Fim da moratória: Brasil paga US$ 500 milhões ao FMI.

1988 - Seis mil computadores do Departamento de Defesa norte-americano param devido a um vírus: o culpado é o filho de 23 anos do chefe da agência de segurança de computadores do país.

1997 - Um tribunal suíço ordena a captura de sete israelenses acusados de tramar o sequestro de Athina Roussel, de 12 anos, a menina mais rica do mundo, neta do magnata grego Aristóteles Onassis.

Nossa, Toulose- Lautrec

A Toilette  ( Musée d´Orsay, Paris).

3 de nov. de 2018

"Urbanismo em fim de linha"

Otília Beatriz Fiori Arantes 
Mestre em filosofia pela FFCLH/USP e 
doutora pela Universidade de Paris


"Essa mundialização do capital (...) gera descompassos, segregações, guetos multiculturais e multirraciais, ao mesmo tempo que desterritorializações anárquicas, crescimentos anômalos e
transgressivos – verdadeiros focos explosivos que devem esgotar suas energias numa entropia intransitiva, numa guerra interna generalizada, de facções e gangues, enquanto consomem e exportam formas culturais e religiosas cada vez mais sincréticas, criando uma vaga sensação generalizada de reconciliação democrática. Reposição das diferenças que não é senão sublimação cultural, forjando, na ausência de referências sociais objetivas, identidades meramente simbólicas" (p. 187-188).

2 de nov. de 2018



Para o economista Carlos Eduardo Frickmann Young, do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GEMA-UFRJ), a transformação do ministério do Meio Ambiente em secretaria sinaliza uma concepção de estrutura do Estado antiga e divorciada do mundo atual, onde as mudanças climáticas e a noção de sustentabilidade são nortes não só para as políticas públicas, mas para o mercado.


Carlos Drummond de Andrade >> Contos plausíveis

Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond www.carlosdrummond.com.br

(ESTES CONTOS Há muita coisa a emendar em meus contos. Às vezes eles saem totalmente ao
contrário daquilo que pretendiam contar. Costumam até ficar melhor, mas nem sempre. Certos contos, os mais simples, parecem inverossímeis, e os inverossímeis, pois também escrevi alguns desta natureza, despertam o comentário: “Daí, quem sabe? Tudo pode acontecer”. Tenho a impressão de que tudo pode mesmo acontecer em matéria de contos, ou melhor, no interior deles. Houve um que se recusou a terminar, como se dissesse: “Fica tão bom assim… Só você não percebe isto”...)


Sumário 
13 Nota do autor 
15 Estes contos 
16 A bailarina 
17 A bailarina e o morcego 
18 A beleza total 19 Abotoaduras 
20 A condição geral 
21 A cor de cada um 
22 A cor falante 
23 A escola perfeita 
24 A fala vegetal 
25 A falsa eternidade 
26 A hóspede importuna 
27 A imagem no espelho 
28 A incapacidade de ser verdadeiro 
29 A lanterninha 
30 Alma perdida 
31 A melhor opção 
32 A mesa falante 
33 A moda autoritária 
34 A mudança 
35 A mulher variável 
36 Andorinhas de Atenas 
37 A noite 
38 A noite da revolta 
39 A Opinião em palácio 
40 A orquestra odiosa 
41 A perfeita sabedoria 
42 Aquele bêbado 
43 Aquele casal 
44 Aquele clube 
45 Aquele crime 
46 A salvação da pátria 
47 A solução 
48 As pérolas 
49 As Três Graças 
50 A tapeçaria burlada 
51 A terra do índio 
52 A verdade dividida 
53 A vez dos ferreiros 
54 A 26 a obra-prima 
55 A volta das cabeças 
56 A volta do guerreiro 
57 Bandeira 2 
58 Binóculos 
59 Bom tempo 
60 Bom tempo, sem tempo 
61 Carta extraviada 
62 Casamento por cinco anos 
63 Casos de baleias 
64 Coleguismo 
65 Conversa de correligionários 
66 Convívio 
67 Crime e castigo 
68 Desemprego 
69 Desta água não beberás 
70 Deus quer otimismo 
71 Diálogo das notas 
72 Diálogo de todo dia 
74 Diálogo filosófico 
75 Diálogo final 
76 Duas sombras 
77 Elementos de um conto  
78 Encontro 
79 Entre flores 
80 Episódio veneziano 
81 Essas meninas 
82 Excesso de companhia 
83 Experiência 
84 Fugir do Carnaval 
85 Furto de flor 
86 Garbo e Marlene 
87 Gêmeos 
88 Governar 
89 História mal contada 
90 Histórias para o rei 
91 Idílio funesto 
92 Incêndio 
93 Lavadeiras de Moçoró 
94 Lavadeiras de Moçoró  
95 Leite sem parar 
96 Liberdade 
97 Linguagem do êxtase 
98 Mãe sem dia 
99 Maneira de amar 
100 Medalhas 
101 Meu corvo 
102 Milagre 
103 Na cabeceira do rio 
104 Nasceu uma ninfa 
105 Necessidade de alegria 
106 No interior da baleia 
107 Novo dicionário 
108 O admirador 
109 O admirador  
110 O amor das formigas 
111 O anticirco 
112 O assalto 
113 O banho surpreendido 
114 O bebedor total 
115 O bem mais perigoso 
116 O casamento do século 
117 O casamento secreto 
118 O discurso vivo 
119 Odisseia 
120 O entendimento dos contos 
121 O homem observado 
122 O homem que fazia chover 
123 O intérprete 
124 O lazer da formiga 
125 O locutor esportivo 
126 Onde ninguém entra 
127 O nome 
128 O pão do Diabo 
129 O papagaio premiado 
130 O perguntar e o responder 
131 O poder de uma rabeca 
132 O rei e o feno 
133 O rei e o poeta 
134 O relógio de sol e o de nuvens 
135 Os dados essenciais 
136 Os diferentes 
137 Os esquadrões 
138 O sexto gato 
139 Os licantropos 
140 Os limites da imaginação 
141 O sofrimento de Jó  
142 Os privilegiados da Terra 
143 O tempo na rua 
144 O torcedor 
146 O trabalhador injustiçado 
147 Ou isto ou aquilo 
148 Parabéns por tudo 
149 Poder da etimologia 
150 Poesia sem deuses 
151 Queijo para dois 
152 Rick e a girafa 
153 Saber perguntar 
154 Salvo se 
155 Santo de pau oco 
156 Sinatra 
157 Solange 
158 Subsistência 
159 Tentativa de posse 
160 Tudo bem 
161 Um caso de paixão 
163 Um livro e sua lição 
164 Unidade partidária 
165 Verão excessivo 
166 Volta à casa paterna 
167 Votação inconclusa 
169 Nota da edição 
171 Posfácio 
 Prosa de brinquedo, noemi jaffe 
179 Leituras recomendadas 
180 Cronologia 
186 Créditos das imagens


A verdade dividida

A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou 

conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
 

Ted Chiang


Tenho uma birra com o Capitalismo, assim como certas pessoas têm birra com o inverno ou com o verão. Ou seja: como não posso fazer nada para mudá-lo, fico falando mal, pra liberar pressão.

Faço muitas críticas a esse sistema, mas me criei dentro dele e consigo viver assim, numa boa. Sou um subproduto dele. Mesmo sabendo que o Capitalismo, pelo menos em suas pulsações mais ousadas dos tempos mais recentes, está destruindo o mundo.

mundofantasmo

.


29 de out. de 2018

A quem interessa confundir tanto? Aos brasileiros, claro que não.



ACONTECEU!



104.838.275 milhões de brasileiros votaram no dia 28. 


55%  DOS

ELEITORES

BRASILEIROS

ELEGERAM

BOLSONARO




45%  Disseram

Ele Não!





Senador Evangélico
Magno Malta
derrotado nas eleições
faz oração da vitória 
ao lado de bolsonaro
e ao lado do deputado eleito
ator pornô Alexandre Frota
  
diz que  Brasil e um país



 >>>>>CRISTÃO<<<<<


formado por

EVANGÉLICOS 
CATÓLICOS
>>>>>JUDEUS<<<<<


Nem tudo anda azul   na América do Sul



27 de out. de 2018

"Para uma pessoa chega a um estágio de ser torturado, deve ter feito uma coisa muito séria. Entonce s para uma pessoa a tornar-se torturado, é para o bem maior ,






Com a pistola semiautomática .380 e capacidade para 19 tiros, Nascimento defende a idéia de libertar a posse e posse de armas no Brasil, limitada por lei desde 2003.

"Se eu pudesse carregar uma arma dessas, me sentiria muito melhor andando nas ruas, com mais segurança", diz ele na sala de sua casa em Treze de Maio , no sul do estado de Santa Catarina.


Em 1914 o Estado demarcada terra para quilombolas, comunidades tradicionais afro-brasileiras protegidas por lei, mas de acordo com o governo federal, "os negros foram posteriormente expulsos por imigrantes italianos" no município.

The end of the world?
Não, é o Brasil ameaçado

Blue moon, foi um exercício poético, feito a partir de um pedido de fotos da Lua, no facebook, do local onde meus amigos estivessem. Para cada foto recebida fiz um texto, em poema ou prosa poética, no mesmo momento em que recebia a foto. No total, foram sete fotos recebidas.

Blue Moon VII

















Lua em São Paulo, por Judith Muniz


"Não havia dúvidas, ela veio pra uma aviso. Não importava se o céu não era breu, nem o brilho das estrelas ficarem em segundo plano. Não importava nem se era no céu cinza da cidade de pedra. Ela vinha trazendo anil pra colorir tudo a sua volta."

E como você sabia que era pra uma aviso, Mãe?

Ela veio tão brilhante, que só víamos uma Estrela D'alva!

E o que mudou, mãezinha!

A alma da gente, filha. A alma da gente...

Joakim Antonio



Bolsonaro “amigo de Israel”


Apoio de empresários judeus ajuda a construir imagem


Antes era quase natural pensar que por terem sofrido o Holocausto os judeus, para serem solidários com todos aqueles que sofrem igual exclusão, deveriam ser de esquerda

Aproximação causou uma crise na comunidade judaica 
entre os defensores dos direitos humanos



Por que votamos em Hitler

Por que a Alemanha, o país com um dos melhores sistemas de educação pública e a maior concentração de doutores do mundo na época, sucumbiu a um charlatão fascista?


(...)De fato, uma análise mais objetiva mostra que, justamente quando era mais necessário defender a democracia, os alemães caíram na tentação fácil de um demagogo patético que fornecia uma falsa sensação de segurança e muito poucas propostas concretas de como lidar com os problemas da Alemanha em 1932. Diferentemente do que se ouve hoje em dia, Hitler não era um gênio. Não passava de um charlatão oportunista que identificou e explorou uma profunda insegurança na sociedade alemã.

Leia matéria na íntegra: https://brasil.elpais.com/brasil

...Marcos Monteiro (diário 12 e 13)


Sempre tentando encontrar os caminhos para tantas coisas. 
teófilóprofepenescrit



DIÁRIO DE UMA ELEIÇÃO ESTRANHA

12

MAIS DIREITOS PARA TRABALHADORES

Tirar mais direitos de trabalhadores e trabalhadoras tem sido projeto antigo. Cobra-se muito de quem não tem e quase nada de quem tem, podem pesquisar. Defender a soberania e nossas riquezas naturais nunca foi o forte dos governos brasileiros, e o petróleo está cada vez mais vulnerável depois da descoberta do pré-sal. Esse projeto econômico ultraliberal nunca deu certo em lugar nenhum e podemos retomar o projeto desenvolvimentista com algumas correções.

Os trabalhadores e trabalhadoras também podem ser classificadas como Humanos Exóticos, e a caça é aos
seus direitos. O governo do PT foi um capitalismo de centro e não o comunismo de que vem sendo acusado. Aliás, nunca existiu a aplicação de um projeto realmente socialista, o que chamamos de socialismo real foi um tipo de imperialismo classificado de diversas maneiras por diversos estudiosos, mas dentro do imaginário capitalista.

Pois bem, a receita econômica que se segue é de um capitalismo predador, devorador de direitos e conquistas dos trabalhadores, como aposentadoria, férias e décimo-terceiro. Sempre se põe a culpa no trabalhador, mas a história mostra que distribuição de renda é melhor para a economia do que acumulação desenfreada. Então, por mais direitos para os trabalhadores e trabalhadoras, sem ódio e sem medo, voto em Hadad, voto 13.

Recife, 26 de outubro de 2018



13

O CAMPO EXISTENCIAL DOS HUMANOS EXÓTICOS

Essa estranha eleição desenhou um campo existencial de muita vulnerabilidade, porque parece que um grupo de Caçadores se organiza de diversos modos para buscar o extermínio dessa população diversificada e muito grande, a Raça de Humanos Exóticos.

Merecem sofrer violência, bandidos, homossexuais e feministas, à margem da lei ou de códigos
comportamentais; negros, índios e outras etnias identificáveis, á margem de padrões étnico-raciais; sem-terras, sem-tetos, sem-direitos, especialmente quando se organizam e lutam; e todas e todos que se identificam com alguns ou algumas dessas, e até os trabalhadores, ameaçados em direitos adquiridos.

São muitos os seres humanos vivendo sentimentos de apreensão e terror por pertencerem a algum desses grupos. Mas há muita gente lutando contra esse estado de sofrimento e desejando construir um mundo melhor. Nesse campo, eu me identifico também como um humano exótico. Afinal, eu sou pastor batista e sou socialista, e apoio todas e todos que sofrem e lutam por mais amor e mais justiça. Por tudo isso, sem medo e sem ódio, voto Haddad, voto 13.

Recife, 27 de outubro de 2018


25 de out. de 2018

...Marcos Monteiro (diário)


Sempre tentando encontrar os caminhos para tantas coisas. 
teófilóprofepenescrit



DIÁRIO DE UMA ELEIÇÃO ESTRANHA

10

PARA APRENDER A AMAR

A ira é um dos sentimentos naturais e em uma sociedade capitalista, em que o mérito, o narcisismo e o consumismo são valores e a competição, o individualismo e o sucesso são processos de crescimento, a ira se torna estrutural, quase ontológica. O ódio é o cultivo e o aperfeiçoamento da ira.


Nesse tipo de sociedade, estamos irados contra a desigualdade econômica que nos atinge, contra o poder que


nos esmaga e contra a solidão que nos ameaça. A ira é uma emoção perigosa e fomos convidadas a aplicar a ira, aprendendo a odiar. Nos ensinaram a odiar o PT, depois aos homossexuais, aos negros, aos índios, às feministas, aos sem-terra, aos sem-teto, aos sem-direitos.

Mas o que queríamos mesmo era mais igualdade salarial, mais poder de decisão e mais amor, muito mais amor. Então precisamos urgente reaprender a amar e vencer esse clima de insegurança e intolerância. Para retomar o caminho do amor, sem medo e sem ódio, voto em Haddad, voto 13.

Recife, 24 de outubro de 2018




11

EDUCAÇÃO INFANTIL

Ítalo tinha quatro anos quando não se coube em si. E não teve ninguém seduzindo, nem igreja, nem amigas, amigos, escola ou igreja lhe compreendendo. Quem consegue? Pai e mãe se desesperavam e Ítalo queria se matar. O pai desistiu e saiu de casa, mas a mãe foi acompanhando até aceitar, ajudar e admitir que Ítalo se cabia melhor como Talia e tem dezoito anos agora, livre, leve e linda.

Educação sexual é luta de educador há muitos anos, contra uma sociedade que não se entende.
Bernadete apanhou o que pode e o que não pode até se tornar Belisário e se sentir mais humano. E não teve escola, nem igreja, foi luta solitária, por cuja causa leva cicatrizes no corpo e na alma. Não se ensina ninguém a ser gay, lésbica, travesti ou trans, o que se pode ensinar é a respeitar e a se amar as pessoas e as crianças em seu longo processo de descoberta de corpo e de identidade sexual.

Sou amigo de muitas LGBTT e já ouvi histórias o suficiente de tentativas de exorcismo, tentativas de cura e tentativas de suicídio, mas também testemunhos de libertação pela autorização do amor exótico. Esse grupo grande de Humanos Exóticos tem sido o alvo principal de caçadores e o Brasil é o país que mais mata homossexuais. Eles estão com muito medo. A educação é o projeto de ensinar crianças a amar, não a atirar. Pelas mães de crianças exóticas, sem medo e sem ódio, eu voto em Hadad, voto 13.

Recife, 25 de outubro de 2018


Um campo imenso de possibilidades


Dostoiévski: 

"Se Deus não existisse, tudo seria permitido"

Dostoiévski 

Dostoiévski escreveu em “Os Irmãos Karamazov”:“Se Deus não existisse, tudo seria permitido”. A frase tem sido glosada de muitas formas e feitios.

Jean-Paul Sartre escreveu que “tudo é permitido se Deus não existe". Não existindo Deus, "o homem está desamparado", porque não encontra "nenhuma possibilidade de se agarrar, nem em si, bem fora de si”. Esse «desamparamento» é o princípio do existencialismo. Sem Deus, não existe causa nem fim. O homem é liberto e livre. Assim pensa o existencialismo ateu.

Simone de Beauvoir reflecte na mesma linha de Sartre, com algumas nuances, mas contra Dostoiévski. Não existe Deus, a liberdade é maior, a responsabilidade é total. “Bem longe de a ausência de Deus autorizar toda a licença, é pelo contrário porque o homem está desamparado sobre a Terra que os seus actos são compromissos definitivos, absolutos. Ele carrega a responsabilidade de um mundo que não é obra de uma potência estrangeira, mas de si mesmo onde se inscrevem tanto as suas derrotas como as suas vitórias. Um Deus pode perdoar, apagar, compensar; mas, se Deus não existir, as faltas do homem são inexpiáveis”.

George Perros, cómico e escritor (1923-1978), acrescenta, porém: “Eu acho que o que assusta, é que tudo seja permitido mesmo que Ele exista”.

Por fim, Jacques Lacan (1901-1991), apoiando-se na sua prática de psicanalista, diz o contrário de Dostoiévski: “Se Deus não existe, então já nada mais é permitido. As nevroses demonstram-no diariamente”.

Também eu gostava de acrescentar um pensamento a estes ilustres franceses (adaptei as frases de um livro de Jérôme Duhamel e Jean Mouttapa, “Dicionário inesperado de Deus”, na Editorial Notícias): Se Deus existe, tudo é permitido. Não falo do poder de Deus, falo do poder dos homens. Na verdade, este pensamento não é original. Agostinho de Hipona escreveu há 1600 anos: “Ama e faz o que quiseres”. É sensivelmente o mesmo. Ama porque Deus existe. Faz o que quiseres porque daí brota um campo imenso de possibilidades.